José Compasso da Silva (Zé Pretinho)

José Compasso, quando goleiro da Seleção Caxiense, em 1947.

José Compasso da Silva nasceu em Caxias, à Rua do Piquizeiro (Atual, Rua Nossa Senhora de Fátima), no dia 31/10/1926. Filho do estivador Lino Silva e da lavadeira Paulina Compasso da Silva, tinha mais quatro irmãos: Raimundo, Antônio, João e Cândida Compasso da Silva. Junto à família residia ao lado do imóvel do ‘seu’ Seringueiro, pai de João Braz (proprietário do restaurante Selva do Braz). Fora nessa residência que passara sua infância, vindo a receber o apelido de “Zé Pretinho”.

Zé Pretinho nunca gostou muito de estudar, sendo recorrentes as suas fugas da escola para ir jogar bola com os amigos. Diante dessa recorrente situação, d. Paulina decide colocar o filho para trabalhar como aprendiz de sapateiro. Mas não adiantou muito, já que, aos 12 anos de idade, surge outra paixão na vida do pequeno Zé, a música. Dedicado, em pouco tempo o menino já tocava violão, banjo, cavaquinho e bateria. Contudo, por se identificar mais com a percussão, a bateria fora o instrumento em que mais se aprofundou.

Como nessa época a vida musical não era bem vista, o irmão mais velho de Zé o leva a aprender o ofício de pedreiro. Não obstante exercer uma profissão “oficial” que pagava as contas de casa, Zé Pretinho nunca deixou o futebol e a música de lado. Concomitantemente, passa a fazer parte dos times locais. Devido à altura, a sua função não poderia ser outra: goleiro. Em 1947, aos 21 anos de idade, já integrava a Seleção Caxiense, que, àquele ano, sagrou-se campeã de um torneio regional.

Nessa época, Zé Pretinho casa-se com sua primeira esposa, d. Neuza Muniz de Sousa. O casal teve três filhos, Neuzelina, Lino e Maria de Fátima Compasso da Silva. No final da década de 1950, com a construção de Brasília, Zé Pretinho decide, assim como muitos caxienses, ir trabalhar nas obras da nova capital da República. De volta à Caxias, ainda participou de muitas outras equipes futebolísticas, como: Guará, Palmeiras (seu time do coração), Maranhão, Atlético Clube; e teve participação no River, do Piauí. Chegou, inclusive, a receber um convite para atuar profissionalmente no Rio de Janeiro. Contudo, vendo o sofrimento da mãe com a sua partida (era o filho caçula), retorna à sua cidade natal.

Quando goleiro do Guará, na década de 1960.

Casou-se novamente. Do segundo matrimônio, com d. Iracy de Jesus Compasso da Silva, advieram: Iracilina, José Manoel, Francisca Tereza, Iris Maria, Francisca Maria, Irismar Maria, Paulo Jorge, Iris Mary, Marcos Roberto, Paulina Renata, Iracy de Jesus, Mardemys Jonnys, Márcio e Iris. A família residia à Rua Beco do Galo, 426. Para sustentar a extensa descendência, Zé Pretinho, além de pedreiro, desenvolvia outras atividades, como: eletricista, marceneiro, pintor e desenhista arquiteto (apesar de não ter formação na área, desenhava as plantas de casas e prédios que por ele eram construídos).

Na década de 1960, passa a, concomitantemente, atuar profissionalmente no meio musical; integrando a Orquestra Santa Cecília, de Josino Frazão, e o conjunto de Mário Beleza. Em Mário Beleza e Seu Conjunto, a formação era: Zé Pretinho (bateria), Paulo (trompete), Seu Chagas (trombone), Magalhães (contrabaixo), Olavo (violão elétrico), Mister Dame (acordeom; substituído posteriormente por Haroldo), Zé Mamão (vocal) e Rachel (vocal). Durante o seu período de atividade, o conjunto foi um sucesso, sendo presença constantes nos bailes caxienses. Era como cantava Jorge Ben Jor nos primeiros versos de sua famosa música: A banda do Zé pretinho chegou / Para animar a festa…

Zé Pretinho tocando bateria no conjunto de Mário Beleza, na década de 1960.

Com o fim do conjunto musical e já com idade avançada para o futebol, Zé Pretinho passou a se dedicar à construção civil. Por trabalhar muito na zona rural, na edificação de escolas, acabou sendo picado pelo mosquito barbeiro, vindo a sofrer de “coração grande”. Já acometido com esse problema, sofre um AVC, o que leva ao seu falecimento no dia 01/05/1994, Dia do Trabalho, aos 68 anos de idade. Àquele mesmo dia, o Brasil despedia-se de Ayrton Senna, e Caxias de José Compasso da Silva, o Zé Pretinho.

Deixou 13 netos e 11 bisnetos. Dentre eles, Fábio Bruno Compasso Brito, que herdou a paixão do avô pelo futebol, e hoje corre atrás do sonho de ser um grande jogador. Aos vinte anos de idade, desde os onze, quando começou no esporte, Fábio acumula um extenso currículo de atuação em times de diferentes estados do Brasil, bem como uma passagem pela Itália. Atualmente, joga pelo Juventude Samas, do Maranhão.


Fontes de pesquisa: Depoimento de Irismar Compasso da Silva (filha de José Compasso); Livro Cartografias Invisíveis/Diversos Autores

Imagens da publicação: Revista Esporte Ilustrado (RJ); Acervo do IHGC

Colorização e Restauração: Brunno G. Couto