A História do Mercado Público de Caxias

A história do mercado público de Caxias remonta ao século XVIII, no início da ocupação da cidade. Primordialmente conhecido como “Casa da Feira”, teve suas primeiras instalações fixadas no largo da Igreja da Matriz (onde atualmente localizam-se diversos estabelecimentos, dentre eles a “Lojas Americanas”), onde ficou por muitos anos.


Casa da Feira, primeiro mercado público de Caxias, em fotografia do início do século XX. Todos os imóveis da imagem foram demolidos. No local, atualmente localizam-se diversos estabelecimentos comerciais, em sua maioria farmácias.

Naquele tempo, toda aquela área (que posteriormente recebeu uma praça) era um grande descampado de areia batida. Ali, lado a lado, os comerciantes disputavam a atenção dos fregueses. Diariamente, dentro das casas comerciais ou na rua em frente, o movimento era intenso. A maioria dos compradores – carregando os seus balaios e jacás – chegava ao mercado a pé, outros vinham a cavalo. Para aqueles que necessitassem de uma ajudinha no transporte das volumosas compras – e que tivessem um tostão a mais -, podia-se pagar o dono de um burro de carga (sempre “estacionados” nas proximidades) para que este realiza-se o transporte à sua residência.

Com a criação da Fábrica de Manufatura (atual Centro de Cultura), no final do século XIX, a Intendência Municipal achou que seria mais adequado transferir o mercado para a então Praça da Independência (atual Dias Carneiro/Popular “Panteon”), haja vista a sua localização estratégica, próximo ao grande movimento de funcionários da referida fábrica. E assim, em 1914, com a venda dos antigos imóveis do largo da Matriz ao comerciante Antônio Tadeu de Assunção, as obras do novo mercado foram iniciadas.

A direção das obras ficou a cargo do renomado mestre Abel Antunes (também responsável pela construção do prédio da União Artística e Operária Caxiense, em 1930). Contudo, logo foi paralisada em virtude da saída do então intendente Álvaro Eusébio de Aguiar Pinto. Apenas na década de 1920, com o auxílio do dinheiro do município e ajuda da população, é que a construção é, enfim, retomada, já na administração do prefeito Francisco Villanova. A inauguração ocorreu em 24/02/1924.


Mercado Público da Praça Panteon em fotografia de 1933. Atualmente o prédio abriga a Prefeitura de Caxias.

Periódico maranhense, de abril de 1940, destaca as instalações do Mercado Público de Caxias.

Tendo em vista a falta de paisagismo da praça em frente (era apenas uma área descampada de areia e mato), o Mercado contava com um amplo espaço à sua disposição. Apenas na década de 1950, na administração do prefeito Aniceto Cruz, é que se faz necessária a ampliação do prédio, haja vista a grande movimentação de mercadorias e ambulantes em suas proximidades. Dessa forma, realiza-se a construção de um galpão anexo ladeando o imóvel principal. E assim o mercado permaneceu até a década de 1970.

Ocorre que, não obstante o anexo erguido, muitos vendedores, com suas respectivas bancas, voltaram a se aglomerar em volta dos prédios, o que, aliado a desorganização, gerava uma grande sujeira e mau cheiro naquelas redondezas. Assim, na segunda administração do prefeito Aluízio Lobo, no final da década de 1970, fora escolhida uma área na Av. Getúlio Vargas, onde fora construído uma pequena edificação para abrigar a feira. Com a demolição do anexo, sua estrutura metálica fora aproveitada na construção do galpão da nova feira, que, alguns anos depois, acabou se tornando o novo mercado municipal (onde funciona até os dias de hoje).


Galpão anexo (demolido) em fotografia da década de 1960. Na imagem é possível observar que, mesmo após a construção do anexo, alguns vendedores ainda continuaram com o comércio na área externa.

A transferência definitiva para o novo endereço ocorreu em 1986, após o falecimento do então prefeito em exercício, José Castro. No novo endereço, ao longo de sua história, o popular “mercado central” passou por diversas alterações. Contudo, é apenas em 2008, durante a administração do prefeito Humberto Coutinho, que ele sofre a sua maior reforma; sendo construídos estandes e um segundo pavimento, colocados pisos, etc.


O atual prédio do Mercado Central durante sua construção. Ano da fotografia: 1984.

O antigo prédio da praça Panteon passou a abrigar a sede da prefeitura da cidade. Durante as muitas administrações que passaram por Caxias, a edificação, de inúmeras janelas, recebeu diversas pinturas – a depender da administração; preservando ainda a sua arquitetura original. Onde estava erguido o galpão anexo, fora construído o estacionamento do prédio.


Fonte de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto.

Imagens da publicação: Internet; Acervo de Emanuel Nunes de Almeida; Hemeroteca Digital; Acervo do IHGC

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto

Rua Benedito Leite, uma via histórica

Rua Benedito Leite em 1920.

Assim como algumas outras ruas de Caxias, a R. Benedito Leite (atual Fause Simão) surgiu de uma estrada de terra da cidade para a zona rural. Partindo do Largo do Poço (atual Praça Gonçalves Dias), seguia em traçado ortogonal e regular, subindo parte do Morro da Pedreira (atual R. Santa Maria) em direção às matas onde localizavam-se as terras dos portugueses.

Por ser uma via planejada, fora nomeada, primeiramente, como Rua Direita. Em 1893, fora renomeada para Rua Formosa, em virtude das belas damas residentes naquele logradouro. Cinco anos depois, em 1898, após a visita do chefe do Partido Republicano e Senador Benedito Pereira Leite à Caxias, fora aprovada pela Câmara dos Vereadores a mudança de nome da antiga Rua Formosa; onde esta passou a ser oficialmente registrada como Rua Benedito Leite – já que fora uma das principais vias em que o referido político passou em sua visita.

Apesar de seu nome oficial, durante décadas àquela via ficou mais conhecida como Rua do Cisco. Atribui-se o nome popular ao acúmulo de lixo que localizava-se em algum trecho da via, e que vinha a ser queimado a céu aberto, restando apenas os ciscos. O mais antigo morador que se tem notícia, é também o mais ilustre: Antônio Gonçalves Dias. Por volta de 1820, o poeta ali residiu com seus pais em um pomposo sobrado (demolido). Fora também nessa rua que, em 1886, fora realizado o primeiro culto evangélico de Caxias. Muitos colégios e redações de jornais também operaram nesse logradouro.

A fotografia mais antiga que se tem notícia é esta abaixo datada de 1920. Nela é possível observar o antigo pavimento, popularmente conhecido como “cabeça de nego”; era uma das poucas vias com calçamento na cidade. O sobrado do lado direito era pertencente à família de Gonçalves Dias. Do lado esquerdo, um exemplo de casa “térrea de mirante” (demolido), um dos raros tipos de arquitetura portuguesa registrados em Caxias.


Arraste a bolinha central para visualizar como está a rua atualmente, 101 anos depois:

1920 e 2021.

Além do poeta, muitos outros caxienses ilustres residiram nessa rua, tais como: Josino Frazão, Victor Gonçalves Neto, Turíbio Oliveira, Antônio Brandão, Enéas Patrício da Silva, José Simão, Enoch Torres da Rocha etc. Em 2009, esse histórico logradouro teve seu nome alterado para R. Vereador Fause Simão, em homenagem ao político (falecido em 2008) que ali tinha residência. Mesmo com a mudança, muitos caxienses ainda a conhecem por seu antigo nome, Benedito Leite.


Fonte de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto.

Imagens da publicação: Acervo de Eziquio Barros Neto; Acervo do Autor

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto

Processo de Restauração e Colorização

Pequena amostra do processo de restauração e colorização. Arraste a bolinha para os lados, para ver o antes e depois.

Fotografia da década de 1920.