Nereu Bittencourt

Nereu Bittencourt nasceu em Caxias, no dia 08/03/1880, filho de Maria José Bittencourt. Nereu estudou em São Paulo; tendo retornado, no início do século XX, ao seu estado natal, mais precisamente para a capital São Luis. Lá, fez parte da “Oficina dos Novos” ao lado de Vespasiano Ramos, seu ilustre patrício. Ainda na capital, foi professor do Colégio de Santana.

De volta à Caxias, em 1906 era auxiliar do Externato Benedito Leite, e, no ano subsequente, assumiu o cargo de diretor do Colégio Gonçalves Dias. Bem alto e bastante magro, Nereu, em 1908, casou-se com Erlinda de Oliveira Bittencourt. Junto aos filhos, o casal residiu em imóvel próprio à Rua Coelho Neto, no centro de Caxias. Aclamado professor de Português e Francês – além de lecionar aulas particulares em sua residência -, também ministrou aulas na Escola Normal e Ginásio Caxiense (sendo um de seus fundadores, bem como o compositor do hino da instituição). Na década de 1930, durante a administração do Interventor Paulo Ramos, Nereu fora nomeado Diretor da Biblioteca Benedito Leite (BBL).

Além de professor, Nereu também era poeta, tendo publicado diversas de suas poesias em jornais de Caxias e São Luis. Uma importante efeméride na biografia de Nereu Bittencourt ocorreu na década de 1940, quando houve uma tentativa de mudança nome da cidade de Caxias, que conflitava com a cidade homônima do estado do Rio Grande do Sul. Destarte, o então interventor em Caxias, Otávio Passos, procurou os intelectuais da cidade para obter uma opinião sobre a mudança. O professor Nereu destacou-se como uma das figuras contrárias à alteração; tendo, na oportunidade, redigido um extenso manifesto em defesa do nome “Caxias” para a terra maranhense. E conforme sabemos, Caxias-MA saiu vitoriosa na disputa, restando à cidade sulista, como forma de diferenciação, adotar a terminação “do Sul” em seu nome oficial.

Nereu não tinha uma vida apegada a bens materiais, tendo sempre vivido em um estilo de vida bem simples. Em 1961, com a ajuda de amigos e admiradores, publicou o livro “Poesias”. Muito estimado por sua sabedoria e retidão, Nereu Bittencourt faleceu em Caxias, no dia 11/06/1963, aos 83 anos de idade. Com o seu falecimento, o então vereador Oswaldo Marques propôs a mudança do nome da antiga Av. 15 de Novembro para Av. Nereu Bittencourt – nome que permanece até os dias de hoje. Além disso, Nereu é patrono da Cadeira de n. 16 da Academia Caxiense de Letras (ACL) e da Cadeira n. 2 do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC).


Fonte de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Depoimento de Erlinda Bittencourt.

Imagem da Publicação: Ac. do IHGC

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto

A antiga Avenida João Pessoa

Na transição do século XIX ao XX, com a inauguração da Estação Férrea (São Luis – Teresina), fez-se necessária a construção de uma via que possibilitasse um melhor acesso dos passageiros até a cidade, bem como para a uma prática movimentação da produção oriunda da fábrica de Manufatura (Atual, Centro de Cultura). Essa ideia só veio a tomar forma quando fora constituída uma comissão de cidadãos influentes que tomaram frente da futura obra. A comissão esperava contar com o auxílio ou interferência da prefeitura, o que acabou não ocorrendo.

Dessa forma, conforme noticiou um jornal da época, a referida comissão: “saiu à rua, sacola em punho, solicitando o auxílio monetário de nosso povo. (…) o contribuinte (que já pagava excessivos impostos) estranhou a solicitação, mas, afinal, pagou…”.

Assim sendo, em 1922, na administração do prefeito Francisco Vila-Nova, fora assentada a pedra fundamental da nova via. Sob o nome de Avenida Independência (em virtude da ligação que fazia à Praça do Panteon que, à época, chamava-se Praça da Independência) foram iniciadas as obras. Devido a falta de verba, a construção fora paralisada, sendo realizada nova coleta junto ao povo. Tempos depois, mesmo como a construção da via as manutenções que deveriam ser constantes não eram realizadas. Como aquela área quase não era habitada, o mato tomava de conta, chegando a alcançar a avenida.

A verdade é que, até 1931, a construção da avenida ainda não havia sido devidamente finalizada, sendo popularmente conhecida como “Avenida duma banda só”. O que levou ao interventor João Guilherme de Abreu, àquele ano – após as constantes reclamações -, a, enfim, dar início aos serviços de conclusão da obra. Em homenagem ao governador e candidato a vice-presidente da República na chapa de Getúlio Vargas, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, assassinado no ano anterior, João Guilherme renomeia, em 23/06/1931, a via para: Avenida João Pessoa.


Jornal Voz do Povo, de 1931, noticia a mudança de nome da Avenida.

É durante a administração do prefeito Alcindo Cruz Guimarães (1937/1941), que a avenida é alargada, bem como é construída uma extensa muralha ligando a Estação Férrea até a praça dos poderes e comércio (onde estavam os prédios da Prefeitura, Mercado Municipal, Fábrica Têxtil etc.). A longa estrutura também servia para conter a volumosa mata que circundava a via. Além disso, em 1941, no dia da chegada de Dom Marelim à Caxias pela Estação, a estrutura serviu como “arquibancada” para os que buscavam uma visão privilegiada do clérigo.


Parte da muralha, já na curva que vai em direção ao local onde o Mercado Municipal localiza-se atualmente. Fotografia: Início da década de 1940.

Com o início da urbanização daquela área, no final da década de 1940 e início de 50, muitos imóveis e estabelecimentos começaram a ser construídos nas redondezas, o que levou à demolição da muralha, que era incompatível com essa expansão urbana.


Como pode-se verificar nesta fotografia de 1940, a extensa muralha iniciava nas proximidades da Estação de Ferro (canto direito. Atual, IHGC),

A Avenida em fotografia de 2012. Imagem: Google Maps.

Posteriormente, a via recebeu diversas melhorias, tendo, em 19/03/1948, o seu nome alterado para Avenida Getúlio Vargas, o qual permanece até os dias de hoje.


Fonte de pesquisa: Revista Athenas; Jornal Voz do Povo; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Internet.