Em 1923, ano em que comemorou-se o primeiro centenário da independência de Caxias, o prefeito Francisco Vilanova programou grandes solenidades a serem realizadas na cidade; destacando-se a inauguração, em 02 de agosto de 1923, no então Largo da Independência, de um marco simbolizando a importante efeméride – marco, esse, demolido anos depois.
Durante o primeiro mandato do tenente Aluízio Lobo (1966/1970) como prefeito de Caxias, o Largo da Independência – agora já renomeado para “praça do Panteon”-, que até então era um grande campo de grama e piçarra, passou por uma reforma radical. Com planta projetada pelo artista caxiense Mundico Santos, a área foi pavimentada, ganhando passeio, jardins, dois coretos, uma pequena arquibancada e um espelho d’água. E assim permaneceu até a década seguinte.
Seguindo a tradição de 1923, em 1973 o prefeito José Castro decidiu realizar, no primeiro ano de seu mandato, a construção de um monumento simbólico ao aniversário de 150 anos da adesão de Caxias à independência. O local escolhido para a vindoura construção fora novamente o centro da praça do Panteon (Dias Carneiro); em substituição ao antigo espelho d’água.
E assim se dera, até que, em 01 de agosto de 1973, contando com a presença de populares e diversas autoridades de Caxias, a estrutura fora inaugurada. Projetado por Raimundo Mário Rocha, o obelisco em concreto (que recebeu o nome de “Monumento aos Heróis”) tinha a forma de uma grande flecha fincada, como que indicando que aquele era o local que outrora fora conhecido como Largo da Independência. Nada mais adequado. Em sua base de duas rampas, local onde muitas crianças subiam, localizavam-se duas placas comemorativas.
O monumento permaneceu naquele local até a primeira metade da década de 1990, quando, na administração do prefeito Paulo Marinho (1993/1996), a praça fora remodelada. Além da demolição dos coretos e arquibancada, o monumento também fora posto abaixo. Em seu lugar, fora construída uma fonte luminosa d’água (existente até os dias de hoje).
Diferentemente da atual estrutura, o antigo monumento fazia referência a uma importante data para Caxias, e que, sem dúvidas, merece ser lembrada.
Fontes de pesquisa: Biblioteca Benedito Leite; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Eziquio Barros Neto
Imagens da publicação: Ac. Dreyfus Azoubel; Ac. Família Guimarães; Internet
“Se nós, aqui, não temos uma fábrica de fiação e tecelagem; Caxias, lá no interior, é que vai ter?!”. Ao ouvir, de empresários ludovicenses, essas palavras em tom de chacota, Francisco Dias Carneiro tomou aquela indagação como objetivo de vida. Rumou de volta à Caxias, e fundou, com a ajuda do povo, em 22 de outubro de 1889, a Companhia União Caxiense, que viria a ser proprietária, não de uma, mas três fábricas de fiação e tecelagem na cidade.
Dias Carneiro havia ido a São Luis em busca de apoio empresarial para a sua futura empreitada. Contudo, como vimos, a viagem fora infrutífera. Ao retornar a Caxias, os caxienses, sabedores da luta de Carneiro, abraçaram a ideia e, mesmo com dinheiro insuficiente, levaram a cabo a fundação da sociedade. Primeiramente, em 01/01/1888, fora fundada a Fábrica Industrial Caxiense, a primeira fábrica têxtil do Maranhão. Posteriormente, veio a Fábrica União Caxiense, tendo suas obras iniciadas no final de 1889. Dias Carneiro, homem vitorioso, faleceu no ano de 1896 em Caxias .
“O processo de industrialização no Maranhão ocorreu no final do século XIX, com a instalação de varias unidades fabris especializadas no processamento da fibra de algodão, cuja cultura tem sido apontada como maior responsável pela ampla projeção econômica verificada nos séculos XVIII e XIX. O algodão serviu em grande escala como matéria prima para as fabricas têxteis do Maranhão. Nesse cenário, Caxias, que era uma das cidades mais populosa da província e grande produtora de algodão, chegou a exporta ‘para as praças da Europa, pelo porto de São Luís, ou para os grandes centros do sul, através do Piauí, Pernambuco e Bahia’ (COUTINHO, 2005, P.293), sendo pioneira no ramo têxtil no Estado do Maranhão”.
Em 1892, impulsionado pela febre das fábricas, chegou a vez da mais ambiciosa delas. Estabelecida, em 22/05/1892, a sociedade anônima denominada Companhia Manufatura Caxiense S/A, tinha como principais responsáveis os seus diretores fundadores: Segisnardo Aurélio de Moura, José Ferreira Guimarães (bisavô da atriz Glória Menezes), José Castelo Branco da Cruz e Antônio Bernardo Pinto Sobrinho. O local escolhido para a instalação da vindoura fábrica era distante das fábricas supracitadas, que localizavam-se no Ponte. A preferência foi por um terreno próximo a Estação Férrea Caxias – Cajazeiras , que vinha sendo construída, além da proximidade ao rio Itapecuru e seus portos muito movimentados.
Como o terreno escolhido era alagadiço, houve uma demora até que fosse realizada a drenagem do solo, sendo lançada a sua pedra fundamental no início de 1893. A nova fábrica teve o capital inicial 850 contos de réis, de 260 acionistas, que subscreveram 2.834 ações; sem qualquer incentivo do Estado. O projeto arquitetônico ficou a cargo do engenheiro Palmério Cantanhede, que, em virtude do acompanhamento das obras, residiu em Caxias por 18 meses. As estruturas metálicas foram importadas dos Estados Unidos e da Inglaterra, sendo transportadas pelo mar até São Luis, e, de lá, pelo rio Itapecuru até Caxias. As telhas vieram da França.
Um ano depois, o prédio estava quase concluído, estando todo coberto; a chaminé, de 38 metros de altura, estava finalizada e as caldeiras instaladas. Não obstante, ainda levara alguns anos para a sua finalização. Até que, em 18/09/1898, a fábrica é, enfim, inaugurada. Recebendo o nome de “Fábrica Gonçalves Dias”. A cerimônia de inauguração teve início às 10h, contando com uma grande número de presentes. Realizando a benção do novo prédio, estava o o vigário da Igreja de São Benedito, José Ewerton Tavares. Serviam de paraninfos os senhores: Comendador Francisco de Britto Pereira; Capitão Lionídio Britto Lima dos Reis; Joaquim Barbosa Caldas e Joaquim José Pinto de Moura.
Após um longo e belo discurso do padre, o Tenente-Coronel Manoel Gonçalves Pedreira (pai do médico Miron Pedreira), na qualidade de chefe do poder executivo municipal, surgiu no local em que via-se uma fita de cor verde prendendo o volante do motor. Após improvisar um discurso – onde lembrou os serviços prestados por Dias Carneiro (já falecido), Custódio Santos e José Ferreira Guimarães à economia de Caxias – muniu-se de uma tesoura (oferecida pelo coronel José Castelo da Cruz) e cortou a faixa, declarando inaugurada a nova fábrica de manufatura de Caxias, a Fábrica Gonçalves Dias.
Assim que a fita simbólica fora cortada, imediatamente todos os mecanismos entraram em funcionamento, para a admiração dos presentes. Concomitantemente, é executado, pela banda do maestro Carimã Junior, o hino nacional. Após as solenidades programadas, os visitantes puderem visitar as instalações da fábrica. A visão deles foi a seguinte:
Ao lado da porta principal do escritório, viam-se duas árvores de algodão, contendo uma as maçãs e outras os capulhos da preciosa fibra. Mais adiante, ao adentrarem um dos compartimentos da fábrica, viram: algodão em caroço e em pluma; rolos já empastados, fios em maçarocas e carretéis.
Além disso, morins de diferentes marcas e larguras, em fardos de dez peças; cretones, mesclinas, brins de várias cores; e toalhas, que ocupavam todo o espaço do vasto compartimento. Nos lados superiores das paredes, pendiam cortinas encimadas por escudos com as cores nacionais, nos quais liam-se os nomes dos diversos municípios do Maranhão.
Toda essa ornamentação fora produzida pelo maquinário da própria fábrica, que fora importado da casa comercial Sons & Co., de Henry Rogers, localizada na cidade de Wolverhampton, na Inglaterra.
Passando por dificuldades financeiras, a Fábrica Gonçalves Dias teve vida curta, fechando as portas em 1901, três anos após a sua inauguração. Sendo vendida, em 1902, em um leilão judicial por 40 contos de réis para o Banco da República, o credor hipotecário. No ano seguinte, a Companhia União Caxiense, proprietária da Fábrica União e da Fábrica Industrial, assume o seu controle até o ano de 1919, quando dois comerciantes teresinenses arrendaram-na. Em 1923, a fábrica a Companhia União Caxiense assume novamente o seu controle, sendo o comerciante Zezinho Guimarães (filho de José Ferreira Guimarães) o seu maior acionista. O industrial controla a Manufatura até 1944, quando transfere-a a um grupo paulista sob a liderança de José de Agustinis. Até que, em 1958, a Fábrica de Manufatura encerra, de vez, as suas atividades.
Desde o seu encerramento, o prédio da fábrica permaneceu sem utilização. Correndo o risco de ser desmontado, o prédio estava em completo abandono quando, em 1977, o prefeito Aluízio Lobo incorpora o imóvel ao município; sendo, em 1980, revitalizada as suas dependências para abrigar o Centro de Cultura Acadêmico José Sarney.
Década de 1970. Após anos desativado, o prédio começa a passar por reformas para abrigar o vindouro Centro de Cultura.
Nesse mesmo ano, é realizado o tombamento do prédio pelo Estado, conforme o Decreto Estadual n. 7.660, de 30 de agosto. Desde então, o prédio já abrigou teatro, biblioteca, museu, exposições, artesanato, arquivo municipal e lojas. Além disso, vem recebendo diversos órgãos públicos, agências bancárias, e, até mesmo – de forma provisória – escolas.
Um dos mais icônicos símbolos de Caxias, em 08 de setembro de 2021 o prédio, de estilo neoclássico, completou 123 anos de história.
Abaixo, um comparativo da fábrica no anos de 1920 e 2012. Para visualizar, arraste a bolinha central para os lados:
Fontes de pesquisa: Jornal de Caxias; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Artigo “A participação das Mulheres no Espaço Têxtil e sua Contribuição nos Aspectos Econômicos de Caxias – MA”/Autoras: Ana Carolina de Azevedo e Raquel dos Santos Lima
Imagens da publicação: Ac. de Eziquio Neto; Youtube; Ac. de David Sousa; Álbum do Maranhão de 1908; internet; Site da prefeitura de Caxias; Google Maps
Faço questão de relembrar as dificuldades à sua realização e lançamento: não consegui um biógrafo, aconselhável talvez pela ‘imparcialidade’ com que trata o biografado; o lançamento presencial teve que ser adiado e a realização de uma sessão virtual também não deu certo. Efeitos dos tempos sombrios e incertos que estamos vivendo com essa pandemia, que nos ameaça e condiciona. Mas já tomei três doses da vacina.
Enfim, em janeiro do próximo ano, na AMEI, tudo irá acontecer, devendo ser uma sessão de autógrafos contida, mas festiva, para a qual convidei os amigos, os que me ajudaram no trabalho, os que cuidaram da minha saúde, colegas professores e ex-alunos da Universidade, meus confrades e confreiras das Academias de Letras às quais pertenço, economistas colegas de profissão, convite extensivo a todos os demais que prestigiam esses eventos.
Informo aos que já adquiriram minha Biografia e aos que ainda vão adquirir: faremos uma sessão simples e objetiva atendendo aos protocolos de saúde impostos pela pandemia, para que tudo possa ocorrer sem receios.
Ter um livro nas mãos é um prazer inigualável e a ‘modernidade’ tenta o mesmo efeito de forma virtual, mas não consegue. A crise que se abate sobre a economia brasileira atingiu duramente as livrarias e muitas tradicionais deixaram de existir, e os leitores sentem-se empobrecidos antes os preços.
Em São Luís, a cada ano, a Feira do Livro tenta oferecer resistência a esse quadro sombrio e reúne livreiros, intelectuais, convidados, para lembrar de alguém que já se foi e debater as recentes conquistas em nome da cultura, com intenção de multiplicar, manter o interesse pelo livro. “Fortes Laços”, meu primeiro, foi lançado na primeira Feira, em 2007.
“Biografia”, do autor pelo autor, pois dizem que ninguém conhece melhor você do que você mesmo, é o meu quinto livro, fruto exclusivo da minha memória, graças a Deus, e das saudosas lembranças de quase tudo que aconteceu comigo desde criança, conforme todos poderão constatar pela leitura cronológica da obra.
Louve-se o trabalho da Viegas Editora, assim como aconteceu com “Economia – textos selecionados”, em 2019. O prefácio de “Biografia” foi feito por Daniel Blume, presidente da Academia Ludovicense de Letras e Membro eleito da Academia Maranhense de Letras, e o amigo de longas datas Luiz Raimundo Carneiro de Azevedo escreveu as ‘orelhas’.
Tenho saudades de tudo que lembrei: das férias na casa do meu avô materno, comandante Augusto Ribeiro, levado pelas mãos da minha tia Doninha, no trem-de-ferro que saía de Caxias, pernoitava em Coroatá, para chegar a São Luís, no outro dia, presentes na estação minha outras tias Neném e Santa, esta ainda vida aos 103 anos, e em casa tias Babá e Xixi esperando para o café com pão; tenho saudades da minha primeira bicicleta e das sensações de liberdade que ela me proporcionou; tenho saudades dos meus pais, Antonio e Nadir, e dos meus irmãos, e da grande família que construíram ao longo do tempo, que nos manteve juntos naquela casa=grade da rua Gustavo Colaço, em Caxias; tenho saudades dos tempos de rapaz, na rua do Cisco, das ‘rodadas’ na praça Gonçalves Dias – onde, em um dia de 1953, comecei a namorar a Conceição e depois noivar e casar, para viver com ela por mais de 52 anos -; tenho saudades do Cine Rex e da sua ‘sessão das moças’, dos banhos no riacho do Ponte, no rio Itapecuru, na Veneza, dos colegas e professores do Ginásio Caxiense, entre 1946 e 1949, dos colegas e professores do Centro Caixeiral, entre 1950 e 1952, dos colegas e professores da Faculdade de Economia, no Rio de Janeiro, entre 1956 a 1959, e dos amigos que fiz por lá; tenho saudades da sala de aula, na UEMA e na UFMA, onde ensinei por quase trinta anos.
Toda essa saudade está contida em “Biografia”, do autor pelo autor, que autografarei, com o maior prazer, no dia 28 de janeiro do próximo ano, na Livraria AMEI, a partir das 19 horas.
A edição da Biografia ficou pronta em outubro/21. A partir de 08 de novembro, foi colocada em regime de pré-venda, para, em 13/11, ser anunciado o lançamento oficial, seguido dos autógrafos. Esse lançamento teria acontecido não fossem as medidas restritivas impostas pela Covid-19. Demos mais um tempo ao tempo, adiando o evento para o dia 28 de janeiro próximo, mas a pandemia surgiu com mais uma variante, agravada pela gripe Influenza!
Assim sendo, mesmo usando máscaras e tendo outros cuidados, a exposição em aglomerados continua sendo arriscada. Assim sendo, lamentavelmente, resolvemos, em definitivo, cancelar o lançamento anunciado.