Clóvis Labre de Lemos nasceu em Caxias (MA), no dia 04/05/1918, filho de José Joaquim de Lemos Filho e Filomena Labre de Lemos. Era irmão do vereador caxiense Waldemar Labre de Lemos. Após cursar as primeira letras em Caxias, Clóvis partiu para o sul do país, onde concluiu os estudos.
Entrou para o serviço militar em 17/04/1936, há poucos dias de atingir a maioridade, na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro; e estas foram as suas promoções (em ordem cronológica): Aspirante (25/12/1938), 2 Tenente (25/12/1939), 1 Tenente (19/01/1942), Capitão (08/08/1944), Major (02/10/50), Tenente-Coronel (15/01/1054) e Coronel (20/01/1959).
Membro da Força Aérea Brasileira, o então Tenente Aviador Labre de Lemos combateu na Segunda Guerra Mundial, a partir da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro; período em que participou de um importante acontecimento. No dia 03/07/1943, um avião Hudson A-28A, pilotado por Labre Lemos, com tripulação da FAB, estava empenhado, desde a madrugada, no esclarecimento da área marítima compreendida entre Santa Cruz e Paranaguá, visando á proteção de um comboio que sairia de Santos com destino ao Norte. Por volta de 11 horas da manhã, esse avião localizou um submarino alemão U-199, a cerca de 120 milhas ao largo de Santa Cruz, o qual navegava na superfície com a proa aproximada da ilha de São Sebastião, à altura da qual deveria passar o comboio, no fim da tarde. O submarino foi atacado, no momento exato em que iniciava o seu mergulho, porém um curto-circuito, no sistema lançador de bombas, impediu que essas se soltassem. Só no dia 31 de julho, às primeiras horas da manhã, é que um Martin PBM-3C Mariner do esquadrão VP-74 (USN), baseado no Rio de Janeiro, localizou e atacou o submarino. O U-199 foi danificado mas não afundou, e permaneceu atirando com suas peças de artilharia antiaérea no PBM-3C.
Na década de 1940, com a família ainda residindo em Caxias, Labre de Lemos fazia visitas constantes à cidade. Exímio piloto, quando vinha rever d. Santinha (como sua mãe era carinhosamente chamada), dava voos rasantes pelo céu da princesa do sertão, alertando para irem busca-lo no campo de aviação. Imagens que não saíram da memória do pequeno garoto, Antônio Augusto Brandão, que, depois do espetáculo aéreo, via o aviador partir em direção à residência da mãe, à Rua 15 de novembro (atual Av. Nereu Bittencourt).
Em 1960, publica a obra “A Marinha Brasileira deseja aviação própria”. Em 1961, é nomeado por Juscelino Kubitschek, então Presidente da República, Adido Aeronáutico em Santiago, no Chile. Ali, em 1961, participou, junto a outros membros da FAB, da ponte-aérea, em socorro às vítimas dos terremotos que atingiram o país; pelo seu trabalho, recebeu, das mãos do embaixador Bazán Dávila, o título de “Membro Honoris Causa da Força Aérea do Chile”.
Naquele mesmo ano, publica um importante estudo sobre Aviação Embarcada, sendo agraciado com a Medalha-Prêmio “Força Aérea Brasileira”, através de decreto do presidente João Goulart. Em 1962, é nomeado Adido Aeronáutico junto as Embaixadas do Brasil em Montevidéu e Buenos Aires. Exonerado do antigo posto, em 1964, o Coronel Labre é nomeado para exercer a função de comandante na base aérea de Canoas (RS).
Em 22/05/1966, o Coronel faz uma visita à sua cidade natal, integrando a comitiva do presidente Humberto Castelo Branco que veio à Caxias a convite de Aluízio Lobo, então prefeito municipal.
Em 12/10/1966, Labre de Lemos é promovido pelo presidente, Castelo , ao posto de Brigadeiro. Nesse ano, é designado para as funções de subchefe de Gabinete do Estado Maior da Aeronáutica. Em 1967, através de decreto do presidente Costa e Silva, é nomeado ao cargo de comandante da 6 Zona Aérea de Brasília; recebendo, àquele ano, a medalha “Passador de Prata”, pelos mais de 20 anos de serviço.
Em 05/11/1968, o brigadeiro Labre de Lemos, junto a diversas autoridades, recepcionou a Rainha Elizabeth II e seu esposo, Príncipe Phillip, em sua chegada à Base Aérea de Brasília. Na ocasião, o brigadeiro fora apresentado pelo chefe do cerimonial do Itamaraty à família real inglesa.
Já Brigadeiro, em 30/03/1969, Labre retorna à Caxias para a inauguração da Praça Duque de Caxias, no Morro do Alecrim. Na ocasião da cerimônia, foram trazidos os restos mortais de Duque de Caxias, que estavam no Rio de Janeiro. É possível que essa tenha sido a última visita do Brigadeiro ao município.
Em 1969, o turboélice Bandeirante, primeiro avião de fabricação inteiramente nacional, fez o seu primeiro voo. Junto a Costa e Silva (Presidente da República), Márcio de Souza e Melo (Brigadeiro Ministro da Aeronáutica), Dióscoro Vale (General Comandante Militar do Planalto) e Jaime Portela (General Chefe do Gabinete Militar); o Brigadeiro Labre de Lembos marcou presença na solenidade do voo inaugural, em Brasília.
Em 1968, o Brigadeiro Lemos é designado ao Rio de Janeiro para comandar a Força Aérea de Transporte do Galeão. Para a sua despedida do DF, o Ministro do Superior Tribunal Militar, Ernesto Geisel, ofereceu um almoço. E assim, o Brigadeiro, junto a esposa Carmem Lemos, parte para o Rio. Em 22/04/1971, já como General, é condecorado Major-Brigadeiro. Em 1972, o Presidente assinou decreto nomeando-o ao cargo de Comandante do Transporte Aéreo (COMTA). No ano seguinte, é nomeado ao cargo de comandante de formação e aperfeiçoamento. Em 1974, assume o Comando do Pessoal da Aeronáutica, no cargo de Comandante-Geral do Pessoal do Ministério. E em 1976, foi exonerado do cargo de subcomandante e subdiretor de Estudos da Escola Superior de Guerra (ESG).
Depois dessa fase, pouco se sabe sobre Labre de Lemos. Até 30/06/1971, o Brigadeiro somava mais de 8 mil horas de voos. Acumulando muitos cursos e condecorações – dentre os quais o de Comendador da Ordem do Mérito Militar – , o caxiense só volta as páginas dos jornais, em 1981, ao publicar a livro “Do Lado da Cortina de Ferro-Impressões de Viagens”.
Apesar da carência de fontes, tudo indica que Clóvis Labre de Lemos faleceu no Rio de Janeiro, entres as décadas de 1980-1990. O aviador da nome a uma praça em Caxias.
Fontes de pesquisa: Diário de Notícias (RJ); Depoimento de Antônio Augusto Ribeiro Brandão; Correio Braziliense (DF); Correio da Manhã (RJ); Jornal do Brasil (RJ); Notícias do Exército; Revista Manchete (RJ); Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Site rudnei.cunha.nom.br
Imagens da Publicação: Acervo do IHGC; Diário de Notícias (RJ); Internet; Correio Braziliense (DF); Acervo de Aluízio Lobo; Correio da Manhã (RJ); Jornal do Brasil (RJ); Revista Manchete (RJ).
Restauração e Colorização: Brunno G. Couto
Entusiasta da história de Caxias e amante da fotografia. Criador da página e do site Arquivo Caxias.