Celso Antônio de Menezes

O escultor, década de 1950.

Nascido em Caxias, em 1896, Celso Antônio Silveira de Menezes, pintor, escultor, professor, filho de José Antônio de Menezes e de Raimunda Noêmia da Conceição Menezes. Aos 16 anos de idade, quando residia no Estado do Pará, se mudou para o Rio de Janeiro, matriculando-se na Escola Nacional de Belas Artes, no curso de Desenho, com bolsa concedida pelo governo do Maranhão.

Frequenta o ateliê de Rodolfo Bernardelli, no Leme, produzindo suas primeiras esculturas, onde ganhou prêmios despertando interesse no meio artístico da capital federal. Seu conterrâneo e amigo, o escritor Coelho Neto influencia o Governador do Maranhão, Godofredo Viana, a conceder-lhe bolsa de estudos na França.

Celso Antônio, no ano de 1928, em Paris.

Em Paris, no ano de 1923, frequenta a Académie de La Grande Chaumiere e torna-se discípulo e, em seguida, auxiliar de Antoine Bourdelle, grande nome da escultura contemporânea.


Regressa ao Brasil em 1926, fixando-se em São Paulo, onde esculpiu o “Monumento ao Café”, situado em Campinas. Entre 1937 e 1945, o ministro Gustavo Capanema encomendou várias esculturas para o prédio do Ministério da Educação e Saúde (MES), que estava sendo construído no Rio de Janeiro. Para os jardins do referido prédio, Celso executa, em pedra, a escultura “Moça Reclinada”. Nesse período também executa a obra “Maternidade” que se encontra na praia do Botafogo.

Celso Antônio (colorizado) participa da cerimônia de inauguração do prédio do Ministério da Educação e Saúde Pública, no Rio de Janeiro, em 03/10/1945. Ao seu lado, o Presidente Getúlio Vargas e o Ministro Gustavo Capanema. Na ocasião, também fora inaugurada a escultura “Mulher Reclinada”, de Celso Antônio. Obra que, até hoje, está localizada no hall do edifício.

Celso Antônio mantinha uma grande amizade com Manoel Bandeira, poeta que chegou a listar o amigo como o seu escultor favorito. Para representar a amizade, na década de 1950, Celso Antônio esculpiu um busto do célebre amigo.

A Miss Brasil 1955 e modelo Emília Corrêa Lima posa para Celso Antônio, em seu ateliê, no ano de 1956.
Estátua do Trabalhador. Atualmente instalada em Niterói (RJ).

No governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, este encomendou a Celso Antônio uma estátua para ser instalada em frente do Ministério do Trabalho, no dia do trabalhador. O artista, então, representou o biótipo brasileiro, contrariando o gosto predominante da época e realizando uma representação idealizada da figura humana. A figura tem três metros de altura, em pedra, atarracada e compacta, monolítica, forte, com lábios grandes, sem camisa, descalça e trajando um avental. A estátua foi inaugurada na Avenida Presidente Antônio Carlos, no centro do Rio, no dia 1 de maio de 1950, com a presença do presidente da República, que, ao retirar o manto que cobria o monumento, disse indignado: “Não gostei”.

O monumento, a partir de então, sofreu represália da imprensa, que atacou a obra, o autor, o ministro e o governo. A figura do brasileiro – representada no Modernismo na pintura de Portinari, Di Cavalcanti e outros – não resistiu às ruas. A estátua foi retirada do seu pedestal e transferida para um depósito três dias depois de inaugurada. Apenas em 1974, é que a estátua fora recuperada e doada para a cidade de Niterói (RJ).

Celso Antônio, já em idade avançada, esculpe o molde da Medalha do Dia do Trabalho.

Em 1978, a Casa da Moeda cunhou a Medalha do Dia do Trabalho, criação de Celso Antônio alusiva à referida escultura. Medindo cinco centímetros de diâmetro, foram realizadas trinta unidades em ouro, seiscentas em prata e cento e setenta em bronze.

Fora a escultura para a Casa da Moeda, do escultor e de sua arte quase ninguém mais ouviu falar depois da década de 50. Nenhum órgão de imprensa noticiou sua morte, em 1984. Menos de uma dezena de pessoas acompanharam o enterro, no cemitério do Catumbi, no Rio de Janeiro.

Em 1989,  quatro anos depois da morte de Celso Antônio, o escritor Otto Lara Resende redigiu e deu ampla divulgação ao seguinte manifesto:

“Como simples testemunha do meu tempo, considero um absurdo que até hoje, no final de 1989, um artista do valor e da importância de Celso Antônio não tenha tido ainda o reconhecimento que merece. É sabido que a morte impõe um período de silêncio, como se entre a posteridade e o morto ilustre fosse necessário fazer uma reflexão para reavaliar o que significou de fato a sua contribuição para a cultura nacional. Celso Antônio, tendo vivido e trabalhado num momento de renovação cultural em todas as frentes, foi um grande artista inovador. Com um temperamento discreto, alheio ao marketing das celebridades de quinze minutos, o grande artista teve ao seu lado as melhores inteligências e sensibilidades do seu tempo. Bastaria citar três grandes nomes, entre os seus fervorosos admiradores: Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Rodrigo M. F. de Andrade.Tudo o que se fizer em favor de Celso Antônio, a partir de agora, é justo e oportuno. Chega tarde, mas ainda chega a tempo de saldar uma dívida que o Brasil tem para com esse extraordinário artista, que conheci, admirei e defendi, quando foi vítima da agressiva estupidez dos que se trancam na rotina e no ar viciado do academicismo”.


Seu nome se inclui entre os grandes artistas brasileiros do século XX: Portinari, Vila Lobos, Mafaldi, Niemayer e outros mais. É patrono da cadeira número 17 da Academia Caxiense de Letras.

Em 2019, sob direção de Beto Matuck, foi lançado um documentário sobre a vida do artista: “Celso Antônio, Brasileiro”. A pré-estreia ocorreu em Caxias, onde, na ocasião, foram expostos alguns trabalhos do escultor. Três anos antes, a MAVAM (Museu da Memória Áudio Visual do Maranhão) lançou um teaser sobre a vida de Celso Antônio, confira abaixo:



Imagens da publicação: Revista Manchete; Acervo de Beto Matuck; Site Memorial da Democracia; Blog Causthica Revista Cultural; Divulgação. 

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto

Fontes: Efemérides Caxienses/Arthur Almada Lima (Ano: 2014); Wikipédia; Blog “As Histórias dos Monumentos do Rio”; USP.

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