“Dedicado aos economistas maranhenses, que estão comemorando a sua trajetória, e em memória de Antônio Duarte Badejo, meu colega de Turma”.

Fernando Pessoa dizia que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, porém não cheguei até aqui e ver o Brasil na situação econômico-financeira-social em que se encontra, exportando sem competitividade e importando de forma limitada, carente de investimentos e enfrentando um ‘mar’ de desempregados e famintos, na dependência das benesses do governo.

Dizem que sou o decano dos economistas maranhenses, mas não sei ao certo. Formado desde 1959, no Rio de Janeiro, pela Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas-FCPERJ, atualmente integrante da Universidade Cândido Mendes, ao longo desses mais de sessenta anos tenho procurado fazer a minha parte aproveitando as oportunidades que me foram e são oferecidas.

A profissão havia sido regulamentada ainda em 1951 e muitos dos que lutaram por essa conquista foram meus professores, como Alberto Almada Rodrigues, Reynaldo Souza Gonçalves e Elysio Belchior. A FCPERJ, então dirigida pelo Conde Cândido Mendes de Almeida Júnior, ilustre membro de tradicional família, com raízes no Maranhão, foi pioneira ao trazer para o Brasil o que já era praticado nas universidades europeias, decorrendo daí um curso com profundo viés acadêmico e enriquecido de práticas adequadas ao conhecimento da realidade brasileira.

Vivíamos uma ‘época de ouro’ do desenvolvimento econômico do Brasil, àquela altura governado por Juscelino Kubitscheck de Oliveira, com seu bem sucedido Plano de Metas; realmente foi assim, sob esse cenário favorável, que completei meu curso de Ciências Econômicas, fato que tem marcado minha vida profissional em busca do tempo perdido, como economista e professor.

No Rio de Janeiro, durante os dez anos de permanência, trabalhei em empresas voltadas para resultados, e fiquei familiarizado nas relações com Bancos e Repartições Públicas; frequentava as reuniões da Associação Comercial da capital federal, credenciado pela Associação Comercial de Caxias e aprendi muito nessa convivência. Certa vez, integrando uma delegação oficial, fui a Porto Alegre, para participar de um banquete em homenagem ao presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira, recém eleito.

Aos 87 anos, aposentado,  faço um balanço dos meus cinco Livros editados, presentes em bibliotecas no Brasil e no exterior, com lançamentos precedidos de palestras, na Universidade Lumière, em Lyon-França, e na Faculdade de Economia da Universidade, em Coimbra-Portugal. 

Na qualidade de professor, aposentado pela UFMA, em 1997, antes, a partir de 1968, ajudei a criar as escolas de nível superior ligadas ao Estado do Maranhão, no caso a Escola de Administração, da qual me tornei fundador e titular, passando pela FESM e UEMA. Foram trinta anos dedicados à juventude, tentando ensinar todos a ‘voar’: é o que estou fazendo por vocês, dizia, mas ‘voar’ mesmo, depois de formados, dependerá de cada um. Acho que funcionou, pois a semente plantada deu bons frutos.

O CORECON, através do seu atual presidente João Carlos Marques, teve estreitadas nossas relações profissionais, repercutindo meus artigos e outorgando-me um prêmio importante, como economista de destaque, em 2021. Sou grato por essa distinção.

O Brasil está precisando dos economistas, para definir, de forma mais racional, políticas de governo capazes de promover um desenvolvimento gerador de emprego e renda, com justiça social.  Nada como está acontecendo: as diretrizes orçamentárias ignoradas e a taxa de juros usada como instrumento de política monetária, para combater uma inflação importada, que, no nosso caso, não é de demanda, mas de custos, onerando a dívida pública interna, cada vez mais alta, cara e de prazos curtos.

Relembro os grandes pensadores da ciência econômica, citados desde a página 24 do meu livro “Desafios/Challenges” que, a partir do século XVIII, definiram os pilares da nossa profissão: Adam Smith, David Ricardo, John Stuart Mill, William Stanley Jevons, Alfred Marshall e John Maynard Keynes, ortodoxos em suas formulações e determinantes da formação teórica da maioria dos nossos economistas, para o exercício de uma profissão ainda muito jovem.

Enviei aos organizadores do evento “Mês do economista”, que está sendo realizado desde o dia 16 do corrente, uma gravação de imagem e som sobre um tema atual, que venho denominando de ‘desafios à teoria econômica’, de interesse inclusive das Universidades.

“O dia se fez noite, mas o sol nascerá”.

*Augusto Brandão é Economista e membro Honorário da ACL, ALL e AMCJSP.

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