Josino Frazão nasceu em Caxias, à Rua do Cisco (Atual, Benedito Leite), no dia 24/02/1894, filho de Francisco Ferreira Frazão e Isaura Guimarães Aragão (falecida em 12/06/1917). No início da década de 1910, Josino, com seu “Foto Frazão”, foi um dos primeiros fotógrafos de Caxias, ao lado de outros profissionais das lentes, como: José Cunha, Augusto Azevedo, Arthur de Moura Pedreira e Caetano de Moura Carvalho.
Vocacionado à música, Josino foi maestro da banda Lira Operária Caxiense, e membro fundador do grupo musical Amigos da Música – que depois mudou o nome para Orquestra Santa Cecília. Teve colaboração do comerciante e industrial Antônio Francisco de Sousa (Nanito Sousa) e contou com remanescentes da Goiabada, como Luiz Aguiar e Airton Oliveira. Com sonoridade à lá Paul Mauriat, calcado nas cordas e com participação dos metais em surdina, interpretava principalmente valsas, foxes, boleros e, eventualmente, cha-cha-cha e maxixe. Além disso, ministrava aulas particulares de violino.
Empreendedor nato, Josino, ao longo de sua vida, desempenhou outras atividades: teve fábrica de velas, perfumes, sabonetes e espelhos; a Mercearia do Povo e a Padaria São Vicente de Paula. Na década de 1920, foi almoxarife na Prefeitura Municipal de São Luis, durante a administração do engenheiro Jaime Tavares, seu amigo que compartilhava a paixão pelo violino.
Em decorrência de um edema agudo no pulmão e insuficiência cardíaca, o maestro e músico, Josino Frazão, faleceu aos 87 anos de idade, no dia 21/05/1981, em sua residência à Rua Benedito Leite, 724, centro.
Em sua homenagem, no ano de 1987, fora dado o seu nome a uma escola de música de Caxias. Josino deixou diversas composições, dentre elas: “Sorriso de Amor”, fox (letra de Amaral Raposo); “Escravo de Amor”, fox (letra de Waldemar Lobo); “Retalhas d’Alma”, valsa; “Uma noite no Ponte”, valsa; “Meditação a Caxias”, valsa; “Rosa”, valsa; “Marcha do Babaçu”; “Silvânia”, fox; “Meu Arlequim”, fox (letra de Amaral Raposo); “Nachor, Enos e Capitão Doutor”, fox. Compôs, ainda, o Hino do Congresso Eucarístico e Sacerdotal de Caxias, realizado em 1937.
Fontes de pesquisa: Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Livro Cartografias Invisíveis; Almmanak Laemmert.
Gilberto de Almeida Barbosa nasceu em Caxias, em 23/02/1901, filho do comerciante Gilberto Barbosa e d. Maria Francisca Lemos de Almeida; neto de Veríssimo José de Sousa Barbosa. Iniciou seus estudos das primeiras letras na escola da conceituada professora Ana Correia. Com apenas 12 anos de idade, durante uma viagem que fazia junto aos pais à São Luis, reafirmou o seu desejo de ser padre, sendo, dessa forma, matriculado no Seminário de Santo Antônio, na capital do estado, em 1913.
Em 24 de janeiro de 1924, próximo a completar 23 anos de idade, Gilberto Barbosa é ordenado Sacerdote, rezando a sua Missa Nova (primeira missa de um padre) na Paróquia de Santo Antônio, em São Luis. Logo é designado para a paróquia de Alcântara (MA), e, em 1927, depois de passar por outras cidades do estado, pe. Gilberto Barbosa retorna a sua cidade natal, para cuidar das paróquias da Matriz e Nazaré.
Pe. Gilberto, em 1924.
Buscando uma nova forma de propagar a Palavra Sagrada, funda, em 1933, ao lado do padre cearense Joaquim de Jesus Dourado, o jornal O Cruzeiro. Que, sob a direção do professor Leôncio Magno, tornou-se um dos mais importantes órgãos noticiosos da cidade. Em 1937, é nomeado Diretor Geral da Comissão de organização do Congresso Eucarístico e Sacerdotal de Caxias, ocorrido àquele ano.
Com a criação da Diocese de Caxias, em 1939, padre Gilberto, que tinha como paróquia de atuação a Igreja de São Benedito, é nomeado Vigário Geral da cidade. Neurastênico, de baixa estatura e ostentando uma portentosa careca, padre Gilberto era uma figura singular. Conflitando com a sua personalidade caridosa, o vigário, quando irritado, deixava escapar as mais diversas palavras pagãs que integram o dialeto popular, o que acabava arrancando risadas dos fiéis.
Na década de 1940, recebe o título eclesiástico de Monsenhor. Em 24/01/1949, comemora as Bodas de Prata de sua Ordenação Sacerdotal. Muito querido pelos caxienses, em 1968, o prefeito Aluízio Lobo deu o nome do vigário a uma escola inaugurada à Rua Siqueira Campos. Seis anos depois, em 1974, Mons. Gilberto completou 50 anos de sacerdócio, ocasião em que foram realizadas diversas festividades em sua homenagem, bem como fora inaugurado um busto seu em frente à escola que leva o seu nome (Busto que atualmente tem paradeiro desconhecido).
Já com a saúde bastante fragilizada, Mons. Gilberto Barbosa falece em Caxias, no dia 13/01/1977, a poucos dias de completar 76 anos de idade, e no ano em que completara 50 anos de atuação sacerdotal em Caxias.
Fontes de Pesquisa: Jornal do Maranhão; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto/Ano: 2020.
Imagens da publicação: Acervo do IHGC; Hemeroteca Digital.
Restauração e Colorização das imagens: Brunno G. Couto
Filho do comerciante Anfrísio Leandro e de d. Rosina Frazão de Abreu Lobo, Aluízio de Abreu Lobo nasceu em Caxias, a 02/03/1917. Era irmão de Geofredo, Anfrísio, Florita, Nilza e Carmosina Lobo. Sua formação escolar primária foi cursada no Grupo Escolar João Lisboa e concluída em 1931. A formação Ginasial foi no Colégio Caxiense, em 1940, instituição onde concluiu os estudos.
Em sua vida profissional, foi Serventuário da Justiça, nomeado pelo Governo do Maranhão, e, em seguida, foi aprovado em concurso público em 1940. No ano seguinte, é nomeado Serventuário Vitalício da Justiça pelo então Interventor Federal do Maranhão em Caxias. Decidido em seguir a carreira militar, é promovido pelo 24 Batalhão de Caçadores de São Luis, em 1946, de Aspirante a Oficial do Exército Brasileiro no posto de 2 Tenente da Arma de Infantaria, de 2 classe. De volta a Caxias, ocupa o cargo de Diretor do Tiro de Guerra, de 1946 a 1968.
Tenente Aluízio Lobo, na década de 1940.
Aluízio – junto a sua primeira companheira, d. Creusa Lopes Medeiros -, residia no bairro Ponte, na localidade conhecida como “Cantinho do Céu”. Ali o tenente recepcionava, em seu confortável imóvel, diferentes autoridades, quando de passagem por Caxias. O então Governador José Sarney e o Deputado Alexandre Costa, eram figuras recorrentes. A residência ainda ostentava um grande riacho com cachoeira.
Com o golpe militar de 1964, Tenente Aluízio, que visava entrar na vida política, candidata-se a prefeitura de Caxias, tendo como vice, o médico José Brandão. Em sua campanha utilizou o inesquecível jingle composto pelo professor e vereador “Poeta” (Francisco de Assis): Avante, Aluízio Lobo! Que tinha a seguinte letra:
“Avante, Aluízio Lobo/Avante, vem sem demora/Avante, Aluízio Lobo, tu és o candidato da vitória//Alô, caxiense, alô/No dia quinze votar eu vou/Em Aluízio que será o vencedor!”.
Com um tom de voz autoritário e de personalidade forte e impulsiva, os comícios de Aluízio Lobo eram uma atração à parte. Em uma época onde a fiscalização de eventos políticos não era tão rígida, em seus comícios, Aluízio colocava sanfoneiros para animar o povo presente, e realizava, ainda, a distribuição de diversos brindes; alguns, diga-se de passagem, questionáveis. Certa feita, durante um comício, a população começou a alarmar que uma casa, nas proximidades, estava pegando fogo. Aluízio, já inflamado pelo calor do momento (com perdão do trocadilho), ao saber da situação, gritou aos eleitores: “Amanhã mesmo mando fazer outra casa!”. As palmas não foram economizadas.
Com uma campanha popular, Aluízio Lobo consegue ser eleito. Logo após a divulgação do resultado da votação, Aluízio proferiu um emocionado discurso à população. Após, o povo saiu em passeata pelas ruas da cidade, carregando nos braços o novo prefeito e o seu vice, os quais, de mãos dadas, recebiam a aclamação dos caxienses. A passeata encerrou na sede da União Artística, onde Aluízio ofereceu um baile ao povo.
Edição do jornal O Combate, de 1965, noticia a vitória de Aluízio Lobo.
No ano seguinte, em 31 de janeiro de 1966, Aluízio assume a prefeitura de Caxias, onde ficou até 1970. Em sua administração, fez diversos melhoramentos urbanos na cidade, como construções de praças, aberturas de vias e novos bairros; expandindo a cidade. Candidatou-se novamente em 1976. Eleito, fora empossado em 31 de janeiro de 1977. Contudo, acabou renunciando em 27/06/1980, para assumir como Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Atitude que acabou levantando questionamentos, com afirmações de que a sua renúncia fora premeditada, sendo eleito apenas para que seu vice, Numa Pompílio, assumisse a Prefeitura de Caxias.
Diploma de Prefeito (Primeiro Mandato).
Em 1983, voltou a política como Deputado Estadual, permanecendo até 1987 no cargo, período em que passa a residir em São Luis. Foi de sua iniciativa a aquisição da Fábrica de Manufatura para a instalação do Centro de Cultura, com Escola de Música, Teatro e Artesanato. Em 1990, é nomeado Diretor Executivo da Fundação Memória Republicana pelo Presidente da República, José Sarney.
Santinho da candidatura de Aluízio Lobo, para Deputado Estadual.
Aluízio Lobo, em foto do início dos anos 2000.
Aluízio Lobo foi sócio Honorário da União Artística Operária Caxiense e Membro da Maçonaria. Além disso, através de decreto do Presidente da República, recebeu a comenda no grau de Cavaleiro, pelos serviços prestados ao Exército, bem como incontáveis diplomas emitidos por diversas instituições nacionais e internacionais.
Com um histórico político amado por uns e odiado por outros, Aluízio de Abreu Lobo faleceu no dia 14/08/2012, em São Luis, aos 95 anos de idade.
Fontes de pesquisa: Livro Vulto Singular, Em Meio A Ricos Mosaicos/Autor: Libânio da Costa Lôbo/Ano: 2003; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto/Ano: 2020; Jornal O Combate.
Imagens da publicação: Acervo do IHGC; Livro Vulto Singular, Em Meio A Ricos Mosaicos; Internet.
Caxiense de coração, Leôncio Magno de Oliveira era natural do Ceará. De sua infância e início de juventude, quando ainda residia em terras cearenses, quase nada se sabe. Informações apontam que sua cidade natal seria o Canindé, município da fé e de São Francisco das Chagas. Tendo nascido no final do século XIX, no dia 21 de setembro.
Chegado o momento de escolha da carreira profissional, Leôncio resolve seguir o magistério. Dotado de uma grande capacidade oratória, e de uma invejável habilidade na escrita, Leôncio realiza, ainda no Ceará, a sua estreia jornalística. A publicação chamava-se Santuário de Canindé, periódico local, no qual o jovem colaborou durante algum tempo.
Na década de 1930, Leôncio muda-se para o Maranhão, mais precisamente para o município de Carolina. Vindo da cidade da fé, Leôncio era católico fervoroso, o que o levou a fazer parte do movimento Integralista (movimento político de combate ao comunismo). Em 1934, ainda em Carolina, chegou a se candidatar ao cargo de Deputado Federal, por esse movimento; contundo, não obteve êxito.
No ano seguinte, 1935, surge o seu primeiro registro em Caxias. Através de Ato do Governo Estadual, Leôncio fora nomeado ao cargo de professor de Matemática da Escola Normal de Caxias, vindo a fixar residência na cidade. Muito participativo nas solenidades católicas, logo ganhou a amizade dos párocos locais. Que, por observarem a sua dedicação à religião, o convidaram a participar do jornal da Diocese, O Cruziero – periódico que havia sido fundado dois anos antes de sua vinda a Caxias. Assim, prof. Leôncio dirigiu o jornal até quando este saiu de circulação, em 1960.
Em sua carreira de professor, também fora docente no Ginásio Caxiense, ministrando aulas em diversas cadeiras. Em 1946, fazia parte, como orador, da Associação Rural de Caxias. No ano seguinte, foi diretor de publicidade da Sociedade dos Amigos de Francisco Dias Carneiro. Também foi Diretor da Secretaria da Câmara Municipal de Vereadores, e sócio honorário da União Artística.
Prof. Leôncio, já idoso, em fotografia da década de 1960.
Em reconhecimento aos valiosos serviços prestados a educação caxiense – bem como em outras áreas de atuação -, a Câmara dos Vereadores lhe conferiu o título honorário de Cidadão Caxiense; cidade em que viveu até o fim da vida.
Prof. Leôncio Magno faleceu em Caxias, no dia 05/08/1973. Deixava o plano terreno, aquele que, segundo o escritor Libânio da Costa Lôbo (in memoriam), foi: “Um santo com trajes civis”. Por viver uma vida simples e até um pouco reclusa, o professor, materialmente, nada deixou, bem como não teve filhos.
Em sua homenagem, o campus de Caxias da UEMA batizou o seu auditório com o seu nome. Professor Leôncio Magno também é Patrono da Cadeira de n. 23 do Instituto Histórico de Geográfico de Caxias.
Fontes de pesquisa: Livro Vulto Singular Em Meio a Rico Mosaico/Autor: Libânio da Costa Lôbo/Ano: 2003; Jornal Cruzeiro; Jornal Diário de São Luiz; Jornal Pacotilha; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto/Ano: 2020.
Filho do marchante Aderson da Costa Guimarães e da costureira da antiga fábrica de tecidos d. Maria Dulce (Mariosa), Aderson Guimarães Junior nasceu em Caxias, no dia 02/09/1918. Tinha mais três irmãos: d. Naná, Adelmo Guimarães (professor de música), e o irmão mais novo, que viajou ao Rio de Janeiro e não mais retornou. Junto a família, Aderson Junior residia no bairro Tresidela.
Na juventude, decidido em seguir a vida religiosa, ingressa no Seminário de Santo Antônio, na capital do estado; vindo a receber sua Ordenação Sacerdotal, em 29 de junho de 1943, do então Arcebispo de São Luis, Dom Carmelo de Vasconcelos Mota. Primeiramente, foi vigário na freguesia de Buriti Bravo, retornando, algum tempo depois, à sua terra natal.
Casa onde morou Aderson Guimarães e sua família, à Rua 7 de Setembro, Tresidela. Ao lado, uma das praças que leva o seu nome. Imagem: Google Maps, 2012.
Em Caxias, foi designado pároco da Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, na Tresidela. Muito ativo, funda, em 1947, o “Centro Cultural Coelho Neto”, instituição que reuniu os maiores intelectuais daquela época. Sendo o seu primeiro Presidente.
O noviço Aderson Junior, em 1941.
No campo educacional, assim como o irmão, também foi professor, atuando no Colégio São Luis Gonzaga. Posteriormente, após a criação do curso científico, o colégio passa a se chamar Ginásio Diocesano, sendo, pe. Aderson, o terceiro Diretor da instituição. Rígido como docente, Aderson não admitia indisciplina em suas aulas. No caso dos alunos mais inquietos, corrigia-os com punições, como: puxadas de orelha, suspensão ou ordenava ao aluno mal criado que ficasse de joelhos em frente ao quadro negro da sala. Os pais agradeciam.
De baixa estatura e corpo avantajado, Padre Aderson era uma figura querida pelos caxienses, principalmente pelos tresidelenses. Além da atuação em Caxias, realizava, anualmente, desobrigas pelo interior do estado, onde celebrava missas, batizados e casamentos. No início, fazia essa peregrinação a cavalo, depois adquiriu um Jeep -pilotado, na maioria das vezes, pelo motorista Severino -, que facilitou muito o seu deslocamento .
Outra passagem memorável de sua biografia remete ao período da Semana Santa. Durante a procissão do encontro de Jesus com a Virgem Maria, Pe. Aderson emocionava a todos quando proferia, em frente a Igreja Matriz, as seguintes palavras: “Vem Maria! Ao encontro do teu filho Jesus!”.
Em 1968, quando da criação, em Caxias, da Faculdade de Formação de Professores do Ensino Médio (FFPEM), assumiu como Vice-Diretor, tendo, no ano seguinte, ascendido ao cargo de Diretor. A pedido do bispo Dom Marelim, foi honrado pela igreja com o título de Cônego Honorário.
Em 1970, a serviço da educação caxiense, ganhou uma Bolsa de Estudos nos Estados Unidos. onde participaria, junto a vários educadores brasileiros, de um curso de especialização. Contudo, durante a viagem o Cônego sentiu-se mal repentinamente, chegando, ainda, a receber uma transfusão de sangue. Apesar dos esforços empreendidos, Cônego Aderson não resistiu, falecendo no dia 01/11/1970, aos 52 anos de idade, na cidade de San Juan, capital de Porto Rico.
Uma semana depois, Caxias, enlutada, recebeu o seu tão estimado filho. Todas as escolas da cidade fecharam suas portas por oito dias. O prefeito Marcelo Tadeu decretou luto oficial de três dias. Diversas homenagens póstumas foram realizadas, tais como: a Praça da Bíblia, da Tresidela, foi renomeada para Praça Cônego Aderson Guimarães; o Colégio Diocesano também recebeu o seu nome. Além disso, fora encomendado ao artista caxiense Antônio Oliveira, um quadro que retrata, em tamanho real, o clérigo.
Visão parcial da pintura de Antônio Oliveira. Atualmente, a obra faz parte do acervo do Palácio Episcopal. Imagem: Reprodução TV Sinal Verde.
Cônego Aderson Guimarães Junior é Patrono da Cadeira de n. 33 da Academia Caxiense de Letras e da Cadeira n. 5 do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias.
Fontes de pesquisa: Jornal do Brasil, Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto/Ano: 2020; Jornal do Maranhão; Facebook.
Colorização e Restauração das imagens: Brunno G. Couto
Raimundo Costa Sobrinho nasceu na casa grande da feitoria Canabrava, 1º Distrito do município de Caxias, em 23/05/1884. Filho de Alexandre Alves Costa e Maria Emília dos Santos Costa. Descendente de uma família de posses, era neto dos portugueses Joaquim Alves Costa, pelo lado paterno, e José Antônio dos Santos, pelo lado materno.
Costa Sobrinho, como era conhecido, estudou as primeira letras na escola particular da professora Rosinha Sousa, e cursou humanidades no Colégio de Ensino Livre. Ainda na carreira acadêmica, prestou vários exames preparatórios no antigo Liceu Piauiense, de Teresina.
Iniciou a sua carreira profissional no comércio, em 17/04/1894, aos dez anos de idade (incompletos), quando ingressou na firma Ciro de Melo Coutinho e Vilhena, onde permaneceu até 1896. Posteriormente, trabalhou em diversas casas comerciais e escritórios, transferindo-se, em 1908, para o interior do município. Em 1918, retorna à Caxias, trabalhando no escritório de Clemente C. Cantanhede.
Em 05/09/1916, casou-se, aos 32 anos, com d. Emília Gonzaga Alves Costa. Da união advieram dois filhos: Alexandre Alves Costa e Dinir Costa e Silva. Além dos casal de filhos, criou e educou Rosalina Pinto Barros (esposa do empresário e político Eugênio Barros), filha do primeiro matrimônio de sua esposa.
Dez anos depois de seu casamento, Costa Sobrinho retira-se da firma de Clemente Cantanhede, já como sócio. Estabelecendo-se novamente no interior do município, onde permaneceu até 1930, quando a convite do genro, Eugênio Barros, passou a integrar, como sócio, a organização de comércio e indústria Eugênio Barros & Cia, onde permaneceu até o fim da vida.
Exerceu ainda, de 1918 a 1937, as funções de Suplente de Juiz Federal, e de 1942 até a década de 1960, as de 1º Suplente de Juiz de Direito da 2º Vara. Presidiu também, durante muitos anos, a Comissão Executiva do Ginásio Caxiense.
Raimundo Costa Sobrinho faleceu em Caxias, em 16/04/1964, aos 79 anos de idade.
Josias, em 1928, quando era diretor da Euterpe Carimã.
Josias Chaves Beleza nasceu em Caxias, em 26/09/1898, filho de Alfredo Beleza e de d. Leonília Chaves. Era irmão de José, Durval e Mário Beleza. Por ser filho de maestro, Josias, desde muito cedo, estudou música, paixão que conciliava com sua profissão: alfaiate. Em 1920, se casa com a sua primeira esposa, a caxiense Aristotelina Lima Beleza, com quem teve seis filhos.
Josias e seus irmãos participavam da banda de orquestra “Euterpe Carimã” (Primeira banda de música e orquestra de Caxias). Sob a regência do pai, Alfredo, os irmãos participavam das mais diversas solenidades e festividades caxienses, junto a mais vinte e poucos músicos que compunham a banda.
Além das apresentações com a banda, Josias, que também era maestro, realizava apresentações com outras orquestras. Em 1936, por exemplo, comandou, no teatro Artur Azevedo, em São Luis, um concerto de saxofone, composto por 20 instrumentistas. Na ocasião, também executou, junto ao músico caxiense Paulo Almeida (irmão do artista plástico Mundico Santos), solos de saxofone acompanhados ao piano, que arrancaram aplausos do público presente.
Josias, já mais velho.
Em 1937, Alfredo Beleza falece, deixando a banda sob a direção de Josias e Durval, os filhos mais velhos. Contudo, os mais novos, José e Mario, discordavam da disciplina rigorosa herdada pelos irmãos, no comando da banda, o que fez com que a banda se dividisse em duas. Com a divisão, a banda Carimã entra em hiato. Josias muda-se com a família para Belém (PA), onde começa a participar da Rádio Club.
Em 1939, retorna a Caxias, e com a fundação do Ginásio Caxiense, assume, como professor, a matéria de Teoria Musical. Com o seu retorno à princesa do sertão, Josias reata as relações com os irmãos, e logo retorna com a banda, agora sob o nome de: Goiabada. Nesse retorno, a banda tocou em diversos eventos de Caxias, tais como: eventos civis, religiosos, carnavais e partidas de futebol.
Em 1941, Josias decide ir morar com a família no Rio de Janeiro, então capital da República. Alguns de seus irmãos também saíram de Caxias, o que levou ao fim a Banda Carimã, depois de 94 anos de história. No Rio, Josias consegue mais destaque em sua carreira de músico, chegando a integrar diversos sindicatos, como: Sindicato dos Músicos Profissionais e Ordem dos Músicos do Brasil. Junto a amigos, também fundou, na década de 1950, a Associação Beneficente dos Músicos do Distrito Federal.
No início da década de 1960, quando a capital federal já havia sido transferida para Brasília, Josias muda-se para São Paulo. Lá, permaneceu até 1976, quando volta ao Rio, já separado da segunda esposa; dessa vez, vai para o município de Macaé.
Mesmo com a idade avançada, e já aposentado, Josias ainda dirigiu uma banda daquela cidade. Posteriormente, já de volta a São Paulo, passa a residir sob os cuidados de sua filha. Vindo a falecer em 24/05/1997, aos 98 anos de idade.
Josias, em sua carreira como compositor, deixou algumas obras registradas, tais como: valsas, canções e a marchinha de carnaval “Sonho” – composta em parceria com José Costa e Oliveira Pinho.
Fontes de pesquisa: APEM; Jornal Correspondente; Livro: Por Ruas e Becos/Autor: Eziquio Barros Neto/Ano: 2020; Nonato Ressurreição; Livro: Cartografias Invisíveis/Ano: 2015.
Sérgio Torres, na verdade, era o nome artístico adotado por Herbert Carvalho. Nascido em Caxias, no bairro Cangalheiro, Herbert era filho do empresário Nachor Carvalho, e, por conseguinte, irmão do engenheiro, professor e político, Jadhiel Carvalho.
Desde cedo o pequeno Herbert gostava de cantar. Atividade que não fazia apenas em casa, mas também nas festinhas em que era convidado e onde não faltava a constante solicitação: “Mais uma! Bis! ”. Até à sua profissionalização musical houve um fato marcante: a sua mudança para São Paulo, a fim de cursar a faculdade de engenharia.
Contudo, Herbert não conseguiu ser aprovado no vestibular, além disso, em decorrência da morte do pai, em 1962, a sua mesada acabara. E houve um encargo adicional: a necessidade de educar os irmãos, todos mais jovens que Herbert, o caçula com apenas 9 anos.
Ainda residindo em São Paulo, Herbert começou a cantar em uma boate, já com o nome artístico: Sérgio Torres. Lá, fora descoberto pelo jornalista Jorge Saldanha, que sugeriu ao jovem cantor que começasse a educar a voz. Apresentando-o a uma professora de canto, que deu aulas a Sérgio, durante um ano e meio. O jornalista ainda indicou Sérgio a Júlio Rosemberg, da TV Tupi; responsável pelo lançamento televisivo do jovem caxiense.
O ritmo em voga na década de 1960 era o conhecido “iê-iê-iê” (nome que surgiu em virtude do refrão chiclete da música She Loves You dos Beatles). No Brasil, a Jovem Guarda era a porta voz desse estilo musical, o que influenciou muito no repertório de Sérgio, que cantava desde Rossini Pinto a Roberto Carlos. Em 1967, depois de sete meses de viagem pelo interior do país, Sérgio decide ir ao Rio de Janeiro, que, segundo suas palavras “O artista pode ser conhecido em todo o Brasil, mas enquanto não for aclamado na Guanabara não terá alcançado a consagração”.
Jornal carioca destaca a aventura de Sérgio.
Mas nem tudo correu como o planejado. Com o mercado altamente competitivo, Sérgio não conseguiu o destaque que almejava. Até que, certo dia, é aconselhado a tentar uma carreira em Portugal. E lá foi Sérgio, com a cara e a coragem. Em terras portuguesas, o jovem consegue, finalmente, gravar o seu primeiro LP. Com o disco embaixo do braço, Sérgio retorna ao seu país de origem, apresentando-se às gravadoras como um cantor de sucesso em Portugal. Com essa estratégia, Sérgio, enfim, consegue o seu lugar no mercado nacional, e lança alguns LPs, como o: Sérgio Torres, sempre…sempre, pelo selo Beverly.
Ouça, abaixo, Sérgio Torres cantando a música Aline:
E assim, com uma história de dedicação e resiliência, o caxiense Sérgio Torres, ou melhor, Herbert Carvalho seguiu fazendo carreira até a data de seu falecimento, em São Paulo, onde residia.
Lp “Sempre…Sempre” completo:
Fontes de pesquisa: O Jornal (RJ); Nonato Ressurreição; Xico Ramos; Livro: Cartografias Invisíveis/Ano: 2015.
Constantino Ferreira de Castro nasceu em 12/06/1931, na cidade de Nova Iorque, no Maranhão. Filho de Elmiro Ferreira Castro e Vicência de Sousa Lima, tinha mais seis irmãos: Francisco Castro, Dolores Castro Vila Nova, Maria de Jesus Castro e Silva, José Ferreira de Castro, Mary Dalva Castro Rocha e Nalzica Castro Soares da Silva.
Aos onze anos de idade veio, junto a família, residir em Caxias. Ainda garoto trabalhou na “Padaria São Luís”, de seu irmão Francisco, que se localizava nos Três Corações. Já adulto tornou-se sócio chefe da firma “Francisco Castro, Comércio, Indústria & Agricultura S/A”. Em 1963, com a morte, precoce e repentina, de seu irmão Francisco, toma a frente dos negócios. Tornando-se Diretor-Presidente da FRANCASTRO.
O Diretor-Presidente Constantino (ao centro, de óculos escuros), em seu escritório. Ao seu lado, o seu assessor, Osmar Castro. Ano: 1964.
Em sua administração, mudou o nome da Fábrica Industrial do Ponte para FRANCASTRO S/A, modernizando-a com a aquisição de novos maquinários. Na política, foi o vereador mais votado da legislatura de 1967 a 1970, sendo eleito novamente em 1971, seguindo até 1974.
Residência de Constantino Castro (demolida), à Rua 1º de Agosto, n.10, no centro de Caxias.
Casou-se com Dulcimar de Jesus Castro (filha do empresário José Delfino), em 1956. O casal teve duas filhas: Marta e Filomena Castro. A família residia no imóvel de número 10, à Rua 1º de Agosto, no centro de Caxias.
Na década 1980, inaugurou mais duas usinas, sendo uma de sabão e outra de beneficiamento de arroz. Montou a firma “Grupo Empresarial Constantino Castro”, que, além da FRANCASTRO, possuía a CONCASTRO (derivado de petróleo), TRANSCASTRO (transportadora) e a ENCOSSA (setor agropecuário).
Industrial renomado, por sua atuação no ramo, recebeu diversos prêmios pelo Brasil. Também foi Presidente do Casino Caxiense, da Liga Esportiva de Caxias e da Associação Comercial.
Constantino Castro faleceu em 01/04/2015.
Fontes: Jornal Correio do Nordeste; Livro: Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto/Ano: 2020
Imagens da publicação: Acervo IHGC; Juan Torres/Jornal Correio do Nordeste
Mons. Clóvis atuando no filme “A Faca e o Rio”, em 1971.
Clóvis Vidigal nasceu em Riachão (MA), no dia 30 de outubro de 1906. Filho de Euclides Vidigal e Josefa Vidigal. Era irmão de José Maria Vidigal (Agente do IBGE), Raimundo Vidigal (Funcionário da Fazenda) e Maria José Carvalho, genitora do Cônego Ribamar Carvalho.
Recebeu sua ordenação em 1 de novembro de 1933. Nos seus primeiros anos de sacerdócio, atuou em sua cidade natal. Sendo, posteriormente, transferido para o município de Balsas (MA), onde, também, foi Diretor do “Jornal de Balsas”.
O jovem sacerdote, Clóvis, aos 23 anos, no ano de 1933.
Cooperou em muitos periódicos do Estado, noticiando acontecimentos religiosos, bem como escrevendo crônicas. Associando-se, em 1937, à “Associação dos Jornalistas Católicos do Maranhão”.
Foi, ainda, pároco em São João dos Patos e São Raimundo das Mangabeiras, no Maranhão. Em Caxias, chegou na década de 1950. Na cidade, não tinha paróquia certa, sendo, por muito tempo, Capelão das Irmãs Capuchinhas do “Colégio São José”.
Fundou a “Escola Centro Educacional Cardeal Mota”, “Escola Monsenhor Frederico Chaves“, “Marcelino Pão e Vinho” e a “Escola Técnica de Comércio de Caxias”. Na década de 1960, já sob o título eclesiástico de Monsenhor (recebido na década de 1950), exercia a função de Diretor do Ginásio Caxiense.
Mons. Clóvis (já com a saúde debilitada), na casa da família Assunção, no final da década de 1970.
Em 1971, Mons. Clóvis atuou (interpretando a si mesmo) ao lado do ator Jofre Soares, e da atriz Ana Maria Miranda, no filme “A Faca e o Rio“. Longa metragem do renomado cineasta holandês, George Sluizer, que teve muitas de suas cenas rodadas em Caxias.
Durante muito tempo foi vigário na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, onde celebrou suas últimas missas antes de ficar enfermo. Faleceu em Caxias, no dia 27 de maio 1983, aos 76 anos de idade.
Nesse mesmo ano, começou a funcionar, em Caxias, uma escola que o homenageia: o “Centro de Ensino Monsenhor Clóvis Vidigal”, na Cohab. Que, atualmente, leva o nome: “Colégio Militar Tiradentes-anexo IV”.
Imagens da publicação: Reprodução do filme “A Faca e o Rio” (1972); Jornal de Balsas; Acervo Família Assunção.
Restauração: Brunno G. Couto
Fontes: Jornal O Combate, Semanário da União de Moços Católicos (MA), Jornal do Maranhão; Edmílson Sanches; Secretaria de Infraestrutura do Maranhão (SINFRA).