A História do Calçadão (Rua Afonso Cunha)

Com sua história remontando, provavelmente, ao século XVIII, esta rua foi inicialmente nomeada de Rua Augusta. É durante o século XIX, quando o comércio migra da região portuária da Rua do Porto Grande (atual Anísio Chaves) e vem para o centro, que a então Rua Augusta passa a ser uma estratégica e importante via comercial; onde, objetivando atender a uma clientela mais exigente e abonada, ali instalaram-se diversas lojas que comercializavam produtos vindos da Europa.

Ligando os largos da Matriz e do Poço (atual praça Gonçalves Dias), a rua supracitada sempre foi muito movimentada, não só por transeuntes, como também por inúmeros animais de carga. Apesar de legalmente previsto anos antes, é apenas por volta de 1866 que a via recebe a iluminação de alguns lampiões a óleo.


A então Rua Dias Carneiro em fotografia de 1920. Ao fundo, o largo da Matriz.

Em 1896, com o falecimento do industrial Francisco Dias Carneiro, a Câmara de Caxias alterou, em sua homenagem, o nome da via para Rua Dias Carneiro. Nome, esse, que permaneceu por mais de 50 anos, mais precisamente até o ano de 1948, quando o então prefeito da cidade, Eugênio Barros, alterou o seu nome para Afonso Cunha, em homenagem a este ilustre caxiense falecido no ano anterior.


Rua Afonso Cunha em fotografia de 1950. Ao fundo, a praça Gonçalves Dias.

Essa rua, até o início do século XX, não possuía calçamento. Até que, entre 1900 e 1910, recebeu calçamento em pedra bruta. No início da década de 1930, durante a administração do prefeito Alcindo Guimarães, as pedras foram substituídas por paralelepípedos que perduraram até 1937.

Na década de 1960, na esquina que faz ligação com a Rua Coelho Neto, é que começam a se instalar barracas de frutas, sendo essa mudança bastante criticada. Dentre tantas, uma das reclamações afirmava que, em pouco tempo, a via iria se tornar um mercado a céu aberto, vendendo, inclusive, animais abatidos. Apesar da insatisfação popular, nada foi feito. Com o passar dos anos, cada vez mais e mais barracas foram se instalando no meio da via; passando, assim, a competir e dividir espaço com os lojistas e residências que a circundavam.


A via vista a partir da esquina com a Rua Coelho Neto; local onde, nessa época, começaram a instalar-se as primeiras barracas de frutas. Fotografia da década de 1960.

Com o aumento constante do número de barracas, o trânsito de veículos e pedestres começou a dificultar-se. Transformar a rua exclusiva para o comércio passou a ser um sonho dos lojistas. Até que, em 1989, o prefeito Sebastião Lopes atendeu os pedidos e fechou a rua. Em agosto daquele ano iniciaram-se as obras de drenagem da via, a pavimentação em pedras portuguesas, bem como a instalação de bancos e paisagismo. Após a ampla reforma, a Rua Afonso Cunha passa a ser conhecida popularmente como Calçadão.


Bancos instalados após a grande reforma da rua. Imagem do ano de 1995.

Mesmo após a reforma, muitas barracas voltaram a se instalar na rua. Além disso, os lojistas do ramo de tecidos colocavam os seus produtos expostos no meio da via. Dificultando mais uma vez o trânsito da população. E assim, no fim da década de 1990, a Administração Pública percebeu que os jardins e os bancos, unidos ao aumento dos camelôs, mais atrapalhavam que ajudavam. Dessa forma, foi providenciada a demolição de suas estruturas, o que, consequentemente, aumentou o número de ambulantes.


Lojistas colocavam os seus produtos em exposição no meio da via. Imagem de 1995.

Até a produção desta matéria, estão em curso as obras do shopping popular na Avenida Otávio Passos; onde, segundo o Poder Público, serão realocados os ambulantes da Rua Afonso Cunha. Descongestionando, dessa forma, o histórico logradouro.


Fonte de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto

Imagens da Publicação: Internet; Álbum do Maranhão de 1950; Acervo de Aluízio Lobo; Reprodução TV Paraíso.

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto

A antiga Avenida João Pessoa

Na transição do século XIX ao XX, com a inauguração da Estação Férrea (São Luis – Teresina), fez-se necessária a construção de uma via que possibilitasse um melhor acesso dos passageiros até a cidade, bem como para a uma prática movimentação da produção oriunda da fábrica de Manufatura (Atual, Centro de Cultura). Essa ideia só veio a tomar forma quando fora constituída uma comissão de cidadãos influentes que tomaram frente da futura obra. A comissão esperava contar com o auxílio ou interferência da prefeitura, o que acabou não ocorrendo.

Dessa forma, conforme noticiou um jornal da época, a referida comissão: “saiu à rua, sacola em punho, solicitando o auxílio monetário de nosso povo. (…) o contribuinte (que já pagava excessivos impostos) estranhou a solicitação, mas, afinal, pagou…”.

Assim sendo, em 1922, na administração do prefeito Francisco Vila-Nova, fora assentada a pedra fundamental da nova via. Sob o nome de Avenida Independência (em virtude da ligação que fazia à Praça do Panteon que, à época, chamava-se Praça da Independência) foram iniciadas as obras. Devido a falta de verba, a construção fora paralisada, sendo realizada nova coleta junto ao povo. Tempos depois, mesmo como a construção da via as manutenções que deveriam ser constantes não eram realizadas. Como aquela área quase não era habitada, o mato tomava de conta, chegando a alcançar a avenida.

A verdade é que, até 1931, a construção da avenida ainda não havia sido devidamente finalizada, sendo popularmente conhecida como “Avenida duma banda só”. O que levou ao interventor João Guilherme de Abreu, àquele ano – após as constantes reclamações -, a, enfim, dar início aos serviços de conclusão da obra. Em homenagem ao governador e candidato a vice-presidente da República na chapa de Getúlio Vargas, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, assassinado no ano anterior, João Guilherme renomeia, em 23/06/1931, a via para: Avenida João Pessoa.


Jornal Voz do Povo, de 1931, noticia a mudança de nome da Avenida.

É durante a administração do prefeito Alcindo Cruz Guimarães (1937/1941), que a avenida é alargada, bem como é construída uma extensa muralha ligando a Estação Férrea até a praça dos poderes e comércio (onde estavam os prédios da Prefeitura, Mercado Municipal, Fábrica Têxtil etc.). A longa estrutura também servia para conter a volumosa mata que circundava a via. Além disso, em 1941, no dia da chegada de Dom Marelim à Caxias pela Estação, a estrutura serviu como “arquibancada” para os que buscavam uma visão privilegiada do clérigo.


Parte da muralha, já na curva que vai em direção ao local onde o Mercado Municipal localiza-se atualmente. Fotografia: Início da década de 1940.

Com o início da urbanização daquela área, no final da década de 1940 e início de 50, muitos imóveis e estabelecimentos começaram a ser construídos nas redondezas, o que levou à demolição da muralha, que era incompatível com essa expansão urbana.


Como pode-se verificar nesta fotografia de 1940, a extensa muralha iniciava nas proximidades da Estação de Ferro (canto direito. Atual, IHGC),

A Avenida em fotografia de 2012. Imagem: Google Maps.

Posteriormente, a via recebeu diversas melhorias, tendo, em 19/03/1948, o seu nome alterado para Avenida Getúlio Vargas, o qual permanece até os dias de hoje.


Fonte de pesquisa: Revista Athenas; Jornal Voz do Povo; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Internet.