Fundada em 1905, pelo capitão Joaquim Negreiros, a casa comercial J. Negreiros & Cia. era, na época, um dos estabelecimentos mais completos de Caxias.
Com suas instalações à Rua Aarão Reis, n. 12, vendia de tudo um pouco: louças, vidros, tintas, perfumes, calçados, brinquedos, roupas, ferragens, bebidas nacionais e estrangeiras, bem como relógios Ômega folheados a ouro, e revolveres Smith & Wesson. Funcionava também como drogaria. Em uma época em que Caxias ainda não gozava de iluminação elétrica pública, a casa Negreiros, era um dos poucos – senão único – estabelecimentos a ostentar luz elétrica (110 volts) em suas dependências.
Fato curioso: o proprietário, Joaquim Negreiros, era pai do renomado ilustrador caxiense, Sálvio Negreiros.
Apesar de inexistirem informações a respeito, é provável que a casa, J. Negreiros & Cia. tenha funcionado até a década de 1920/1930. Anos depois, o imóvel fora demolido, sendo construído em seu local um sobrado comercial.
Fontes de pesquisa: Jornal A Escola; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto.
Imagens da publicação: Internet; Acervo de Joaquim Assunção; Acervo de Brunno G. Couto; Google Maps.
De tradicional família caxiense, Maria Alice Castelo Cordeiro tinha 18 anos idade quando, em 1956, foi eleita Miss Maranhão, em cerimônia realizada no Teatro Arthur Azevedo, em São Luis. A jovem de 1,61 m de altura; 60 cm de cintura; 84 cm de busto; 91 cm de quadris; 50 cm de coxa; 52 kg; sobrepujou três candidatas de admirável beleza.
À época, a jovem caxiense de cabelos e olhos castanhos, filha de Antônio Cordeiro Sobrinho e Alice Castelo Cordeiro, havia acabado de concluir o curso Ginasial, falava inglês e estava indecisa sobre a faculdade que iria cursar. Sendo eleita Miss Maranhão, o curso natural era que Maria Alice rumasse ao Rio de Janeiro para o concorrer a vaga de Miss Brasil. E assim se dera.
O disputadíssimo concurso de Miss Brasil era promovido pelo Diário de Associados (conglomerado de propriedade de Assis Chateaubriand, o Chatô), e, em 1956, estava agendado para ocorrer no dia 16 de junho, no Hotel Quitandinha, em Petrópolis.
Chegado o esperado dia, Maria Alice, junto a mais 21 jovens, fora recebida com pompa e elegância no local da cerimônia. Após os desfiles das candidatas, em diferentes trajes, o resultado fora emitido. Infelizmente, a caxiense não conseguiu o sonhado título de Miss Brasil, sendo eleita a representante do Rio Grande do Sul, Maria José Cardoso.
Além de ter sido a primeira caxiense a conquistar o título de Miss Maranhão, Maria Alice, também é a segunda Miss Maranhão da história, tendo em vista que a primeira vencedora é do ano anterior. Posteriormente, mais duas caxienses conquistaram o título de Miss Maranhão, sendo elas: Tereza Francisca Barros Torres, em 1977; e Ingrid Pereira Gonçalves, em 2013.
Atualmente, Maria Alice Castelo Cordeiro vive em São Luis (carece de fontes), sendo recorrentes as suas visitas a sua cidade natal durante a realização da tradicional festa da Velha Guarda Caxiense.
Fontes de pesquisa: O Jornal (RJ); Diário da Noite (RJ); Revista Manchete (RJ); Imprensa Popular (RJ); Livro Cartografias Invisíveis/Diversos Autores.
Imagens da publicação: Diário da Noite (RJ); O Jornal (RJ); Revista Manchete (RJ); Reprodução TV Guanaré.
Fundado no século XIX, o prédio foi obra da Sociedade Dramática Caxiense (sociedade criada em 1880, da qual participavam o dr. Eduardo de Berredo, o prof. José do Rego Medeiros e o dr. José Firmino de Carvalho). Próximo a sua conclusão, em 1882, o teto do teatro desaba, sendo reconstruído sob supervisão do engenheiro inglês Hyran W. Mappes Jr. Com suas instalações à Rua dos Quintais (Atual, Aarão Reis), o teatro chegou a ser criticado por estar distante do centro da cidade (àquela época, a referida rua fazia parte dos chamados arrabaldes).
Várias companhias europeias apresentaram-se nesse teatro, entre as quais a italiana Balsamani & Cia, em 1885; a Ficarra e Varella; e a Companhia Luso-Brasileira, que passou quase todo o mês de dezembro de 1901, em Caxias. O compositor caxiense, Elpídio de Brito Pereira, consagrado na Europa e no Brasil, realizou no Fênix dois concertos sinfônicos com composições de sua autoria. A orquestra do teatro era regida pelos maestros Coutinho e Carimã Junior.
Além das exibições teatrais, fora no Fênix que se realizaram as primeiras exibições cinematográficas de Caxias. O ano era 1902, o cinema já tinha quase 7 anos de idade; através do cinematógrafo do alemão Bernard Bluhm, que estava de passagem para Teresina, exibiu-se diversas películas na noite de 30 e 31 de agosto daquele ano. A relação do Fênix com a sétima arte não parou por aí. Na primeira metade do século XX, muitos cinemas funcionaram no prédio, tais como: Cine Odeon, Royal Cinema e Cine Guarany. Além disso, foi nas dependências do Teatro Fênix que, em 01/05/1915, fora criada a União Artística Operária Eleitoral Caxiense.
Devido às suas acomodações, o teatro era palco de diferentes atrações. Em 1905, o Fênix recebeu o ilusionista italiano Salvatore Vigilante, que excursionava pelo Brasil. Por meio de uma propaganda sensacionalista, típica da época, o mágico, através dos periódicos locais, alertava o público sobre o impacto do truque de decapitação: “Para esta impressionante cena, previne-se ao respeitável público, ou para melhor dizer, aos senhores maridos para não conduzirem ao teatro senhoras com avançado estado de gravidez; isto é um aviso simplesmente, para que na ocasião de ‘decepar a cabeça do corpo’, o sangue que aparecer não possa causar qualquer emoção ou desmaios às senhoras”.
Com o fim de sua sociedade fundadora, o presidente, José Castelo Branco da Cruz, doou o prédio à Intendência Municipal, em 1914. Em 1938, através de um decreto, o prefeito, Alcindo Guimarães, transfere a administração do teatro ao Ginásio Caxiense, que havia sido fundado três anos antes, e ladeava o teatro. Dentre as exigências estabelecidas estava a de que, caso o colégio encerrasse as suas atividades, o teatro voltaria à municipalidade.
Ao longo de sua existência, o Teatro Fênix recebeu diversos espetáculos, de peças infantis à apresentações musicais. Funcionava, também, como auditório do Colégio Caxiense, que, constantemente, promovia diferentes solenidades em suas dependências. Durante o primeiro mandato do prefeito Aluízio Lobo (1966/1970), o teatro recebeu uma nova reforma em suas instalações. Através dessa completa remodelação, passou a contar com 600 poltronas confortáveis, e com um amplo palco com cenário e pano de boca (foto abaixo).
Em 2000, na sede do teatro fora fundada a companhia teatral Eva Fênix, objetivando ajudar jovens com dificuldade de leitura e problemas de socialização. Sob a direção de Érica Almeida, o grupo ainda se encontra em plena atividade.
O Teatro Fênix funcionou até início dos anos 2000. Contudo, já não apresentava mais a popularidade dos tempos áureos. Com o fim do Colégio Caxiense, na abertura do século XXI, o teatro, conforme preceituava o decreto de 1938, voltou a pertencer à prefeitura. Abandonado, em 2009, o seu teto desaba; preservando atualmente apenas a sua fachada. Tomado pelo mato e com eminente risco de desabamento, o imóvel, nem de longe, lembra aquilo que já foi um dia.
Assim como diversos outros imóveis de Caxias, o Fênix clama, há anos, por uma reforma.
Fontes de Pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Site Eziquio Barros Neto; Livro Cartografias Invisíveis/Diversos Autores;Jornal O Paiz; Blog do Sabá.
José Compasso da Silva nasceu em Caxias, à Rua do Piquizeiro (Atual, Rua Nossa Senhora de Fátima), no dia 31/10/1926. Filho do estivador Lino Silva e da lavadeira Paulina Compasso da Silva, tinha mais quatro irmãos: Raimundo, Antônio, João e Cândida Compasso da Silva. Junto à família residia ao lado do imóvel do ‘seu’ Seringueiro, pai de João Braz (proprietário do restaurante Selva do Braz). Fora nessa residência que passara sua infância, vindo a receber o apelido de “Zé Pretinho”.
Zé Pretinho nunca gostou muito de estudar, sendo recorrentes as suas fugas da escola para ir jogar bola com os amigos. Diante dessa recorrente situação, d. Paulina decide colocar o filho para trabalhar como aprendiz de sapateiro. Mas não adiantou muito, já que, aos 12 anos de idade, surge outra paixão na vida do pequeno Zé, a música. Dedicado, em pouco tempo o menino já tocava violão, banjo, cavaquinho e bateria. Contudo, por se identificar mais com a percussão, a bateria fora o instrumento em que mais se aprofundou.
Como nessa época a vida musical não era bem vista, o irmão mais velho de Zé o leva a aprender o ofício de pedreiro. Não obstante exercer uma profissão “oficial” que pagava as contas de casa, Zé Pretinho nunca deixou o futebol e a música de lado. Concomitantemente, passa a fazer parte dos times locais. Devido à altura, a sua função não poderia ser outra: goleiro. Em 1947, aos 21 anos de idade, já integrava a Seleção Caxiense, que, àquele ano, sagrou-se campeã de um torneio regional.
Nessa época, Zé Pretinho casa-se com sua primeira esposa, d. Neuza Muniz de Sousa. O casal teve três filhos, Neuzelina, Lino e Maria de Fátima Compasso da Silva. No final da década de 1950, com a construção de Brasília, Zé Pretinho decide, assim como muitos caxienses, ir trabalhar nas obras da nova capital da República. De volta à Caxias, ainda participou de muitas outras equipes futebolísticas, como: Guará, Palmeiras (seu time do coração), Maranhão, Atlético Clube; e teve participação no River, do Piauí. Chegou, inclusive, a receber um convite para atuar profissionalmente no Rio de Janeiro. Contudo, vendo o sofrimento da mãe com a sua partida (era o filho caçula), retorna à sua cidade natal.
Casou-se novamente. Do segundo matrimônio, com d. Iracy de Jesus Compasso da Silva, advieram: Iracilina, José Manoel, Francisca Tereza, Iris Maria, Francisca Maria, Irismar Maria, Paulo Jorge, Iris Mary, Marcos Roberto, Paulina Renata, Iracy de Jesus, Mardemys Jonnys, Márcio e Iris. A família residia à Rua Beco do Galo, 426. Para sustentar a extensa descendência, Zé Pretinho, além de pedreiro, desenvolvia outras atividades, como: eletricista, marceneiro, pintor e desenhista arquiteto (apesar de não ter formação na área, desenhava as plantas de casas e prédios que por ele eram construídos).
Na década de 1960, passa a, concomitantemente, atuar profissionalmente no meio musical; integrando a Orquestra Santa Cecília, de Josino Frazão, e o conjunto de Mário Beleza. Em Mário Beleza e Seu Conjunto, a formação era: Zé Pretinho (bateria), Paulo (trompete), Seu Chagas (trombone), Magalhães (contrabaixo), Olavo (violão elétrico), Mister Dame (acordeom; substituído posteriormente por Haroldo), Zé Mamão (vocal) e Rachel (vocal). Durante o seu período de atividade, o conjunto foi um sucesso, sendo presença constantes nos bailes caxienses. Era como cantava Jorge Ben Jor nos primeiros versos de sua famosa música: A banda do Zé pretinho chegou / Para animar a festa…
Com o fim do conjunto musical e já com idade avançada para o futebol, Zé Pretinho passou a se dedicar à construção civil. Por trabalhar muito na zona rural, na edificação de escolas, acabou sendo picado pelo mosquito barbeiro, vindo a sofrer de “coração grande”. Já acometido com esse problema, sofre um AVC, o que leva ao seu falecimento no dia 01/05/1994, Dia do Trabalho, aos 68 anos de idade. Àquele mesmo dia, o Brasil despedia-se de Ayrton Senna, e Caxias de José Compasso da Silva, o Zé Pretinho.
Deixou 13 netos e 11 bisnetos. Dentre eles, Fábio Bruno Compasso Brito, que herdou a paixão do avô pelo futebol, e hoje corre atrás do sonho de ser um grande jogador. Aos vinte anos de idade, desde os onze, quando começou no esporte, Fábio acumula um extenso currículo de atuação em times de diferentes estados do Brasil, bem como uma passagem pela Itália. Atualmente, joga pelo Juventude Samas, do Maranhão.
Fontes de pesquisa: Depoimento de Irismar Compasso da Silva (filha de José Compasso); Livro Cartografias Invisíveis/Diversos Autores
Imagens da publicação: Revista Esporte Ilustrado (RJ); Acervo do IHGC
Wilson Egídio dos Santos nasceu em Caxias, no dia 23/11/1931, filho de José Egídio dos Santos e Maria Zulmira dos Santos. Cursou o primário no Grupo Escolar João Lisboa, e o secundário no Colégio Caxiense. Seu pai, mais conhecido como Zé Vancrilio, era dentista prático, o que acabou influenciando o jovem em sua escolha acadêmica, graduando-se em Odontologia e Biologia na capital do estado; retornando à Caxias para desempenhar suas atividades profissionais.
Mais conhecido como Wilson “Vancrílio” (nome que acabou herdando do pai) dedicou-se ao Magistério, lecionando nos colégios Caxiense, Coelho Neto, São José, Diocesano, Duque de Caxias (Bandeirantes) e na Universidade Estadual do Maranhão / Centro de Estudos Superiores de Caxias – UEMA/CESC (onde se aposentou depois de 25 anos de docência).
Como dentista, atendia no consultório de seu pai, localizado no Largo da Igreja do Rosário, bem como em sua residência; sendo um profissional bastante elogiado. Além disso, Wilson era muito habilidoso com a palavra escrita, o que o levou a publicar, por longos anos, crônicas na imprensa caxiense, notadamente no jornal O Pioneiro, dirigido por Victor Gonçalves Neto. Também publicava seus textos em forma de folhetos, que mandava imprimir e pessoalmente distribuía.
Ao lado de sua esposa, d. Sebastiana Santos, e dos quatro filhos (César, Zé Neto, Carlos e Conceição), residia à Rua Cel. Libânio Lobo, em um imóvel de dois andares, nas proximidades do Colégio Coelho Neto. Ali, gostava de sentar à porta de casa para ver o movimento da rua, e prosear com os conhecidos que passavam. Vascaíno, prof. Wilson também tinha o seu lado boêmio, sendo recorrente a sua presença no bar “Café do Profeta” e no “Recanto dos Poetas”, onde confraternizava com diversos amigos.
De rosto grande, anguloso, e com uma voz potente, prof. Wilson só tinha a cara fechada, pois, na realidade, era bastante querido por seus alunos, como bem relembrou Lucinha Marques, uma de suas educandas no Colégio Caxiense:
Certa vez eu não estava preparada para a prova. Não tinha estudado muito pois passara o fim de semana no nosso sítio no Itapecuruzinho, onde passava o dia tomando banho no rio e comendo frutas, a manga principalmente. Eu estava insegura na matéria.
Esperei ele lá fora, antes de entrar na sala de aula.
– Professor não estou preparada para a prova de hoje.
– O que aconteceu menina? Não está mais estudando?
– Estudo até demais, mas passei o fim de semana no sítio e estudei pouco.
– Me consta que seu pai todo o fim de semana vai para o sítio. O que aconteceu dessa vez?
– Por favor professor. ME DÊ UMA CHANCE.
– Só dessa vez você vai fazer prova na TURMA B. Se prepare pois não terá outra chance.
Só faltei pular de alegria. Ele era legal demais. AGRADECI E FUI DISPENSADA DA AULA. Me preparei para a prova.
Ótimo professor. Inesquecível. Maravilhoso.
Já aposentado, o professor e dentista, Wilson Egídio dos Santos, faleceu em Caxias, no dia 07/11/2012, 16 dias antes de completar 81 anos de idade.
Fontes de pesquisa: Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Texto de Edmílson Sanches; Texto de Lucinha Maria Chaves Marques.
Imagens da publicação: Acervo do IHGC; Acervo de Brunno G. Couto