Bazar do Japão, a primeira casa comercial de Alderico Silva

Instalações do “Bazar do Japão” à Rua 1 de Agosto. Fotografia da década de 1930.

Fundada em 1932, o Bazar do Japão foi a primeira casa comercial do jovem, Alderico Jefferson da Silva, então com 23 anos de idade. Até criar a sua firma A. Silva, Alderico trabalhou, por quatorze anos, para o seu irmão mais velho, José Delfino, já demonstrando o seu tino empresarial.

Alderico Silva, em fotografia da década de 1930.

Com sua primeira instalação à Rua 1 de Agosto, n.7, equina com a Rua Riachuelo, o Bazar do Japão era uma casa com grande sortimento de mercadorias. Com importação de perfumes, chapéus, calçados, ferragens, louças e miudezas em geral. Dois anos após a sua inauguração, em 1936, muda-se para um imóvel de esquina, à Rua Aarão Reis (onde, na década de 1990, funcionou a TV Paraíso, também de Alderico Silva).

Dessa época, o escritor Libânio da Costa Lôbo (in memoriam) relembrou um acontecimento marcante: “Eis quando o Bazar do Japão foi alvo de um ladrão. Especioso ladrão. Desfalcou-lhe o estoque de mercadorias, com roubo do que havia de melhor e mais valioso. Com a inusitada circunstância de o estabelecimento não ter tido as portas arrombadas. O roubo ocorreu, com o meliante, adentrando-o pelo teto. Colhe dizer: retirou as mercadorias, ficando as portas do estabelecimento intactas. Como se ali ninguém houvesse penetrado”.

As instalações do “Bazar do Japão” à Rua Aarão Reis. Imagem da década de 1940.

Em 1939, tem início a Segunda Guerra Mundial, e fazendo parte do Eixo, junto a Alemanha Nazista, estava o Japão. Logo, Alderico percebeu que o nome de seu estabelecimento ficaria vinculado ao país oriental. Por esse motivo, bem como por uma estratégia de marketing, decide mudar o nome da casa para “Armazéns Caxias”. Com o sucesso obtido com suas estratégias de venda, o empresário cria mais duas filiais na cidade: a “Loja Maranhense”, à Praça da Matriz; e a “Casa das Modas”, à Rua 1 de Agosto.

Em uma das diversas versões da lenda, dizem que o apelido “Seu Dá” surgiu durante sua administração do Bazar do Japão, onde, devido ao alto número de vendas, aos baixos preços e ao excelente marketing, propagou-se a informação de que em seu comércio nada se vendia, mas se dava (informação propagada pelo próprio Alderico). As inimizades, por outro lado, imprimindo caráter pejorativo, o chamavam de “Seu Toma”.

Anúncio, do ano de 1937, publicado no jornal O Imparcial.

O Bazar do Japão, já como Aramazéns Caxias, funcionou durante a década 1950, quando, em 1959, o extenso imóvel passou a abrigar a primeira concessionária “Willys-Overland” de Caxias, também da firma A. Silva.


Fontes de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Livro Vulto Singular em Meio a Rico Mosaico/Autor: Libânio da Costa Lôbo; Jornal Voz do Povo.

Imagens da publicação: Acervo do IHGC; Site de Ezíquio Barros Neto; Jornal O Imparcial

Restauração das imagens: Brunno G. Couto

1929, o ano em que a luz elétrica chegou à Caxias

Destaque do Jornal O Imparcial, de 11 de março de 1929.

Em 28/07/1929, através da firma Araújo Carvalho & Cia – cujo o principal sócio era o empresário caxiense Nachor Carvalho -, foi solenemente fincado o primeiro poste de luz elétrica de Caxias. Alguns meses antes, a Prefeitura havia assinado, com a referida firma, o contrato de instalação do serviço de luz elétrica no município que, até então, era iluminado por lampiões.

A Usina responsável pela empreitada chamava-se “Dias Carneiro”, e estava instalada à Rua Aarão Reis, no imóvel onde, anteriormente, havia funcionado a sede do jornal O Zephyro. De início, a Usina fornecia energia elétrica para 580 consumidores e para a iluminação pública na zona central da cidade. Anos depois, as suas instalações foram transferidas para o bairro Cangalheiro, e na administração do prefeito João Machado (1956/1961), foi adquirida pela Municipalidade.

Registro da solenidade de instalação do primeiro poste de luz elétrica de Caxias, em 28 de julho de 1929. Ao fundo, observa-se o edifício da Usina, à Rua Aarão Reis.

Segundo relatos, entre as décadas de 1950 e 1960, a energia fornecida pela usina era ligada às 6h e desligada às 22h, de segunda a sexta. Aos sábados, ficava ligada até às 2h da madrugada, devido às festas que eram realizadas pela cidade. A interrupção era necessária para que as caldeiras da usina pudessem descansar para poderem entrar em atividade no dia seguinte.

A Usina Dias Carneiro funcionou até a década de 1960, quando encerrou suas operações. O imóvel da Aarão Reis fora demolido e, em seu lugar, o industrial Armando Vieira Chaves ergueu sua residência (onde atualmente está instalada a Receita Federal).


Fontes de pesquisa: Jornal O Imparcial; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Livro Cartografias Invisíveis/Diversos Autores.

Imagens: Jornal O Imparcial.