Documentário “Pedras Vivas”

(Ficha Técnica)
Nome do documentário: Pedras Vivas
Duração: 16 minutos.
Direção e Roteiro: Renato Meneses.
Produção Executiva: Eziquio Barros, Arthur Quirino – MDI e Renato Meneses.
Patrocínio Cultural: Lei Paulo Gustavo (Ministério da Cultura/ Governo Federal/ Prefeitura de Caxias).



A História do Calçadão (Rua Afonso Cunha)

Com sua história remontando, provavelmente, ao século XVIII, esta rua foi inicialmente nomeada de Rua Augusta. É durante o século XIX, quando o comércio migra da região portuária da Rua do Porto Grande (atual Anísio Chaves) e vem para o centro, que a então Rua Augusta passa a ser uma estratégica e importante via comercial; onde, objetivando atender a uma clientela mais exigente e abonada, ali instalaram-se diversas lojas que comercializavam produtos vindos da Europa.

Ligando os largos da Matriz e do Poço (atual praça Gonçalves Dias), a rua supracitada sempre foi muito movimentada, não só por transeuntes, como também por inúmeros animais de carga. Apesar de legalmente previsto anos antes, é apenas por volta de 1866 que a via recebe a iluminação de alguns lampiões a óleo.


A então Rua Dias Carneiro em fotografia de 1920. Ao fundo, o largo da Matriz.

Em 1896, com o falecimento do industrial Francisco Dias Carneiro, a Câmara de Caxias alterou, em sua homenagem, o nome da via para Rua Dias Carneiro. Nome, esse, que permaneceu por mais de 50 anos, mais precisamente até o ano de 1948, quando o então prefeito da cidade, Eugênio Barros, alterou o seu nome para Afonso Cunha, em homenagem a este ilustre caxiense falecido no ano anterior.


Rua Afonso Cunha em fotografia de 1950. Ao fundo, a praça Gonçalves Dias.

Essa rua, até o início do século XX, não possuía calçamento. Até que, entre 1900 e 1910, recebeu calçamento em pedra bruta. No início da década de 1930, durante a administração do prefeito Alcindo Guimarães, as pedras foram substituídas por paralelepípedos que perduraram até 1937.

Na década de 1960, na esquina que faz ligação com a Rua Coelho Neto, é que começam a se instalar barracas de frutas, sendo essa mudança bastante criticada. Dentre tantas, uma das reclamações afirmava que, em pouco tempo, a via iria se tornar um mercado a céu aberto, vendendo, inclusive, animais abatidos. Apesar da insatisfação popular, nada foi feito. Com o passar dos anos, cada vez mais e mais barracas foram se instalando no meio da via; passando, assim, a competir e dividir espaço com os lojistas e residências que a circundavam.


A via vista a partir da esquina com a Rua Coelho Neto; local onde, nessa época, começaram a instalar-se as primeiras barracas de frutas. Fotografia da década de 1960.

Com o aumento constante do número de barracas, o trânsito de veículos e pedestres começou a dificultar-se. Transformar a rua exclusiva para o comércio passou a ser um sonho dos lojistas. Até que, em 1989, o prefeito Sebastião Lopes atendeu os pedidos e fechou a rua. Em agosto daquele ano iniciaram-se as obras de drenagem da via, a pavimentação em pedras portuguesas, bem como a instalação de bancos e paisagismo. Após a ampla reforma, a Rua Afonso Cunha passa a ser conhecida popularmente como Calçadão.


Bancos instalados após a grande reforma da rua. Imagem do ano de 1995.

Mesmo após a reforma, muitas barracas voltaram a se instalar na rua. Além disso, os lojistas do ramo de tecidos colocavam os seus produtos expostos no meio da via. Dificultando mais uma vez o trânsito da população. E assim, no fim da década de 1990, a Administração Pública percebeu que os jardins e os bancos, unidos ao aumento dos camelôs, mais atrapalhavam que ajudavam. Dessa forma, foi providenciada a demolição de suas estruturas, o que, consequentemente, aumentou o número de ambulantes.


Lojistas colocavam os seus produtos em exposição no meio da via. Imagem de 1995.

Até a produção desta matéria, estão em curso as obras do shopping popular na Avenida Otávio Passos; onde, segundo o Poder Público, serão realocados os ambulantes da Rua Afonso Cunha. Descongestionando, dessa forma, o histórico logradouro.


Fonte de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto

Imagens da Publicação: Internet; Álbum do Maranhão de 1950; Acervo de Aluízio Lobo; Reprodução TV Paraíso.

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto

Rua Benedito Leite, uma via histórica

Rua Benedito Leite em 1920.

Assim como algumas outras ruas de Caxias, a R. Benedito Leite (atual Fause Simão) surgiu de uma estrada de terra da cidade para a zona rural. Partindo do Largo do Poço (atual Praça Gonçalves Dias), seguia em traçado ortogonal e regular, subindo parte do Morro da Pedreira (atual R. Santa Maria) em direção às matas onde localizavam-se as terras dos portugueses.

Por ser uma via planejada, fora nomeada, primeiramente, como Rua Direita. Em 1893, fora renomeada para Rua Formosa, em virtude das belas damas residentes naquele logradouro. Cinco anos depois, em 1898, após a visita do chefe do Partido Republicano e Senador Benedito Pereira Leite à Caxias, fora aprovada pela Câmara dos Vereadores a mudança de nome da antiga Rua Formosa; onde esta passou a ser oficialmente registrada como Rua Benedito Leite – já que fora uma das principais vias em que o referido político passou em sua visita.

Apesar de seu nome oficial, durante décadas àquela via ficou mais conhecida como Rua do Cisco. Atribui-se o nome popular ao acúmulo de lixo que localizava-se em algum trecho da via, e que vinha a ser queimado a céu aberto, restando apenas os ciscos. O mais antigo morador que se tem notícia, é também o mais ilustre: Antônio Gonçalves Dias. Por volta de 1820, o poeta ali residiu com seus pais em um pomposo sobrado (demolido). Fora também nessa rua que, em 1886, fora realizado o primeiro culto evangélico de Caxias. Muitos colégios e redações de jornais também operaram nesse logradouro.

A fotografia mais antiga que se tem notícia é esta abaixo datada de 1920. Nela é possível observar o antigo pavimento, popularmente conhecido como “cabeça de nego”; era uma das poucas vias com calçamento na cidade. O sobrado do lado direito era pertencente à família de Gonçalves Dias. Do lado esquerdo, um exemplo de casa “térrea de mirante” (demolido), um dos raros tipos de arquitetura portuguesa registrados em Caxias.


Arraste a bolinha central para visualizar como está a rua atualmente, 101 anos depois:

1920 e 2021.

Além do poeta, muitos outros caxienses ilustres residiram nessa rua, tais como: Josino Frazão, Victor Gonçalves Neto, Turíbio Oliveira, Antônio Brandão, Enéas Patrício da Silva, José Simão, Enoch Torres da Rocha etc. Em 2009, esse histórico logradouro teve seu nome alterado para R. Vereador Fause Simão, em homenagem ao político (falecido em 2008) que ali tinha residência. Mesmo com a mudança, muitos caxienses ainda a conhecem por seu antigo nome, Benedito Leite.


Fonte de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto.

Imagens da publicação: Acervo de Eziquio Barros Neto; Acervo do Autor

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto