Ari e Ribah Nascimento, os irmãos caxienses fundadores da banda Placa Luminosa

Há algum tempo, chegou a meu conhecimento a informação de que dois músicos da famosa banda Placa Luminosa são caxienses. Sabendo disso, fui atrás de informações precisas para postar aqui no site. Durante a busca, acabei encontrando o perfil do guitarrista da referida banda, Ribah Nascimento (in memoriam), conterrâneo gente fina que, após o meu contato, me forneceu algumas das informações que, junto a outras pesquisas, integram o post abaixo:

Filhos de Antônio Nascimento e de d. Lucimar (ambos falecidos), José de Ribamar (Ribah) e José de Arimateia (Ari) Nascimento nasceram em Caxias. Seu Antônio era proveniente do povoado Marruá, e d. Lucimar era natural de Santa Quitéria. O casal, junto aos seis filhos (três homens e três mulheres), residia à Rua 7 de Setembro, s/n, na Tresidela. Foi em Caxias, que os jovens passaram os primeiros anos da juventude.

Ribah e Ari, junto ao irmão caçula, adoravam pular da antiga ponte de madeira no rio Itapecuru. O riacho do Ponte e o balneário Veneza, também eram locais de visitas constantes dos irmãos. Na década de 1950, chegado o momento de iniciar a vida estudantil, o pequeno Ribah (filho mais velho) cursa o primário no Grupo Escolar Gonçalves Dias (Onde, posteriormente, funcionou a Casa de Justiça). Finalizada essa fase, cursa a primeira e segunda série do ginásio no Colégio Diocesano São Luis de Gonzaga (Atual, Centro de Ensino Cônego Aderson Guimarães Junior).

Com a fundação de Brasília, em 1960, muitas famílias de todo o Brasil foram residir na nova capital da República. E com a família Nascimento não fora diferente. Em 1964, o patriarca Antônio resolve se mudar com toda a família para Taguatinga, cidade satélite do Distrito Federal. Na nova cidade, os filhos dão continuidade aos estudos. Com a conclusão do ensino médio, Ribah começa a cursar Arquitetura na UnB, e Ari, Matemática (na mesma instituição).

Na década de 1960, com a beatlemania fazendo a cabeça dos jovens do mundo todo, e a Jovem Guarda, com seu “iê-iê-iê” tocando nas rádios brasileirias, surge o interesse nos irmãos, Ribah e Ari, de montar uma banda (Em Caxias, os dois não chegaram a integrar nenhum conjunto musical, haja vista ainda serem muito jovens para a empreitada).

Grupo Os Quadradões, em fotografia de 1969.

Assim, por volta de 1967, integram o grupo de “iê-iê-iê” Os Quadradões, que tinha em sua formação: Ari, Ribah, Mário Lúcio, Teteia, Baixinho, Castelo Riba, Wandinha, Edd Camargo e Paulo. De relativo sucesso, em 1969 o grupo chegou a gravar um LP contendo doze faixas.

Em 1969, ainda em Taguatinga, Mário Lúcio (sax), Ribah Nascimento (guitarra), Ari Nascimento (baixo), Castelo (vocais), Edd Carmo (bateria) e Eurípedes Rosa (teclados) resolvem fundar uma nova banda; e assim nasceu a Samtrópus. Conjunto muito influenciado pela música negra americana, como James Brown, Wilson Picket e Aretha Franklin. A banda ficou em atividade até a primeira metade da década de 1970.

Banda Samtrópus, em 1969.
Banda Samtróupus tocando em um evento das Luizas de Marilac, por volta de 1970/1971.

Em 1974, Ribah (guitarra e vocal) e Ari (baixo e vocal) juntam-se a Jessé (vocal solo e teclados) e Paulo Rosback (bateria) e formam uma nova banda. Vale ressaltar que, apesar de Jessé ter nascido em Niterói (RJ), ele fora criado em Brasília, onde veio a conhecer os irmãos Nascimento. Esse novo conjunto tocou durante quase um ano no restaurante “Panela de Barro”, no Setor Comercial Sul de Brasília, usando o nome Placa Luminosa.

Ribah foi o responsável pela escolha do nome do grupo, que fora feita a partir de uma canção de Zeca Bahia, de nome Placa Luminosa, vencedora de um festival estudantil com a interpretação de uma banda da cidade, chamada Os Matuskelos.

Em janeiro de 1975, buscando alçar voos maiores, o Placa Luminosa chega a São Paulo, já com Luizão na bateria, para integrar a banda Corrente de Força, grupo que estava sendo formado por Pique Riverte que deixava o Casa das Máquinas. Como o nome do novo grupo já estava definido, a banda resolveu guardar o nome que vinha utilizando para uma futura oportunidade. Devido à qualidade musical que apresentava, o Corrente de Força, logo chamou a atenção do público e da mídia.

Banda Corrente de Força canta a música Lavadeira das Nuvens.

Pela RCA, lançaram um compacto simples com a canção “Sino Sinal Aberto”, composta por Clodo Ferreira, que fora, àquela época, uma das músicas das mais tocadas nas rádios; levando a banda a participar de programas de televisão.

Com o sucesso, o grupo chegou a abrir show dos Mutantes, tocou com Chrystian (que depois formou dupla com o irmão Ralf) e fez uma pequena turnê, por algumas cidades de São Paulo, com Achie Bell & The Drells, banda americana de R&B.

Ao final de 1976, Ribah, Ari, Jessé e Luizão resolvem deixar o Corrente de Força para formar o Placa Luminosa (voltando a utilizar o antigo nome), em janeiro de 1977. Juntando-se a banda o músico, Mário Lúcio (sax, da extinta banda Os Quadradões). E, após a gravação do primeiro LP, Manito (ex Incríveis) também passou a integrar o grupo. A gravação do LP da RGE teve como destaque, além da inclusão de “Sino Sinal Aberto”, a canção de Clodo Ferreira e Zeca Bahia, “Velho Demais”, música que entrou na trilha sonora da novela da Rede Globo, Sem Lenço e Sem Documento.

Placa Luminosa interpretando “Sir Duke” de Stevie Wonder, em 1976, na TV Tupi.

Com a chegada no ano de 1980, Jessé resolve deixar o grupo para participar do Festival MPB Shell, da Rede Globo, onde ganha o prêmio de melhor intérprete com a inesquecível canção “Porto Solidão”, do compositor Zeca Bahia. Com a saída do vocalista, o Placa Luminosa passa por momentos difíceis. Até que, em 1981, já com Fabinho e Marcos Castro nos vocais, a banda grava o LP Neon, disco que é considerado um marco na carreira da banda. Nesse mesmo ano, recebem vários convites para participação em shows de Tim Maia e Erasmo Carlos. É do caxiense Ribah a guitarra da música “Do Leme ao Pontal” de Tim Maia.

Banda Placa Luminosa, em 1978, nos bastidores de uma apresentação na cidade de Cordeirópolis, São Paulo.

Já consagrada, em 11 de janeiro de 1985, Placa Luminosa é o primeiro grupo de músicos brasileiros a subir ao palco da primeira edição do Rock in Rio, ao lado de Ney Matogrosso, durante a abertura do festival (vídeo abaixo):

Placa Luminosa acompanha Ney Matogrosso, durante a abertura do Rock in Rio.

Partindo de uma nova formação com: Luizão (bateria), Ribah Nascimento (guitarra), Ari Nascimento (baixo), Mário Lúcio (sax), Marcos (vocal) e William San’tanna (vocal), e com a versão de Just To See Her de Smokey Robinson (“Mais Uma Vez”, feita por Rosana Herman), veio finalmente o sucesso nacional. Os anos seguintes, 1988/1989, foram a consolidação do sucesso nacional com a inclusão de “Fica Comigo” (Tomas Roth / A. Sacomanni) na trilha de Top Model (Rede Globo) e em seguida “Ego” (A. Sacomanni / F. Arduini) na novela Mico Preto, também da Rede Globo. Uma fase coroada com o Prêmio Sharp, daquele ano de 1989, de melhor grupo de música popular do país.

Placa Luminosa canta o sucesso “Mais uma Vez” no Cassino do Chacrinha, em 1988.
Placa Luminosa canta os sucessos “Ego” e “Fica Comigo” no Domingão do Faustão, em 1990.

Nos anos 2000, a banda gravou outros álbuns, e, em 2006, o DVD “Placa Luminosa 30 anos”. Em 2019, realizaram uma turnê junto a banda Rádio Táxi. Em maio de 2020, a banda sofre uma grande baixa, falece um de seus fundadores, o baterista Luizão Gadelha.

Ribah (primeiro a esquerda) e Ari (ao lado do irmão) durante uma apresentação do Placa Luminosa, em 2019, no programa Mulheres, da TV Gazeta.

P.S.: No dia 14/03/21, o caxiense Ribah Nascimento, quem eu entrevistei para a produção dessa matéria, faleceu vítima da Covid-19, tinha 71 anos. Até o seu falecimento, o músico, ao lado do irmão, ainda fazia parte da banda que havia fundado há mais de quarenta anos. Ribah residia em Brasília, e Ari, atualmente, reside em São Paulo. Eles tem mais dois irmãos músicos: Bisa Nascimento, que é cantora e realiza apresentações em Uberlândia (MG), cidade onde reside; e o caçula, Mano Nascimento, baterista.


Fontes de pesquisa: Site oficial da banda Placa Luminosa; Depoimento de Ribah Nascimento; Marechal; Xico Ramos; Facebook.

Imagens da Publicação: Jornal Correio Braziliense; Site oficial da banda Placa Luminosa; Acervo de Ribah Nascimento; Reprodução TV Gazeta.

Josias Beleza

Josias, em 1928, quando era diretor da Euterpe Carimã.

Josias Chaves Beleza nasceu em Caxias, em 26/09/1898, filho de Alfredo Beleza e de d. Leonília Chaves. Era irmão de José, Durval e Mário Beleza. Por ser filho de maestro, Josias, desde muito cedo, estudou música, paixão que conciliava com sua profissão: alfaiate. Em 1920, se casa com a sua primeira esposa, a caxiense Aristotelina Lima Beleza, com quem teve seis filhos.

Josias e seus irmãos participavam da banda de orquestra “Euterpe Carimã” (Primeira banda de música e orquestra de Caxias). Sob a regência do pai, Alfredo, os irmãos participavam das mais diversas solenidades e festividades caxienses, junto a mais vinte e poucos músicos que compunham a banda.

Além das apresentações com a banda, Josias, que também era maestro, realizava apresentações com outras orquestras. Em 1936, por exemplo, comandou, no teatro Artur Azevedo, em São Luis, um concerto de saxofone, composto por 20 instrumentistas. Na ocasião, também executou, junto ao músico caxiense Paulo Almeida (irmão do artista plástico Mundico Santos), solos de saxofone acompanhados ao piano, que arrancaram aplausos do público presente.

Josias, já mais velho.

Em 1937, Alfredo Beleza falece, deixando a banda sob a direção de Josias e Durval, os filhos mais velhos. Contudo, os mais novos, José e Mario, discordavam da disciplina rigorosa herdada pelos irmãos, no comando da banda, o que fez com que a banda se dividisse em duas. Com a divisão, a banda Carimã entra em hiato. Josias muda-se com a família para Belém (PA), onde começa a participar da Rádio Club.

Em 1939, retorna a Caxias, e com a fundação do Ginásio Caxiense, assume, como professor, a matéria de Teoria Musical. Com o seu retorno à princesa do sertão, Josias reata as relações com os irmãos, e logo retorna com a banda, agora sob o nome de: Goiabada. Nesse retorno, a banda tocou em diversos eventos de Caxias, tais como: eventos civis, religiosos, carnavais e partidas de futebol.

Em 1941, Josias decide ir morar com a família no Rio de Janeiro, então capital da República. Alguns de seus irmãos também saíram de Caxias, o que levou ao fim a Banda Carimã, depois de 94 anos de história. No Rio, Josias consegue mais destaque em sua carreira de músico, chegando a integrar diversos sindicatos, como: Sindicato dos Músicos Profissionais e Ordem dos Músicos do Brasil. Junto a amigos, também fundou, na década de 1950, a Associação Beneficente dos Músicos do Distrito Federal.

No início da década de 1960, quando a capital federal já havia sido transferida para Brasília, Josias muda-se para São Paulo. Lá, permaneceu até 1976, quando volta ao Rio, já separado da segunda esposa; dessa vez, vai para o município de Macaé.

Mesmo com a idade avançada, e já aposentado, Josias ainda dirigiu uma banda daquela cidade. Posteriormente, já de volta a São Paulo, passa a residir sob os cuidados de sua filha. Vindo a falecer em 24/05/1997, aos 98 anos de idade.

Josias, em sua carreira como compositor, deixou algumas obras registradas, tais como: valsas, canções e a marchinha de carnaval “Sonho” – composta em parceria com José Costa e Oliveira Pinho.


Fontes de pesquisa: APEM; Jornal Correspondente; Livro: Por Ruas e Becos/Autor: Eziquio Barros Neto/Ano: 2020; Nonato Ressurreição; Livro: Cartografias Invisíveis/Ano: 2015.

Imagens da Publicação: Acervo do IHGC; APEM

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto

Jomar Tempo 3

A história do grupo tem início no ano de 1969, quando o sanfoneiro e sargento reformado do exército José Pinheiro de Sousa (O Jomar) resolve criar em sua terra natal, Codó (MA), um novo conjunto musical para animar as festas da cidade. Formado o grupo, nomeia-o de: Jomar Tempo 3.

Três anos depois, Jomar muda-se para Caxias. Aqui, contrata músicos locais e começa a aturar no cenário musical do município. Nessa época, três conjuntos caxienses reinavam nas festas da cidade: Os Naturais, Mario Beleza e Seu Conjunto e Os Temíveis; e alguns dos contratados por Jomar provinham dessas bandas.

Dessa forma, em 1973, reúne: Joca (vocal, que pertencia ao conjunto Os Temíveis), Marechal (vocal, da banda Parada 6), Valdir (teclado, da extinta banda Os Naturais. Que revezava o instrumento com o próprio Jomar), Wilson (guitarra, da banda OS Naturais), Manoel (contrabaixo, da banda Parada 6), Poeta (guitarra, da banda Parada 6) e o iniciante Salvador (bateria). Essa formação foi uma das mais famosas do grupo, sendo responsável pelo crescimento do conjunto na cidade.

Década de 1970: Conjunto Jomar Tempo 3, em apresentação na União Artística. Jomar é o terceiro da direita para esquerda, com a mão na cintura. Imagem: Acervo de Marechal Guimarães (que está nos vocais segurando um pandeiro meia-lua).

Todos os sucessos, internacionais e nacionais, que reinavam no rádio, eram tocados pelo conjunto. Já firmado na cidade, o conjunto passou a “disputar” com o Grupo Som HR a preferência do público caxiense. Muito criterioso e exigente, Jomar conseguiu que seu conjunto crescesse e suplanta-se, por algum tempo, as muitas outras bandas de Caxias.

Além dos músicos originais, anos depois, passaram pelo conjunto: Negão (bateria e voz); Raimundo Nonato Santana, o Nonato Boba (contrabaixo); Chico P. P. (guitarra e baixo); Valter (voz); Miriam (voz); Mestre Neto (percussão); Flávio (bateria). O repertório também fora expandido e o forró passou a predominar.

Com a morte de Jomar por ataque cardíaco no começo dos anos 2000 (carece de fontes), o músico Chico P.P. comprou o conjunto, e logo alterou o nome do grupo, que passou a se chamar: Garota Moral.

Ouça, abaixo, uma gravação, da década de 1980 (provavelmente), do conjunto Jomar Tempo 3:


Fontes de pesquisa: Nonato Ressurreição; Livro: Cartografias Invisíveis/Ano: 2015.

Hermógenes Som Pop, a primeira banda caxiense a gravar um LP

A Banda. Hermógenes é o quarto, da esquerda para direita, dos que estão em pé. Imagem: Internet/Reprodução da capa do LP.

O caxiense Hermógenes começou sua carreira musical em festas no interior, com seu pai, tocando violão e violino. Robertinho e Álvaro, irmãos, tocavam respectivamente acordeon e pandeiro, enquanto o caçula, Alberto, cantava. Eventualmente, Hermógenes passou a tocar em conjuntos da cidade, como Mário Beleza e Seu Conjunto.

Em 1968, uniu-se a Olavo, Palhano, Siqueira e seu irmão Robertinho em Os Naturais, onde tocou guitarra e violino; fez parte de Os Temíveis e Grupo Som HR. Em 1978, formou seu próprio conjunto, Hermógenes Som Pop, integrado também por Airton (bateria), Chico Beleza (vocal), Chico P.P (contrabaixo). Foi o primeiro conjunto de Caxias a gravar um LP, com boa aceitação nas rádios do Nordeste.

Hermógenes faleceu, em 1996, em um acidente de ônibus, que se chocou com um carro madeireiro.

Confira abaixo, uma das faixas que integrava o LP:


Fonte: Livro Cartografias Invisíveis/Ano: 2014

Áudio utilizado no vídeo: Canal Soudz Seven

Alfredo Beleza

Alfredo, no ano de 1928.


Alfredo Beleza foi um dos regentes da longeva banda Euterpe Cariman de Caxias, tendo exercido a função durante o primeiro quartel do século XX. Inicialmente, era somente uma banda de músicas marciais, só próximo da virada do século foi que a Orquestra foi posta em ação.

Alfredo era de uma dinastia de músicos caxienses, exímio saxofonista; sua primeira atitude foi mudar o nome da Banda para “Goiabada”. Era pai de Durval, Josias, José Alfredo e Mário, que também participavam da banda. A Euterpe Cariman fazia apresentações em toda a região próxima a Caxias, e chegou inclusive a excursionar no Piauí.

Como o falecimento de Alfredo, em 1937, seu filho Josias Chaves Beleza, assumiu a direção da banda.


Imagem da postagem: Acervo do IHGC. Restauração e Colorização: Brunno G. Couto
Fonte: Livro Cartografias Invisíveis/Ano: 2014; APEM