O Congresso Eucarístico e Sacerdotal de 1937 é, até hoje, um dos pontos mais altos da história religiosa de Caxias. Realizado entre 29 de junho e 04 de julho, teve duração de 06 dias, e, segundo periódicos da época, chegou a reunir mais de 12 mil fiéis. De acordo com Dom Carmelo Mota, Arcebispo de São Luis, uma das principais finalidades do Congresso era: “despertar no povo o amor a Jesus-Hóstia”, bem como a de “lembrar ao povo o dever de trabalhar pelo aumento das vocações sacerdotais em terras do Maranhão”.
Com a Comissão Central do Congresso (presidida por Pe. Gilberto Barbosa) organizada em Caxias, fora dado início aos preparativos do evento. Nas diversas paróquias foram feitas coletas, de março a junho, para as despesas do Congresso. Pe. Frederico Chaves, por sua vez, ficou encarregado do setor de transportes e hospedagem dos diversos romeiros que, em sua maioria, viriam do Maranhão e Piauí.
E, como parte da celebração do vindouro Congresso, fora idealizado, pelo engenheiro José Amaral de Mattos, um Altar Monumento a ser erguido no largo de São Sebastião. Membro da Ação Católica, Amaral de Mattos idealizou um alto cruzeiro com quatro faces dirigidas para os quarto pontos cardeais , onde quatro missas poderiam ser celebradas ao mesmo tempo; ao centro, duas cruzes entrelaçadas, iluminadas por fortes projetores elétricos, ficando um no topo da haste.
A ideia das múltiplas celebrações simultâneas se dava pelo fato de que, durante o Congresso, muitas seriam as teses e missas campais apresentadas por diferentes sacerdotes do Maranhão; o próprio pe. Luiz Marelim – que 04 anos depois iria se tornar o primeiro Bispo de Caxias – era um deles.
Em maio daquele ano, a Comissão resolveu transferir o Altar para a praça Cândido Mendes, em frente a Igreja Matriz; por esta ficar no centro da cidade, acharam ser o local mais adequado. Com a alteração, a planta original do monumento teve que sofrer algumas mudanças, mas nada de muito significativo. O custeamento da obra ficou a cargo da indústria e comércio caxiense, que aceitaram de bom grado as alterações e o acréscimo monetário decorrente. E assim, em junho de 1937, fora iniciada a obra, sendo o dr. Eugênio Batistela o seu construtor.
Conforme o planejado, o grande monumento cumpriu o seu intuito original. Considerado o marco do Congresso, ao seu redor foram celebradas quatro missas simultâneas, bem como apresentação de teses e uma grande missa de primeira comunhão. Após o Congresso, o monumento, aos poucos, foi sendo abandonado. Pelas suas características estruturais, é provável que o cruzeiro tenha sido pensado como algo temporário. E como a sua destinação original já não era mais possível de ser realizada, os caxienses passaram a olhar com indiferença para a grande estrutura. Sendo instalado, alguns anos depois, uma pequena contenção de concreto e aço no seu entorno.
Treze anos depois, alguns comerciantes começaram a se mobilizar para a construção de um novo altar; onde nele seria instalada uma réplica do Cristo Redentor do Rio de Janeiro (inaugurado 19 anos antes), a ser feita pelo artista plástico caxiense Mundico Santos. Destarte, o antigo Altar Monumento fora demolido, e, em seu local, no dia 01/11/1950, após cinco meses de construção, a nova obra fora inaugurada. Medindo quase 13m (estátua + pedestal), até hoje, mais 70 anos depois, a estrutura encontra-se erguida em seu local de origem. Na base de seu pedestal fora fixada uma placa com inscrições que relembram o Congresso Eucarístico de 1937, a origem de tudo.
Fontes de pesquisa: Livro Caxias, 50 Anos de Diocese 1939 – 1989/Autor: Pe. José Mendes Filho; Jornal Semanário da União de Moços Católicos; Jornal Cruzeiro; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto.
Imagens da publicação: Ac. do IPHAN; Semanário da União de Moços Católicos; Internet; Página do Facebook “O Farol Caxiense”
Restauração e Colorização: Brunno G. Couto
Entusiasta da história de Caxias e amante da fotografia. Criador da página e do site Arquivo Caxias.