Os antigos coretos da “praça do Panteon”

Primeiro, a banda passou
Tocando Coisas de Amor
Depois cantaram A Praça
Em rimas cheias de graça

Mas ninguém se lembrou
Do Coreto da Pracinha
Onde sempre tocava
A garbosa bandinha

Nada mais adequado do que iniciar a postagem de hoje com algumas estrofes da música “O Coreto da Pracinha”, de Luiz Gonzaga. Canção que retrata tão bem os tempos românticos que foram os dos coretos das cidades do interior. Os mais jovens podem estar se perguntando: “Mas o que são esses coretos?”. Sim, nobre leitor, algumas gerações desconhecem o termo, acredite!

Correndo o risco de o texto ficar “professoral” demais, responderei o questionamento acima com esta breve explicação: “O Coreto é uma construção que ainda observamos nas cidades interioranas que conseguiram preservar esse elemento urbanístico que teve grande importância até o fim da década de 1960. Ele guarda o romantismo do tempo em que as praças eram o ponto central dos eventos da sociedade. Sua arquitetura básica é composta de planta circular, elevado em alvenaria e com cobertura. […] Esse espaço democrático se espalhou por toda a Europa e, em vários países, tinha significados distintos: na Itália ‘coretto’ significava local de vendas de tabaco, bebidas e jornais; na Inglaterra ‘bandstand’; na França ‘kiosque a musique’; e na Espanha ‘quiosco de musica’ significava local de apresentação de bandas musicais.” (Fonte: Site “Cidade e Cultura”)

Certo, mas onde Caxias entra nessa história? É na década de 1960 – ao menos, que se tem notícia -, seguindo os moldes de outras cidades, que Caxias recebe os seus primeiros e mais populares coretos. Logo que tomou posse, em 1966, o prefeito Aluízio Lobo tinha como uma de suas principais metas realizar o paisagismo da praça Dias Carneiro (popular “Panteon”), que, até então, se limitava a um grande descampado de grama e piçarra, repleto de árvores.

O projeto da praça ficara a cargo do artista caxiense Mundico Santos, e dentro desse projeto fora idealizada a construção de dois coretos. E assim se dera. Estando, estes, posicionados no lado em direção da Av. Desembargador Morato, as edificações eram feitas em cobogós, contando com uma pequena rampa de acesso. Os coretos de Caxias diferenciavam-se dos de outras cidades, pois não possuíam uma cobertura em suas estruturas.

Não obstante os coretos terem sidos pensados (e muitas vezes foram utilizados, de fato, para esse propósito) para servirem como palanques à discursos e outras solenidades oficiais do governo municipal; em dias comuns, a maioria dos caxienses utilizava-os para bater um papo mais privativo ou para rápidas paqueras. Sentados ou encostados em suas muretas, muita conversa foi jogada fora naqueles locais.

Quando dos desfiles de 7 de Setembro, alguns populares, em especial crianças, utilizavam as baixas muretas das edificações como arquibancada. Além disso, escolhia-se os coretos pela sua praticidade, já que os altos palanques demoravam a serem montados. Como mostra a fotografia abaixo, o próprio Governador Sarney, que fazia visitas recorrentes à Caxias, chegou a utilizar um dos coretos como tribuna.

Com o passar dos anos, as pessoas foram perdendo o costume de ir às praças e, por conseguinte, frequentar os coretos – muito por conta do aumento da violência urbana -, bem como a sua utilização para fins oficiais da administração municipal fora diminuindo. Contudo, as duas estruturas permaneceram intactas até a década de 90, quando, no governo de Paulo Marinho (1993/1996), a praça passou por uma nova remodelação, tendo sido demolidos os dois coretos, uma pequena arquibancada de três níveis e um antigo monumento central.

E assim, sem coretos, Caxias permaneceu por mais de vinte anos, até que, com a reforma da praça Vespasiano Ramos, a cidade recebeu uma nova estrutura. Longe da beleza arquitetônica dos antigos exemplares, o novo coreto, de características mais modestas, vem cumprindo, através da semanal “Feirinha da Gente”, a sua finalidade; resgatando um pouco – apesar de sermos sabedores que os tempos não são mais os mesmos -, o que fora a bucólica Caxias de outrora.


Fontes de pesquisa: Site “Cidade e Cultura”/Livro “Por Ruas e Becos de Caxias”/Autor: Eziquio Barros Neto

Imagens da publicação: créditos nas imagens

A “Praça da Bíblia”, do bairro Tresidela

Hoje, 30 de setembro, Dia da Bíblia, relembramos a praça caxiense que levava o nome do Livro Sagrado. Localizada na Av. Nossa Senhora de Nazaré, no bairro Tresidela (logo após a Ponte), a pequena praça fora inaugurada em 1968, durante a grande expansão urbanística realizada na primeira administração do prefeito Aluízio Lobo. De paisagismo simples, e com alguns bancos de concreto dispostos em sua extensão, o local recebeu o nome de “Praça da Bíblia”.

O nome decorre da construção de um monumento (muito provavelmente, idealizado e confeccionado por Mundico Santos) representando uma Bíblia aberta contendo citações bíblicas e as duas tábuas de Moisés com os Dez Mandamentos, além de um crucifixo na parte superior.

As escolhas das passagens bíblicas que foram transcritas em cada uma das duas páginas do monumento ficaram a cargo do então bispo de Caxias, Dom Luiz Gonzaga Marelim (representando a Igreja Católica), e do pastor da Igreja Presbiteriana, Silas Marques Serra (representando a Igreja Evangélica). No lado esquerdo estava escrito: “Bem-aventurado o homem que se compraz na lei do Senhor e nela medita de dia e de noite (Salmos 1:2)”.  E no lado direto: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo (Atos 16:31)”.

Na década de 1970, já no segundo mandato de Aluízio Lobo, a praça fora renomeada para “Praça Cônego Aderson Guimarães“, em homenagem ao pároco da Tresidela, falecido, precocemente, em 1970. Nessa alteração, o monumento sofreu algumas mudanças, sendo substituídas as escrituras (foram alteradas para: “Por isso me proclamarão bem-aventurada todas as gerações; Lc 1,48” ), bem como foram removidas as “tábuas” e pastilhas de revestimento.

Atualmente, apesar das ações do tempo e da falta de manutenção, o monumento ainda encontra-se instalado em seu local de origem, em precário estado de conservação.

P.S.: Em novembro de 2020, fora inaugurada uma nova Praça da Bíblia, em frete ao cemitério de Nossa Senhora dos Remédios. No local, fora instalada uma nova estrutura, de proporções maiores, exibindo uma Bíblia aberta.


Imagens: Ac. IHGC; Ac. Aluízio Lobo; Ac. do autor

Fontes de pesquisa: Depoimento de Francisco Guimarães; Livro: Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto/Ano: 2020

A Câmara Municipal de Caxias (1951/1954)

A fotografia abaixo mostra a composição da Câmara Municipal de Caxias no ano de 1951. Com eleições realizadas em fins de 1950, essa fora a 2º Legislatura do município, tendo perdurado até 1954, quando foram realizadas novas eleições. E foram estes os eleitos:


Da esquerda para direita: Cristino Nunes Gonçalves, Manoel Pinto da Mota, Luiz Gonzaga Bayma Pereira (2º mandato), Anísio Vieira Chaves, Antônio Enedino Lopes de Araújo (Presidente), Enoque Torres da Rocha, Floriano Pereira de Araújo e Silva, Oscar Wilson de Cantuária Belo e José Waldemar Labre de Lemos (2º mandato).


No registro acima, também é possível observar como eram as antigas instalações da Câmara Municipal. Na década seguinte, durante a administração do prefeito Aluízio Lobo, os prédios do Poder Público de Caxias passaram por amplas reformas.


Fonte de Pesquisa: Livro de Milson Coutinho.

Imagem da publicação: Acervo do IHGC

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto