Antonio Brandão

“Antônio significa valioso, de valor inestimável, digno de apreço; nome do latim Antonius, origina-se do grego Antónios. Há estudos que sugerem que o nome Antônio tenha vindo do grego…”

O jovem Antonio Brandão, quando Tenente da PM do Estado do Maranhão.

Antonio Brandão nasceu na antiga Picos (atual, Colinas), no Maranhão, no dia 25/04/1905, filho de Frederico José Brandão e Maria Rosa da Silva. Em sua cidade natal viveu sua infância e adolescência. Trabalhando desde os cinco anos de idade, aos 20 anos, muda-se para São Luís, onde conseguiu um emprego na firma Lima, Faria & Cia, do tradicional comércio da Praia Grande.

Durante a Revolução de 1930, engajou-se na tarefa de contestação ao regime vigente; no ano seguinte, para o período 1931-1932, quando ainda não havia o cargo de Vice, é nomeado prefeito em sua cidade natal, por ato do então interventor estadual.

Em 1933, sela união com a ludovicense Nadir Celeste Ribeiro, e o casal muda-se para Caxias. Na cidade, em 1935, Antônio Brandão passa a chefiar o movimento integralista local, ao lado de: dr. Martins Filho, prof. Ruth Campos, Oswaldo Marques, Orlando Leite e J. Moreira.

Ainda nessa sua primeira fase em Caxias, ao lado de Antônio Francisco de Sousa (Nanito), foi sócio da firma Brandão & Souza. Em sua vida pública foi também: Vogal dos empregadores na Junta de Conciliação e Julgamento de São Luís; diretor do Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda; diretor-secretário do Banco do Estado do Maranhão; foi ainda advogado provisionado e jornalista profissional.

Junto à esposa e os filhos mais velhos, em 1940, muda-se para Picos, onde havia sido novamente nomeado Prefeito, desta vez pelo interventor Paulo Ramos, para o período 1939-1945, tendo permanecido no cargo até 1940, quando foi substituído por José Osano Brandão (Picos ainda permanecia sem o cargo de vice-prefeito), que ficou até o final do mandato.

A viagem foi rio acima, durando vários dias. “No final de uma tarde chuvosa, embarcamos em um grande bote (batelão) rebocado por uma pequena lancha; papai, na sua inventividade, ajudara a transformar aquela embarcação em um verdadeiro apartamento, todo forrado, divisórias de palha e armadores de redes. Àquela altura já éramos cinco filhos”, relembra Antônio Augusto, primogênito do casal.

Ainda àquele ano, 1940, a família vai para São Luís, onde permanece até 1944, quando retorna à Caxias. Dessa vez, Antonio Brandão começa a atuar por conta própria, instalando a tradicional Casa Brandão, estabelecimento comercial de estivas, fazendas, ferragens e miudezas em geral, que funcionou, durante algum tempo, na Praça Gonçalves Dias, e depois transferiu-se para a Rua Aarão Reis. O comércio perdurou até 1960.

Fotografia atual do imóvel, da Rua Aarão Reis, onde a Casa Brandão funcionou a partir da primeira metade da década de 1950.
O imóvel, há quase 70 anos, guarda a inscrição em sua calçada.

Na “princesa do sertão”, Antonio Brandão residiu em diferentes endereços, tais como a Rua das Flores, Rua do Cisco e Benedito Leite (atual, Fause Simão). Mas foi no imóvel, n. 23, da antiga R. do Cisco, depois Benedito Leite, que Antonio permaneceu de 1947 até o fim de sua vida. Ali, ao lado de d. Nadir, criou os dez filhos: Antônio Augusto, Frederico, Rosa, Laura, José, Ângela, João, Cenira, Antônio e Luís.  

A família Brandão, em fotografia do ano de 1950, em Caxias. Em pé, da esquerda para direita: Laura, Frederico, Antonio Brandão, José, Nadir Brandão, Ângela, Antônio Augusto e Rosa. Sentados: Cenira, João, Antônio e Luís.

Sobre a inventividade do pai, José de Ribamar, um dos filhos de Antonio, relembra: “Um caso que nunca esqueci, embora tenha passado muitos anos, foi o da abertura no teto desse espaço (um dos cômodos da casa da R. Benedito Leite). Perguntado sobre o motivo, dando uma de romântico, disse que era para que olhássemos as estrelas no céu. Com a primeira chuva de verão, a casa ficou totalmente inundada e, com isso, tivemos que admirar as estrelas em outro local. A partir daquele dia, a abertura foi fechada”.

Antonio Brandão (lado direito) e o primogênito Antônio Augusto, em 1957, em São Paulo.

Durante todo o tempo em que morou em Caxias, Antonio colaborou intensamente com as classes produtoras da cidade: liderou a criação da Cooperativa de Babaçu, fez parte da Associação Comercial e da Associação Rural; foi membro assíduo do Rotary Clube e confrade do Centro Cultural Coelho Neto.

Muito querido, Antonio era um homem humilde, de temperamento dócil e personalidade introspectiva, falava pouco e expressava seus sentimentos através dos atos que praticava. “Raras vezes o vi com lágrimas nos olhos e uma delas foi quando parti ao trabalho e estudos, no Rio de Janeiro; ele nunca disse, mas desconfio que gostaria que eu tivesse ficado, para assumir os negócios na loja de tecidos, depois na moageira de café, na fábrica de guaraná, na indústria de óleo babaçu e nas plantações de caju”, recorda o primogênito.

Sofrendo, desde a tenra idade, de bronquite asmática, Antonio Brandão faleceu em Caxias, no dia 25/01/1980, aos 74 anos.


Fontes de pesquisa: Colaboração e Depoimento de Antônio Augusto Ribeiro Brandão; Jornal O Integralista; Livro de José de Ribamar Ribeiro Brandão.

Imagens da publicação: Acervo de Antônio Augusto Ribeiro Brandão; Acervo de Brunno G. Couto

Restauração e Colorização das imagens: Brunno G. Couto

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