Em 1899, o escritor Henrique Maximiano Coelho Netto, no alto de seus 35 anos de idade, já gozava do status de celebridade literária nacional. E fora nesse ano que o intelectual caxiense resolveu revisitar suas origens, fazendo uma visita a seu estado natal – em terras que não pisava há quase trinta anos, desde que mudou-se para o Rio de Janeiro com os pais.
No dia 08 de junho, chega à capital do estado, sendo fortemente ovacionado pelo povo ludovicense e recepcionado pelo Governador do Maranhão. Na ilha, visitou fábricas, escolas, grêmios estudantis, bem como assistiu a peças teatrais e realizou conferências. Mas o município mais ansiado pelo escritor era outro. Caxias, sua cidade natal, já aguardava ansiosamente a chegada de um de seus filhos mais ilustres. Dessa forma, no dia 18 daquele mês, Coelho Netto, acompanhado de uma caravana, dirigisse ao Cais da Sagração e embarca no vapor Carlos Coelho rumo à princesa do sertão; chegando à cidade na manhã do dia 24.
Assim que chegaram notícias sobre a aproximação da embarcação ao município, fora realizado, no Morro do Alecrim, um tiro de salva, seguido de uma girândola de 20 dúzias de foguetes. Grande foi a concentração popular que deslocou-se ao porto a fim de receber o ilustre conterrâneo. Ao som harmonioso da banda de música do maestro Carimã Junior, bem como sob o alegre estrondear de mil foguetes, Coelho Netto pisou em solo caxiense.
Dali, a multidão saiu em comitiva em direção ao casarão do coronel José Castelo Branco da Cruz, onde o escritor ficaria hospedado. O trecho da rua em que passava o autor de “Miragem”, partindo da Rua Benedito Leite até um ponto da Rua Doutor Berredo, se achava artisticamente ornamentado com bandeirolas e flores silvestres. Ao fim do trajeto encontrava-se uma coluna de grande elevação onde constavam inscrições contendo datas gloriosas e nomes inesquecíveis de vultos pertencentes ao meio intelectual maranhense. Em pedestais, pendiam emblemas com os nomes de todas as produções literárias de Coelho Netto.
Assim que chegou ao casarão de Casé Cruz, o escritor ouviu um inspirado discurso do dr. Rodrigo Octávio Teixeira, então Juiz de Direito da Comarca de Caxias. Logo após, pediu a palavra para agradecer toda aquela manifestação de carinho de seus patrícios. Em seguida, assistidos pela multidão presente, os jovens Agnelo Franklin da Costa e Simão Ribeiro também utilizaram-se da retórica para tecer comentários elogiosos ao visitante. Às 12h daquele dia festivo, realizou-se um grande almoço oferecido pelos abonados hospedeiros, os irmãos Cristino e José Cruz. À noite, Coelho recebeu a visita de diversos vultos da sociedade caxiense.
Um dos principais desejos de Coelho Netto era voltar à casa onde residiu até os 06 anos de idade, localizada à Rua da Palma. Dessa forma, o escritor, junto a uma comitiva, dirigiu-se ao referido logradouro. Na ocasião, o singelo imóvel já pertencia a outra família. Analisando todos os detalhes da residência, o escritor proferiu um longo e emocionado discurso sobre suas memórias de infância. Durante a visita, o célebre visitante fora informado de que a Câmara Municipal havia alterado o nome daquela rua em sua homenagem; sendo, na ocasião, fixada uma placa que levava seu nome (até hoje a rua ostenta o nome de Coelho Netto).
Durante cinco dias, Coelho Netto visitou diversas localidades, como: Morro do Alecrim, fábricas têxteis no Ponte, de Manufatura, e a “Sanharó” na Tresidela. Seguindo a tradição, bailes foram organizados em homenagem ao poeta. No dia 28, a convite da sociedade piauiense, viaja até Teresina. Ao retornar no dia seguinte, realiza uma visita ao empreendimento dos irmãos Cruz, a Usina de Açúcar do Engenho D’água. Permanece mais três dias em Caxias, onde, na noite de 01 de julho, é realizada nas dependências do Teatro Fênix uma festa de despedia. E assim, naquela mesma madrugada, Coelho Netto despediu-se de sua terra. O escritor nunca mais voltaria à Caxias.
Fontes de pesquisa: Jornal O Combate; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto
Imagens da publicação: Internet; Álbum do Maranhão de 1908; Acervo do Autor; Acervo do IHGC
Toda cidade, principalmente as de interior, tem aquelas figuras excêntricas que integram a sua história. Popularmente – e pejorativamente – chamados de “doidos”, esses indivíduos marcam tanto o imaginário da população, que, vez ou outra, os seus mirabolantes apelidos são relembrados em rodas de conversa. Nomes como: “Pipoca”, “Pipoco”, “Meio-Quilo”, “Me dá um dinheiro aí”, “Manga Rosa” etc., são alcunhas que não saem da memória dos mais saudosistas.
Apesar da fama que levam, são figuras que pouco se sabe a história pretérita – nome de batismo, idade, ramo familiar etc. E fazendo parte desse rol de “malucos”, estava – talvez o mais famoso deles -, João Golinha. Figura muito popular nas ruas caxienses durante as décadas de 1940 à 1960, que chegou, inclusive, a protagonizar uma crônica de autoria do clérigo caxiense Mons. Arias Cruz.
Como não poderia ser diferente, quase nada se sabe sobre as origens de João Golinha; apenas seu nome de batismo: João Batista Siqueira. É provável que o apelido “Golinha” seja em referência à pequena ave (de cor preto e branco) de mesmo nome. Alto, esguio, de pele morena, rosto alongado e cabelos longos, trajava sempre a mesma indumentária: calça e blusão da mesma cor, cinza, um grande terço pendente do pescoço e rosário na mão. Devido a falta do asseio regular, o seu cheiro não era dos melhores. Invariavelmente andava com papelões em baixo do braço e com uma pequena lata de leite condensado vazia, ou já abastecida com café, que saia pedindo de porta em porta. Sobre esse ritual do andarilho, o caxiense Antônio Augusto Brandão relembra as visitas matinais que João Golinha fazia à casa de sua família à Rua Benedito Leite: “Certos dias chegava na hora do café. Pedia água – que sorvia em goles empunhando a garrafa de certa altura da boca -, manteiga – que misturava ao café -, pão e tudo mais que tinha direito. Depois dessa primeira refeição, ajoelhava-se no meio da sala e rezava à sua maneira, em voz alta, pausada e clemente a Deus, agradecido pela acolhida e desejando mil venturas para a sua ‘santa’ Nadir, minha mãe, e seu esposo Brandão, meu pai”.
Muito religioso, João Golinha era adepto do ecumenismo, frequentava desde as missas católicas aos cultos protestantes (sendo mais assíduo nas celebrações católicas). Assim que entrava na igreja, fazia o sinal da cruz e começava a rezar em tom de voz barulhento, o que não era bem visto pelos fiéis, bem como pelo respectivo celebrante. Quando o relógio marcava meio-dia, era hora de João Golinha rezar ajoelhado no meio da Praça Gonçalves Dias, sendo este comportamento alvo de diversas zombarias pelos que ali passavam. Não deixava barato. Xingava e discutia com todos os que se atreviam a ridiculariza-lo. Contudo, por ser dono de uma personalidade inofensiva, não chegava as vias de fato.
Apesar do comportamento que fugia da normalidade, Golinha frequentava as casas de várias famílias, gozando da proteção de todas, e não poucas crianças lhe pediam a benção (na maioria dos casos, por medo). Na hora do almoço, voltava a bater nas portas em busca de um prato de comida, como relembra Brandão: “Na hora do almoço o ritual era diferente: vinha vestido com a mesma roupa de sempre, mas todo molhado. É que havia banhado, nu, no nosso querido rio Itapecuru; como não gostava de toalha, vestia a roupa assim mesmo, sem enxugar-se. E saia do rio pela rua do Porto Grande, a pé, sol a pino, no rumo certo da nossa casa, para fazer sua segunda e pródiga refeição. Comia o que gostava mais, num prato fundo: arroz bem farto, muito feijão, assado de panela, farinha seca e muita pimenta. Depois, como se vivesse em país onde tal procedimento é demonstração de ter gostado da comida, dava o maior arroto!”.
Quando o céu caxiense escurecia, Golinha passava desejando “boa noite” às famílias que se encontravam proseando à porta de casa. Era hora de repousar para no dia seguinte sair batendo perna pela cidade, cumprindo o mesmo ritual de sempre.
João Golinha faleceu no ano de 1963, em idade desconhecida. Infelizmente, não se tem notícia de nenhum registro fotográfico seu – a sua imagem ficou restrita à memória daqueles que o conheceram pessoalmente. Dois anos após a sua passagem para o plano superior, Mons. Arias Cruz publicou uma crônica em sua homenagem, onde ao fim do texto escreveu: “[João Golinha] Em tudo o mais ‘era um amor’.
Fontes de pesquisa: Jornal do Maranhão; Crônica “Tipos Inesquecíveis” de Antônio Augusto Ribeiro Brandão; Livro Quinteto/Autor: Libânio da Costa Lôbo
O Congresso Eucarístico e Sacerdotal de 1937 é, até hoje, um dos pontos mais altos da história religiosa de Caxias. Realizado entre 29 de junho e 04 de julho, teve duração de 06 dias, e, segundo periódicos da época, chegou a reunir mais de 12 mil fiéis. De acordo com Dom Carmelo Mota, Arcebispo de São Luis, uma das principais finalidades do Congresso era: “despertar no povo o amor a Jesus-Hóstia”, bem como a de “lembrar ao povo o dever de trabalhar pelo aumento das vocações sacerdotais em terras do Maranhão”.
Com a Comissão Central do Congresso (presidida por Pe. Gilberto Barbosa) organizada em Caxias, fora dado início aos preparativos do evento. Nas diversas paróquias foram feitas coletas, de março a junho, para as despesas do Congresso. Pe. Frederico Chaves, por sua vez, ficou encarregado do setor de transportes e hospedagem dos diversos romeiros que, em sua maioria, viriam do Maranhão e Piauí.
E, como parte da celebração do vindouro Congresso, fora idealizado, pelo engenheiro José Amaral de Mattos, um Altar Monumento a ser erguido no largo de São Sebastião. Membro da Ação Católica, Amaral de Mattos idealizou um alto cruzeiro com quatro faces dirigidas para os quarto pontos cardeais , onde quatro missas poderiam ser celebradas ao mesmo tempo; ao centro, duas cruzes entrelaçadas, iluminadas por fortes projetores elétricos, ficando um no topo da haste.
A ideia das múltiplas celebrações simultâneas se dava pelo fato de que, durante o Congresso, muitas seriam as teses e missas campais apresentadas por diferentes sacerdotes do Maranhão; o próprio pe. Luiz Marelim – que 04 anos depois iria se tornar o primeiro Bispo de Caxias – era um deles.
Em maio daquele ano, a Comissão resolveu transferir o Altar para a praça Cândido Mendes, em frente a Igreja Matriz; por esta ficar no centro da cidade, acharam ser o local mais adequado. Com a alteração, a planta original do monumento teve que sofrer algumas mudanças, mas nada de muito significativo. O custeamento da obra ficou a cargo da indústria e comércio caxiense, que aceitaram de bom grado as alterações e o acréscimo monetário decorrente. E assim, em junho de 1937, fora iniciada a obra, sendo o dr. Eugênio Batistela o seu construtor.
Conforme o planejado, o grande monumento cumpriu o seu intuito original. Considerado o marco do Congresso, ao seu redor foram celebradas quatro missas simultâneas, bem como apresentação de teses e uma grande missa de primeira comunhão. Após o Congresso, o monumento, aos poucos, foi sendo abandonado. Pelas suas características estruturais, é provável que o cruzeiro tenha sido pensado como algo temporário. E como a sua destinação original já não era mais possível de ser realizada, os caxienses passaram a olhar com indiferença para a grande estrutura. Sendo instalado, alguns anos depois, uma pequena contenção de concreto e aço no seu entorno.
Treze anos depois, alguns comerciantes começaram a se mobilizar para a construção de um novo altar; onde nele seria instalada uma réplica do Cristo Redentor do Rio de Janeiro (inaugurado 19 anos antes), a ser feita pelo artista plástico caxiense Mundico Santos. Destarte, o antigo Altar Monumento fora demolido, e, em seu local, no dia 01/11/1950, após cinco meses de construção, a nova obra fora inaugurada. Medindo quase 13m (estátua + pedestal), até hoje, mais 70 anos depois, a estrutura encontra-se erguida em seu local de origem. Na base de seu pedestal fora fixada uma placa com inscrições que relembram o Congresso Eucarístico de 1937, a origem de tudo.
Fontes de pesquisa: Livro Caxias, 50 Anos de Diocese 1939 – 1989/Autor: Pe. José Mendes Filho; Jornal Semanário da União de Moços Católicos; Jornal Cruzeiro; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto.
Imagens da publicação: Ac. do IPHAN; Semanário da União de Moços Católicos; Internet; Página do Facebook “O Farol Caxiense”
No ano de 1947, como parte integrante das comemorações do dia consagrado a Independência de Caxias, os Diretores da Sociedade dos Amigos de Dias Carneiro (S.A.D.C.), em cooperação com a Prefeitura Municipal e as autoridades esportivas, organizaram um vasto programa de competições esportivas no balneário Veneza – que, nessa época, devido a vasta mata virgem, tinha proporções mais modestas, restringindo-se basicamente a uma ampla piscina natural, alguns balanços de madeira e cabanas cobertas de palha (imagem abaixo).
Dessa forma, no dia 1 de agosto, uma grande quantidade de pessoas, de todas as classes sociais, compareceu ao respectivo balneário, acompanhando, do interior das barracas e à sombra das árvores, a realização das competições. Além das competições aquáticas, foram realizadas outras provas, como: corrida com carga, corrida de resistência, cabo de guerra, saltos etc. Os diretores das diversas provas disputadas tiveram o auxílio dos seguintes cidadãos: Alderico Silva (Presidente da Comissão), Prof. José de Augustinis, Oscar Abrahan, Dr. Izidro Garcia de Freitas, Nachor Carvalho e Sargente Lourival Bulamarque.
O resultados foram os seguintes:
Corrida de Bicicleta – Vencedor: José de Ribamar Papagaio
1 Prova Aquática – Vencedor: Cabelo Duro
2 Prova Aquática – Vencedor: Francisco Castro
3 Prova Aquática – Vencedor: José Ribamar Silva
Corrida de Estafeta – Disputada pelas representações do Tiro de Guerra 194 e Liga Esportiva Caxiense – Vencedor: Cabelo Duro (tempo 2′ 15”), pela Liga Esportiva Caxiense
Corrida com Carga – Representações do T.G. 194 e Fábrica Manufatura – Vencedor: T.G. 194
Corrida de Resistência – 3.000 m – Representações do T.G. 194 E L.E.C. – Vencedor: Ananias, pela Liga
Cabo de Guerra – Representações do T.G. 194 e Fábrica Manufatura – Vencedor: T.G. 194
Mergulho – Vencedor: Albuquerque
Resistência – Vencedor: José João de Menezes
Saltos – Vencedor: Patoense
Fonte de pesquisa: Jornal Diário de São Luiz
Imagens da publicação: Revista O Cruzeiro; Jornal Diário de São Luiz
Muito presente nos antigos casarões, os azulejos – em sua maioria, portugueses e do século XIX – são registros da bonança das famílias abastadas caxienses. De beleza única, infelizmente algumas dessas peças – devido a falta de conservação ou pela crescente especulação imobiliária -, estão, aos poucos, desaparecendo do cenário da cidade.
Proveniente do período colonial a utilização de azulejos, além do objetivo estético de decoração do imóvel, tinha uma utilidade mais prática, como explica o arquiteto Eziquio Neto: “Uma das características da arquitetura colonial é a adaptação ao clima da região. Um pé-direito alto para melhor conforto térmico, portas com bandeiras vazadas, grandes janelas com venezianas para uma melhor ventilação e posteriormente o revestimento da fachada em azulejo. O revestimento em azulejo garante uma maior impermeabilidade da parede durante as chuvas e maior conforto térmico, pois absorve pouco calor. Segundo historiadores, a técnica de decorar a fachada com azulejo nasceu em São Luís e passou a ser usada em Portugal na época da reconstrução, após o terremoto [ocorrido em Lisboa, em 1775]. Apesar de grandes fabricantes e importadores, os portugueses usavam a peça apenas no interior das casas”.
Abaixo, estão fotografias que mostram, em detalhes, a beleza de alguns dos azulejos que compõem o acervo caxiense:
No Edifício Duque de Caxias, um dos imóveis mais antigos da cidade, encontra-se a única amostra de azulejos portugueses em relevo da princesa do sertão; são datados do século XIX. Vale lembrar que essas peças nem sempre estiveram ali. Ocorre que, em 1944, quando o empresário José Delfino comprou um imóvel no largo de São Benedito, onde havia funcionado a escola da professora Quininha Pires, ele mandou retirar os azulejos portugueses e os transferiu para a fachada do supracitado edifício da praça Gonçalves Dias. Infelizmente, com o passar do tempo, essas peças não receberam a conservação necessária, e muitas delas foram cobertas de tinta, enquanto outras estão em mau estado de conservação (imagens abaixo).
Cada vez mais raros, os antigos azulejos ainda podem ser vistos – apesar da intensa poluição visual – em alguns imóveis espalhados por Caxias. Parte integrante da história da cidade, são peças de beleza singular que merecem ser preservadas.
Fontes de pesquisa: Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Livro Cartografias Invisíveis/Diversos Autores.
Antônio Gonçalves Dias, o maior poeta caxiense, faleceu no dia 03/11/1864, no naufrágio do navio Ville Bologna. À época, sua mãe, d. Vicência Mendes Ferreira, não morava com o poeta, e sim com os filhos que tivera com outro esposo, eram eles: Maria Magdalena da Silva (a mais velha), Carlota, Raimunda e Sebastião Correia de Araújo; residindo no antigo Beco das Violas (Também conhecido como Rua das Tabocas. Atualmente chama-se: Rua Teófilo Dias), em Caxias. A situação da família não era nada fácil, necessitando do mínimo para subsistência.
De acordo com o historiador Arthur Almada Lima Filho, em seu livro “Efemérides Caxienses”, d. Vicência, mulher mestiça de origem indígena, foi concubina e funcionária do pai de Gonçalves Dias, o português João Manuel Gonçalves Dias (negociante abastado). Com os pais biológicos, residindo em um sobrado à Rua do Cisco (Atual Fause Simão), Gonçalves Dias passou os primeiros anos de sua infância. No endereço também funcionava a casa comercial do patriarca.
Em 1829, logo que se casou legalmente com d. Adelaide Ramos D’Almeida, pertencente a uma ilustre família de São Luis, o patriarca fez questão de trazer o pequeno Gonçalves Dias (que tinha por volta de seis anos de idade), para a sua companhia e da madrasta. Manuel e Adelaide tiveram mais quatro filhos: João Manoel, José Gonçalves, Domingos Gonçalves e Joana Gonçalves Dias (mãe do advogado e poeta Teófilo Dias).
O casal continuou a morar no imóvel à Rua do Cisco, enquanto D. Vicência teve que procurar uma nova residência (é quando passa a morar na atual Rua Teófilo Dias). Informações de pesquisadores dão conta de que ‘seu’ Manuel proibiu o filho de visitar a sua verdadeira mãe, a qual reencontraria somente quinze anos depois. Após o falecimento do pai, em 1837, o jovem passou a ser criado por d. Adelaide Dias (falecida em 02/03/1877, em Caxias).
Desde a morte de Gonçalves Dias, autoridades, sabendo das condições de d. Vicência, passaram a enviar mesadas para ajudar em suas despesas; o cidadão Antônio Henriques Leal fora um desses benfeitores. Vale lembrar que, no dia 24/03/1866, pouco mais de dois anos após a morte do filho, d. Vicência, herdeira de Gonçalves Dias – talvez por falta de instrução ou por pressão exterior -, cedeu, “de forma gratuita, plena e inteira”, os direitos de propriedade das obras inéditas e impressas do poeta à viúva do filho, Olympia Gonçalves Dias.
Segundo o IMS: “Olympia, filha do doutor Cláudio Luis da Costa, fundador do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, casou-se com Gonçalves Dias em 1852, quando o poeta amargava a recusa de seu pedido de casamento feito à mãe da jovem Ana Amélia Ferreira do Vale, por quem nutriu uma grande paixão. A união de Olympia e Gonçalves Dias durou quatro anos infelizes, e dele nasceu uma filha, Joana, que morreu antes de completar dois anos”.
A mãe biológica do poeta faleceu aos 81 anos, em 1879; sendo, no dia 15 de novembro, sepultada no cemitério de N. S. dos Remédios, em uma cerimônia que reuniu diversas autoridades e populares caxienses. Nos últimos anos de sua vida, a matriarca passou a viver de uma pensão concedida pelo Dr. Augusto Olympio Gomes de Castro, autoridade que também financiou o seu funeral.
Após a morte da mãe, Maria Magdalena da Silva, uma das irmãs de Gonçalves Dias pelo lado materno, continuou residindo no imóvel da família: uma casa simples de meia morada, com duas janelas em direção à rua (imagem acima). Em 1884, ao fazer uma visita à Caxias para a instalação da rede telegráfica, o engenheiro Guilherme Schüch (o Barão de Capanema) desejou conhecer a família do renomado poeta caxiense. Ao se dirigir a Rua das Tabocas, ficou espantado com a crítica situação financeira em que vivia a irmã de uma importante figura nacional. Na ocasião, deixou com Maria uma significativa ajuda financeira.
Nesse mesmo período, a situação de penúria vivida por Maria estampou as páginas do jornal Echo Liberal, de Caxias. Tão logo a notícia fora espalhada, alguns cidadãos da capital do estado tomaram ciência da situação. Assim, determinados cavalheiros promoveram uma subscrição em favor da irmã de Gonçalves Dias, obtendo uma quantia perto de 200 mil réis. O montante garantiu a subsistência de Maria pelo período de um ano. Ao mesmo tempo, promoveram no Rio de Janeiro uma subscrição para o mesmo fim. Contudo, a ação não logrou êxito, tendo em vista que alguns cidadãos levantaram dúvidas se Gonçalves Dias teria, realmente, uma irmã.
No ano de 1886, diante das alegações de que Gonçalves Dias só tinha uma irmã, e esta se chamava Joana Gonçalves Dias, uma comissão (formada por: José do Rego Medeiros, Antônio de Sousa Coutinho e Francisco dos Reis Aguiar) soltou uma nota no jornal Pacotilha atestando que o poeta tinha mais irmãos pelo lado materno. Dizendo em certa altura da publicação: “Ora, se os filhos da madrasta do poeta são considerados irmãos, não vemos razão nenhuma para que o não sejam igualmente os filhos de sua própria mãe”.
Em 1886, conforme nota publicada no jornal Pacotilha (MA), dos quatro filhos de Vicência, só estava viva a filha mais velha, Maria Magdalena.
Em 1887, o jornal Gazeta noticiava que a irmã do poeta, impedida de trabalhar por conta da idade (já sexagenária), andava, de porta em porta, pedindo esmola nos lares de Caxias. A última notícia que se tem de Maria Magdalena data do ano de 1891, quando o Conselho da Intendência Municipal de Caxias mandou ser concedido mensalmente um auxílio de 10$ em seu favor. A casa da antiga Rua das Tabocas ainda ficou de pé por alguns anos; o IPHAN, por volta da década de 1940, chegou a fotografá-la. Tempos depois, o imóvel fora demolido. Atualmente, quem passa por aquele logradouro nem imagina que, um dia, ali habitou a mãe e irmãos do filho mais ilustre de Caxias. Dona Vicência, não fora homenageada nem como nome da via que, atualmente, leva o nome do sobrinho de Gonçalves Dias, o também poeta, Teófilo Dias.
Fontes de pesquisa: Jornal Pacotilha; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Jornal O Paiz; Depoimento de Daniel Lemos; Jornal A Luta Democrática; Anais da Biblioteca Nacional (RJ); Correio IMS; Jornal do Comércio (RJ); Jornal Gazeta; Diário do Maranhão.
Imagens da publicação: Ac. do IPHAN; Internet; Ac. IMS; Jornal Diário do Maranhão
Fundada em 1932, o Bazar do Japão foi a primeira casa comercial do jovem, Alderico Jefferson da Silva, então com 23 anos de idade. Até criar a sua firma A. Silva, Alderico trabalhou, por quatorze anos, para o seu irmão mais velho, José Delfino, já demonstrando o seu tino empresarial.
Com sua primeira instalação à Rua 1 de Agosto, n.7, equina com a Rua Riachuelo, o Bazar do Japão era uma casa com grande sortimento de mercadorias. Com importação de perfumes, chapéus, calçados, ferragens, louças e miudezas em geral. Dois anos após a sua inauguração, em 1936, muda-se para um imóvel de esquina, à Rua Aarão Reis (onde, na década de 1990, funcionou a TV Paraíso, também de Alderico Silva).
Dessa época, o escritor Libânio da Costa Lôbo (in memoriam) relembrou um acontecimento marcante: “Eis quando o Bazar do Japão foi alvo de um ladrão. Especioso ladrão. Desfalcou-lhe o estoque de mercadorias, com roubo do que havia de melhor e mais valioso. Com a inusitada circunstância de o estabelecimento não ter tido as portas arrombadas. O roubo ocorreu, com o meliante, adentrando-o pelo teto. Colhe dizer: retirou as mercadorias, ficando as portas do estabelecimento intactas. Como se ali ninguém houvesse penetrado”.
Em 1939, tem início a Segunda Guerra Mundial, e fazendo parte do Eixo, junto a Alemanha Nazista, estava o Japão. Logo, Alderico percebeu que o nome de seu estabelecimento ficaria vinculado ao país oriental. Por esse motivo, bem como por uma estratégia de marketing, decide mudar o nome da casa para “Armazéns Caxias”. Com o sucesso obtido com suas estratégias de venda, o empresário cria mais duas filiais na cidade: a “Loja Maranhense”, à Praça da Matriz; e a “Casa das Modas”, à Rua 1 de Agosto.
Em uma das diversas versões da lenda, dizem que o apelido “Seu Dá” surgiu durante sua administração do Bazar do Japão, onde, devido ao alto número de vendas, aos baixos preços e ao excelente marketing, propagou-se a informação de que em seu comércio nada se vendia, mas se dava (informação propagada pelo próprio Alderico). As inimizades, por outro lado, imprimindo caráter pejorativo, o chamavam de “Seu Toma”.
O Bazar do Japão, já como Aramazéns Caxias, funcionou durante a década 1950, quando, em 1959, o extenso imóvel passou a abrigar a primeira concessionária “Willys-Overland” de Caxias, também da firma A. Silva.
Fontes de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Livro Vulto Singular em Meio a Rico Mosaico/Autor: Libânio da Costa Lôbo; Jornal Voz do Povo.
Imagens da publicação: Acervo do IHGC; Site de Ezíquio Barros Neto; Jornal O Imparcial
“Sonhar é fácil. Difícil é transformar o sonho em realidade. Este é o desafio que sempre enfrentei ao longo da vida” – Antônio Martins Filho
Antônio Martins Filho nasceu no Crato (CE), no dia 22/12/1904, filho de Antônio Martins de Jesus e Antônia Leite Martins. Na infância, foi considerado uma criança problemática. Enquanto alguns membros da família não acreditavam em seu sucesso na vida, a sua avó, Maria da Soledade, afirmava: “Antônio é um menino ativo, um menino inteligente. Antônio vai ser muita coisa na vida”.
Aos 11 anos de idade, Martins Filho consegue o seu primeiro emprego, trabalhando como aprendiz de tipógrafo no periódico Gazeta Cariri, no Crato. Nessa época, o jovem também passou a se destacar como intelectual: poeta e, principalmente, orador. Fundando, junto a alguns colegas, a Academia dos Infantes, que tinha como patrono o poeta Augusto dos Anjos.
Posteriormente, passa a atuar como caixeiro viajante para a firma Lundgren & Cia. Ltda, proprietária das lojas “A Pernambucana” e “A Paulista”, espalhadas nos Estados do Ceará, Piauí, Maranhão e Pará. “Eu andava às turras com o gerente da loja do Crato, onde trabalhava, como caixa das vendas a retalho. O gerente era um homem capaz, porém bastante grosseiro e, às vezes, até agressivo. Pensava em despedir-me do emprego, quando a Casa Matriz da firma, em Fortaleza, convidou-me para gerenciar sua filial de Caxias, no Maranhão. Minha família não recebeu de bom grado a minha ida para Caxias, mas aceitei a oferta e, em breve, assumi as funções do meu novo cargo” relembraria Martins Filho anos mais tarde.
Chega à Caxias, em 1925, aos 21 anos de idade. A loja “A Paulista”, a qual Martins gerenciava, localizava-se à Praça de Gonçalves Dias (onde, atualmente, localiza-se o Banco Bradesco). Combinando o seu lado intelectual ao seu tino comerciário, Martins Filho fazia versos para divulgar a sua casa comercial – como o próprio explica no vídeo abaixo:
Em Caxias, sua cidade adotiva, Martins Filho, até então solteiro, conhece a jovem Maria Tote de Moura Carvalho, filha de Nephtaly Carvalho e Dolores Moura. Junto à família, a jovem residia em um casarão à Rua São Benedito, no centro da cidade. E, assim, em 20/04/1927, o casal sela união. Depois do matrimônio, Martins Filho passa nove meses como gerente da loja “A Pernambucana”, em Picos, Piauí; retornando, logo em seguida, à Caxias.
Com as economias obtidas na “A Paulista”, em julho de 1928, Martins pede demissão do emprego. Em seguida, associa-se à firma Araújo Carvalho & Cia, de Nachor Carvalho, estabelecendo-se como comerciante de tecidos, miudezas, secos e molhados, vendas em grosso e a retalho. Tratava-se da loja da Rua Aarão Reis, “A Cearense”, a qual Martins Filho era sócio chefe e principal responsável; chegando abrir filiais em Codó e Pedreiras.
Após a Revolução de 1930, junto ao amigo Ausônio Câmara, Martins resolve editar um jornal, nomeando-o de Voz do Povo. A redação do jornal era composta por: Arhur Almada Lima (redator secretário), Ausônio Câmara (diretor), Martins Filho, Affonso Cunha, Almir Cruz, Dr. Martinho Chaves e Antônio Pinheiro. O escritório do jornal funcionava à Praça Gonçalves Dias.
Nesse período, Caxias passou a ser administrada por diferentes Interventores Federais, sendo o jornal importante veículo de informação: “Fazíamos uma verrina enorme contra dos poderosos de então, desde que as arbitrariedades fossem identificadas. O poderio dos Interventores Federais era muito grande, porém nós agíamos com bastante coragem, baseados no princípio da liberdade de imprensa, que, não obstante, nos metia em sérias dificuldades” relembraria Martins. Anos depois, devido a divergências intelectuais, Martins renuncia a posição de Redator, passando a ser mero colaborador.
Em 1931, após tomar ciência da fundação de uma Faculdade de Direito em Teresina, Martins Filho, junto aos amigos Ausônio Câmara e Almir Cruz, resolve fazer a inscrição. No exame de admissão concorreram mais de 50 candidatos, 23 dos quais foram aprovados, incluindo Martins e Ausônio. Como a distância de Caxias à Teresina não é muito longa, todas as sextas-feiras Martins tomava o trem e só voltava na segunda-feira, às 9h da manhã. Era um aluno de fim de semana, o que não o impediu de conseguir boas notas, bem como um base jurídica bastante sólida. Junto a Ausônio, Martins passa a advogar em Caxias, com o seu escritório funcionando na redação do jornal Voz do Povo.
Nesse período, Martins foi nomeado por Ato do Interventor Federal, 1 Suplente de Juiz de Direito da 1 Vara de Caxias. Tomou posse e, logo depois, o Juiz Titular da 1 Vara, Dr. Jansen Pereira, entrou de licença tendo o jovem que o substituir, na forma da lei. “Foram um verdadeiro sufoco os meus primeiros dias no exercício do Juizado, onde era tratado por ‘Meritíssimo’ pelas partes e pelo Escrivão João Morais que, na intimidade, fazia severas críticas as gafes que eu cometia, nas minhas altas funções de autoridade judiciária…”.
Preocupado com o cenário educacional em Caxias, e muito influenciado por sua esposa, d. Maria Tote, que era professora, Martins Filho, junto ao colega de turma Clodoaldo Cardoso (que passou a exercer as atribuições de Coletor Estadual em Caxias), passa a discutir sobre a possibilidade de se instalar no município um estabelecimento de ensino de segundo grau. Naquela época, após a conclusão do curso primário, os caxienses não tinham como prosseguir seus estudos, a não ser os filhos das famílias mais abastadas, que os mandavam para a capital do Estado (São Luis), para Teresina, ou mesmo para outros centros de ensino mais avançados.
Como o Governo do Estado não estava preocupado com o assunto, os jovens contaram com a ajuda do colega de turma, Ausônio Câmara, que, na oportunidade, exercia as funções de Prefeito de Caxias. Dele obtiveram a autorização para o uso do Teatro Fênix, onde funcionaria parte do Ginásio. A Secretaria, a Diretoria e as salas de aulas passaram a funcionar na casa contígua ao Teatro, que Martins Filho adquiriu com recursos próprios, pagando seis contos de réis (que depois foram reembolsados em pequenas parcelas, à medida que eles iam conseguindo colocar ações na Sociedade mantenedora do Ginásio).
Contando, no Rio de Janeiro, com a cooperação de um grande maranhense, Dr. Antônio Carvalho Guimarães, eles conseguiram o reconhecimento do Ginásio pelo Governo Federal, sendo então nomeado Fiscal do Governo o Dr. Alcindo Guimarães. Assim, em 01/10/1935, era fundado o Ginásio Caxiense. Após o reconhecimento oficial do Ginásio Caxiense, houve festa pública, com diversos discursos. Sobre este dia, Martins Filho relembraria com ressentimento: “Foram exaltados os nomes de muitas pessoas que aderiram ao movimento na última hora. O meu, porém, inteiramente esquecido, porque eu estava doente e, por isso, afastado temporariamente do estabelecimento, ao ser oficializado. (…) Eu também já sabia que no mundo é sempre assim: uns trabalham denodadamente, enquanto outros usufruem os louros, quando eles aparecem…”. No Ginásio, além de ser um dos fundadores, Martins também foi professor de História e Geografia e ainda seu Diretor.
Nos anos seguintes, já com cinco filhos e bacharel em Direito, Martins vivia doente (com malária e apendicite crônica) e preocupado com os seus negócios. Além disso, uma de suas filhas vinha sofrendo crises muito fortes de impaludismo. Dessa forma, decide quitar suas mercadorias, visando, logo em seguida, retornar ao Ceará. Assim, em abril de 1937, retorna, junto à família, ao seu Estado natal, fixando residência em Fortaleza.
Em Fortaleza, Martins compra uma tipografia e funda a “Editora Fortaleza”, passando a se dedicar a publicação de livros de sua autoria e outros escritores. Em 1938, passa a editar a sua revista “VALOR”, que teve duração de mais de oito anos. Em parceria com Raimundo Girão Lançou o livro O Ceará. Foi Ex-Diretor e proprietário da Academia de Comercio Padre Champagnat de Fortaleza de 1939 até 1943, ano em que entrou no Instituto do Ceará e também na Academia Cearense de Letras. Além disso, foi presidente do Rotary Club de Fortaleza.
Foi professor do Liceu e de outras instituições de ensino de Fortaleza, e, em 1945, se tornou Professor Catedrático por concurso e Doutor em Direito pela Faculdade de Direito do Ceará. Em 1948 toma a liderança no processo de criação da antiga Universidade do Ceará atual UFC, que se torna uma “campanha política” uma vez que depois desse esforço de estabelecer bases para um projeto de universidade tanto o Governo de Faustino de Albuquerque quanto a mídia nacional com o debate na revista “O Cruzeiro” entre Martins Filho e Gilberto Freire que defendia que a Universidade do Recife era suficiente para a região.
A universidade foi finalmente criada em 1954 e instalada em 1955 e ate 1967 teve como Reitor Martins Filho que deu prosseguimento à criação de uma infraestrutura para a universidade criando a Imprensa Universitária, adquirindo o atual prédio da Reitoria e da Casa de José de Alencar e criando condições para que a universidade pudesse continuar crescendo. Por sua marcante atuação, Martins Filho ficou conhecido como “o Reitor dos Reitores”.
Aposentou-se em 1974, mas fundou também a Universidade Estadual do Ceará – UECE em 1977 e a Universidade Regional do Carirí – URCA em 1986. Foi membro do Conselho Nacional de Educação na década de 1960 tendo permanecido no conselho por 13 anos. Foi representante do Brasil na OEA no comitê Latino-Americano de Avaliação dos Sistemas de Bolsas de Estudos. Colaborou para a fundação de mais 20 universidades brasileiras.
Era irmão do escritor e jurista Fran Martins, um dos mais proeminentes estudiosos de Direito Comercial no Brasil no século XX, Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará, bem como importante membro do movimento modernista cearense na literatura das décadas de 1930, 1940 e 1950, dispondo de extensa obra e tendo sido membro-fundador do Grupo Clã.
Antônio Martins Filho faleceu em Fortaleza, no dia 20 de Dezembro de 2002, dois dias antes de completar 98 anos, por falência múltipla dos órgãos.
Fontes de pesquisa: Livro Memória Histórica: Antônio Martins Filho; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; TV Assembleia Ceará; Jornal O Imparcial; Jornal Voz do Povo; Site Wikipédia.
Imagens da publicação: Livro Memória Histórica: Antônio Martins Filho; Internet; TV Assembleia Ceará; Hemeroteca Digital.
Em 1960, quando o político Jânio da Silva Quadros concorria à Presidência do Brasil, este visitou algumas cidades do Maranhão visando a promoção de sua campanha. E assim como São Luis, Pedreiras, Bacabal e Coroatá; Caxias também fazia parte de seu roteiro.
Após passar pelas cidades acima, o “candidato da vassourinha” rumou para Caxias, chegando no aeroporto da cidade a bordo da aeronave Cruzeiro do Sul. Sua comitiva era constituída pelos senadores Emílio Carlos e Lino de Matos (São Paulo) e Leandro Maciel (Sergipe), além dos deputados federais José Sarney (Maranhão), Ferro Costa (Pará), e Seixas Dória (Sergipe).
Em Caxias, o candidato da União Democrática Nacional (UDN) realizou um grande comício na noite do dia 18 de janeiro de 1960, à Praça Cândido Mendes, no Largo da Matriz. Segundo periódicos da época, milhares de caxienses compareceram ao comício. Com seu vocabulário característico, Jânio proferiu um discurso empolgante, dizendo em determinado momento: “Dizem que sou feio e que sou louco, porém não sou tão feio como dizem, nem tão louco quanto seria necessário para modificar a vida política brasileira”. De acordo com o jornalista Vitor Gonçalves Neto, “Jânio Quadros estava, sem dúvidas, numa noite das mais felizes, talvez o melhor discurso em sua excursão”.
Na cidade, Jânio recebeu diversas visitas, dentre elas a do Prefeito de Caxias, João Machado, e a do Bispo Diocesano, Dom Luiz Marelim. Jânio dormiu na princesa do sertão, sendo hóspede de Antônio Castelo Branco, então gerente do Banco do Brasil. O restante da comitiva, por sua vez, ficou alojada no Excelsior Hotel. O candidato também fez uma rápida visita à sede da União Artística e Operária Caxiense.
No dia seguinte, Jânio recolheu-se, por três dias, na Fazenda Ouro Velho, onde foi recepcionado por Delmar Silva e Lafite Hércules Fernandes, herdeiros do próspero empresário José Delfino da Silva. Em seguida, o candidato e sua comitiva rumaram em direção à capital piauiense. Àquele ano, no dia 03 de outubro, Jânio Quadros seria eleito 22.º Presidente do Brasil, vindo, no ano seguinte, a renunciar ao cargo.
Fontes de pesquisa: Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Jornal Pacotilha.
Imagens da publicação: Jornal Pacotilha; Site Tia Zu.
Fundada em 1905, pelo capitão Joaquim Negreiros, a casa comercial J. Negreiros & Cia. era, na época, um dos estabelecimentos mais completos de Caxias.
Com suas instalações à Rua Aarão Reis, n. 12, vendia de tudo um pouco: louças, vidros, tintas, perfumes, calçados, brinquedos, roupas, ferragens, bebidas nacionais e estrangeiras, bem como relógios Ômega folheados a ouro, e revolveres Smith & Wesson. Funcionava também como drogaria. Em uma época em que Caxias ainda não gozava de iluminação elétrica pública, a casa Negreiros, era um dos poucos – senão único – estabelecimentos a ostentar luz elétrica (110 volts) em suas dependências.
Fato curioso: o proprietário, Joaquim Negreiros, era pai do renomado ilustrador caxiense, Sálvio Negreiros.
Apesar de inexistirem informações a respeito, é provável que a casa, J. Negreiros & Cia. tenha funcionado até a década de 1920/1930. Anos depois, o imóvel fora demolido, sendo construído em seu local um sobrado comercial.
Fontes de pesquisa: Jornal A Escola; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto.
Imagens da publicação: Internet; Acervo de Joaquim Assunção; Acervo de Brunno G. Couto; Google Maps.