Muito presente nos antigos casarões, os azulejos – em sua maioria, portugueses e do século XIX – são registros da bonança das famílias abastadas caxienses. De beleza única, infelizmente algumas dessas peças – devido a falta de conservação ou pela crescente especulação imobiliária -, estão, aos poucos, desaparecendo do cenário da cidade.
Proveniente do período colonial a utilização de azulejos, além do objetivo estético de decoração do imóvel, tinha uma utilidade mais prática, como explica o arquiteto Eziquio Neto: “Uma das características da arquitetura colonial é a adaptação ao clima da região. Um pé-direito alto para melhor conforto térmico, portas com bandeiras vazadas, grandes janelas com venezianas para uma melhor ventilação e posteriormente o revestimento da fachada em azulejo. O revestimento em azulejo garante uma maior impermeabilidade da parede durante as chuvas e maior conforto térmico, pois absorve pouco calor. Segundo historiadores, a técnica de decorar a fachada com azulejo nasceu em São Luís e passou a ser usada em Portugal na época da reconstrução, após o terremoto [ocorrido em Lisboa, em 1775]. Apesar de grandes fabricantes e importadores, os portugueses usavam a peça apenas no interior das casas”.
Abaixo, estão fotografias que mostram, em detalhes, a beleza de alguns dos azulejos que compõem o acervo caxiense:
No Edifício Duque de Caxias, um dos imóveis mais antigos da cidade, encontra-se a única amostra de azulejos portugueses em relevo da princesa do sertão; são datados do século XIX. Vale lembrar que essas peças nem sempre estiveram ali. Ocorre que, em 1944, quando o empresário José Delfino comprou um imóvel no largo de São Benedito, onde havia funcionado a escola da professora Quininha Pires, ele mandou retirar os azulejos portugueses e os transferiu para a fachada do supracitado edifício da praça Gonçalves Dias. Infelizmente, com o passar do tempo, essas peças não receberam a conservação necessária, e muitas delas foram cobertas de tinta, enquanto outras estão em mau estado de conservação (imagens abaixo).
Cada vez mais raros, os antigos azulejos ainda podem ser vistos – apesar da intensa poluição visual – em alguns imóveis espalhados por Caxias. Parte integrante da história da cidade, são peças de beleza singular que merecem ser preservadas.
Fontes de pesquisa: Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Livro Cartografias Invisíveis/Diversos Autores.
Imagens da publicação: Acervo do autor
Entusiasta da história de Caxias e amante da fotografia. Criador da página e do site Arquivo Caxias.