O antigo casarão colonial da Praça Gonçalves Dias

PARTE DO CASARÃO VOLTADA PARA O LARGO DO POÇO (ATUAL PRAÇA GONÇALVES DIAS).
FRANCISCO VILLA NOVA

Construção colonial em pedra, no século XIX este casarão pertencia a Alarico José Vilanova. Posteriormente, foi adquirido pelo coronel Francisco Raimundo Villanova (prefeito de Caxias no período de 1934/1935), onde passou a residir junto a sua família, bem como montou sua casa comercial. No seu entorno, existia um olho d’água do extinto Riacho da Pouca Vergonha.

A extensão do imóvel chamava atenção dos caxienses, sendo composto por doze portas e sete janelas, que se estendiam na esquina do antigo Largo do Poço (atual Praça Gonçalves Dias) e da Rua Afonso Pena.

O CASARÃO EM 1920

Na parte voltada à praça, era a sua casa comercial, e na parte da Rua Afonso Pena, sua residência. A chamada “Casa Vilanova” ostentava em sua fachada o desenho de uma águia ladeada por duas faixas com os dizeres: “Comércio e Lavoura”. Ali, Chico (como era mais conhecido) Vilanova atendeu os seus clientes até avançada idade.

Além do comércio do coronel, também operou por muitos anos em suas dependências a escola de datilografia de sua filha, Jacyra Vilanova. Um dos diferenciais arquitetônicos do casarão era o seu mirante de duas pequenas janelas, exemplar único de Caxias.

PARTE DA FACHADA DO IMÓVEL, ONDE É POSSÍVEL OBSERVAR O DESENHO DA ÁGUIA JUNTO ÀS DUAS FAIXAS. ANO: 1950.
RUA AFONSO PENA; ANO: 1942.
1: RESIDÊNCIA DA FAMÍLIA VILANOVA, BEM COMO ONDE FUNCIONOU A ESCOLA DE DATILOGRAFIA.

2: RESTANTE DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL “CASA VILANOVA”

Na década de 1960, no local da Casa Vilanova passou a funcionar a Farmácia São José. Por volta da década seguinte, o centenário mirante fora demolido; os descendentes da família Vilanova venderam parte dos prédios, que começou a abrigar pequenos comércios – como funciona até os dias de hoje. O imóvel, atualmente, encontra-se bastante descaracterizado, mas ainda mantem alguns elementos originais, como seu beiral.

UMA DAS ÚLTIMAS FOTOGRAFIAS ANTES DA DEMOLIÇÃO DO MIRANTE. ANO: 1976.

Abaixo, um comparativo do imóvel no anos de 1920 e 2012. Para visualizar, arraste a bolinha central para os lados:


Fontes de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Depoimento de Antônio Augusto Ribeiro Brandão; Site de Eziquio Barros Neto

Imagens da Publicação: Ac. de Eziquio Barros Neto; Internet; Álbum do Maranhão de 1950; Revista Athenas; Ac. do IHGC

Restauração: Brunno G. Couto

O antigo sobrado colonial do largo da Matriz

Localizado na esquina da atual Rua Gustavo Colaço com a Travessa Caetano Carvalho, no largo da Igreja Matriz, o antigo sobrado colonial pertencia a Antônio Bernardo da Silveira, e já estava edificado pelo menos desde o ano de 1814. Quem nos conta a história do proprietário é o pesquisador caxiense Eziquio Neto: “Bernardo era advogado, Comandante da Guarda Nacional ligado ao Partido Liberal, conhecido como Bem-Ti-Vi, e, por isso, acabou sendo detido durante a revolta da Balaiada pelo apoio aos rebeldes. Seu irmão, Bernardo Antônio da Silveira, foi acusado de ter enviado comunicação a Raimundo Gomes, líder da revolta, a ocupar Caxias em vingança ao assassinato de Teixeira Mendes, em 1837.”


O sobrado em fotografia do início do século XX.

Anos depois, em 1874, a situação do imóvel já era preocupante, de acordo com relatório da Câmara Municipal: “Pede licença igualmente a esta câmara para vender a sexta parte que possui no sobrado da praça da Matriz, que está em mau estado, o qual sendo ILEGÍVEL por Antônio Bernardo da Silveira, que não tem feito os reparos necessários, terá de ficar completamente arruinado”. Com a morte do proprietário, o casarão passou a seus herdeiros, até que fora adquirido pelo comerciante Clemente das Chagas Cantanhede, juntamente com alguns imóveis que o ladeavam.

Na década de 1940, o imóvel passou a hospedar a “Movelaria Carioca” da firma Plosk & Seloni, de Salomão Plosk e Henrique Seloni, respectivamente. Plosk, experiente comerciante, já havia fundado, no ano de 1935, em São Luis, a matriz de sua movelaria. Visando expandir o seu negócio, junta-se a Henrique (que residia em Caxias) para fundar uma filial na princesa do sertão. A movelaria era especializada em comercializar móveis ricamente trabalhados em madeiras de primeira qualidade.


Fotografia do casarão quando abrigava a Movelaria Carioca, da firma Plosk & Seloni. Imagem da década de 1940.

A empreitada não teve vida longa, tendo o imóvel, em 1944, recebido uma drástica reforma, perdendo o aspecto colonial de seus beirais e ganhando elementos Art Decó. Entre as décadas de 1950 e 1960, foi comprado por Lamek Teixeira Mendes, passando a funcionar, na parte de cima, o Hotel Colinas, de propriedade de sua esposa, Maria Barros. No térreo funcionou a Casa de Modas, de Alderico Silva.

O sobrado após a ampla reforma realizada. Fotografia, provavelmente, da década de 1960.

Infelizmente, o casarão foi demolido por volta da década de 1970, sendo construído, em seu lugar, um espaço que abrigou diversos pontos comerciais.


Local onde situava-se o casarão, em imagem de 2012.

Fontes de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Hemeroteca Digital

Imagens da publicação: Internet; Ac. do IPHAN; Ac. do IHGC; Google Maps

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto

A Semana Santa em Caxias na transição do século XIX para o XX

Procissão do Senhor Morto passando pela Rua São Benedito. Ano: 2019

Não há dúvidas de que a Semana Santa, para o catolicismo, é um dos momentos mais importantes do calendário religioso. Em Caxias, as celebrações (missas e procissões) que antecipam a ressureição de Jesus Cristo, no domingo de Páscoa, fazem parte de uma tradição que, até hoje, é mantida. Iniciando com a Fugida do Senhor, onde a imagem de Cristo é transferida à Igreja do Rosário, a Semana Santa finaliza no Domingo da Ressureição.

Anúncio, da Semana Santa de 1898, da Casa Matoense.

Na transição do século XIX para o século XX – tendo em vista a existência de um maior número de cidadãos católicos -, àquela semana era ansiosamente aguardada pelos fiéis, que, com velas à mão, acompanhavam as procissões. Logo que era definida a programação, esta era publicada nos periódicos da região.

A economia da cidade também se adaptava ao período. Com a restrição imposta ao consumo de carne – e seguida a risca pelos fiéis -, os estabelecimentos comerciais da cidade se preparavam para esse momento do ano oferecendo uma variedade de produtos em conformidade com a dieta quaresmal. Às famílias mais abonadas o anúncio sensacionalista destacava, por exemplo, a venda de “camarões que [de tão graúdos] parecem jacarés do Amazonas” e “batatas que só uma dá 1 quilo”.

Na Igreja de São Benedito, no final daquele século, mais precisamente no ano de 1896, o celebrante responsável era o Padre José Ewerton Tavares, e a programação era a seguinte:

Na Quinta-Feira Santa, após o Domingo de Ramos, era dia de Missa Rezada e Via-Sacra. Na sexta-feira, sob a direção do referido vigário, era realizada a Procissão do Enterro e o Sermão da Paixão. No Sábado Santo era dia de Missa Cantada, com benção do fogo e da água. No Domingo de Páscoa era dia de Missa Sermão, procissão e benção solene com o Santíssimo Sacramento; a celebração era acompanhada por um coral de senhoritas dirigido por Antônio Lopes.


Programa do ano de 1902.

Nas décadas seguintes, com a fundação da Diocese de Caxias e com a chegada, em 1941, do primeiro Bispo da cidade, as celebrações da Semana Santa foram se tornando cada vez mais elaboradas. Ficando a programação a cargo do Vigário Geral, Mons. Gilberto Barbosa, sob o visto de Dom Luiz Marelim.

Atualmente, apesar de mais simples (se comparada às décadas passadas), a tradição, felizmente, segue firme e forte. Como deve ser.


Fontes de pesquisa: Jornal de Caxias; Jornal Cruzeiro

Imagens da publicação: Acervo do autor; Jornal de Caxias

Os Azulejos Caxienses

Muito presente nos antigos casarões, os azulejos – em sua maioria, portugueses e do século XIX – são registros da bonança das famílias abastadas caxienses. De beleza única, infelizmente algumas dessas peças – devido a falta de conservação ou pela crescente especulação imobiliária -, estão, aos poucos, desaparecendo do cenário da cidade.


Antigo casarão colonial, localizado no largo do Rosário, que ostenta um dos mais belos modelos de azulejos da cidade.

Proveniente do período colonial a utilização de azulejos, além do objetivo estético de decoração do imóvel, tinha uma utilidade mais prática, como explica o arquiteto Eziquio Neto: “Uma das características da arquitetura colonial é a adaptação ao clima da região. Um pé-direito alto para melhor conforto térmico, portas com bandeiras vazadas, grandes janelas com venezianas para uma melhor ventilação e posteriormente o revestimento da fachada em azulejo. O revestimento em azulejo garante uma maior impermeabilidade da parede durante as chuvas e maior conforto térmico, pois absorve pouco calor. Segundo historiadores, a técnica de decorar a fachada com azulejo nasceu em São Luís e passou a ser usada em Portugal na época da reconstrução, após o terremoto [ocorrido em Lisboa, em 1775]. Apesar de grandes fabricantes e importadores, os portugueses usavam a peça apenas no interior das casas”.

Abaixo, estão fotografias que mostram, em detalhes, a beleza de alguns dos azulejos que compõem o acervo caxiense:


Azulejos, pintados à mão, de imóvel do largo da Matriz.

Azulejos portugueses, do século XIX, revestindo casarão colonial do largo do Rosário.

Azulejos revestindo imóvel do largo da Matriz.

Azulejos do casarão da família Castelo Branco da Cruz.

No Edifício Duque de Caxias, um dos imóveis mais antigos da cidade, encontra-se a única amostra de azulejos portugueses em relevo da princesa do sertão; são datados do século XIX. Vale lembrar que essas peças nem sempre estiveram ali. Ocorre que, em 1944, quando o empresário José Delfino comprou um imóvel no largo de São Benedito, onde havia funcionado a escola da professora Quininha Pires, ele mandou retirar os azulejos portugueses e os transferiu para a fachada do supracitado edifício da praça Gonçalves Dias. Infelizmente, com o passar do tempo, essas peças não receberam a conservação necessária, e muitas delas foram cobertas de tinta, enquanto outras estão em mau estado de conservação (imagens abaixo).


Azulejos em relevo do edifício Duque de Caxias.

Alguns azulejos sofrem com a falta de preservação.

Cada vez mais raros, os antigos azulejos ainda podem ser vistos – apesar da intensa poluição visual – em alguns imóveis espalhados por Caxias. Parte integrante da história da cidade, são peças de beleza singular que merecem ser preservadas.


Fontes de pesquisa: Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Livro Cartografias Invisíveis/Diversos Autores.

Imagens da publicação: Acervo do autor

A triste história da mãe e de uma das irmãs de Gonçalves Dias

Antônio Gonçalves Dias, o maior poeta caxiense, faleceu no dia 03/11/1864, no naufrágio do navio Ville Bologna. À época, sua mãe, d. Vicência Mendes Ferreira, não morava com o poeta, e sim com os filhos que tivera com outro esposo, eram eles: Maria Magdalena da Silva (a mais velha), Carlota, Raimunda e Sebastião Correia de Araújo; residindo no antigo Beco das Violas (Também conhecido como Rua das Tabocas. Atualmente chama-se: Rua Teófilo Dias), em Caxias. A situação da família não era nada fácil, necessitando do mínimo para subsistência.

De acordo com o historiador Arthur Almada Lima Filho, em seu livro “Efemérides Caxienses”, d. Vicência, mulher mestiça de origem indígena, foi concubina e funcionária do pai de Gonçalves Dias, o português João Manuel Gonçalves Dias (negociante abastado). Com os pais biológicos, residindo em um sobrado à Rua do Cisco (Atual Fause Simão), Gonçalves Dias passou os primeiros anos de sua infância. No endereço também funcionava a casa comercial do patriarca.


Sobrado da Rua do Cisco (Atual Rua Fause Simão; mais conhecida como Benedito Leite). Demolido na década de 1970. Imagem da década de 1950.

Em 1829, logo que se casou legalmente com d. Adelaide Ramos D’Almeida, pertencente a uma ilustre família de São Luis, o patriarca fez questão de trazer o pequeno Gonçalves Dias (que tinha por volta de seis anos de idade), para a sua companhia e da madrasta. Manuel e Adelaide tiveram mais quatro filhos: João Manoel, José Gonçalves, Domingos Gonçalves e Joana Gonçalves Dias (mãe do advogado e poeta Teófilo Dias).

O casal continuou a morar no imóvel à Rua do Cisco, enquanto D. Vicência teve que procurar uma nova residência (é quando passa a morar na atual Rua Teófilo Dias). Informações de pesquisadores dão conta de que ‘seu’ Manuel proibiu o filho de visitar a sua verdadeira mãe, a qual reencontraria somente quinze anos depois. Após o falecimento do pai, em 1837, o jovem passou a ser criado por d. Adelaide Dias (falecida em 02/03/1877, em Caxias).


Residência de d. Vicência à Rua das Tabocas (Atual Teófilo Dias). Após o falecimento da matriarca, a filha, Maria Magdalena, continuou residindo nessa casa. Anos depois, o imóvel fora demolido. Imagem: Registro feito pelo IPHAN, provavelmente, da década de 1940.

Desde a morte de Gonçalves Dias, autoridades, sabendo das condições de d. Vicência, passaram a enviar mesadas para ajudar em suas despesas; o cidadão Antônio Henriques Leal fora um desses benfeitores. Vale lembrar que, no dia 24/03/1866, pouco mais de dois anos após a morte do filho, d. Vicência, herdeira de Gonçalves Dias – talvez por falta de instrução ou por pressão exterior -, cedeu, “de forma gratuita, plena e inteira”, os direitos de propriedade das obras inéditas e impressas do poeta à viúva do filho, Olympia Gonçalves Dias.

Olympia Gonçalves Dias.

Segundo o IMS: “Olympia, filha do doutor Cláudio Luis da Costa, fundador do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, casou-se com Gonçalves Dias em 1852, quando o poeta amargava a recusa de seu pedido de casamento feito à mãe da jovem Ana Amélia Ferreira do Vale, por quem nutriu uma grande paixão. A união de Olympia e Gonçalves Dias durou quatro anos infelizes, e dele nasceu uma filha, Joana, que morreu antes de completar dois anos”.

A mãe biológica do poeta faleceu aos 81 anos, em 1879; sendo, no dia 15 de novembro, sepultada no cemitério de N. S. dos Remédios, em uma cerimônia que reuniu diversas autoridades e populares caxienses. Nos últimos anos de sua vida, a matriarca passou a viver de uma pensão concedida pelo Dr. Augusto Olympio Gomes de Castro, autoridade que também financiou o seu funeral.

Após a morte da mãe, Maria Magdalena da Silva, uma das irmãs de Gonçalves Dias pelo lado materno, continuou residindo no imóvel da família: uma casa simples de meia morada, com duas janelas em direção à rua (imagem acima). Em 1884, ao fazer uma visita à Caxias para a instalação da rede telegráfica, o engenheiro Guilherme Schüch (o Barão de Capanema) desejou conhecer a família do renomado poeta caxiense. Ao se dirigir a Rua das Tabocas, ficou espantado com a crítica situação financeira em que vivia a irmã de uma importante figura nacional. Na ocasião, deixou com Maria uma significativa ajuda financeira.

Comunicado, publicado no jornal Diário do Maranhão, em 1886, informando sobre o montante arrecadado em favor de Maria Magdalena.

Nesse mesmo período, a situação de penúria vivida por Maria estampou as páginas do jornal Echo Liberal, de Caxias. Tão logo a notícia fora espalhada, alguns cidadãos da capital do estado tomaram ciência da situação. Assim, determinados cavalheiros promoveram uma subscrição em favor da irmã de Gonçalves Dias, obtendo uma quantia perto de 200 mil réis. O montante garantiu a subsistência de Maria pelo período de um ano. Ao mesmo tempo, promoveram no Rio de Janeiro uma subscrição para o mesmo fim. Contudo, a ação não logrou êxito, tendo em vista que alguns cidadãos levantaram dúvidas se Gonçalves Dias teria, realmente, uma irmã.

No ano de 1886, diante das alegações de que Gonçalves Dias só tinha uma irmã, e esta se chamava Joana Gonçalves Dias, uma comissão (formada por: José do Rego Medeiros, Antônio de Sousa Coutinho e Francisco dos Reis Aguiar) soltou uma nota no jornal Pacotilha atestando que o poeta tinha mais irmãos pelo lado materno. Dizendo em certa altura da publicação: “Ora, se os filhos da madrasta do poeta são considerados irmãos, não vemos razão nenhuma para que o não sejam igualmente os filhos de sua própria mãe”.

Em 1886, conforme nota publicada no jornal Pacotilha (MA), dos quatro filhos de Vicência, só estava viva a filha mais velha, Maria Magdalena.

Em 1887, o jornal Gazeta noticiava que a irmã do poeta, impedida de trabalhar por conta da idade (já sexagenária), andava, de porta em porta, pedindo esmola nos lares de Caxias. A última notícia que se tem de Maria Magdalena data do ano de 1891, quando o Conselho da Intendência Municipal de Caxias mandou ser concedido mensalmente um auxílio de 10$ em seu favor. A casa da antiga Rua das Tabocas ainda ficou de pé por alguns anos; o IPHAN, por volta da década de 1940, chegou a fotografá-la. Tempos depois, o imóvel fora demolido. Atualmente, quem passa por aquele logradouro nem imagina que, um dia, ali habitou a mãe e irmãos do filho mais ilustre de Caxias. Dona Vicência, não fora homenageada nem como nome da via que, atualmente, leva o nome do sobrinho de Gonçalves Dias, o também poeta, Teófilo Dias.


Fontes de pesquisa: Jornal Pacotilha; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Jornal O Paiz; Depoimento de Daniel Lemos; Jornal A Luta Democrática; Anais da Biblioteca Nacional (RJ); Correio IMS; Jornal do Comércio (RJ); Jornal Gazeta; Diário do Maranhão.

Imagens da publicação: Ac. do IPHAN; Internet; Ac. IMS; Jornal Diário do Maranhão

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto

Bazar do Japão, a primeira casa comercial de Alderico Silva

Instalações do “Bazar do Japão” à Rua 1 de Agosto. Fotografia da década de 1930.

Fundada em 1932, o Bazar do Japão foi a primeira casa comercial do jovem, Alderico Jefferson da Silva, então com 23 anos de idade. Até criar a sua firma A. Silva, Alderico trabalhou, por quatorze anos, para o seu irmão mais velho, José Delfino, já demonstrando o seu tino empresarial.

Alderico Silva, em fotografia da década de 1930.

Com sua primeira instalação à Rua 1 de Agosto, n.7, equina com a Rua Riachuelo, o Bazar do Japão era uma casa com grande sortimento de mercadorias. Com importação de perfumes, chapéus, calçados, ferragens, louças e miudezas em geral. Dois anos após a sua inauguração, em 1936, muda-se para um imóvel de esquina, à Rua Aarão Reis (onde, na década de 1990, funcionou a TV Paraíso, também de Alderico Silva).

Dessa época, o escritor Libânio da Costa Lôbo (in memoriam) relembrou um acontecimento marcante: “Eis quando o Bazar do Japão foi alvo de um ladrão. Especioso ladrão. Desfalcou-lhe o estoque de mercadorias, com roubo do que havia de melhor e mais valioso. Com a inusitada circunstância de o estabelecimento não ter tido as portas arrombadas. O roubo ocorreu, com o meliante, adentrando-o pelo teto. Colhe dizer: retirou as mercadorias, ficando as portas do estabelecimento intactas. Como se ali ninguém houvesse penetrado”.

As instalações do “Bazar do Japão” à Rua Aarão Reis. Imagem da década de 1940.

Em 1939, tem início a Segunda Guerra Mundial, e fazendo parte do Eixo, junto a Alemanha Nazista, estava o Japão. Logo, Alderico percebeu que o nome de seu estabelecimento ficaria vinculado ao país oriental. Por esse motivo, bem como por uma estratégia de marketing, decide mudar o nome da casa para “Armazéns Caxias”. Com o sucesso obtido com suas estratégias de venda, o empresário cria mais duas filiais na cidade: a “Loja Maranhense”, à Praça da Matriz; e a “Casa das Modas”, à Rua 1 de Agosto.

Em uma das diversas versões da lenda, dizem que o apelido “Seu Dá” surgiu durante sua administração do Bazar do Japão, onde, devido ao alto número de vendas, aos baixos preços e ao excelente marketing, propagou-se a informação de que em seu comércio nada se vendia, mas se dava (informação propagada pelo próprio Alderico). As inimizades, por outro lado, imprimindo caráter pejorativo, o chamavam de “Seu Toma”.

Anúncio, do ano de 1937, publicado no jornal O Imparcial.

O Bazar do Japão, já como Aramazéns Caxias, funcionou durante a década 1950, quando, em 1959, o extenso imóvel passou a abrigar a primeira concessionária “Willys-Overland” de Caxias, também da firma A. Silva.


Fontes de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Livro Vulto Singular em Meio a Rico Mosaico/Autor: Libânio da Costa Lôbo; Jornal Voz do Povo.

Imagens da publicação: Acervo do IHGC; Site de Ezíquio Barros Neto; Jornal O Imparcial

Restauração das imagens: Brunno G. Couto

Palacete Castelo de Alderico Silva

Muito conhecido dos caxienses, o histórico palacete fora inaugurado em 18 de janeiro de 1952, na ocasião da celebração do 18 aniversário de casamento de Alderico e Dinir Silva. O engenheiro idealizador da edificação fora o cunhado de Alderico Silva, o político e engenheiro Alexandre Alves Costa.

Para a sua construção, fora necessária a formação de uma gigantesca equipe de operários: mestres de obras, pedreiros, marceneiros, eletricistas, etc (relação abaixo). Alguns dos aposentos que compõem o imóvel: hall de entrada, sala de estar, hall de saída, capela, quartos de hóspedes, salão de música, sala de jogos, sala de jantar, cozinha, adega, dispensa, atelier de costuras, terraço, átrio, quartos da família, roupeiro, pomar, etc.

Palacete na época de sua inauguração.
O casal Alderico e Dinir Silva (ao centro), durante a festa de inauguração do palacete.

As instalações eram compostas por: aposentos com piso de mosaicos S. Caetano, azulejos, lâmpadas japonesas e chinesas, lustres, lampadário colonial com pingentes de cristal, piano Essenfleld, etc.

Na festa de inauguração, estiveram presentes diversas autoridades do Maranhão e Piauí. Segue abaixo, um trecho do discurso proferido por Alderico Silva, durante a solenidade de inauguração:

“Meus amigos, permitam-me que eu cite aquelas tão célebres quão conhecidas palavras do imortal imperador romano, o grande o poderoso César Augusto: “Veni, vidi, vici”! – Vim, vi e venci. Sim eu vim da pobreza que não avilta, mas que crucia; eu senti, vezes tantas, o rigor do desconforto da vida dos não favorecidos pela sorte. Daqueles que, em virtude dos sofrimentos, não passam pela vida, como diz o aedo, mas que vivem, pois, é bem verdade que “quem passou pela vida e não sofreu, foi espectro de homem, não foi homem, só passou pela vida, não viveu”..

PESSOAS QUE TRABALHARAM NA OBRA:
  • Pedreiros: Benício Oliveira. Antônio Bertoldo, João de Deus, Antônio Soares, Cândido Neto, José Ribamar Silva, Pedro Cruz e Antônio Marques.
  • Acabamento: Felipe Barbosa (Mestre), Venâncio Santana, Amadeu Rodrigues, Francisco Rameiro, José de Ribamar Moraes, Waldimiro Sousa, Deusdeth Rodrigues, Francisco Thomaz e Antônio Oliveira.
  • Marceneiros: Joaquim Cunha (Mestre), Benedito Santana, Antônio Leite, Airton Oliveira, Sebastião Silva, Abrahão Santos, Raimundo Silva, Manoel Baldiuno, Dionísio Junior e Lourival Machado.
  • Carpinas: Domingos Braga (Mestre), José Fumaça, João Alves, Raimundo Bastos e Raimundo Guedes.
  • Encanadores: Manoel de Jesus Passos e Manoel Silva.
  • Jardim: Edson Raimundo da Silva.
  • Fonte Luminosa: Raimundo Santos.
  • Pintores: Antônio Vieira de Sales e Lino Corrêa Lima.
  • Eletricista: Milton Kós. Ajudante: Leopoldo Santos.
  • Aplicação de Lustres: Felipe Teixeira Neto. Auxiliar: Albino Machado.
  • Aplicação pias lavatórios: Manoel Silva.
  • Cortinas: Casa das Cortinas Ltda. (RJ)
  • Móveis de Estilo: Vitório Azzaltm (SP), Pinho Breltman (RJ)
  • Móveis de Couro: Antônio F. Santos (RJ)
  • Quadros a Óleo: Benedita Ribeira e R. Santos.

Abaixo algumas fotos* (atuais) do palacete:

Escadaria que leva ao piso superior do imóvel.
Piso de mosaico São Caetano.
Biombo, em madeira, que divide um dos aposentos
Brasão da família Costa Silva.
Sala de Música.
Pintura representando a morte do poeta Gonçalves Dias. Obra do artista plástico caxiense Munidco Santos.
Detalhes da escadaria.
Sala de Jantar.
Varanda.
Vista do coreto.

*As fotografias da parte interna e externa do imóvel foram feitas com autorização do proprietário. A residência não é aberta para visitação.

Em 2015, a TV Sinal Verde, de Caxias, produziu uma reportagem sobre o casarão. Vale a pena conferir:


Imagens da publicação: Jornal O Combate; Acervo Público do IBGE; Acervo de Brunno G. Couto; TV Sinal Verde. 

Restauração: Brunno G. Couto

Fonte: Jornal O Combate

Edifício Isany

Armando Gonçalves

Neste sobrado em art decó, foi instalada, em 29 de abril de 1940, a primeira subagência do Banco do Brasil, do estado do Maranhão (que, até então, só estava presente na capital). Como primeiro gerente, fora nomeado o sr. Armando Gonçalves.

O prédio é um dos poucos que ainda mantém sua fachada original (apesar de algumas alterações). Está localizado próximo a Livraria Graúna. É de propriedade da família Leitão.

O edifício à época de sua inauguração.

Fonte: Livro Cartografias Invisíveis/Ano: 2014; Hemeroteca Digital.

Imóvel da Família Castelo

Imóvel onde funcionou o complexo de armazenamento dos produtos da fábrica do Engenho D’água da família Castelo Branco da Cruz, nos séculos XIX e XX.

Localização: Entre a Tv. José da Cruz e a Rua Cristino Cruz.