Teatro Fênix

Fundado no século XIX, o prédio foi obra da Sociedade Dramática Caxiense (sociedade criada em 1880, da qual participavam o dr. Eduardo de Berredo, o prof. José do Rego Medeiros e o dr. José Firmino de Carvalho). Próximo a sua conclusão, em 1882, o teto do teatro desaba, sendo reconstruído sob supervisão do engenheiro inglês Hyran W. Mappes Jr. Com suas instalações à Rua dos Quintais (Atual, Aarão Reis), o teatro chegou a ser criticado por estar distante do centro da cidade (àquela época, a referida rua fazia parte dos chamados arrabaldes).

Fachada, em ruínas, do Teatro/Auditório Fênix, em 2012. Imagem: Google Maps.

Várias companhias europeias apresentaram-se nesse teatro, entre as quais a italiana Balsamani & Cia, em 1885; a Ficarra e Varella; e a Companhia Luso-Brasileira, que passou quase todo o mês de dezembro de 1901, em Caxias. O compositor caxiense, Elpídio de Brito Pereira, consagrado na Europa e no Brasil, realizou no Fênix dois concertos sinfônicos com composições de sua autoria. A orquestra do teatro era regida pelos maestros Coutinho e Carimã Junior.

Além das exibições teatrais, fora no Fênix que se realizaram as primeiras exibições cinematográficas de Caxias. O ano era 1902, o cinema já tinha quase 7 anos de idade; através do cinematógrafo do alemão Bernard Bluhm, que estava de passagem para Teresina, exibiu-se diversas películas na noite de 30 e 31 de agosto daquele ano. A relação do Fênix com a sétima arte não parou por aí. Na primeira metade do século XX, muitos cinemas funcionaram no prédio, tais como: Cine Odeon, Royal Cinema e Cine Guarany. Além disso, foi nas dependências do Teatro Fênix que, em 01/05/1915, fora criada a União Artística Operária Eleitoral Caxiense. 

Gravura de divulgação do show do ilusionista italiano, em 1905. Imagem: Jornal O Paiz.

Devido às suas acomodações, o teatro era palco de diferentes atrações. Em 1905, o Fênix recebeu o ilusionista italiano Salvatore Vigilante, que excursionava pelo Brasil. Por meio de uma propaganda sensacionalista, típica da época, o mágico, através dos periódicos locais, alertava o público sobre o impacto do truque de decapitação: “Para esta impressionante cena, previne-se ao respeitável público, ou para melhor dizer, aos senhores maridos para não conduzirem ao teatro senhoras com avançado estado de gravidez; isto é um aviso simplesmente, para que na ocasião de ‘decepar a cabeça do corpo’, o sangue que aparecer não possa causar qualquer emoção ou desmaios às senhoras”. 

Com o fim de sua sociedade fundadora, o presidente, José Castelo Branco da Cruz, doou o prédio à Intendência Municipal, em 1914. Em 1938, através de um decreto, o prefeito, Alcindo Guimarães, transfere a administração do teatro ao Ginásio Caxiense, que havia sido fundado três anos antes, e ladeava o teatro. Dentre as exigências estabelecidas estava a de que, caso o colégio encerrasse as suas atividades, o teatro voltaria à municipalidade. 

Alunos, mestres e populares, durante alguma solenidade nas dependências do Fênix (pós-reforma), na década de 1960. Imagem: Ac. de Aluízio Lobo.

Ao longo de sua existência, o Teatro Fênix recebeu diversos espetáculos, de peças infantis à apresentações musicais. Funcionava, também, como auditório do Colégio Caxiense, que, constantemente, promovia diferentes solenidades em suas dependências.  Durante o primeiro mandato do prefeito Aluízio Lobo (1966/1970), o teatro recebeu uma nova reforma em suas instalações. Através dessa completa remodelação, passou a contar com 600 poltronas confortáveis, e com um amplo palco com cenário e pano de boca (foto abaixo).

O então governador, José Sarney, discursa nas dependências do Teatro Fênix (pós-reforma), por volta de 1967. Imagem: Ac. de Aluízio Lobo.

Em 2000, na sede do teatro fora fundada a companhia teatral Eva Fênix, objetivando ajudar jovens com dificuldade de leitura e problemas de socialização. Sob a direção de Érica Almeida, o grupo ainda se encontra em plena atividade.

Imagem área do Teatro Fênix, em 2018, já sem o teto. Imagem: Claudinho Siqueira/YouTube.

O Teatro Fênix funcionou até início dos anos 2000. Contudo, já não apresentava mais a popularidade dos tempos áureos. Com o fim do Colégio Caxiense, na abertura do século XXI, o teatro, conforme preceituava o decreto de 1938, voltou a pertencer à prefeitura. Abandonado, em 2009, o seu teto desaba; preservando atualmente apenas a sua fachada. Tomado pelo mato e com eminente risco de desabamento, o imóvel, nem de longe, lembra aquilo que já foi um dia.

Imagens internas do teatro após o desabamento de seu teto. Imagem: Blog do Sabá.
Ruínas do antigo palco. Imagem: Blog do Sabá.

Assim como diversos outros imóveis de Caxias, o Fênix clama, há anos, por uma reforma.


Fontes de Pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Site Eziquio Barros Neto; Livro Cartografias Invisíveis/Diversos Autores; Jornal O Paiz; Blog do Sabá.

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