Nos carnavais caxienses de outrora, os blocos carnavalescos e escolas de samba eram tradição. Grupos como “Malucos por Samba”, “Os Caveiras”, “Os Caveiras do Samba”, “Turma da Mangueira”, “Unidos do Olho D’água”, “Unidos da Baixinha” eram figurinhas carimbadas nas festividades. Compostos por instrumentos de percussão, porta-bandeiras e passistas, esses blocos, que recebiam o apoio da prefeitura, desfilavam pelas ruas de Caxias no período de carnaval.
Pesquisando sobre o tema, deparei-me com dois sambas-enredo da “Turma da Mangueira” que sobreviveram ao tempo. Tendo como representante o funcionário municipal Paulo Souza, o “Paulo Magro” (ou Paulo da Mangueira), o bloco era oriundo do bairro Cangalheiro, tendo sido fundado por volta de 1962. Além de representar o grupo, entre as décadas de 1960 e 1980, Paulo também escrevia os sambas-enredo de sua escola.
Como havia uma premiação ao bloco vencedor, cada equipe caprichava nas letras que seriam entoadas, bem como em suas indumentárias. A prefeitura concedia um apoio financeiro conforme o número de integrantes de cada bloco. Em 1981, o prefeito Numa Pompílio concedeu 30 mil cruzeiros à Turma da Mangueira, de Paulo, tendo em vista que essa contava com mais de 70 integrantes. Para o concurso desse ano, Paulo compôs o seguinte samba:
Com o samba-enredo acima, a “Turma da Mangueira” conquistou a segunda posição no concurso. O desfile ocorrido na terça-feira de carnaval, em frente ao prédio da Prefeitura, teve como banca julgadora: os professores Francisco Ângelo da Silva, Edmée Assunção, Filozinha Teixiera e Luis Carlos. O prêmio fora o montante de 8 mil cruzeiros.
No carnaval de 1983, seguindo a tradição, Paulo voltou a compor o samba daquele ano (imagem abaixo). Sempre citando as belezas e história de Caxias, as composições de Paulo eram uma atração à parte:
E a história continuou nos anos seguintes. Até que, com a popularização dos carnavais em clubes, os blocos e escolas de samba foram perdendo a força, até quase desaparecerem da folia carnavalesca de Caxias. Paulo da Mangueira, figura que, durante anos, dedicou-se às festividades, faleceu aos 81 anos no dia 15/08/18, deixando versos eternizados na memória de muitos foliões.
Fontes de pesquisa: Jornal O Pioneiro; Depoimento de Nonato Ressurreição
Imagens: Internet; Jornal O Pioneiro
Restauração e Colorização: Brunno G. Couto
Entusiasta da história de Caxias e amante da fotografia. Criador da página e do site Arquivo Caxias.