Filho de Pedro Nunes Gonçalves, Cristino Nunes Gonçalves nasceu em Caxias no ano de 1904. Na juventude, junto ao irmão Moisés, ganhou o apelido de Cristino “Papagaio”, em virtude deste ser o nome popular do lugar onde morava. Já na faixa dos trinta anos de idade, Cristino casa-se com a jovem Mariana Costa Gonçalves.
Profissionalmente, Cristino atuou por muitos anos como Delegado de Polícia em Caxias. Sempre com o inseparável terno de linho branco, o seu traje era característico, com relembra Libânio Lobo: “Com traje característico, em que sobressaía indefectível chapéu de abas largas, vigiava a urbe, sempre presente nos logradouros públicos”. Além da autoridade intrínseca ao cargo que ocupava, o delegado, que era bastante alto, também impunha respeito em virtude de seu porte físico.
“Personagem folclórico o Cristino Papagaio! Era maniqueísta, na política. Com efeito. Para ele, trairia os interesses da comunidade quem não militasse ao lado do governo. Era o mal. Por isso mesmo, fosse quem fosse o governo, ele apoiava o oficialismo. E, para ele, o governo não errava. Acertava sempre, De feito, qualquer providência, desde que oficial, que tinha o seu endosso e aplauso. Não havia por que inquiná-la”, relembrou o escritor Libânio da Costa Lôbo em suas memórias.
Além de delegado, Cristino também era proprietário de uma vacaria (funcionava no quintal de sua residência), onde oferecia a venda de leite por toda Caxias. Na década de 1950, candidatou-se a vaga de vereador; sendo eleito nas legislaturas de 1951/1954; 1955/1958 e 1963/1966. Contudo, faleceu antes de terminar este último mandato. Ocorre que, no dia 16/02/1964, Cristino faleceu após passar por uma operação – em virtude de uma queda de rede – no Hospital Getúlio Vargas, em Teresina. Tinha 60 anos.
Quando do loteamento da área que originou o bairro Volta Redonda, fora aberta uma rua nas proximidades do local onde Cristino Gonçalves residiu por quase toda a vida. Destarte, fora dado o seu nome àquela via.
Fontes de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Livro Vulto Singular, em Meio a Rico Mosaico/Libânio da Costa Lôbo; Livro O Fim e o Nada/Autor: João Machado; Depoimento de Saraiva Porto
Imagens da postagem: Ac. IHGC; Ac. Lucinha Maria Chaves Marques
Clóvis Labre de Lemos nasceu em Caxias (MA), no dia 04/05/1918, filho de José Joaquim de Lemos Filho e Filomena Labre de Lemos. Era irmão do vereador caxiense Waldemar Labre de Lemos. Após cursar as primeira letras em Caxias, Clóvis partiu para o sul do país, onde concluiu os estudos.
Entrou para o serviço militar em 17/04/1936, há poucos dias de atingir a maioridade, na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro; e estas foram as suas promoções (em ordem cronológica): Aspirante (25/12/1938), 2 Tenente (25/12/1939), 1 Tenente (19/01/1942), Capitão (08/08/1944), Major (02/10/50), Tenente-Coronel (15/01/1054) e Coronel (20/01/1959).
Labre de Lemos, em 1972.
Membro da Força Aérea Brasileira, o então Tenente Aviador Labre de Lemos combateu na Segunda Guerra Mundial, a partir da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro; período em que participou de um importante acontecimento. No dia 03/07/1943, um avião Hudson A-28A, pilotado por Labre Lemos, com tripulação da FAB, estava empenhado, desde a madrugada, no esclarecimento da área marítima compreendida entre Santa Cruz e Paranaguá, visando á proteção de um comboio que sairia de Santos com destino ao Norte. Por volta de 11 horas da manhã, esse avião localizou um submarino alemão U-199, a cerca de 120 milhas ao largo de Santa Cruz, o qual navegava na superfície com a proa aproximada da ilha de São Sebastião, à altura da qual deveria passar o comboio, no fim da tarde. O submarino foi atacado, no momento exato em que iniciava o seu mergulho, porém um curto-circuito, no sistema lançador de bombas, impediu que essas se soltassem. Só no dia 31 de julho, às primeiras horas da manhã, é que um Martin PBM-3C Mariner do esquadrão VP-74 (USN), baseado no Rio de Janeiro, localizou e atacou o submarino. O U-199 foi danificado mas não afundou, e permaneceu atirando com suas peças de artilharia antiaérea no PBM-3C.
Na década de 1940, com a família ainda residindo em Caxias, Labre de Lemos fazia visitas constantes à cidade. Exímio piloto, quando vinha rever d. Santinha (como sua mãe era carinhosamente chamada), dava voos rasantes pelo céu da princesa do sertão, alertando para irem busca-lo no campo de aviação. Imagens que não saíram da memória do pequeno garoto, Antônio Augusto Brandão, que, depois do espetáculo aéreo, via o aviador partir em direção à residência da mãe, à Rua 15 de novembro (atual Av. Nereu Bittencourt).
Labre de Lemos (canto esquerdo) no momento em que era condecorado.
Em 1960, publica a obra “A Marinha Brasileira deseja aviação própria”. Em 1961, é nomeado por Juscelino Kubitschek, então Presidente da República, Adido Aeronáutico em Santiago, no Chile. Ali, em 1961, participou, junto a outros membros da FAB, da ponte-aérea, em socorro às vítimas dos terremotos que atingiram o país; pelo seu trabalho, recebeu, das mãos do embaixador Bazán Dávila, o título de “Membro Honoris Causa da Força Aérea do Chile”.
Naquele mesmo ano, publica um importante estudo sobre Aviação Embarcada, sendo agraciado com a Medalha-Prêmio “Força Aérea Brasileira”, através de decreto do presidente João Goulart. Em 1962, é nomeado Adido Aeronáutico junto as Embaixadas do Brasil em Montevidéu e Buenos Aires. Exonerado do antigo posto, em 1964, o Coronel Labre é nomeado para exercer a função de comandante na base aérea de Canoas (RS).
Brigadeiro Labre de Lemos (segundo da esquerda para direita), entre outras autoridades da aeronáutica brasileira, em 1969.
Em 22/05/1966, o Coronel faz uma visita à sua cidade natal, integrando a comitiva do presidente Humberto Castelo Branco que veio à Caxias a convite de Aluízio Lobo, então prefeito municipal.
Junto ao Gov. Sarney, Dep. Alexandre Costa, Prefeito Aluízio Lobo e outras autoridades, o então Coronel Labre de Lemos marcou presença durante a visita do Presidente Castelo Branco à Caxias, em 1966.
Em 12/10/1966, Labre de Lemos é promovido pelo presidente, Castelo , ao posto de Brigadeiro. Nesse ano, é designado para as funções de subchefe de Gabinete do Estado Maior da Aeronáutica. Em 1967, através de decreto do presidente Costa e Silva, é nomeado ao cargo de comandante da 6 Zona Aérea de Brasília; recebendo, àquele ano, a medalha “Passador de Prata”, pelos mais de 20 anos de serviço.
Em 05/11/1968, o brigadeiro Labre de Lemos, junto a diversas autoridades, recepcionou a Rainha Elizabeth II e seu esposo, Príncipe Phillip, em sua chegada à Base Aérea de Brasília. Na ocasião, o brigadeiro fora apresentado pelo chefe do cerimonial do Itamaraty à família real inglesa.
Cel. Alzir Nunes (Comandante da PM), Brigadeiro Labre de Lemos (seta vermelha), Cel. José Luiz de Fonseca Peyon e Cel. Valle; acompanhados de suas esposas, no Teatro Nacional durante a escolha da Miss Brasília 1969.
Já Brigadeiro, em 30/03/1969, Labre retorna à Caxias para a inauguração da Praça Duque de Caxias, no Morro do Alecrim. Na ocasião da cerimônia, foram trazidos os restos mortais de Duque de Caxias, que estavam no Rio de Janeiro. É possível que essa tenha sido a última visita do Brigadeiro ao município.
Labre de Lemos (centro), em Caxias, ao lado da professora Talita Guimarães, em 1969.
Em 1969, o turboélice Bandeirante, primeiro avião de fabricação inteiramente nacional, fez o seu primeiro voo. Junto a Costa e Silva (Presidente da República), Márcio de Souza e Melo (Brigadeiro Ministro da Aeronáutica), Dióscoro Vale (General Comandante Militar do Planalto) e Jaime Portela (General Chefe do Gabinete Militar); o Brigadeiro Labre de Lembos marcou presença na solenidade do voo inaugural, em Brasília.
Clóvis Labre de Lemos (identificado com a seta), durante o voo inaugural do Bandeirante, em 1969.
Em 1968, o Brigadeiro Lemos é designado ao Rio de Janeiro para comandar a Força Aérea de Transporte do Galeão. Para a sua despedida do DF, o Ministro do Superior Tribunal Militar, Ernesto Geisel, ofereceu um almoço. E assim, o Brigadeiro, junto a esposa Carmem Lemos, parte para o Rio. Em 22/04/1971, já como General, é condecorado Major-Brigadeiro. Em 1972, o Presidente assinou decreto nomeando-o ao cargo de Comandante do Transporte Aéreo (COMTA). No ano seguinte, é nomeado ao cargo de comandante de formação e aperfeiçoamento. Em 1974, assume o Comando do Pessoal da Aeronáutica, no cargo de Comandante-Geral do Pessoal do Ministério. E em 1976, foi exonerado do cargo de subcomandante e subdiretor de Estudos da Escola Superior de Guerra (ESG).
Depois dessa fase, pouco se sabe sobre Labre de Lemos. Até 30/06/1971, o Brigadeiro somava mais de 8 mil horas de voos. Acumulando muitos cursos e condecorações – dentre os quais o de Comendador da Ordem do Mérito Militar – , o caxiense só volta as páginas dos jornais, em 1981, ao publicar a livro “Do Lado da Cortina de Ferro-Impressões de Viagens”.
Brigadeiros da FAB, durante a cerimônia em homenagem ao centenário de Santos Dumont, promovida pela Revista Manchete, em 1973.
Apesar da carência de fontes, tudo indica que Clóvis Labre de Lemos faleceu no Rio de Janeiro, entres as décadas de 1980-1990. O aviador da nome a uma praça em Caxias.
Fontes de pesquisa: Diário de Notícias (RJ); Depoimento de Antônio Augusto Ribeiro Brandão; Correio Braziliense (DF); Correio da Manhã (RJ); Jornal do Brasil (RJ); Notícias do Exército; Revista Manchete (RJ); Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Site rudnei.cunha.nom.br
Imagens da Publicação:Acervo do IHGC; Diário de Notícias (RJ); Internet; Correio Braziliense (DF); Acervo de Aluízio Lobo; Correio da Manhã (RJ); Jornal do Brasil (RJ); Revista Manchete (RJ).
Raimundo Costa Sobrinho nasceu na casa grande da feitoria Canabrava, 1º Distrito do município de Caxias, em 23/05/1884. Filho de Alexandre Alves Costa e Maria Emília dos Santos Costa. Descendente de uma família de posses, era neto dos portugueses Joaquim Alves Costa, pelo lado paterno, e José Antônio dos Santos, pelo lado materno.
Costa Sobrinho, como era conhecido, estudou as primeira letras na escola particular da professora Rosinha Sousa, e cursou humanidades no Colégio de Ensino Livre. Ainda na carreira acadêmica, prestou vários exames preparatórios no antigo Liceu Piauiense, de Teresina.
Iniciou a sua carreira profissional no comércio, em 17/04/1894, aos dez anos de idade (incompletos), quando ingressou na firma Ciro de Melo Coutinho e Vilhena, onde permaneceu até 1896. Posteriormente, trabalhou em diversas casas comerciais e escritórios, transferindo-se, em 1908, para o interior do município. Em 1918, retorna à Caxias, trabalhando no escritório de Clemente C. Cantanhede.
Em 05/09/1916, casou-se, aos 32 anos, com d. Emília Gonzaga Alves Costa. Da união advieram dois filhos: Alexandre Alves Costa e Dinir Costa e Silva. Além dos casal de filhos, criou e educou Rosalina Pinto Barros (esposa do empresário e político Eugênio Barros), filha do primeiro matrimônio de sua esposa.
Dez anos depois de seu casamento, Costa Sobrinho retira-se da firma de Clemente Cantanhede, já como sócio. Estabelecendo-se novamente no interior do município, onde permaneceu até 1930, quando a convite do genro, Eugênio Barros, passou a integrar, como sócio, a organização de comércio e indústria Eugênio Barros & Cia, onde permaneceu até o fim da vida.
Exerceu ainda, de 1918 a 1937, as funções de Suplente de Juiz Federal, e de 1942 até a década de 1960, as de 1º Suplente de Juiz de Direito da 2º Vara. Presidiu também, durante muitos anos, a Comissão Executiva do Ginásio Caxiense.
Raimundo Costa Sobrinho faleceu em Caxias, em 16/04/1964, aos 79 anos de idade.
Constantino Ferreira de Castro nasceu em 12/06/1931, na cidade de Nova Iorque, no Maranhão. Filho de Elmiro Ferreira Castro e Vicência de Sousa Lima, tinha mais seis irmãos: Francisco Castro, Dolores Castro Vila Nova, Maria de Jesus Castro e Silva, José Ferreira de Castro, Mary Dalva Castro Rocha e Nalzica Castro Soares da Silva.
Aos onze anos de idade veio, junto a família, residir em Caxias. Ainda garoto trabalhou na “Padaria São Luís”, de seu irmão Francisco, que se localizava nos Três Corações. Já adulto tornou-se sócio chefe da firma “Francisco Castro, Comércio, Indústria & Agricultura S/A”. Em 1963, com a morte, precoce e repentina, de seu irmão Francisco, toma a frente dos negócios. Tornando-se Diretor-Presidente da FRANCASTRO.
O Diretor-Presidente Constantino (ao centro, de óculos escuros), em seu escritório. Ao seu lado, o seu assessor, Osmar Castro. Ano: 1964.
Em sua administração, mudou o nome da Fábrica Industrial do Ponte para FRANCASTRO S/A, modernizando-a com a aquisição de novos maquinários. Na política, foi o vereador mais votado da legislatura de 1967 a 1970, sendo eleito novamente em 1971, seguindo até 1974.
Residência de Constantino Castro (demolida), à Rua 1º de Agosto, n.10, no centro de Caxias.
Casou-se com Dulcimar de Jesus Castro (filha do empresário José Delfino), em 1956. O casal teve duas filhas: Marta e Filomena Castro. A família residia no imóvel de número 10, à Rua 1º de Agosto, no centro de Caxias.
Na década 1980, inaugurou mais duas usinas, sendo uma de sabão e outra de beneficiamento de arroz. Montou a firma “Grupo Empresarial Constantino Castro”, que, além da FRANCASTRO, possuía a CONCASTRO (derivado de petróleo), TRANSCASTRO (transportadora) e a ENCOSSA (setor agropecuário).
Industrial renomado, por sua atuação no ramo, recebeu diversos prêmios pelo Brasil. Também foi Presidente do Casino Caxiense, da Liga Esportiva de Caxias e da Associação Comercial.
Constantino Castro faleceu em 01/04/2015.
Fontes: Jornal Correio do Nordeste; Livro: Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto/Ano: 2020
Imagens da publicação: Acervo IHGC; Juan Torres/Jornal Correio do Nordeste
Mons. Clóvis atuando no filme “A Faca e o Rio”, em 1971.
Clóvis Vidigal nasceu em Riachão (MA), no dia 30 de outubro de 1906. Filho de Euclides Vidigal e Josefa Vidigal. Era irmão de José Maria Vidigal (Agente do IBGE), Raimundo Vidigal (Funcionário da Fazenda) e Maria José Carvalho, genitora do Cônego Ribamar Carvalho.
Recebeu sua ordenação em 1 de novembro de 1933. Nos seus primeiros anos de sacerdócio, atuou em sua cidade natal. Sendo, posteriormente, transferido para o município de Balsas (MA), onde, também, foi Diretor do “Jornal de Balsas”.
O jovem sacerdote, Clóvis, aos 23 anos, no ano de 1933.
Cooperou em muitos periódicos do Estado, noticiando acontecimentos religiosos, bem como escrevendo crônicas. Associando-se, em 1937, à “Associação dos Jornalistas Católicos do Maranhão”.
Foi, ainda, pároco em São João dos Patos e São Raimundo das Mangabeiras, no Maranhão. Em Caxias, chegou na década de 1950. Na cidade, não tinha paróquia certa, sendo, por muito tempo, Capelão das Irmãs Capuchinhas do “Colégio São José”.
Fundou a “Escola Centro Educacional Cardeal Mota”, “Escola Monsenhor Frederico Chaves“, “Marcelino Pão e Vinho” e a “Escola Técnica de Comércio de Caxias”. Na década de 1960, já sob o título eclesiástico de Monsenhor (recebido na década de 1950), exercia a função de Diretor do Ginásio Caxiense.
Mons. Clóvis (já com a saúde debilitada), na casa da família Assunção, no final da década de 1970.
Em 1971, Mons. Clóvis atuou (interpretando a si mesmo) ao lado do ator Jofre Soares, e da atriz Ana Maria Miranda, no filme “A Faca e o Rio“. Longa metragem do renomado cineasta holandês, George Sluizer, que teve muitas de suas cenas rodadas em Caxias.
Durante muito tempo foi vigário na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, onde celebrou suas últimas missas antes de ficar enfermo. Faleceu em Caxias, no dia 27 de maio 1983, aos 76 anos de idade.
Nesse mesmo ano, começou a funcionar, em Caxias, uma escola que o homenageia: o “Centro de Ensino Monsenhor Clóvis Vidigal”, na Cohab. Que, atualmente, leva o nome: “Colégio Militar Tiradentes-anexo IV”.
Imagens da publicação: Reprodução do filme “A Faca e o Rio” (1972); Jornal de Balsas; Acervo Família Assunção.
Restauração: Brunno G. Couto
Fontes: Jornal O Combate, Semanário da União de Moços Católicos (MA), Jornal do Maranhão; Edmílson Sanches; Secretaria de Infraestrutura do Maranhão (SINFRA).
Nascido em Caxias, em 1896, Celso Antônio Silveira de Menezes, pintor, escultor, professor, filho de José Antônio de Menezes e de Raimunda Noêmia da Conceição Menezes. Aos 16 anos de idade, quando residia no Estado do Pará, se mudou para o Rio de Janeiro, matriculando-se na Escola Nacional de Belas Artes, no curso de Desenho, com bolsa concedida pelo governo do Maranhão.
Frequenta o ateliê de Rodolfo Bernardelli, no Leme, produzindo suas primeiras esculturas, onde ganhou prêmios despertando interesse no meio artístico da capital federal. Seu conterrâneo e amigo, o escritor Coelho Neto influencia o Governador do Maranhão, Godofredo Viana, a conceder-lhe bolsa de estudos na França.
Celso Antônio, no ano de 1928, em Paris.
Em Paris, no ano de 1923, frequenta a Académie de La Grande Chaumiere e torna-se discípulo e, em seguida, auxiliar de Antoine Bourdelle, grande nome da escultura contemporânea.
Regressa ao Brasil em 1926, fixando-se em São Paulo, onde esculpiu o “Monumento ao Café”, situado em Campinas. Entre 1937 e 1945, o ministro Gustavo Capanema encomendou várias esculturas para o prédio do Ministério da Educação e Saúde (MES), que estava sendo construído no Rio de Janeiro. Para os jardins do referido prédio, Celso executa, em pedra, a escultura “Moça Reclinada”. Nesse período também executa a obra “Maternidade” que se encontra na praia do Botafogo.
Celso Antônio (colorizado) participa da cerimônia de inauguração do prédio do Ministério da Educação e Saúde Pública, no Rio de Janeiro, em 03/10/1945. Ao seu lado, o Presidente Getúlio Vargas e o Ministro Gustavo Capanema. Na ocasião, também fora inaugurada a escultura “Mulher Reclinada”, de Celso Antônio. Obra que, até hoje, está localizada no hall do edifício.
Celso Antônio mantinha uma grande amizade com Manoel Bandeira, poeta que chegou a listar o amigo como o seu escultor favorito. Para representar a amizade, na década de 1950, Celso Antônio esculpiu um busto do célebre amigo.
A Miss Brasil 1955 e modelo Emília Corrêa Lima posa para Celso Antônio, em seu ateliê, no ano de 1956.
Estátua do Trabalhador. Atualmente instalada em Niterói (RJ).
No governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, este encomendou a Celso Antônio uma estátua para ser instalada em frente do Ministério do Trabalho, no dia do trabalhador. O artista, então, representou o biótipo brasileiro, contrariando o gosto predominante da época e realizando uma representação idealizada da figura humana. A figura tem três metros de altura, em pedra, atarracada e compacta, monolítica, forte, com lábios grandes, sem camisa, descalça e trajando um avental. A estátua foi inaugurada na Avenida Presidente Antônio Carlos, no centro do Rio, no dia 1 de maio de 1950, com a presença do presidente da República, que, ao retirar o manto que cobria o monumento, disse indignado: “Não gostei”.
O monumento, a partir de então, sofreu represália da imprensa, que atacou a obra, o autor, o ministro e o governo. A figura do brasileiro – representada no Modernismo na pintura de Portinari, Di Cavalcanti e outros – não resistiu às ruas. A estátua foi retirada do seu pedestal e transferida para um depósito três dias depois de inaugurada. Apenas em 1974, é que a estátua fora recuperada e doada para a cidade de Niterói (RJ).
Celso Antônio, já em idade avançada, esculpe o molde da Medalha do Dia do Trabalho.
Em 1978, a Casa da Moeda cunhou a Medalha do Dia do Trabalho, criação de Celso Antônio alusiva à referida escultura. Medindo cinco centímetros de diâmetro, foram realizadas trinta unidades em ouro, seiscentas em prata e cento e setenta em bronze.
Fora a escultura para a Casa da Moeda, do escultor e de sua arte quase ninguém mais ouviu falar depois da década de 50. Nenhum órgão de imprensa noticiou sua morte, em 1984. Menos de uma dezena de pessoas acompanharam o enterro, no cemitério do Catumbi, no Rio de Janeiro.
Em 1989, quatro anos depois da morte de Celso Antônio, o escritor Otto Lara Resende redigiu e deu ampla divulgação ao seguinte manifesto:
“Como simples testemunha do meu tempo, considero um absurdo que até hoje, no final de 1989, um artista do valor e da importância de Celso Antônio não tenha tido ainda o reconhecimento que merece. É sabido que a morte impõe um período de silêncio, como se entre a posteridade e o morto ilustre fosse necessário fazer uma reflexão para reavaliar o que significou de fato a sua contribuição para a cultura nacional. Celso Antônio, tendo vivido e trabalhado num momento de renovação cultural em todas as frentes, foi um grande artista inovador. Com um temperamento discreto, alheio ao marketing das celebridades de quinze minutos, o grande artista teve ao seu lado as melhores inteligências e sensibilidades do seu tempo. Bastaria citar três grandes nomes, entre os seus fervorosos admiradores: Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Rodrigo M. F. de Andrade.Tudo o que se fizer em favor de Celso Antônio, a partir de agora, é justo e oportuno. Chega tarde, mas ainda chega a tempo de saldar uma dívida que o Brasil tem para com esse extraordinário artista, que conheci, admirei e defendi, quando foi vítima da agressiva estupidez dos que se trancam na rotina e no ar viciado do academicismo”.
Seu nome se inclui entre os grandes artistas brasileiros do século XX: Portinari, Vila Lobos, Mafaldi, Niemayer e outros mais. É patrono da cadeira número 17 da Academia Caxiense de Letras.
Em 2019, sob direção de Beto Matuck, foi lançado um documentário sobre a vida do artista: “Celso Antônio, Brasileiro”. A pré-estreia ocorreu em Caxias, onde, na ocasião, foram expostos alguns trabalhos do escultor. Três anos antes, a MAVAM (Museu da Memória Áudio Visual do Maranhão) lançou um teaser sobre a vida de Celso Antônio, confira abaixo:
Imagens da publicação: Revista Manchete; Acervo de Beto Matuck; Site Memorial da Democracia; Blog Causthica Revista Cultural; Divulgação.
Restauração e Colorização: Brunno G. Couto
Fontes: Efemérides Caxienses/Arthur Almada Lima (Ano: 2014); Wikipédia; Blog “As Histórias dos Monumentos do Rio”; USP.
Henrique Maximiano Coelho Netto nasceu em 1864, em Caxias, na Rua da Palma, que hoje tem o seu nome, na casa número 07, atualmente sede do Centro Artístico e Operário Caxiense. Filho do português Antônio da Fonseca Coelho com a índia Ana Silvestre Coelho, que mudaram-se do Maranhão para o Rio de Janeiro quando o filho contava apenas com seis anos de idade.
Estudou no Colégio Pedro II, onde realizou os cursos preparatórios e ingressou na Faculdade de Medicina, que abandonou em seguida, matriculando-se em 1883 na Faculdade de Direito de São Paulo. No curso jurídico, Coelho Neto expande suas revoltas, logo se envolvendo no movimento de alunos contra um professor e, para evitar represálias, transfere-se para a faculdade do Recife, e ali conclui o primeiro ano tendo por principal mestre Tobias Barreto.
Coelho Netto, em seu escritório no Rio de Janeiro. Década de 1930.
Coelho Neto e sua esposa posam ao lado de um pau-brasil, plantado por eles na horta do Serviço Florestal, em 1931.
Após este lapso, retorna para São Paulo, e logo participa de movimentos abolicionistas e republicanos, entrando em choque com os professores, não chegando a concluir o curso. Em junho de 1899 visitou a capital maranhense e sua cidade natal, sendo alvo de expressivas homenagens. Na política tornou-se deputado federal pelo estado natal, em 1909, reeleito em 1917. Ocupou ainda diversos cargos, e integrou diversas instituições culturais.
No Rio de Janeiro, casou-se, em 1890, com a professora de música Maria Gabriela Brandão. Dentre os filhos do casal, estava: João Coelho Neto (Preguinho). Que, anos mais tarde, tornar-se-á um importante nome do futebol brasileiro.
Ocupante da cadeira número 2 da Academia Brasileira de Letras, da qual foi fundador e presidente, é portanto número 22 da Academia Caxiense de Letras, denominada “Casa de Coelho Neto”.
Membros da Academia Carioca de Letras, durante a posse de Francisca Bastos Cordeiro, em 1931. Coelho Neto é o sexto, da esquerda para direita, dos que estão sentados.
Grupo de literatos em que se destacam as figuras do escritor caxiense Coelho Netto (primeiro da esquerda para direita) e Medeiros e Albuquerque (segundo da direita para esquerda), reunidos em um bar localizado na Av. Rio Branco – Rio de Janeiro, em 1910.
A Coelho Neto devem as cidades de Teresina e Rio de Janeiro os epônimos de “Cidade Verde” e “Cidade Maravilhosa”, respectivamente. O escritor faleceu no Rio, em 1934, aos 70 anos. É na antiga capital da República, que estão enterrados os seus restos mortais.
Fontes: Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho/Ano: 2014; Sites: Wikipédia e Portal São Francisco
Restauração e Colorização: Brunno G. Couto
Imagens da publicação: Internet; Revista O Cruzeiro (RJ); Site “Livro Preguinho Fluminense e Página do Instagram: Rio Antigo.