Delfilândia, o casarão de José Delfino

Quem passa pela longa rua 1° de Agosto, com certeza já se deparou com o imóvel que é tema desta postagem. Em ruínas, nem de longe o casarão lembra os templos gloriosos do passado. Ainda assim, o prédio “conserva” o restante de sua beleza original. Quem o vê, muitas vezes se questiona: “Quem será que morou aqui?”, “Quando foi construído?”, “Por que se encontra nesta situação?”. E foi em virtude dessas perguntas que tive a ideia dessa postagem; para tentar esclarecer um pouco dessa história. E tudo tem início na cidade de Pedreiras, no Maranhão.

No referido município, no dia 09/12/1895, nasceu José Delfino da Silva, filho mais velho do casal Delfino Ferreira da Silva e Maria de Jesus Bayma Gonçalves (Tiazu). Entre os seus sete irmãos, estavam: Alderico Silva e Maria da Mercês, a “Tia Miroca”. Na juventude, José Delfino muda-se para Caxias, onde obtém sucesso como empregado no comércio, fazendo com que, em 1915, trouxesse toda a sua família para residir na cidade.

Com o aumento de capital, logo funda a sua firma, J.D. Silva & Companhia, em 1916; inaugurando, no ano seguinte, o vasto armazém “Bazar Elegante”, com instalações à rua 1° de Agosto. A partir daí, os seus negócios só cresceram. Dono de um império, tornou-se um dos homens mais ricos e influentes do Maranhão. Sobre a riqueza do empresário, escreveu Libânio Lôbo: “O Zé Delfino usava, denotando status de alto coturno, um brilhante de alto quilate. E grande. Brilhava ao sol. Chegando a ofuscar, nos movimentos da mão. Donde alguns, incomodados com aquele status, alcunhá-lo, à socapa, de “O Diamante”.

Na década de 1920, foi eleito vice-prefeito de Caxias para o mandato de 1925/1927. Ante a renúncia do prefeito, assumiu a chefia do executivo municipal até 1927, quando também renunciou ao cargo, não concorrendo mais a cargos políticos. Com o fim do “Bazar Elegante”, José Delfino (ou “Zé Delfino”, como era mais conhecido) inaugura, em 1940, em frente à sua firma, a loja varejista “A Babylonia”, que logo conquistou uma grande clientela.

É por volta dessa época – final da década de 1930 e início de 1940 – , que o empresário adquiri diversos imóveis naquela rua, bem como em ruas paralelas. O seu domínio imobiliário era tão grande naquelas vias, que uma delas fora renomeada de Delfinópolis (nome que permanece até hoje). E, dentre esses imóveis, estavam alguns antigos casarões coloniais que ladeavam a sua firma. Naquele local, José Delfino decidiu construir a sua nova residência. E para fazer jus ao seu poderio financeiro, bem como para trazer ares de modernidade ao seu futuro lar, decidiu demolir os imóveis e construir um casarão com toda pompa e grandiosidade.

E assim, por volta do início da década de 1940, é finalizada a nova residência do empresário. Com amplo jardim frontal, diversas colunas em sua fachada, além de um chafariz em sua parte interna, a edificação era de uma beleza ímpar, ainda mais para os padrões caxienses daquela época. Na platibanda do imóvel fora escrito: “Delfilândia”, que nasce da junção das inicias do nome de seu proprietário, com a aportuguesada versão da palavra “land”, que siginifica “terra”, “nação”, “território”. Além do empresário, o “território de Delfino” era o lar de sua esposa, Raimunda Cantanhede, e de sua numerosa descendência.

Além de ser sua morada, naquele local Delfino recebeu diversas autoridades de todo o país e promoveu eventos para convidados da alta sociedade caxiense. O casarão permaneceu por alguns anos como um dos mais belos da cidade, até que, em 1952, seu irmão, Alderico Silva, que também vivia períodos de bonança financeira, construiu o seu belo palacete naquela mesma rua, “desbancando”, assim, o reinado do primogênito.

Na década de 1950, alguns dos dez filhos de José Delfino e Princesa (apelido de Raimunda), já haviam constituído família e, consequentemente, saído do casarão; passando o casal a residir com alguns filhos e netos. Nos negócios, as coisas não iam muito bem para Zé Delfino, como escreveu o pesquisador Eziquio Neto: “Negando-se a seguir pedidos políticos de Vitorino Freire, líder do regime maranhense conhecido como “vitorinismo”, o empresário passou a ser perseguido pelo governo. Delfino foi proibido de usar a estrada de ferro para transportar sua produção de babaçu, sendo ele o maior produtor da região. Assim, tentou outros meios para solucionar esse problema, como a navegação pelo rio Itapecuru, fazendo com que gastasse uma fortuna por uma empreitada que acabou não tendo resultados”. Libânio Lôbo (in memoriam) complementa: “O Vitorino Freire deixava a pão e laranja seus opositores. O Zé Delfino, por amor à retidão, caiu nesse rol. Foi o começo do seu fim.”

Nessa época, a luz em Caxias, fornecida pela Usina Dias Carneiro, era ligada das 18h às 23h. Quando havia luz elétrica pela manhã, era um sinal de que alguém importante morrera. E fora assim na manhã de 19/04/1958, quando logo cedo as luzes já iluminavam Caxias. Espantados, os caxienses logo souberam o motivo: havia falecido José Delfino da Silva, vítima de um ataque cardíaco. Tinha 62 anos.

Viúva, Princesa permanece no imóvel até falecer. Após a partida dos pais, a casa passa a ser habitada por algumas das filhas do casal. E assim permaneceu até a década de 2000. As filhas, Denize e Mitonha, foram as últimas a residirem no local, permanecendo até, por volta, de 2010. A partir daí, o imóvel fora abandonado, tendo sido, por volta de 2011, colocado para venda. Não se sabe ao certo o porque do abandono, o que se sabe é que a descendência de José Delfino é muito grande e está espalhada pelo Brasil, o que, talvez, dificulte a situação de venda do imóvel – mas isso é apenas uma suposição.

Abandonado e sem passar, há anos, por nenhum tipo de benfeitoria em sua estrutura, o imóvel passou muito tempo como ponto de uso de drogas. Tendo suas paredes e portas rabiscadas e queimadas, além do matagal que crescera em seu jardim. Em 2019, o fotógrafo caxiense David Sousa realizou uma exposição virtual sobre o imóvel chamada: “Delfilândia: tetos, chão e histórias…”. Nas fotos feitas por ele (abaixo) é possível – mesmo considerando o seu estado de conservação – ter uma noção da beleza do casarão:

Em 2021, o artesão e pedreiro José Henrique da Silva, que trabalha nas imediações do casarão, decidiu, por conta própria, fazer uma limpeza no imóvel, para que, assim, tivesse um local para dormir, já que passava a noite no relento das praças da cidade. Além de retirar o lixo que se acumulava, José capinou todo o mato e realizou algumas intervenções artísticas na fachada do imóvel, que ganhou diferentes cores. Diante da iniciativa, o canal “Pa! Pô! Papo de Poeta” realizou, em 2022, uma entrevista com José, onde ele fala um pouco mais sobre a sua história com o imóvel:


Fontes de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Site Tiazu; Livro Álbum de Caxias, MA, A Princesa do Sertão/Autores: Raimundo Medeiros e Linhares de Araújo; Livro Vulto Singular, Em Meio ao Rico Mosaico/Autor: Libânio da Costa Lôbo

Imagens da publicação: Créditos nas imagens

Restauração, colorização e design das imagens: Brunno G. Couto

A INFLAÇÃO NAS ECONOMIAS REFLEXAS (texto de Augusto Brandão)

*Antônio Augusto Ribeiro Brandão

Quando eu digo que o Plano Real foi uma ‘mágica’ bem executada, mas que o Brasil não tinha as condições estruturais para torná-la realidade, continuo pensando assim. Naquela época, por exemplo, com o real cotado acima do dólar, o país poderia ter aparelhado seu parque industrial, para exportar com qualidade e produtividade.

A subida da taxa SELIC, para combater a inflação, conter a alta do dólar, implica no crescimento e custo da dívida pública interna, cada vez mais rolada no curto prazo. O capital externo exige isso, senão não vem. O país está ficando sem dinheiro, para seus compromissos oficiais e continua tendo que alimentar as expectativas da nossa população ‘abaixo da linha de pobreza’.

André Lara Resende, por um lado, deve andar satisfeito, porque diz que o “governo que emite sua moeda não deve ter limitações”; por outro lado, entretanto, diz que a taxa SELIC deveria ser fixada abaixo da taxa de crescimento do PIB, e estamos longe disso.

Se nossa inflação fosse de demanda, elevar a taxa de juros poderia resolver, mas nossa inflação é estrutural, de custos, por isso não adianta e agrava a dívida interna.

Cursino, na atual conjuntura econômica mundial, principalmente depois da crise das hipotecas, em 2008, quando os bancos centrais, liderados pelo FED, promoveram uma ‘financeirização’ sem precedentes, mas sem resultados até hoje, nos EUA, Europa e países emergentes e do chamado ‘terceiro mundo’ com economias mais fortes condicionando as mais fracas, será, sempre, assim.

É que esses recursos não atingiram a economia real e ficaram, até hoje, ‘inchando’ os balanços dos bancos centrais. Esses recursos serviram apenas à rolagem de dívidas de empresas e de governos.

E mais: essa expansão monetária sem precedentes revelou uma falta de firme regulamentação das relações no mercado financeiro americano, com o beneplácito do FED, para salvar bancos importantes da ‘quebra’, como o Lehman, que visitei, em 1980, como uma das potências do ramo.

Agora, o mundo todo está sentindo os efeitos desse descontrole, até mesmo os EUA, com sua economia ‘patinando’!

E o que pode fazer uma economia reflexa, como o Brasil, com essa política errática de juros altos, sem ajuste ou controle fiscal? Talvez seguir de vez o que prega André Lara Resende (“…o país que emite sua moeda não deve ter limites.”) ou preparar-se para um futuro nem tanto almejado, mas sempre alcançado: recorrer ao FMI.

Em tempo: essa inflação de agora, mais aqui e menos ali, tem causas geradas por essa expansão da liquidez, em 2008, que nunca teve uma contrapartida de produto.

Conclusão: o Brasil sofre, hoje, essa pressão sobre a demanda, por excesso de liquidez internacional sem contrapartida de produto, além dos gastos com os programas assistenciais; acrescente-se a isso a ausência de produtividade, elevando custos, o outro componente da inflação.

*Economista. Membro Honorário da ACL, ALL e AMCJSP.

A competição esportiva realizada, em 1928, à Praça do Pantheon

Em comemoração a importante efeméride nacional, no dia 7 de setembro de 1928, às 5h, no Tiro de Guerra 155 houve alvorada e passeata dos soldados pelas ruas de Caxias. Às 6h, houve o hasteamento da bandeira nacional na sede do TG, tendo, na ocasião, discursado o professor Manoel Leitão.

Às 8h, realizou-se uma passeata cívica. E para o período da tarde, foram agendadas diversas competições esportivas a serem realizadas na então praça D. Pedro II (Atual Dias Carneiro, popular Pantheon). Naquele ano, a praça – que anteriormente chamava-se “Praça da Independência” – ainda não contava com o projeto paisagístico pelo qual ficou conhecida, limitando-se a uma grande área de areia, piçarra e grama, com diversas árvores de Mamorana, que providenciavam um sombreado àquele descampado. Era nessa área que eram realizados diferentes espetáculos artísticos (quando o circo chegava na cidade, era ali que se instalava) e partidas de futebol em Caxias.

Naquela tarde de setembro de 1928, o público disputava, aos trancos e barrancos, o melhor local para assistir as competições. Ante a ausência de instalações apropriadas, tudo ali área era muito improvisado, como relembrou o Juiz de Direito e outrora espectador Antônio Martins Filho: “Não havia nenhum arremedo de arquibancada, sendo que as pessoas ali presentes faziam uma espécie de footing, principalmente no lado da Praça, desde o Colégio das Freiras até os prédios da Prefeitura Municipal e da Cadeia Pública.”

As equipes que estavam disputando naquela tarde eram a do Jahú Sport Club e do Tiro de Guerra 155. Ao todo, foram realizadas 6 provas, sendo estes os resultados, conforme o periódico “A Escola”:

  • 1ª ProvaCabo de Guerra – Conquistada pelos rapazes do Jahú.
  • 2ª ProvaCarreira de Velocidade – Conquistada pelo conhecido “Voador” (Nesinho Abreu), do TG 155.
  • 3ª ProvaSalto em Altura – Conquistada por Domingos Leonar, do TG 155.
  • 4ª ProvaSalto em Largura – Conquistada por Domingos Leonar, do TG 155.
  • 5ª ProvaCorrida de Estafeta – Conquistada por Paulo Saldanha, do Jahú.
  • 6ª ProvaJogo de Futebol– Jahú Sport Club derrotou o TG 155, por 1×0.

Após as provas, a tradicional banda Carimã executou belíssimas peças de seu vasto repertório. Finalizando, assim, as festividades de 7 de setembro, daquele ano.

Vale lembrar que as competições esportivas em Caxias, antigamente, eram eventos bastantes comuns, a exemplo da realizada no balneário Veneza, em 1947.

Fontes de pesquisa: Jornal A Escola; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Eziquio Barros Neto

Imagem da publicação: Ac. Dreyfus Azoubel/Álbum do Maranhão de 1950; Ac. de Emanuel Nunes de Almeida

Restauração, Colorização e Design das imagens: Brunno G. Couto

A antiga tradição da Malhação de Judas, em Caxias

Judas Iscariotes, que integrava o grupo de apóstolos de Jesus, foi o responsável por entregar Cristo aos soldados que o levaram para ser crucificado. Judas indicou Jesus com um beijo no rosto. Pela traição, o apóstolo recebeu 30 moedas de ouro. Após o ato, Judas entrou em desespero e enforcou-se. Esta passagem bíblica marca um dos maiores casos de traição da história da humanidade.

Um dia antes da Páscoa (celebração da Ressurreição de Jesus), acontece o Sábado de Aleluia, onde é celebrada a Vigília Pascoal, ocasião em que os fiéis cristãos se reúnem em constantes orações durante toda a madrugada que antecede o Domingo de Páscoa. Para a data, fora criado (de maneira não oficial no calendário católico) o ritual da malhação de Judas (também conhecido como “queima de Judas” ou “enforcamento de Judas”), tradição trazida pelos espanhóis e portugueses à toda América Latina.

“Há diversas hipóteses para o surgimento do ritual, uma delas é de que a malhação do boneco tenha origem nas religiões pagãs, a partir de cultos agrários e as festas da colheita. Durante essas ocasiões, o boneco representava uma divindade da vegetação e, por meio do fogo, haveria uma renovação da vida vegetal e garantia de boas colheitas. Esse ritual teria mudado de simbolismo a partir do sincretismo religioso, que unificou muitos rituais pagãos e cristãos ao longo do tempo.” (Trecho transcrito do site Imirante.com).

Em seu modo mais simplificado, o rito consiste na preparação de um boneco de pano, o qual representa o apóstolo traidor, a ser pendurado por uma corda (simbolizando o seu enforcamento), para posterior “malhação” com paus, bem como a sua queima.

Na primeira metade do século XIX, época de D.João VI e D.Pedro I, essa tradição era mais ritualizada e cenográfica, conforme escreveu o pintor francês Jean-Baptiste Debret: “O sentimento dos contrastes, que fecunda tão marcadamente o génio dos povos meridionais da Europa, encontra-se igualmente no brasileiro, caracterizando-se pela capacidade de fazer suceder ao espetáculo lamentável das cenas da paixão de Cristo, carregadas processionalmente durante a quaresma, o enforcamento solene do Judas no sábado de Aleluia.

Compassiva justiça que serve de pretexto a um fogo de artifício queimado às dez horas da manhã, no momento da Aleluia, e que põe em polvorosa toda a população do Rio de Janeiro entusiasmada por ver os pedaços inflamados desse apóstolo perverso espalhados pelo ar com a explosão das bombas e logo consumidos entre os vivas da multidão! Cena que se repete no mesmo instante em quase todas as casas da cidade.(…) E ao primeiro som de sino da Capela Imperial, anunciando a ressurreição do Cristo e ordenando o enforcamento do Judas, que esse duplo motivo de alegria se exprime a um tempo pelas detonações do fogo de artifício, as salvas da artilharia da marinha e dos fortes, os entusiásticos clamores do povo e o carrilhão de todas as igrejas da cidade.

Com o tempo, a tradição foi ganhando tons mais críticos/humorísticos e menos religiosos, conforme preceituou Câmara Cascudo: “Nos sábados de Aleluia rasgava-se um Judas de pano velho, papel e trapos no meio de assuadas. Dizia-se romper a Aleluia. Os Judas eram preparados secretamente e postos em lugares públicos e mesmo à porta de adversários políticos. O sr. Gustavo Barroso recorda que no Ceará fazia-se outrora um júri presidido por pessoa respeitável para julgá-lo. O veredito infalível condenava-o à forca. Na maioria dos casos o Judas trazia o seu ‘testamento’ em versos de pé quebrado, alusivo às pessoas da localidade, com intenções satíricas, políticas e menos humorística.”

Em Caxias, não se sabe ao certo a que ano remonta a introdução da tradição, já que, por não pertencer às datas oficiais do calendário católico, os seus registros quase que inexistem nos jornais da época. As lembranças que sobreviveram ao tempo remontam à década de 1940, sendo a tradição realizada em diferentes bairros da cidade.

Um dos mais famosos e antigos era o realizado no largo de São Benedito, nas imediações da praça Vespasiano Ramos, pelos seus moradores. Proprietário do “Bar Operário”, Herval Lobo era, naquela localidade, o responsável por preparar o boneco. Para tanto, enchia de palha uma roupa masculina, sendo acrescido um chapéu e uma máscara (ou pintura) para formar a cabeça. Para potencializar o espetáculo pirotécnico, Herval adicionava bombas de São João na região das coxas, braços e cabeça do boneco.

Além do Judas, também era redigido um testamento, onde o humor era a característica dominante. Nele, Judas “deixava” aos participantes de sua queima algumas “heranças” humoradas. Com o tempo, os bonecos passaram a servir como um crítica política, onde o Judas, ainda que de maneira não explícita, representava determinado político da época, e o testamento passou a ser endereçado aos demais desafetos.

Na década de 1960, o sr. Simba também ficou famoso por realizar a malhação do Judas à Rua Nossa Senhora de Fátima, em um evento que contava com uma grande presença de adultos e crianças. 

Já no início década de 1980, os responsáveis por manter a tradição no largo de São Benedito foram os clientes do bar “Recanto dos Poetas”, de Arthur Cunha, próximo ao bar do Herval. No memorável Sábado de Aleluia do ano de 1983, Rangel foi o responsável pela confecção do Judas.

Após, fazendo parte da tradição, o Judas foi “roubado”, sendo restituído pouco tempo depois. Conforme o jornalista Vitor Gonçalves Neto, o testamento daquele ano fora redigido pelo “Tales e o filho do Leitão”. Queimado com as bombas, do testamento sobrou apenas as duas humoradas quadras abaixo:

Para facilitar a queima, os clientes utilizaram a matéria-prima do bar: cachaça. Embebido no aguardente, foi fácil para o boneco entrar em chamas, sendo seguido pelas explosões das bombas instaladas em seu corpo. E para finalizar o que ainda restava de sua estrutura, as pauladas não foram poupadas. Não sobraram nem os sapatos para contar história.

Nas décadas seguintes, ainda era possível ver a tradição sendo mantida em alguns bairros da cidade, mesmo que em menor quantidade (a queima chegou a ser realizada em frente ao cemitério dos Remédios). Contudo, as pessoas mais velhas que mantinham viva a tradição foram morrendo e, por consequência, esta fora desaparecendo em Caxias. De tal forma que, atualmente, dificilmente – se é que ainda fazem – se ver esse histórico ritual sendo realizado nas ruas da cidade em Sábado de Aleluia.


Fontes de pesquisa: Sites – Rio de Janeiro Aqui/G1/Imirante; Depoimentos de Sebastiana Guimarães e João Oliveira; Jornal O Pioneiro

Imagens da publicação: Wikipédia; Google Imagens; Jornal O Pioneiro

Restauração e Design das imagens: Brunno G. Couto

Amores Perdidos (Texto de Augusto Brandão)

*Antônio Augusto Ribeiro Brandão

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Talvez se diga que eu não consegui absorver os efeitos do progresso, da mudança de valores, crenças, usos e costumes. É bem possível que eu continue sendo uma pessoa conservadora, fruto da formação no seio de uma família católica, de ter estudado em colégios tradicionais e com professores disciplinadores, de ter sido soldado-infante e aprendido o respeito à hierarquia e aos valores da Pátria.

A verdade é que não gosto mais de futebol e de cinema, esporte e diversão sempre presentes nos meus tempos de juventude. Em 1983, foi a última vez em que assisti a uma partida e, em 2003, em que fui ao cinema.

Aqui, ia ao cinema pelo menos três vezes por semana no tempo em que havia o Roxy, Éden e o Teatro; no Rio, entre 1955 a 1960, fui um assíduo frequentador do Palácio, Metro-Passeio e demais localizados na Cinelândia.

Quanto ao futebol sou do tempo da ‘barreira’ do saudoso estádio Santa Izabel e do Sampaio de então; no Rio, torcedor do Fluminense, não perdia jogos do clube, nas Laranjeiras, no Maracanã e em qualquer campinho, em São Cristóvão, Madureira, Bonsucesso, Olaria.

Da época em que o Teatro Artur Azevedo funcionou como cinema, muitos filmes mexicanos e franceses; o cinema de arte acontecia, no Éden, e as vesperais, no Roxy, deixaram muitas lembranças e saudades.

Em 1963, presenciei um FLA x FLU com o segundo maior público então presente no Maracanã, mais de 163 mil pagantes; o Flamengo jogou pelo empate e sagrou-se o campeão carioca daquele ano.

Em 1957, a caminho do Maracanã na companhia de duas primas, para ver a final do Fluminense com o Botafogo, não conseguimos chegar: nosso transporte chocou-se com a traseira de outro e as meninas ficaram feridas, e acabamos no Hospital.

Mas, quando tudo começou a mudar, com os cinemas tradicionais fechando suas portas dando lugar a pequenos espaços de projeção, iniciei minha debandada; atualmente, não conseguiria conviver com o ‘piquenique’ dos refrigerantes e das pipocas.

Quanto ao futebol, com regras importadas da Inglaterra e que, no Brasil, prosperou, não suportei o declínio de toda uma estrutura formal em nome da implantação desse esporte no mundo todo, quantidade em detrimento da qualidade, negócios em detrimento do espetáculo.

Minhas mais recentes desilusões são mesmo com as Academias de Letras, de honrosas tradições e costumeiras exceções, porque resolveram criar algumas inovações: a possibilidade dos membros efetivos ‘migrarem’ de uma categoria para outra, menos por honraria e mais por idade; ser ‘patrono’ da própria Cadeira ocupada, também pelos mesmos motivos, e tornar os atos de eleição e posse de novos membros formalidades sem ‘pompas e galas’, menos por questões de etiqueta social e mais por economia de gastos e comodidades gerais.

A verdade é que as Academias de Letras não fazem política, mas são instituições políticas.

*Economista. Membro Honorário da ACL, da ALL e da AMCJSP.

Palestra proferida pelo economista caxiense Augusto Brandão em Lyon (FR)

*Antônio Augusto Ribeiro Brandão

Saudação às Autoridades presentes, diretores, professores, convidados e alunos da Université Lumière Lyon 2, seus familiares e amigos.

Professora Maria da Conceição Coelho Ferreira, diretora do Instituto da Língua Portuguesa da Universidade.

“Crônicas de 400 anos”, o livro que venho lançar, aqui e agora, é uma homenagem a São Luís do Maranhão e aos franceses seus fundadores, em 1612. Reafirma um estilo narrativo existente desde os tempos de Claude d´Abbeville e Yves d´Évreux, capuchinhos que acompanharam a expedição de Daniel de La Touche e tornaram-se os cronistas pioneiros do cotidiano da cidade.

Todos já devem saber que há uma velada polêmica, que vez por outra vem à tona por parte de alguns intelectuais da minha cidade, quanto aos verdadeiros fundadores de São Luís. Há fatos históricos, registros fidedignos e incontestáveis de que foram os franceses.

Quando os franceses ocuparam as terras brasileiras e fundaram São Luís, em 1612 (onde Jacques Riffaut já havia estado, em 1594), com Daniel de La Touche à frente de uma caravela e duas naus, mais 500 homens e os Frades capuchinhos, após 116 dias desde Cancale, “precisamos refletir sobre algumas das circunstâncias mais representativas então vigentes na França”, e sobre o que aconteceu depois de mais de três anos de colonização, para que o ideal da França Equinocial não pudesse ser concretizado.

Ilustres historiadores pertencentes à já centenária Academia Maranhense de Letras manifestaram-se a respeito da fundação de São Luís, tais como Barbosa de Godois, José Ribeiro do Amaral; Claude d´Abbeville e Yves d´Évreux, cronistas pioneiros da cidade, também. 

Também venho a esta vetusta Universidade em grata missão oficial da Universidade Federal do Maranhão-UFMA, em São Luís, a fim de firmar um “Memorando Geral de Entendimentos para Cooperação Mútua” com a Universidade Lumière Lyon 2, que dará início a um novo tempo nas nossas relações internacionais “desenvolvendo experiências educacionais e científicas de fortalecimento e enriquecimento”.

Este Ato, portanto, situa-se além de uma realização pessoal deste professor e cronista. Contou, desde os primeiros momentos, com a compreensão da ilustre professora Maria da Conceição Coelho Ferreira, responsável pelo Instituto de Estudos Brasileiros, desta Universidade, acatando nossas manifestações de interesse e dando bom termo aos nossos entendimentos.

Agradeço de coração à ilustre professora, bem como e de igual forma ao professor Aldir Araújo Carvalho Filho, chefe da Assessoria de Relações Internacionais da UFMA, que formalizou, em nome do Senhor Reitor Natalino Salgado Filho, esses entendimentos.

A UFMA é uma universidade relativamente nova, pois foi oficialmente criada em 1966. Antes existiam Escolas isoladas e que foram transformadas em uma Fundação. Atualmente, tendo à frente o Magnífico Reitor Natalino, a quem agradeço a viabilidade da minha viagem, nossa Universidade tem experimentado franco progresso na melhoria e expansão dos seus diversos cursos pelos inúmeros campi, no Estado do Maranhão, além de significativa ampliação das suas instalações no campus do Bacanga, em São Luís. Estamos vivendo um acelerado progresso.

Permitam-me apresentar-me. Sou economista formado pela Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro, em 1959, e professor universitário aposentado pela Universidade Federal do Maranhão, onde ensinei de 1979 a 1997; antes fui professor-fundador da Universidade Estadual do Maranhão, onde ajudei a criar, a partir de 1968, as primeiras escolas de ensino superior ligadas ao Estado. Na Universidade ensinei principalmente Teoria Econômica, Economia monetária e Mercado de capitais. Desenvolvo atividades literárias, como membro das Academias Caxiense, em Caxias, e Ludovicense de Letras, em São Luís.

No momento, estou escrevendo o Elogio ao meu Patrono, na Academia Ludovicense de Letras, Francisco Sotero dos Reis, a ser proferido no mês de julho próximo. Ele nasceu e morreu no Maranhão do século XIX, “foi jornalista, poeta e escritor, e deu lume a uma obra estritamente vinculada a assuntos filológicos […]”, foi precursor do “fenômeno raro do aparecimento de verdadeiros mestres da Língua Portuguesa Clássica”, no século XX.

Um panorama da literatura brasileira, segundo Luiz Ruffato, jornalista e escritor, “[…] embora caudatária da literatura portuguesa, desde cedo a paisagem é uma maneira diferente de modular a língua conformaram a mentalidade brasileira […]”; “[…] o Brasil colonizado a partir de 1500 recebeu vagas influências estrangeiras”. Situa o ano de 1836 “como marco fundador da literatura nacional”, que segue bem diversificada nos dias atuais cultuando valores do passado e aplaudindo os novos.

Sotero dos Reis (1800-1871), meu Patrono na ALL, estudou 29 dos principais autores portugueses e brasileiros, destacando-se Gil Vicente, Luiz Vaz de Camões, Alexandre Herculano, Padre Antônio Vieira, Manoel Odorico Mendes, Antonio Gonçalves Dias e Antonio Henriques Leal.

Este é o meu segundo trabalho de crônicas. São 27 selecionadas, antes publicadas na imprensa de São Luís e reunidas em Livro, a fim de superar a perenidade dos textos jornalísticos. A principal dessas crônicas presta meu tributo à única cidade brasileira fundada pelos franceses, São Luís do Maranhão; elas falam, ainda, das minhas viagens, sobre outras cidades, livros, música, família, estudos, valores e crenças. “Tratam de coisas passadas com intenção de preservar memórias, não de desvalorizar o presente”.

Segundo palavras do apresentador e tradutor do Livro, professor Cadmo Soares Gomes, “[…] o lirismo criativo está sempre presente e se desvela às vezes em melancolia […]. Quando trata da família, revela o espírito romântico, rendendo-se aos sentimentos suaves […]”.

Chamo atenção para as epígrafes que coloquei em cima de cada crônica. Foi de propósito. Além de prestigiar a memória dos seus autores, adequa-se, na maioria das vezes, ao que escrevi. São para reflexão.

Desejaria, doravante, fazer alguns comentários sobre as motivações que me levaram a escrever algumas das crônicas selecionadas.

“Razão e Sensibilidade” (páginas 17 a 22) é um grito de alerta em favor do patrimônio histórico das cidades, particularmente de Caxias, no Maranhão, no Brasil, minha terra natal; é um posicionamento democrático contra o lento, gradual e inexorável processo de “modernização” dos espaços às vezes onde se nasce, cresce e morre.

“Amor Perdido” (páginas 49 a 55) é sobre futebol, que já gostei tanto, todavia acabei perdendo o interesse face às desilusões ocasionadas por circunstâncias adversas. Dizem que “somos nós e as nossas circunstâncias”, não é assim?

“O Sereno do Cassino” (páginas 101 a 104). Sereno diz-se das pessoas que permanecem, de fora, observando os que entram, nos bailes da vida; e Cassino com dois “s” não é clube de jogo, contudo clube de dança. Os de fora observam, fazem comentários de toda ordem, riem, divertem-se com os ditos ‘privilegiados’, sobre se estão bem vestidos, bem acompanhados. É divertido!

“Vereda Tropical” (páginas 119 a 124) lembra da minha juventude, em São Luís, e das músicas caribenhas que tocavam nos clubes da cidade, nos bailes da vida, das namoradas e das dificuldades em conservá-las.

“Melancolia” (páginas 125 a 128) Gosto tanto desta crônica, que parece ficção, mas é realidade, pois foi baseada em fatos reais; mostra como o simples viver é, para algumas pessoas, um verdadeiro dilema. “Seriam os poetas predestinados aos sofrimentos da alma”?

“O que é a Felicidade” (páginas 195 a 200). Quem sabe? Eu arrisquei escrever sobre algo apenas experimentado por quem sente. Cada qual é feliz à sua maneira; não há uma receita pronta e acabada.

“Todos têm direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade”, disse Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos, quando esboçou as primeiras linhas do texto da Declaração de Independência dos EUA, em 1776.

Busquemos, pois, esses direitos.

*Economista. Membro Honorário da ACL, ALL e AMCJSP.

Cristino Gonçalves

Filho de Pedro Nunes Gonçalves, Cristino Nunes Gonçalves nasceu em Caxias no ano de 1904. Na juventude, junto ao irmão Moisés, ganhou o apelido de Cristino “Papagaio”, em virtude deste ser o nome popular do lugar onde morava. Já na faixa dos trinta anos de idade, Cristino casa-se com a jovem Mariana Costa Gonçalves.

Profissionalmente, Cristino atuou por muitos anos como Delegado de Polícia em Caxias. Sempre com o inseparável terno de linho branco, o seu traje era característico, com relembra Libânio Lobo: “Com traje característico, em que sobressaía indefectível chapéu de abas largas, vigiava a urbe, sempre presente nos logradouros públicos”. Além da autoridade intrínseca ao cargo que ocupava, o delegado, que era bastante alto, também impunha respeito em virtude de seu porte físico.

“Personagem folclórico o Cristino Papagaio! Era maniqueísta, na política. Com efeito. Para ele, trairia os interesses da comunidade quem não militasse ao lado do governo. Era o mal. Por isso mesmo, fosse quem fosse o governo, ele apoiava o oficialismo. E, para ele, o governo não errava. Acertava sempre, De feito, qualquer providência, desde que oficial, que tinha o seu endosso e aplauso. Não havia por que inquiná-la”, relembrou o escritor Libânio da Costa Lôbo em suas memórias.

Além de delegado, Cristino também era proprietário de uma vacaria (funcionava no quintal de sua residência), onde oferecia a venda de leite por toda Caxias. Na década de 1950, candidatou-se a vaga de vereador; sendo eleito nas legislaturas de 1951/1954; 1955/1958 e 1963/1966. Contudo, faleceu antes de terminar este último mandato. Ocorre que, no dia 16/02/1964, Cristino faleceu após passar por uma operação – em virtude de uma queda de rede – no Hospital Getúlio Vargas, em Teresina. Tinha 60 anos.

Quando do loteamento da área que originou o bairro Volta Redonda, fora aberta uma rua nas proximidades do local onde Cristino Gonçalves residiu por quase toda a vida. Destarte, fora dado o seu nome àquela via.


Fontes de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Livro Vulto Singular, em Meio a Rico Mosaico/Libânio da Costa Lôbo; Livro O Fim e o Nada/Autor: João Machado; Depoimento de Saraiva Porto

Imagens da postagem: Ac. IHGC; Ac. Lucinha Maria Chaves Marques

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto

Palestra proferida pelo caxiense Augusto Brandão na Universidade de Coimbra

PALESTRA EM COIMBRA
Minhas palavras iniciais são de agradecimento às autoridades da Universidade de Coimbra e de sua Faculdade de Economia, que gentilmente acataram minha disposição em visitá-las. Desta vez venho proferir uma Palestra cheia de invocações ligadas à história do Brasil e de Portugal, plena de assuntos do particular interesse dos atuais e futuros economistas, e comentar sobre algumas das crônicas do meu mais recente Livro, que autografarei em seguida.
Magnífico senhor reitor da Universidade de Coimbra, Professor Doutor João Gabriel Silva, em nome do qual saúdo seus ilustres Vice-reitores e Diretores;
Senhor diretor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Professor Doutor José Joaquim Dinis Reis, e seus subdiretores;
Demais autoridades aqui presentes, colegas professores e estimados alunos de Coimbra, onde “pelas ruelas pipocam as tradicionais e animadas repúblicas dos estudantes” e que, desde 1537, “perambulam com livros debaixo do braço, ocupam as mesas dos cafés e dos bares, cantam fado e fazem festa noite adentro”.
A todos trago um abraço dos maranhenses de São Luís do Maranhão, a única cidade brasileira fundada pelos franceses, em 1612, e colonizada pelos portugueses, desde 1615.
Esta visita tem para mim um significado todo especial. Estou na vetusta e histórica Universidade de Coimbra, fundada no século XIII, em 1290, que teve papel fundamental na formação da elite brasileira; e tenho raízes portuguesas advindas de minha avó materna, Maria Laura da Silva Ribeiro, nascida na província de Trás-os-Montes e Alto Douro, legando-me o gosto pelos produtos da terra e o amor pelas conquistas dos Grandes Navegadores.
Até meados do século XIX, a maioria dos nossos ministros graduou-se em Coimbra, como é o caso de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), considerado Patriarca de Independência do Brasil (1822), e os escritores Antero de Quental, Eça de Queirós. Luís de Camões, Mário de Sá Carneiro, Gregório de Matos e Tomás Antônio Gonzaga.
Atualmente, a Universidade de Coimbra é a instituição no exterior com mais estudantes brasileiros, pelos diversos Termos de Cooperação celebrados e renovados com suas congêneres nacionais, como é o caso da Universidade Federal do Maranhão, da qual sou professor de economia (aposentado) e represento-a neste momento solene.
A Universidade de Coimbra, referência internacional na área de direito, tornou-se mais recentemente também um polo respeitado na Europa em pesquisa de saúde e produção de tecnologia, e desde o período medieval e Renascimento, é uma depositária de fontes documentais. Mário Brandão, que tem o meu sobrenome, figura entre seus autores mais citados nas décadas de 1930, 40, 50 e 60.
Um lídimo representante desse referencial, Manuel Fran Paxeco, nascido Manuel Francisco Pacheco (1874-1952), jornalista, escritor, diplomata e professor de português, foi Cônsul de Portugal no Maranhão, aonde chegou no dia 2 de maio de 1900; autor de várias obras e de grande amor pelo Estado foi membro fundador da Academia Maranhense de Letras e casou-se com a maranhense Isabel Eugênia de Almeida Fernandes, natural de São Luis, de quem teve uma filha, Elza Fernandes Paxeco, “primeira senhora doutora pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa”.
O Maranhão e seus intelectuais, diz Rossini Correa, tiveram um papel fundamental na formação de uma identidade nacional, quando o nosso Estado foi rico […], os filhos das classes mais abastadas iam estudar na Europa e traziam o conhecimento acumulado para aplicar no Brasil […]. Destacaram-se na literatura nesse período Gonçalves Dias, Odorico Mendes, Gomes de Souza, Vieira da Silva, que ajudaram a fundar o humanismo no Brasil; depois os irmãos Artur e Aluísio Azevedo, mesmo finda a opulência, surgiram como nomes na literatura estadual […].
Dentre os muitos e ilustres maranhenses que estiveram em Coimbra, mais recentemente, destaca-se o professor José Maria Cabral Marques, advogado pela antiga Faculdade de Direito de São Luís, ex-reitor da Universidade Federal do Maranhão, membro da Academia Maranhense de Letras, e agraciado com a Ordem da Instrução Pública, no Grau de Comendador, da Presidência da República de Portugal.
Desejo ressaltar que venho à Universidade de Coimbra, e a esta sua prestigiada Faculdade de Economia, em nome da Universidade Federal do Maranhão, da qual sou professor aposentado, como disse, e onde ensinei por quase vinte anos ininterruptos; egresso da Universidade Estadual do Maranhão, onde fui professor titular fundador de uma das suas primeiras escolas de nível superior geridas pelo Estado do Maranhão, a Escola de Administração Pública, venho também em nome das Academias Caxiense de Letras, em Caxias, minha terra natal, e da Academia Ludovicense de Letras, em São Luís.
A Universidade Federal do Maranhão é uma instituição relativamente nova, pois foi oficialmente criada em 1966. Antes existiram Escolas isoladas e que foram transformadas em uma Fundação.
Atualmente, tendo à frente o Magnífico Reitor Natalino Salgado Filho, a quem agradeço o incondicional apoio à minha viagem, nossa Universidade tem experimentado franco progresso na melhoria e expansão dos seus diversos cursos pelos inúmeros campi, no Estado do Maranhão, além de significativa ampliação das suas instalações no campus do Bacanga, em São Luís, onde mantém sua sede. Estamos vivendo um acelerado progresso em todos os sentidos.
Parodiando a letra da música e afirmando que “no peito dos economistas também bate um coração”, além de restabelecer contatos com esse berço tradicional da vida universitária, Coimbra, e como fiz recentemente na França, em Lyon, no Instituto de Estudos Brasileiros da Université Lumière 2, venho também doar e autografar meu segundo livro “Crônicas de 400 anos/Chroniques de 400 ans”, bilíngue português/francês, escrito para homenagear o 4º Centenário de São Luís do Maranhão, que, como disse, foi fundada pelos franceses e colonizada pelos portugueses.
Diz o economista maranhense José Cursino Raposo Moreira, meu amigo, na “orelha” do meu primeiro livro intitulado “Fortes Laços”, que se encontra na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, desde 2009, quando, pela primeira vez, visitei a cidade, e a propósito de alguns de nós mesmos: “[…] os economistas, pela própria natureza de sua formação, desenvolvem um pendor natural para atividades intelectuais, que se expressa na forma de produção literária e militância cultural de que temos vários exemplos. […]; e prossegue: o pai da macroeconomia, John Maynard Keynes (menção à coincidência da Sala), destacou-se como entusiástico incentivador das artes na Inglaterra das primeiras décadas do século XX […]”, e Celso Furtado, Mário Henrique Simonsen e Roberto Campos são exemplos entre os brasileiros.
Agora, um pouco da minha própria história:
Quando ingressei na Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro (uma das primeiras escolas de economia do Brasil), em 1956, havia apenas cinco anos de reconhecimento da nossa profissão (Lei 1411/51). Lembro-me de que as lutas com esse objetivo foram intensas e lideradas, entre outros idealistas, por Reynaldo de Souza Gonçalves e Alberto Almada Rodrigues, dois dos meus ilustres professores. Era nosso diretor o professor, político e escritor Conde Cândido Mendes de Almeida Junior, descendente de tradicional família originária de Portugal, que chegou ao Brasil, em 1808, e estabeleceu-se em vários Estados, inclusive no Maranhão, em Caxias.
As lutas visando afirmação da nossa profissão foram intensas e exigiu muita persistência; entre 1956 e 1959, enquanto universitários, vivíamos um período florescente da economia brasileira e tudo levava a crer que teríamos um futuro altamente promissor pela frente. Logo depois as coisas mudaram bruscamente e tivemos que refazer nossos planos
Com a permissão de vocês, direi mais a meu respeito, sobre minhas origens, o que tenho feito como economista e escritor, e professor universitário; sobre o que penso, escrevo e tenho publicado, na imprensa de São Luís, artigos e crônicas sobre a conjuntura econômica brasileira e internacional, e o cotidiano das cidades.
Permaneci no Rio de Janeiro até 1965, já casado e onde nasceram meus dois primeiros filhos. Retornei ao Maranhão, em 1966, integrando-me ao setor público estadual e ajudando a fundar as primeiras escolas de nível superior, tornando-me economista da Secretaria de Viação e Obras Públicas e professor fundador titular da Escola de Administração Pública do Estado do Maranhão, ensinando Teoria Econômica; depois me transferi para a Universidade Federal do Maranhão, onde ensinei Economia Monetária e Mercado de Capitais, aposentando-me em 1997, todavia sentindo ainda muitas saudades desse tempo; momentos como os de agora, portanto, são profundamente emocionantes para mim.
No período de 1979 a 1887, integrei diretoria no sistema financeiro estadual e, nessa condição, em 1980, tive oportunidade de viajar aos Estados Unidos, para frequentar um Seminário sobre o mercado de capitais e financeiro realizado na Universidade de Nova York. Naquela oportunidade, visitando a Bolsa de Valores, a NYSE, perguntei a um expositor: você acha que a crise de 1929 poderá repetir-se? Ele respondeu que sim, mas que “haveria salvaguardas”. Agora, a partir da “crise da bolha” de 2008, penso ter entendido o que ele, intuitivamente, quis dizer.
Doravante, para qualificar nossa profissão, assuntos mais específicos e do interesse dos economistas.
Finda a Segunda Guerra Mundial, buscava-se uma nova ordem econômica; esse objetivo, quando o conflito acabou, foi concretizado predominantemente à custa da intervenção estatal no domínio econômico, o chamado “Estado do Bem-Estar Social”, sob a presidência de Franklin Delano Roosevelt. A célebre Conferência de Bretton Woods, em julho de 1944, que culminou com a criação do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento-BIRD, o Banco Mundial, e do Fundo Monetário Internacional-FMI, fundamentou essa nova ordem (quando da Conferência, os EUA já eram “donos de 60% das reservas de ouro do mundo”).
John Maynard Keynes liderou e teve ampla influência em quase tudo que foi discutido naquela oportunidade; já àquela altura houve “argumentação insistente de países que pretendiam ter quotas maiores no capital do FMI, significando maior poder de voto”, como continua sendo reivindicado até os dias atuais. Aliás, a recente criação do banco dos emergentes, o banco dos BRICS, reafirma esse desejo e, no caso, a disponibilidade de um “colchão de reservas” em proveito próprio, para enfrentamento de resistência a possíveis novas crises.
As questões debatidas em Bretton Woods voltaram à baila desde a chamada “crise das hipotecas”, iniciada nos Estados Unidos, em 2007, e repercutida e ainda repercutindo na Europa, principalmente nos países da zona do euro (limitações da moeda única).
O excesso de liquidez (“quantitative easing”), que invadiu o mundo capitalista com trilhões de dólares, foi recentemente anunciado pelo Banco Central Europeu (“o único grande banco central que até agora tinha evitado embarcar em um afrouxamento quantitativo”), na Conferência de Jackson Hole, nos Estados Unidos, como uma das soluções à recuperação da eurozona.
Por ação dos próprios bancos centrais dos países desenvolvidos, mais as maciças emissões primárias da chamada dívida soberana, com recompras garantidas no mercado secundário de títulos, fez-me lembrar das “salvaguardas” que, segundo aquele expositor da NYSE, existiriam no futuro. Foi evitada uma “quebradeira” geral (de bancos que se tornaram “grandes demais para tanto”), mas os efeitos estão aí a impedir a retomada do crescimento e a diminuição do endividamento, e a regulação dos mecanismos financeiros (alavancagem dos bancos e seus instrumentos derivados.
Há uma verdadeira financeirização dos mercados e a microeconomia está perdendo seus pressupostos básicos, como a racionalidade do consumidor e a autossuficiência desses mercados. Além disso, avançam práticas da chamada “contabilidade criativa”, mascarando resultados.
Até meados dos anos 70, a igualdade Produto-Renda-Despesa refletia o equilíbrio. Nos tempos atuais, a moeda, como reserva de valor, de fato e de direito deixou de ser lastreada; a dívida pública soberana ultrapassou todos os limites em relação ao PIB; os bancos alavancaram além do seu patrimônio; surgiram os famosos derivativos e a financeirização passou a predominar entre os agentes econômicos.
A verdade é que o capitalismo financeiro desconhece o sistema produtivo e passa a existir apesar dele, contudo, moeda em circulação sem contrapartida de produto, gera inflação, e ela já está chegando aos países de economia reflexa, como o Brasil. A recuperação da economia dos países desenvolvidos, segundo os especialistas, trará reflexos negativos consideráveis na dos países emergentes.
O “quantitative easing” ou afrouxamento financeiro sendo adequado pelo “tapering” (menor oferta de dólares no mundo gerando repatriamento de capitais); como consequência, ao menos no curto prazo, além da desvalorização de moedas nacionais, menos investimento interno (reflexos no mercado de capitais), maiores custos de importação (exportações favorecidas, mas sem que a desvalorização das moedas respectivas provoque efeitos colaterais), níveis de inflação mais altos, aumento da taxa de juros;
O acúmulo de reservas. Em estimativas recentemente revistas inclusive pelo FMI e “experts” do mercado financeiro: Estados Unidos crescendo 2,2% este ano e 3,1% em 2015, com repercussões nas economias emergentes, mais aqui (no Brasil) e menos ali (na China e Índia); Zona do euro crescendo 0,8% este ano e 1,3%, em 2015; Brasil crescendo 0,3% este ano e 1,4%, em 2015; México crescendo 2,4% este ano e 3,5% em 2015, com México e Brasil respondendo por 60% da economia da região – AL.
A recuperação da economia mundial segue, portanto, potencialmente lenta e fraca, e desigual, tanto nas desenvolvidas quanto nas emergentes, agravada pelas crises políticas antigas e mais recentes.
Há ainda uma mudança nos destinos das exportações brasileiras, mais para os Estados Unidos e menos para a China: “aviões, produtos de ferro e aço […], máquinas e motores para os americanos; celulose, soja e café para os chineses”.
O Brasil sofre ainda os reflexos da crise americana principalmente depois da quebra do banco Lehman Brothers: fluxos e refluxos de capitais interferindo no câmbio; baixo investimento na formação de capital fixo; uso da política monetária aumentando a taxa de juros no combate à inflação; enfrentamento das expectativas desfavoráveis dos agentes de produção; baixa geração de superávits primários; expansão e contenção na política de crédito ao consumo; manutenção e retirada de incentivos fiscais à produção e ao consumo; insistência em programas sociais e de transferência de renda.
O país tem grandes reservas internacionais, mas há anos tem também uma inflação estrutural, ora de demanda, que volta a crescer; tem também um déficit externo elevado.
O que Keynes faria em 2014? Keynes foi partidário de programas intervencionistas liderados pelo poder público; políticas monetárias e fiscais para enfrentar os ciclos econômicos; níveis de renda afetando o nível de emprego; a taxa de juros como prêmio à liquidez.
Dirijo-me, mais uma vez e para finalizar, ao magnífico reitor da Universidade de Coimbra, professor doutor João Gabriel Silva; ao diretor da sua Faculdade de Economia, professor doutor José Joaquim Dinis Reis; também à sua vice-diretora professora Lina Coelho; à senhora Ana Serrano, chefe da Biblioteca Geral da UC, que deu sequência aos nossos contatos iniciais; aos professores e alunos aqui presentes e que prestigiaram este Evento.
Agradeço, mais uma vez, a todos em meu nome pessoal e pela deferência à Universidade Federal do Maranhão, na pessoa do magnífico reitor Natalino Salgado Filho; à Academia Caxiense de Letras e à Academia Ludovicense de Letras.
Muito obrigado a todos.

Paulo Souza e os sambas-enredo da Turma da Mangueira

Nos carnavais caxienses de outrora, os blocos carnavalescos e escolas de samba eram tradição. Grupos como “Malucos por Samba”, “Os Caveiras”, “Os Caveiras do Samba”, “Turma da Mangueira”, “Unidos do Olho D’água”, “Unidos da Baixinha” eram figurinhas carimbadas nas festividades. Compostos por instrumentos de percussão, porta-bandeiras e passistas, esses blocos, que recebiam o apoio da prefeitura, desfilavam pelas ruas de Caxias no período de carnaval.

Pesquisando sobre o tema, deparei-me com dois sambas-enredo da “Turma da Mangueira” que sobreviveram ao tempo. Tendo como representante o funcionário municipal Paulo Souza, o “Paulo Magro” (ou Paulo da Mangueira), o bloco era oriundo do bairro Cangalheiro, tendo sido fundado por volta de 1962. Além de representar o grupo, entre as décadas de 1960 e 1980, Paulo também escrevia os sambas-enredo de sua escola.

Como havia uma premiação ao bloco vencedor, cada equipe caprichava nas letras que seriam entoadas, bem como em suas indumentárias. A prefeitura concedia um apoio financeiro conforme o número de integrantes de cada bloco. Em 1981, o prefeito Numa Pompílio concedeu 30 mil cruzeiros à Turma da Mangueira, de Paulo, tendo em vista que essa contava com mais de 70 integrantes. Para o concurso desse ano, Paulo compôs o seguinte samba:

Com o samba-enredo acima, a “Turma da Mangueira” conquistou a segunda posição no concurso. O desfile ocorrido na terça-feira de carnaval, em frente ao prédio da Prefeitura, teve como banca julgadora: os professores Francisco Ângelo da Silva, Edmée Assunção, Filozinha Teixiera e Luis Carlos. O prêmio fora o montante de 8 mil cruzeiros.

Imagens da escola vencedora, “O Caveira”. Muito popular, “O Caveira” investia pesado nas fantasias de seus integrantes. Era um dos principais rivais da Turma da Mangueira.

No carnaval de 1983, seguindo a tradição, Paulo voltou a compor o samba daquele ano (imagem abaixo). Sempre citando as belezas e história de Caxias, as composições de Paulo eram uma atração à parte:

E a história continuou nos anos seguintes. Até que, com a popularização dos carnavais em clubes, os blocos e escolas de samba foram perdendo a força, até quase desaparecerem da folia carnavalesca de Caxias. Paulo da Mangueira, figura que, durante anos, dedicou-se às festividades, faleceu aos 81 anos no dia 15/08/18, deixando versos eternizados na memória de muitos foliões.


Fontes de pesquisa: Jornal O Pioneiro; Depoimento de Nonato Ressurreição

Imagens: Internet; Jornal O Pioneiro

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto

Marcello Thadeu de Assumpção

Marcello Thadeu de Assumpção nasceu em Caxias, no dia 16/01/1917; filho de Antônio Thadeu de Assumpção e Guiomar Cruz Assumpção. Em sua cidade natal, iniciou os seus estudos primários no colégio da professora Quininha Pires, prosseguindo-os em São Luis, no Seminário Santo Antônio. Contudo, percebeu que a sua vocação era outra, optando por cursar Medicina.

Dessa forma, seguiu para Salvador, onde formou-se, em 1943, aos 26 anos de idade, pela Faculdade de Medicina da Bahia. No Rio de Janeiro, especializou-se – pela Universidade do Rio de Janeiro – em Obstetrícia, Ginecologia, Pediatria, Câncer Ginecológico e Doenças da Nutrição. Na Academia de Farmácia, aperfeiçoou-se em Bacteriologia e Imunologia. Estudo do mesmo nível, em relação a doenças da pele, frequentou o Departamento Nacional de Saúde.

Após formar-se, Marcello retornou à Caxias, onde passou a atender a população da cidade, principalmente os mais humildes. Em sua carreira médica, atuou no INPS, RFSA, Hospital Miron Pedreira, FSESP, Posto de Saúde do Estado e Casa de Saúde e Maternidade de Caxias. Atendia a todos sem distinção de qualquer natureza, onde quer que fosse necessário o seu serviço, e a qualquer hora. Na cidade, fundou, em 1960, o jornal Tribuna Caxiense, onde também ocupava a função de diretor.

Seguindo a sua vocação de servir aos seus conterrâneos, o médico candidata-se, em 1955, ao cargo de prefeito – não logrando êxito nessa primeira investida. No pleito de 1962, elege-se deputado estadual, pelo PDC (Partido Democrata Cristão). E nas eleições de 1969, apoiado pelo então prefeito, Aluízio Lobo, Marcello Thadeu é eleito prefeito de Caxias, para o pleito de 1970 à 1973; tendo como vice o empresário Elmary Machado Torres. Concluído o mandato, voltou às lides eleitorais e foi eleito vereador à Câmara de Caxias, de 1977 à 1982. Em 1982, voltou a eleger-se ao mesmo cargo, onde permaneceu de 1983 à 1988.

Além da carreira médica e política, Marcello Thadeu também dedicou-se ao magistério; função que exerceu com excelência. Atuando no Colégio Caxiense, lecionou nas cadeiras de: Latim, Francês, História Natural e Ciências. Nos colégios Diocesano e São José, também deu aulas de Latim e Francês.

Muito respeitado em todos os campos em que atuava, dr. Marcello realizou diversas benfeitorias à sua cidade. Sendo que a maior de suas obras fora, sem dúvidas, a Fundação Educacional Coelho Neto (FECON), criada em 1963, com sede própria, em moderno edifício constituído de amplas instalações, onde são ofertados cursos de 1 e 2 graus, e Jardim de Infância. Gozando de alto conceito perante a comunidade e autoridades locais, a instituição de ensino, localizada à rua Cel. Libânio Lobo, funciona até os dias de hoje.

Já idoso, o médico passou a residir em um imóvel localizado na Praça Gonçalves Dias. Local onde passava horas sentado, olhando o movimento da cidade. Marcello Thadeu, que não teve filhos, faleceu em sua terra natal, no dia 02/04/2002, aos 85 anos de idade.

Marcello Thadeu em fotografia da década de 1990.

Em sua memória, a sua família fundou, em 22/01/2008, o “Memorial Humanista Dr. Marcello Thadeu de Assumpção” localizado nas dependências do Colégio Coelho Neto; cujo o objetivo é preservar todo o acervo de objetos, móveis, fotos, documentos e instrumentos médicos, que recontam a vida desse ilustre caxiense. Além disso, o médico humanista também da nome a uma avenida da cidade.


Fontes de pesquisa: Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Jornal Cruzeiro; Jornal Nossa Terra; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto

Imagens da postagem: Ac. do IHGC; Jornal Cruzeiro; Jornal Nossa Terra; Ac. Aluízio Lobo

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto