1929, o ano em que a luz elétrica chegou à Caxias

Destaque do Jornal O Imparcial, de 11 de março de 1929.

Em 28/07/1929, através da firma Araújo Carvalho & Cia – cujo o principal sócio era o empresário caxiense Nachor Carvalho -, foi solenemente fincado o primeiro poste de luz elétrica de Caxias. Alguns meses antes, a Prefeitura havia assinado, com a referida firma, o contrato de instalação do serviço de luz elétrica no município que, até então, era iluminado por lampiões.

A Usina responsável pela empreitada chamava-se “Dias Carneiro”, e estava instalada à Rua Aarão Reis, no imóvel onde, anteriormente, havia funcionado a sede do jornal O Zephyro. De início, a Usina fornecia energia elétrica para 580 consumidores e para a iluminação pública na zona central da cidade. Anos depois, as suas instalações foram transferidas para o bairro Cangalheiro, e na administração do prefeito João Machado (1956/1961), foi adquirida pela Municipalidade.

Registro da solenidade de instalação do primeiro poste de luz elétrica de Caxias, em 28 de julho de 1929. Ao fundo, observa-se o edifício da Usina, à Rua Aarão Reis.

Segundo relatos, entre as décadas de 1950 e 1960, a energia fornecida pela usina era ligada às 6h e desligada às 22h, de segunda a sexta. Aos sábados, ficava ligada até às 2h da madrugada, devido às festas que eram realizadas pela cidade. A interrupção era necessária para que as caldeiras da usina pudessem descansar para poderem entrar em atividade no dia seguinte.

A Usina Dias Carneiro funcionou até a década de 1960, quando encerrou suas operações. O imóvel da Aarão Reis fora demolido e, em seu lugar, o industrial Armando Vieira Chaves ergueu sua residência (onde atualmente está instalada a Receita Federal).


Fontes de pesquisa: Jornal O Imparcial; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Livro Cartografias Invisíveis/Diversos Autores.

Imagens: Jornal O Imparcial.

Antonio Brandão

“Antônio significa valioso, de valor inestimável, digno de apreço; nome do latim Antonius, origina-se do grego Antónios. Há estudos que sugerem que o nome Antônio tenha vindo do grego…”

O jovem Antonio Brandão, quando Tenente da PM do Estado do Maranhão.

Antonio Brandão nasceu na antiga Picos (atual, Colinas), no Maranhão, no dia 25/04/1905, filho de Frederico José Brandão e Maria Rosa da Silva. Em sua cidade natal viveu sua infância e adolescência. Trabalhando desde os cinco anos de idade, aos 20 anos, muda-se para São Luís, onde conseguiu um emprego na firma Lima, Faria & Cia, do tradicional comércio da Praia Grande.

Durante a Revolução de 1930, engajou-se na tarefa de contestação ao regime vigente; no ano seguinte, para o período 1931-1932, quando ainda não havia o cargo de Vice, é nomeado prefeito em sua cidade natal, por ato do então interventor estadual.

Em 1933, sela união com a ludovicense Nadir Celeste Ribeiro, e o casal muda-se para Caxias. Na cidade, em 1935, Antônio Brandão passa a chefiar o movimento integralista local, ao lado de: dr. Martins Filho, prof. Ruth Campos, Oswaldo Marques, Orlando Leite e J. Moreira.

Ainda nessa sua primeira fase em Caxias, ao lado de Antônio Francisco de Sousa (Nanito), foi sócio da firma Brandão & Souza. Em sua vida pública foi também: Vogal dos empregadores na Junta de Conciliação e Julgamento de São Luís; diretor do Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda; diretor-secretário do Banco do Estado do Maranhão; foi ainda advogado provisionado e jornalista profissional.

Junto à esposa e os filhos mais velhos, em 1940, muda-se para Picos, onde havia sido novamente nomeado Prefeito, desta vez pelo interventor Paulo Ramos, para o período 1939-1945, tendo permanecido no cargo até 1940, quando foi substituído por José Osano Brandão (Picos ainda permanecia sem o cargo de vice-prefeito), que ficou até o final do mandato.

A viagem foi rio acima, durando vários dias. “No final de uma tarde chuvosa, embarcamos em um grande bote (batelão) rebocado por uma pequena lancha; papai, na sua inventividade, ajudara a transformar aquela embarcação em um verdadeiro apartamento, todo forrado, divisórias de palha e armadores de redes. Àquela altura já éramos cinco filhos”, relembra Antônio Augusto, primogênito do casal.

Ainda àquele ano, 1940, a família vai para São Luís, onde permanece até 1944, quando retorna à Caxias. Dessa vez, Antonio Brandão começa a atuar por conta própria, instalando a tradicional Casa Brandão, estabelecimento comercial de estivas, fazendas, ferragens e miudezas em geral, que funcionou, durante algum tempo, na Praça Gonçalves Dias, e depois transferiu-se para a Rua Aarão Reis. O comércio perdurou até 1960.

Fotografia atual do imóvel, da Rua Aarão Reis, onde a Casa Brandão funcionou a partir da primeira metade da década de 1950.
O imóvel, há quase 70 anos, guarda a inscrição em sua calçada.

Na “princesa do sertão”, Antonio Brandão residiu em diferentes endereços, tais como a Rua das Flores, Rua do Cisco e Benedito Leite (atual, Fause Simão). Mas foi no imóvel, n. 23, da antiga R. do Cisco, depois Benedito Leite, que Antonio permaneceu de 1947 até o fim de sua vida. Ali, ao lado de d. Nadir, criou os dez filhos: Antônio Augusto, Frederico, Rosa, Laura, José, Ângela, João, Cenira, Antônio e Luís.  

A família Brandão, em fotografia do ano de 1950, em Caxias. Em pé, da esquerda para direita: Laura, Frederico, Antonio Brandão, José, Nadir Brandão, Ângela, Antônio Augusto e Rosa. Sentados: Cenira, João, Antônio e Luís.

Sobre a inventividade do pai, José de Ribamar, um dos filhos de Antonio, relembra: “Um caso que nunca esqueci, embora tenha passado muitos anos, foi o da abertura no teto desse espaço (um dos cômodos da casa da R. Benedito Leite). Perguntado sobre o motivo, dando uma de romântico, disse que era para que olhássemos as estrelas no céu. Com a primeira chuva de verão, a casa ficou totalmente inundada e, com isso, tivemos que admirar as estrelas em outro local. A partir daquele dia, a abertura foi fechada”.

Antonio Brandão (lado direito) e o primogênito Antônio Augusto, em 1957, em São Paulo.

Durante todo o tempo em que morou em Caxias, Antonio colaborou intensamente com as classes produtoras da cidade: liderou a criação da Cooperativa de Babaçu, fez parte da Associação Comercial e da Associação Rural; foi membro assíduo do Rotary Clube e confrade do Centro Cultural Coelho Neto.

Muito querido, Antonio era um homem humilde, de temperamento dócil e personalidade introspectiva, falava pouco e expressava seus sentimentos através dos atos que praticava. “Raras vezes o vi com lágrimas nos olhos e uma delas foi quando parti ao trabalho e estudos, no Rio de Janeiro; ele nunca disse, mas desconfio que gostaria que eu tivesse ficado, para assumir os negócios na loja de tecidos, depois na moageira de café, na fábrica de guaraná, na indústria de óleo babaçu e nas plantações de caju”, recorda o primogênito.

Sofrendo, desde a tenra idade, de bronquite asmática, Antonio Brandão faleceu em Caxias, no dia 25/01/1980, aos 74 anos.


Fontes de pesquisa: Colaboração e Depoimento de Antônio Augusto Ribeiro Brandão; Jornal O Integralista; Livro de José de Ribamar Ribeiro Brandão.

Imagens da publicação: Acervo de Antônio Augusto Ribeiro Brandão; Acervo de Brunno G. Couto

Restauração e Colorização das imagens: Brunno G. Couto

Os Temíveis (Grupo Som HR)

Grupo Som HR, em 1972, da esquerda para direita: Joca, Hermógenes, Nonato Ressurreição, João Brucutu, Pacheco, Ricardo, Zé Bolinho e Sonia Regina (cantora/não integrava o conjunto). Imagem: Acervo de Nonato Ressureição.

O conjunto Os Temíveis fora criado, em 1968, pelo saxofonista Godó (funcionário aposentado da Rede Ferroviária Federal), e sua formação era composta por: Paulo Fraz (mais conhecido como “Paulo enfermeiro”, no trompete), ‘Seu’ Chagas (trombone), Assis (guitarra), Ricardo (bateria), Joca (voz) e Raimundo Nonato (vulgo “pé-de-ferro”, no teclado). Posteriormente, o grupo foi reformulado e recrutou Zé Mamão (guitarra e voz); João Brucutu, teresinense (contrabaixo e vocal); e Zé Bolinho (guitarra base).

Em 1969, a mãe do baterista Ricardo, Dona Lourdes Pinto, comprou o conjunto e o entregou aos seus filhos Ricardo e Nonato Ressurreição (percussão e vocal). Essa formação só mudou em 1972, quando saiu o tecladista Pé-de-Ferro e assumiu o jovem Gonzaga. De Teresina vieram José Martins Pacheco (guitarra e voz) e Gaspar Mascarenhas (contrabaixo), irmão do Mascarenhas de Os Naturais.

Em 1973, Dona Lourdes Pinto comprou o conjunto Os Naturais e fundiu os dois conjuntos no Grupo Som HR. De Os Naturais ingressaram o vocalista Siqueira, o contrabaixista Olavo, e o ex-guitarrista Hermógenes, cujo “H” inicial somou-se ao “R” de Ricardo para a formação do nome do grupo, que só encerrou suas atividades em 1989.

Com grande sucesso, em seu período de existência, inúmeros músicos passaram pelo Grupo Som HR, dentre eles: Elias, Tony Charles, Nonato Bóba, Cacá (guitarra), Norberto, Elias, Gaspar, (contrabaixo), Bindito di Ouro, Valtér, Marechal, Guto, Fernando, Gilberto, Pedro, Zé Carlos (voz), Arineldo, José Mascarenhas, Jalú, (teclados), Garrincha, Maluco (bateria); entre outros.

Infelizmente, inexiste qualquer tipo de gravação do grupo.


Fontes de pesquisa: Livro Cartografias Invisíveis/Ano: 2015; Nonato Ressureição.

Imagem da publicação: Acervo de Nonato Ressureição

Restauração: Brunno G. Couto

Antes e Depois do Cassino Caxiense

Pouco mais de 50 anos separam as duas imagens. Arraste a bolinha central para os lados e veja o antes e depois.


Imagens da publicação: Acervo do IBGE; Acervo de Brunno G. Couto

Josino Frazão

Josino Frazão nasceu em Caxias, à Rua do Cisco (Atual, Benedito Leite), no dia 24/02/1894, filho de Francisco Ferreira Frazão e Isaura Guimarães Aragão (falecida em 12/06/1917). No início da década de 1910, Josino, com seu “Foto Frazão”, foi um dos primeiros fotógrafos de Caxias, ao lado de outros profissionais das lentes, como: José Cunha, Augusto Azevedo, Arthur de Moura Pedreira e Caetano de Moura Carvalho.

Vocacionado à música, Josino foi maestro da banda Lira Operária Caxiense, e membro fundador do grupo musical Amigos da Música – que depois mudou o nome para Orquestra Santa Cecília. Teve colaboração do comerciante e industrial Antônio Francisco de Sousa (Nanito Sousa) e contou com remanescentes da Goiabada, como Luiz Aguiar e Airton Oliveira. Com sonoridade à lá Paul Mauriat, calcado nas cordas e com participação dos metais em surdina, interpretava principalmente valsas, foxes, boleros e, eventualmente, cha-cha-cha e maxixe. Além disso, ministrava aulas particulares de violino.

Empreendedor nato, Josino, ao longo de sua vida, desempenhou outras atividades: teve fábrica de velas, perfumes, sabonetes e espelhos; a Mercearia do Povo e a Padaria São Vicente de Paula. Na década de 1920, foi almoxarife na Prefeitura Municipal de São Luis, durante a administração do engenheiro Jaime Tavares, seu amigo que compartilhava a paixão pelo violino.

Em decorrência de um edema agudo no pulmão e insuficiência cardíaca, o maestro e músico, Josino Frazão, faleceu aos 87 anos de idade, no dia 21/05/1981, em sua residência à Rua Benedito Leite, 724, centro.

Em sua homenagem, no ano de 1987, fora dado o seu nome a uma escola de música de Caxias. Josino deixou diversas composições, dentre elas: “Sorriso de Amor”, fox (letra de Amaral Raposo); “Escravo de Amor”, fox (letra de Waldemar Lobo); “Retalhas d’Alma”, valsa; “Uma noite no Ponte”, valsa; “Meditação a Caxias”, valsa; “Rosa”, valsa; “Marcha do Babaçu”; “Silvânia”, fox; “Meu Arlequim”, fox (letra de Amaral Raposo); “Nachor, Enos e Capitão Doutor”, fox. Compôs, ainda, o Hino do Congresso Eucarístico e Sacerdotal de Caxias, realizado em 1937.


Fontes de pesquisa: Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Livro Cartografias Invisíveis; Almmanak Laemmert.

Imagem da postagem: Acervo do IHGC

Restauração: Brunno G. Couto

Seleção Caxiense de 1947

Seleção Caxiense que, em 1947, consagrou-se campeã do Campeonato de Futebol do Interior Maranhense, ao abater os conjuntos de Coroatá, por 15×4; Rosário, por 5×0; e Pedreiras, por 4×2. Por sua notável atuação, no ano seguinte o jovem zagueiro Mourão fora contratado pelo Moto Club, de São Luis.

O time tinha como técnico o sr. João Costa, e como enfermeiro, Vitorino. O deputado Abreu Sobrinho e o advogado Jonas Cavalcanti eram os diretores do clube.

Da esquerda para direita: Zé Pretinho, Mourão, Audir, Albino, Bengala, Jonas, Emiliano, Pedro Bastos, Cabelo Duro, Ananias e Mário Sete. Imagem: Revista Esporte Ilustrado (RJ).

Fontes de pesquisa: Revista Esporte Ilustrado (RJ); Jornal Diário de São Luiz.

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto