O filme que teve cenas gravadas em Caxias

Cartaz do filme.

“A Faca e o Rio” (1972), filme do diretor holandês, George Sluizer, que teve algumas de suas cenas rodadas em Caxias

(Trama do filme) João é um vaqueiro humilde, sério e trabalhador. Viúvo, ele se encanta por uma jovem de 19 anos. Casados, ele sofre por não poder satisfazê-la sexualmente e então decide “fazer fortuna” na Amazônia para, pelo menos, dar à mulher uma vida de menina rica. Mas os ciúmes alimentam sua alma.


Essa é a trama do filme, baseado no romance A Faca e o Rio, do maranhense Odylo Costa Filho. Sluizer pretendia reproduzir com máxima perfeição os costumes do sertanejo nordestino. Antes de iniciar as gravações no início de 1971, e para adquirir maior conhecimento do povo e região, o diretor acompanhou e registrou diversos eventos que acabou lançando como três curtas com cerca de 15 minutos cada: ‘O carnaval de São Luís’, onde registrou três dias do carnaval da capital maranhense; ‘A Balsa’, sobre um pescador e sua família ganhando a vida navegando no rio Parnaíba e ‘Zeca – Retrato de Vaqueiro’. Todos lançados em 1973.

Em Caxias, algumas das cenas foram filmadas na Catedral de Nossa Senhora dos Remédios, contando inclusive com a participação da população caxiense. Em suas pesquisas, Ezíquio Barros, ouviu o relato de Edmilson Sanches, que, na época, vindo de compras no Mercado Municipal (hoje sede da Prefeitura), parou e presenciou a ação dos atores e da produção na calçada em frente à Delegacia de Polícia, próxima à praça do Panteon, no centro da cidade.

Cena do casamento, que contou com a figuração de diversos populares e com a participação da Banda Lira Caxiense


O filme teve pré-estreia no Rio de Janeiro no dia 18 de agosto de 1973 no Metro-Copacabana. Recebendo diversos prêmios e indicações, inclusive fora do Brasil. Apesar de ter passado recentemente por um processo de restauração, nenhuma cópia do filme encontra-se disponível na internet.

Nos trechos abaixo, podemos ver cenas gravadas dentro e fora da Catedral de Nossa Senhora dos Remédios. Em outra cena vemos a participação de Monsenhor Clóvis Vidigal, na qual contracena com a protagonista do filme. O último fora filmado em frente à Delegacia de Polícia, no centro da cidade.

Algumas das cenas que foram rodadas em Caxias. Imagens: Eye Filmmuseum e Internet

Fontes: Site Ezíquio Barros Neto; Site RFI

Restauração: Brunno G. Couto

Clóvis Vidigal

Mons. Clóvis atuando no filme “A Faca e o Rio”, em 1971.

Clóvis Vidigal nasceu em Riachão (MA), no dia 30 de outubro de 1906. Filho de Euclides Vidigal e Josefa Vidigal. Era irmão de José Maria Vidigal (Agente do IBGE), Raimundo Vidigal (Funcionário da Fazenda) e Maria José Carvalho, genitora do Cônego Ribamar Carvalho.

Recebeu sua ordenação em 1 de novembro de 1933. Nos seus primeiros anos de sacerdócio, atuou em sua cidade natal. Sendo, posteriormente, transferido para o município de Balsas (MA), onde, também, foi Diretor do “Jornal de Balsas”.

O jovem sacerdote, Clóvis, aos 23 anos, no ano de 1933.

Cooperou em muitos periódicos do Estado, noticiando acontecimentos religiosos, bem como escrevendo crônicas. Associando-se, em 1937, à “Associação dos Jornalistas Católicos do Maranhão”.

Foi, ainda, pároco em São João dos Patos e São Raimundo das Mangabeiras, no Maranhão. Em Caxias, chegou na década de 1950. Na cidade, não tinha paróquia certa, sendo, por muito tempo, Capelão das Irmãs Capuchinhas do “Colégio São José”.

Fundou a “Escola Centro Educacional Cardeal Mota”, “Escola Monsenhor Frederico Chaves“, “Marcelino Pão e Vinho” e a “Escola Técnica de Comércio de Caxias”. Na década de 1960, já sob o título eclesiástico de Monsenhor (recebido na década de 1950), exercia a função de Diretor do Ginásio Caxiense.

Mons. Clóvis (já com a saúde debilitada), na casa da família Assunção, no final da década de 1970.

Em 1971, Mons. Clóvis atuou (interpretando a si mesmo) ao lado do ator Jofre Soares, e da atriz Ana Maria Miranda, no filme “A Faca e o Rio“. Longa metragem do renomado cineasta holandês, George Sluizer, que teve muitas de suas cenas rodadas em Caxias.


Durante muito tempo foi vigário na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, onde celebrou suas últimas missas antes de ficar enfermo. Faleceu em Caxias, no dia 27 de maio 1983, aos 76 anos de idade.

Nesse mesmo ano, começou a funcionar, em Caxias, uma escola que o homenageia: o “Centro de Ensino Monsenhor Clóvis Vidigal”, na Cohab. Que, atualmente, leva o nome: “Colégio Militar Tiradentes-anexo IV”.


Imagens da publicação: Reprodução do filme “A Faca e o Rio” (1972); Jornal de Balsas; Acervo Família Assunção.

Restauração: Brunno G. Couto

Fontes: Jornal O Combate, Semanário da União de Moços Católicos (MA), Jornal do Maranhão; Edmílson Sanches; Secretaria de Infraestrutura do Maranhão (SINFRA).