Fundada em 1932, o Bazar do Japão foi a primeira casa comercial do jovem, Alderico Jefferson da Silva, então com 23 anos de idade. Até criar a sua firma A. Silva, Alderico trabalhou, por quatorze anos, para o seu irmão mais velho, José Delfino, já demonstrando o seu tino empresarial.
Com sua primeira instalação à Rua 1 de Agosto, n.7, equina com a Rua Riachuelo, o Bazar do Japão era uma casa com grande sortimento de mercadorias. Com importação de perfumes, chapéus, calçados, ferragens, louças e miudezas em geral. Dois anos após a sua inauguração, em 1936, muda-se para um imóvel de esquina, à Rua Aarão Reis (onde, na década de 1990, funcionou a TV Paraíso, também de Alderico Silva).
Dessa época, o escritor Libânio da Costa Lôbo (in memoriam) relembrou um acontecimento marcante: “Eis quando o Bazar do Japão foi alvo de um ladrão. Especioso ladrão. Desfalcou-lhe o estoque de mercadorias, com roubo do que havia de melhor e mais valioso. Com a inusitada circunstância de o estabelecimento não ter tido as portas arrombadas. O roubo ocorreu, com o meliante, adentrando-o pelo teto. Colhe dizer: retirou as mercadorias, ficando as portas do estabelecimento intactas. Como se ali ninguém houvesse penetrado”.
Em 1939, tem início a Segunda Guerra Mundial, e fazendo parte do Eixo, junto a Alemanha Nazista, estava o Japão. Logo, Alderico percebeu que o nome de seu estabelecimento ficaria vinculado ao país oriental. Por esse motivo, bem como por uma estratégia de marketing, decide mudar o nome da casa para “Armazéns Caxias”. Com o sucesso obtido com suas estratégias de venda, o empresário cria mais duas filiais na cidade: a “Loja Maranhense”, à Praça da Matriz; e a “Casa das Modas”, à Rua 1 de Agosto.
Em uma das diversas versões da lenda, dizem que o apelido “Seu Dá” surgiu durante sua administração do Bazar do Japão, onde, devido ao alto número de vendas, aos baixos preços e ao excelente marketing, propagou-se a informação de que em seu comércio nada se vendia, mas se dava (informação propagada pelo próprio Alderico). As inimizades, por outro lado, imprimindo caráter pejorativo, o chamavam de “Seu Toma”.
O Bazar do Japão, já como Aramazéns Caxias, funcionou durante a década 1950, quando, em 1959, o extenso imóvel passou a abrigar a primeira concessionária “Willys-Overland” de Caxias, também da firma A. Silva.
Fontes de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Livro Vulto Singular em Meio a Rico Mosaico/Autor: Libânio da Costa Lôbo; Jornal Voz do Povo.
Imagens da publicação: Acervo do IHGC; Site de Ezíquio Barros Neto; Jornal O Imparcial
Clóvis Labre de Lemos nasceu em Caxias (MA), no dia 04/05/1918, filho de José Joaquim de Lemos Filho e Filomena Labre de Lemos. Era irmão do vereador caxiense Waldemar Labre de Lemos. Após cursar as primeira letras em Caxias, Clóvis partiu para o sul do país, onde concluiu os estudos.
Entrou para o serviço militar em 17/04/1936, há poucos dias de atingir a maioridade, na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro; e estas foram as suas promoções (em ordem cronológica): Aspirante (25/12/1938), 2 Tenente (25/12/1939), 1 Tenente (19/01/1942), Capitão (08/08/1944), Major (02/10/50), Tenente-Coronel (15/01/1054) e Coronel (20/01/1959).
Membro da Força Aérea Brasileira, o então Tenente Aviador Labre de Lemos combateu na Segunda Guerra Mundial, a partir da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro; período em que participou de um importante acontecimento. No dia 03/07/1943, um avião Hudson A-28A, pilotado por Labre Lemos, com tripulação da FAB, estava empenhado, desde a madrugada, no esclarecimento da área marítima compreendida entre Santa Cruz e Paranaguá, visando á proteção de um comboio que sairia de Santos com destino ao Norte. Por volta de 11 horas da manhã, esse avião localizou um submarino alemão U-199, a cerca de 120 milhas ao largo de Santa Cruz, o qual navegava na superfície com a proa aproximada da ilha de São Sebastião, à altura da qual deveria passar o comboio, no fim da tarde. O submarino foi atacado, no momento exato em que iniciava o seu mergulho, porém um curto-circuito, no sistema lançador de bombas, impediu que essas se soltassem. Só no dia 31 de julho, às primeiras horas da manhã, é que um Martin PBM-3C Mariner do esquadrão VP-74 (USN), baseado no Rio de Janeiro, localizou e atacou o submarino. O U-199 foi danificado mas não afundou, e permaneceu atirando com suas peças de artilharia antiaérea no PBM-3C.
Na década de 1940, com a família ainda residindo em Caxias, Labre de Lemos fazia visitas constantes à cidade. Exímio piloto, quando vinha rever d. Santinha (como sua mãe era carinhosamente chamada), dava voos rasantes pelo céu da princesa do sertão, alertando para irem busca-lo no campo de aviação. Imagens que não saíram da memória do pequeno garoto, Antônio Augusto Brandão, que, depois do espetáculo aéreo, via o aviador partir em direção à residência da mãe, à Rua 15 de novembro (atual Av. Nereu Bittencourt).
Em 1960, publica a obra “A Marinha Brasileira deseja aviação própria”. Em 1961, é nomeado por Juscelino Kubitschek, então Presidente da República, Adido Aeronáutico em Santiago, no Chile. Ali, em 1961, participou, junto a outros membros da FAB, da ponte-aérea, em socorro às vítimas dos terremotos que atingiram o país; pelo seu trabalho, recebeu, das mãos do embaixador Bazán Dávila, o título de “Membro Honoris Causa da Força Aérea do Chile”.
Naquele mesmo ano, publica um importante estudo sobre Aviação Embarcada, sendo agraciado com a Medalha-Prêmio “Força Aérea Brasileira”, através de decreto do presidente João Goulart. Em 1962, é nomeado Adido Aeronáutico junto as Embaixadas do Brasil em Montevidéu e Buenos Aires. Exonerado do antigo posto, em 1964, o Coronel Labre é nomeado para exercer a função de comandante na base aérea de Canoas (RS).
Em 22/05/1966, o Coronel faz uma visita à sua cidade natal, integrando a comitiva do presidente Humberto Castelo Branco que veio à Caxias a convite de Aluízio Lobo, então prefeito municipal.
Em 12/10/1966, Labre de Lemos é promovido pelo presidente, Castelo , ao posto de Brigadeiro. Nesse ano, é designado para as funções de subchefe de Gabinete do Estado Maior da Aeronáutica. Em 1967, através de decreto do presidente Costa e Silva, é nomeado ao cargo de comandante da 6 Zona Aérea de Brasília; recebendo, àquele ano, a medalha “Passador de Prata”, pelos mais de 20 anos de serviço.
Em 05/11/1968, o brigadeiro Labre de Lemos, junto a diversas autoridades, recepcionou a Rainha Elizabeth II e seu esposo, Príncipe Phillip, em sua chegada à Base Aérea de Brasília. Na ocasião, o brigadeiro fora apresentado pelo chefe do cerimonial do Itamaraty à família real inglesa.
Já Brigadeiro, em 30/03/1969, Labre retorna à Caxias para a inauguração da Praça Duque de Caxias, no Morro do Alecrim. Na ocasião da cerimônia, foram trazidos os restos mortais de Duque de Caxias, que estavam no Rio de Janeiro. É possível que essa tenha sido a última visita do Brigadeiro ao município.
Em 1969, o turboélice Bandeirante, primeiro avião de fabricação inteiramente nacional, fez o seu primeiro voo. Junto a Costa e Silva (Presidente da República), Márcio de Souza e Melo (Brigadeiro Ministro da Aeronáutica), Dióscoro Vale (General Comandante Militar do Planalto) e Jaime Portela (General Chefe do Gabinete Militar); o Brigadeiro Labre de Lembos marcou presença na solenidade do voo inaugural, em Brasília.
Em 1968, o Brigadeiro Lemos é designado ao Rio de Janeiro para comandar a Força Aérea de Transporte do Galeão. Para a sua despedida do DF, o Ministro do Superior Tribunal Militar, Ernesto Geisel, ofereceu um almoço. E assim, o Brigadeiro, junto a esposa Carmem Lemos, parte para o Rio. Em 22/04/1971, já como General, é condecorado Major-Brigadeiro. Em 1972, o Presidente assinou decreto nomeando-o ao cargo de Comandante do Transporte Aéreo (COMTA). No ano seguinte, é nomeado ao cargo de comandante de formação e aperfeiçoamento. Em 1974, assume o Comando do Pessoal da Aeronáutica, no cargo de Comandante-Geral do Pessoal do Ministério. E em 1976, foi exonerado do cargo de subcomandante e subdiretor de Estudos da Escola Superior de Guerra (ESG).
Depois dessa fase, pouco se sabe sobre Labre de Lemos. Até 30/06/1971, o Brigadeiro somava mais de 8 mil horas de voos. Acumulando muitos cursos e condecorações – dentre os quais o de Comendador da Ordem do Mérito Militar – , o caxiense só volta as páginas dos jornais, em 1981, ao publicar a livro “Do Lado da Cortina de Ferro-Impressões de Viagens”.
Apesar da carência de fontes, tudo indica que Clóvis Labre de Lemos faleceu no Rio de Janeiro, entres as décadas de 1980-1990. O aviador da nome a uma praça em Caxias.
Fontes de pesquisa: Diário de Notícias (RJ); Depoimento de Antônio Augusto Ribeiro Brandão; Correio Braziliense (DF); Correio da Manhã (RJ); Jornal do Brasil (RJ); Notícias do Exército; Revista Manchete (RJ); Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Site rudnei.cunha.nom.br
Imagens da Publicação:Acervo do IHGC; Diário de Notícias (RJ); Internet; Correio Braziliense (DF); Acervo de Aluízio Lobo; Correio da Manhã (RJ); Jornal do Brasil (RJ); Revista Manchete (RJ).
“Sonhar é fácil. Difícil é transformar o sonho em realidade. Este é o desafio que sempre enfrentei ao longo da vida” – Antônio Martins Filho
Antônio Martins Filho nasceu no Crato (CE), no dia 22/12/1904, filho de Antônio Martins de Jesus e Antônia Leite Martins. Na infância, foi considerado uma criança problemática. Enquanto alguns membros da família não acreditavam em seu sucesso na vida, a sua avó, Maria da Soledade, afirmava: “Antônio é um menino ativo, um menino inteligente. Antônio vai ser muita coisa na vida”.
Aos 11 anos de idade, Martins Filho consegue o seu primeiro emprego, trabalhando como aprendiz de tipógrafo no periódico Gazeta Cariri, no Crato. Nessa época, o jovem também passou a se destacar como intelectual: poeta e, principalmente, orador. Fundando, junto a alguns colegas, a Academia dos Infantes, que tinha como patrono o poeta Augusto dos Anjos.
Posteriormente, passa a atuar como caixeiro viajante para a firma Lundgren & Cia. Ltda, proprietária das lojas “A Pernambucana” e “A Paulista”, espalhadas nos Estados do Ceará, Piauí, Maranhão e Pará. “Eu andava às turras com o gerente da loja do Crato, onde trabalhava, como caixa das vendas a retalho. O gerente era um homem capaz, porém bastante grosseiro e, às vezes, até agressivo. Pensava em despedir-me do emprego, quando a Casa Matriz da firma, em Fortaleza, convidou-me para gerenciar sua filial de Caxias, no Maranhão. Minha família não recebeu de bom grado a minha ida para Caxias, mas aceitei a oferta e, em breve, assumi as funções do meu novo cargo” relembraria Martins Filho anos mais tarde.
Chega à Caxias, em 1925, aos 21 anos de idade. A loja “A Paulista”, a qual Martins gerenciava, localizava-se à Praça de Gonçalves Dias (onde, atualmente, localiza-se o Banco Bradesco). Combinando o seu lado intelectual ao seu tino comerciário, Martins Filho fazia versos para divulgar a sua casa comercial – como o próprio explica no vídeo abaixo:
Em Caxias, sua cidade adotiva, Martins Filho, até então solteiro, conhece a jovem Maria Tote de Moura Carvalho, filha de Nephtaly Carvalho e Dolores Moura. Junto à família, a jovem residia em um casarão à Rua São Benedito, no centro da cidade. E, assim, em 20/04/1927, o casal sela união. Depois do matrimônio, Martins Filho passa nove meses como gerente da loja “A Pernambucana”, em Picos, Piauí; retornando, logo em seguida, à Caxias.
Com as economias obtidas na “A Paulista”, em julho de 1928, Martins pede demissão do emprego. Em seguida, associa-se à firma Araújo Carvalho & Cia, de Nachor Carvalho, estabelecendo-se como comerciante de tecidos, miudezas, secos e molhados, vendas em grosso e a retalho. Tratava-se da loja da Rua Aarão Reis, “A Cearense”, a qual Martins Filho era sócio chefe e principal responsável; chegando abrir filiais em Codó e Pedreiras.
Após a Revolução de 1930, junto ao amigo Ausônio Câmara, Martins resolve editar um jornal, nomeando-o de Voz do Povo. A redação do jornal era composta por: Arhur Almada Lima (redator secretário), Ausônio Câmara (diretor), Martins Filho, Affonso Cunha, Almir Cruz, Dr. Martinho Chaves e Antônio Pinheiro. O escritório do jornal funcionava à Praça Gonçalves Dias.
Nesse período, Caxias passou a ser administrada por diferentes Interventores Federais, sendo o jornal importante veículo de informação: “Fazíamos uma verrina enorme contra dos poderosos de então, desde que as arbitrariedades fossem identificadas. O poderio dos Interventores Federais era muito grande, porém nós agíamos com bastante coragem, baseados no princípio da liberdade de imprensa, que, não obstante, nos metia em sérias dificuldades” relembraria Martins. Anos depois, devido a divergências intelectuais, Martins renuncia a posição de Redator, passando a ser mero colaborador.
Em 1931, após tomar ciência da fundação de uma Faculdade de Direito em Teresina, Martins Filho, junto aos amigos Ausônio Câmara e Almir Cruz, resolve fazer a inscrição. No exame de admissão concorreram mais de 50 candidatos, 23 dos quais foram aprovados, incluindo Martins e Ausônio. Como a distância de Caxias à Teresina não é muito longa, todas as sextas-feiras Martins tomava o trem e só voltava na segunda-feira, às 9h da manhã. Era um aluno de fim de semana, o que não o impediu de conseguir boas notas, bem como um base jurídica bastante sólida. Junto a Ausônio, Martins passa a advogar em Caxias, com o seu escritório funcionando na redação do jornal Voz do Povo.
Nesse período, Martins foi nomeado por Ato do Interventor Federal, 1 Suplente de Juiz de Direito da 1 Vara de Caxias. Tomou posse e, logo depois, o Juiz Titular da 1 Vara, Dr. Jansen Pereira, entrou de licença tendo o jovem que o substituir, na forma da lei. “Foram um verdadeiro sufoco os meus primeiros dias no exercício do Juizado, onde era tratado por ‘Meritíssimo’ pelas partes e pelo Escrivão João Morais que, na intimidade, fazia severas críticas as gafes que eu cometia, nas minhas altas funções de autoridade judiciária…”.
Preocupado com o cenário educacional em Caxias, e muito influenciado por sua esposa, d. Maria Tote, que era professora, Martins Filho, junto ao colega de turma Clodoaldo Cardoso (que passou a exercer as atribuições de Coletor Estadual em Caxias), passa a discutir sobre a possibilidade de se instalar no município um estabelecimento de ensino de segundo grau. Naquela época, após a conclusão do curso primário, os caxienses não tinham como prosseguir seus estudos, a não ser os filhos das famílias mais abastadas, que os mandavam para a capital do Estado (São Luis), para Teresina, ou mesmo para outros centros de ensino mais avançados.
Como o Governo do Estado não estava preocupado com o assunto, os jovens contaram com a ajuda do colega de turma, Ausônio Câmara, que, na oportunidade, exercia as funções de Prefeito de Caxias. Dele obtiveram a autorização para o uso do Teatro Fênix, onde funcionaria parte do Ginásio. A Secretaria, a Diretoria e as salas de aulas passaram a funcionar na casa contígua ao Teatro, que Martins Filho adquiriu com recursos próprios, pagando seis contos de réis (que depois foram reembolsados em pequenas parcelas, à medida que eles iam conseguindo colocar ações na Sociedade mantenedora do Ginásio).
Contando, no Rio de Janeiro, com a cooperação de um grande maranhense, Dr. Antônio Carvalho Guimarães, eles conseguiram o reconhecimento do Ginásio pelo Governo Federal, sendo então nomeado Fiscal do Governo o Dr. Alcindo Guimarães. Assim, em 01/10/1935, era fundado o Ginásio Caxiense. Após o reconhecimento oficial do Ginásio Caxiense, houve festa pública, com diversos discursos. Sobre este dia, Martins Filho relembraria com ressentimento: “Foram exaltados os nomes de muitas pessoas que aderiram ao movimento na última hora. O meu, porém, inteiramente esquecido, porque eu estava doente e, por isso, afastado temporariamente do estabelecimento, ao ser oficializado. (…) Eu também já sabia que no mundo é sempre assim: uns trabalham denodadamente, enquanto outros usufruem os louros, quando eles aparecem…”. No Ginásio, além de ser um dos fundadores, Martins também foi professor de História e Geografia e ainda seu Diretor.
Nos anos seguintes, já com cinco filhos e bacharel em Direito, Martins vivia doente (com malária e apendicite crônica) e preocupado com os seus negócios. Além disso, uma de suas filhas vinha sofrendo crises muito fortes de impaludismo. Dessa forma, decide quitar suas mercadorias, visando, logo em seguida, retornar ao Ceará. Assim, em abril de 1937, retorna, junto à família, ao seu Estado natal, fixando residência em Fortaleza.
Em Fortaleza, Martins compra uma tipografia e funda a “Editora Fortaleza”, passando a se dedicar a publicação de livros de sua autoria e outros escritores. Em 1938, passa a editar a sua revista “VALOR”, que teve duração de mais de oito anos. Em parceria com Raimundo Girão Lançou o livro O Ceará. Foi Ex-Diretor e proprietário da Academia de Comercio Padre Champagnat de Fortaleza de 1939 até 1943, ano em que entrou no Instituto do Ceará e também na Academia Cearense de Letras. Além disso, foi presidente do Rotary Club de Fortaleza.
Foi professor do Liceu e de outras instituições de ensino de Fortaleza, e, em 1945, se tornou Professor Catedrático por concurso e Doutor em Direito pela Faculdade de Direito do Ceará. Em 1948 toma a liderança no processo de criação da antiga Universidade do Ceará atual UFC, que se torna uma “campanha política” uma vez que depois desse esforço de estabelecer bases para um projeto de universidade tanto o Governo de Faustino de Albuquerque quanto a mídia nacional com o debate na revista “O Cruzeiro” entre Martins Filho e Gilberto Freire que defendia que a Universidade do Recife era suficiente para a região.
A universidade foi finalmente criada em 1954 e instalada em 1955 e ate 1967 teve como Reitor Martins Filho que deu prosseguimento à criação de uma infraestrutura para a universidade criando a Imprensa Universitária, adquirindo o atual prédio da Reitoria e da Casa de José de Alencar e criando condições para que a universidade pudesse continuar crescendo. Por sua marcante atuação, Martins Filho ficou conhecido como “o Reitor dos Reitores”.
Aposentou-se em 1974, mas fundou também a Universidade Estadual do Ceará – UECE em 1977 e a Universidade Regional do Carirí – URCA em 1986. Foi membro do Conselho Nacional de Educação na década de 1960 tendo permanecido no conselho por 13 anos. Foi representante do Brasil na OEA no comitê Latino-Americano de Avaliação dos Sistemas de Bolsas de Estudos. Colaborou para a fundação de mais 20 universidades brasileiras.
Era irmão do escritor e jurista Fran Martins, um dos mais proeminentes estudiosos de Direito Comercial no Brasil no século XX, Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará, bem como importante membro do movimento modernista cearense na literatura das décadas de 1930, 1940 e 1950, dispondo de extensa obra e tendo sido membro-fundador do Grupo Clã.
Antônio Martins Filho faleceu em Fortaleza, no dia 20 de Dezembro de 2002, dois dias antes de completar 98 anos, por falência múltipla dos órgãos.
Fontes de pesquisa: Livro Memória Histórica: Antônio Martins Filho; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; TV Assembleia Ceará; Jornal O Imparcial; Jornal Voz do Povo; Site Wikipédia.
Imagens da publicação: Livro Memória Histórica: Antônio Martins Filho; Internet; TV Assembleia Ceará; Hemeroteca Digital.
Em 1960, quando o político Jânio da Silva Quadros concorria à Presidência do Brasil, este visitou algumas cidades do Maranhão visando a promoção de sua campanha. E assim como São Luis, Pedreiras, Bacabal e Coroatá; Caxias também fazia parte de seu roteiro.
Após passar pelas cidades acima, o “candidato da vassourinha” rumou para Caxias, chegando no aeroporto da cidade a bordo da aeronave Cruzeiro do Sul. Sua comitiva era constituída pelos senadores Emílio Carlos e Lino de Matos (São Paulo) e Leandro Maciel (Sergipe), além dos deputados federais José Sarney (Maranhão), Ferro Costa (Pará), e Seixas Dória (Sergipe).
Em Caxias, o candidato da União Democrática Nacional (UDN) realizou um grande comício na noite do dia 18 de janeiro de 1960, à Praça Cândido Mendes, no Largo da Matriz. Segundo periódicos da época, milhares de caxienses compareceram ao comício. Com seu vocabulário característico, Jânio proferiu um discurso empolgante, dizendo em determinado momento: “Dizem que sou feio e que sou louco, porém não sou tão feio como dizem, nem tão louco quanto seria necessário para modificar a vida política brasileira”. De acordo com o jornalista Vitor Gonçalves Neto, “Jânio Quadros estava, sem dúvidas, numa noite das mais felizes, talvez o melhor discurso em sua excursão”.
Na cidade, Jânio recebeu diversas visitas, dentre elas a do Prefeito de Caxias, João Machado, e a do Bispo Diocesano, Dom Luiz Marelim. Jânio dormiu na princesa do sertão, sendo hóspede de Antônio Castelo Branco, então gerente do Banco do Brasil. O restante da comitiva, por sua vez, ficou alojada no Excelsior Hotel. O candidato também fez uma rápida visita à sede da União Artística e Operária Caxiense.
No dia seguinte, Jânio recolheu-se, por três dias, na Fazenda Ouro Velho, onde foi recepcionado por Delmar Silva e Lafite Hércules Fernandes, herdeiros do próspero empresário José Delfino da Silva. Em seguida, o candidato e sua comitiva rumaram em direção à capital piauiense. Àquele ano, no dia 03 de outubro, Jânio Quadros seria eleito 22.º Presidente do Brasil, vindo, no ano seguinte, a renunciar ao cargo.
Fontes de pesquisa: Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Jornal Pacotilha.
Imagens da publicação: Jornal Pacotilha; Site Tia Zu.
Caxiense de coração, Vitor Gonçalves Neto nasceu em Teresina (PI), no dia 04/11/1925. Em sua cidade natal cursou as primeiras letras. Chegada a época do científico, mudou-se para a capital do Maranhão, onde estudou no Colégio São Luis. Posteriormente, fora residir em Salvador (BA) onde teve convívio com importantes figuras, tais como: Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Monteiro Lobato.
Em 1951, integrou a coletânea de Contos Regionais Brasileiros, da Livraria Progresso Editora, que compilava 14 contos de figuras como, Viriato Corrêa e Humberto de Campos. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou nos periódicos Diário de Notícias e O Globo (onde foi chefe de redação). Anos depois, de volta à São Luis, trabalhou no O Imparcial, ao lado de José Sarney.
Na década de 1960, veio para Caxias, onde fundou os jornais O Pioneiro (dirigido por Vitor, durante 15 anos) e Folha de Caxias (dirigido por Vitor, durante 12 anos). Na cidade, conheceu Edna Silva Gonçalves, da união advieram quatro filhos: Jandir, Jorge, Miridan e Maira Teresa.
Em 03/01/1964, como parte das festividades comemorativas do primeiro centenário de nascimento do grande escritor caxiense Coelho Netto, Vítor funda a Associação Caxiense de Imprensa (ACI), tendo como sede as instalações do jornal Folha de Caxias. Ocupou cargo de Presidente da referida associação.
Além de ser diretor dos jornais, Vitor também era cronista destes, não deixando de comentar os assuntos que mais lhe chamavam atenção. De baixa estatura, passos lentos e sempre ostentando o inseparável cigarro, Vitor, assim como muitos intelectuais, tinha o seu lado boêmio. “Acompanhei muito o Vítor nessas caminhadas noite adentro, madrugada afora. Assistia-lhe no sono rápido que ele ‘tirava’ em qualquer lugar, a qualquer hora. Ajudava-o nas cervejas e arriscava na cachaça (mas uísque, eu ‘agradecia’; não gostava). A gente bebia ‘até se esvair em mijo’, como dizia o Vítor. Interessava-me um bocado por ele. Preocupava-me sua fragilidade ante tanto cigarro e tanta bebida. Mas não lhe censurava o vício (Com que direito?) nem lhe recriminava explicitamente os excessos”, relembrou Edmílson Sanches, amigo e colega de trabalho de Vitor.
Publicou dois livros: “Conversa tão somente” (crônicas), de 1957, e “Roteiro das 7 Cidades” (1963), visão romanceada do sítio arqueológico de mesmo nome, localizado no município de Piracuruca (Piauí).
Vitor Gonçalves Neto faleceu em Caxias, no dia 23/06/1989, aos 63 anos de idade. Postumamente, em 1995, fora publicado um livro reunindo algumas de suas crônicas intitulado “Crônicas das Andanças”. O escritor também é patrono da cadeira n. 19, da Academia Caxiense de Letras; e da nome a uma rua do centro de Caxias.
Fontes de pesquisa: Texto de Edmílson Sanches; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Jornal Correio do Nordeste.
Imagens da Publicação: Acervo de Edmílson Sanches; Acervo da ACL; Jornal Correio do Nordeste.
Raimundo Nonato Teixeira Santos (Mundico Santos) nasceu em Caxias, no dia 19/08/1917, filho de Francisco Ferreira dos Santos e Maria José Teixeira Santos. Tinha três irmãos: Paulo Almeida Santos (renomado saxofonista), Djalma e Docila. Pintor autodidata, iniciou carreira como copista. Aos 17 anos de idade, encontrou nas artes plásticas a sua forma de expressão.
Em 1945, participou do Salão Arthur Marinho, em São Luis, obtendo Menção Honrosa com o quadro Manufatura. Passeou por diversas técnicas e tendências, indo do representacional, com tendências barrocas, ao conceitual. Na pintura, em Caxias, destacou-se com obras representado pontos históricos e arquitetônicos de cidade. Seu estilo foi o modernismo, naturismo e abstrato.
É autor, entre outras obras, dos bustos da Praça Panteon, bem como do busto de Duque de Caxias, localizado na praça de mesmo nome. Contudo, é na Praça Cândido Mendes, em frente à Igreja da Matriz, que se localiza a sua obra mais conhecida: o Cristo Redentor. A réplica do Cristo Redentor (RJ), possui aproximadamente 13 metros de altura (estátua + pedestal). A estátua fora inaugurada no ano de 1950, tendo sido construída em homenagem ao Congresso Eucarístico Sacerdotal ocorrido em Caxias entre os dias 29 de junho a 04 de julho de 1937.
Mundico, durante a década de 1960/1970, trabalhou por quinze anos como desenhista e projetista da prefeitura. Durante o mandato do prefeito Marcelo Thadeu de Assunção, assumiu o comando das obras da administração municipal. No Cangalheiro construiu a escola Achiles Cruz e o mercado daquele bairro; o mercado do Castelo Branco também é obra sua. Além disso, diversas outras obras compõem o seu currículo, como: Complexo da Cobal, Ambulatório da Tresidela, Praça Panteon e Duque de Caxias, Grupo Escolar Tamarineiro etc.
Mundico Santos possui obras expostas em cidades como, Timon – MA, São Luis – MA e Fortaleza – CE. Residindo à Rua São Benedito, no centro de Caxias, o artista faleceu em 27 de setembro de 1993, e está sepultado no mausoléu construído por ele mesmo.
Em 2018, a TV Sinal Verde, de Caxias, produziu uma reportagem (abaixo) sobre a vida de Mundico. Vale a pena conferir:
Fontes de pesquisa: Reportagem sobre Mundico Santos/Ano:2018 – TV Sinal Verde; Livro Cartografias Invisíveis/Ano: 2014; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto
Imagens da publicação: Reprodução TV Sinal Verde; Acervo de Brunno G. Couto; Acervo do IHGC