A Semana Santa em Caxias na transição do século XIX para o XX

Procissão do Senhor Morto passando pela Rua São Benedito. Ano: 2019

Não há dúvidas de que a Semana Santa, para o catolicismo, é um dos momentos mais importantes do calendário religioso. Em Caxias, as celebrações (missas e procissões) que antecipam a ressureição de Jesus Cristo, no domingo de Páscoa, fazem parte de uma tradição que, até hoje, é mantida. Iniciando com a Fugida do Senhor, onde a imagem de Cristo é transferida à Igreja do Rosário, a Semana Santa finaliza no Domingo da Ressureição.

Anúncio, da Semana Santa de 1898, da Casa Matoense.

Na transição do século XIX para o século XX – tendo em vista a existência de um maior número de cidadãos católicos -, àquela semana era ansiosamente aguardada pelos fiéis, que, com velas à mão, acompanhavam as procissões. Logo que era definida a programação, esta era publicada nos periódicos da região.

A economia da cidade também se adaptava ao período. Com a restrição imposta ao consumo de carne – e seguida a risca pelos fiéis -, os estabelecimentos comerciais da cidade se preparavam para esse momento do ano oferecendo uma variedade de produtos em conformidade com a dieta quaresmal. Às famílias mais abonadas o anúncio sensacionalista destacava, por exemplo, a venda de “camarões que [de tão graúdos] parecem jacarés do Amazonas” e “batatas que só uma dá 1 quilo”.

Na Igreja de São Benedito, no final daquele século, mais precisamente no ano de 1896, o celebrante responsável era o Padre José Ewerton Tavares, e a programação era a seguinte:

Na Quinta-Feira Santa, após o Domingo de Ramos, era dia de Missa Rezada e Via-Sacra. Na sexta-feira, sob a direção do referido vigário, era realizada a Procissão do Enterro e o Sermão da Paixão. No Sábado Santo era dia de Missa Cantada, com benção do fogo e da água. No Domingo de Páscoa era dia de Missa Sermão, procissão e benção solene com o Santíssimo Sacramento; a celebração era acompanhada por um coral de senhoritas dirigido por Antônio Lopes.


Programa do ano de 1902.

Nas décadas seguintes, com a fundação da Diocese de Caxias e com a chegada, em 1941, do primeiro Bispo da cidade, as celebrações da Semana Santa foram se tornando cada vez mais elaboradas. Ficando a programação a cargo do Vigário Geral, Mons. Gilberto Barbosa, sob o visto de Dom Luiz Marelim.

Atualmente, apesar de mais simples (se comparada às décadas passadas), a tradição, felizmente, segue firme e forte. Como deve ser.


Fontes de pesquisa: Jornal de Caxias; Jornal Cruzeiro

Imagens da publicação: Acervo do autor; Jornal de Caxias