À memória de um amigo

Ontem, 03/03/23, partiu, de causas naturais, Antônio Augusto Ribeiro Brandão. Tinha 88 anos.


Caxiense, Brandão nasceu em 08/11/1934, sendo o primogênito do casal Antônio e Nadir. Em 1959, formou-se em Economia, pela Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro. De carreira vasta e exitosa, aposentou-se em 1997. Autor de diversos livros (e cronista de jornais ludovicenses), é (no presente, como imortal que é) membro Honorário da Academia Caxiense de Letras, e membro Fundador da Academia Maranhense de Cultura Jurídica, Social e Política.

Conheci Brandão em 2020. Na época, desejava escrever sobre seu pai, Antônio Brandão (grande homem que fez parte da história de Caxias), para este site. Com este objetivo, acabei encontrando o perfil de Augusto no Facebook. Após receber minha mensagem, se prontificou a traçar um perfil biográfico de seu genitor. Ao notar os meus sobrenomes, “Guimarães” e “Couto”, logo rememorou os meus antepassados que, de alguma forma, fizeram parte de sua história. E, assim, virtualmente, começou nossa amizade.

Percebendo o meu entusiasmo com a história de Caxias, começou a me enviar crônicas suas sobre o passado da cidade (bem como alguns artigos sobre a sua outra paixão, a economia), para que as publicasse neste meu site. De lá para cá, foram publicados dezenas de textos seus, até 12 de fevereiro deste ano, quando publiquei aquele que seria o seu último texto para o Arquivo Caxias, intitulado “A Estação de Trem”.

Dono de uma memória invejável, também contribuiu para a produção de muitas das matérias aqui postadas. Inúmeras foram as vezes em que tirei dúvidas e o fiz perguntas sobre algum momento específico do passado da cidade. Das poucas vezes em que não sabia alguma informação, me indicava a quem recorrer para encontrar uma resposta.

Durante esses pouco mais de dois anos de parceria, generosamente Brandão me enviou muitas de suas obras literárias. Em uma dedicatória escrita à mão em sua autobiografia, lançada em 2021, escreveu: “Ao prezado amigo e conterrâneo Brunno, oferece Brandão”. Infelizmente, devido às restrições impostas pela pandemia, bem como pelo distanciamento entre cidades (Brandão residia em São Luis) não pudemos nos encontrar pessoalmente.

Muito generoso, frequentemente tecia elogios ao meu trabalho, por admirar o meu grande interesse em preservar a história de nossa cidade. Amigo, cobrou – sem que eu soubesse – de uma instituição caxiense da qual fazia parte o reconhecimento formal de meu trabalho. Em janeiro, me enviou esta tocante mensagem:

“Brunno, quero que saiba: você, descendente de uma tradicional família caxiense, que me me faz lembrar de dona Edmée, que foi minha professora de Desenho, no antigo Ginásio Caxiense, nos idos de 1946/1949, honra essa tradição. Jovem ainda, você despertou seus amores por Caxias, relembrando seu passado e preservando o seu presente, resgatando coisas e pessoas a estimular as gerações futuras. Agradeço a sua amizade e dedicação às minhas sugestões e participação nesse caminhar confiante em melhores dias. Forte abraço.”

O meu último contato com o amigo se deu no dia 17 de fevereiro deste ano, quando lhe enviei uma foto que havia encontrado de sua mãe, ao que respondeu, dentre outras palavras, com “Que surpresa agradável!”. Fiquei feliz.

O amigo, fisicamente, se foi; contudo, sua obra permanece. Tenho orgulho de ser, através do meu site, depositário de parte desse trabalho, o qual ficará disponível a quem procurar. É o mínimo que posso fazer, afinal, foi por meio desse mesmo site – e o interesse compartilhado pela memória da cidade – que nasceu nossa amizade.

Vá em paz, meu amigo. Que Deus o receba de braços abertos. Já está fazendo falta.

Sentimentos à família.

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