A História do Calçadão (Rua Afonso Cunha)

Com sua história remontando, provavelmente, ao século XVIII, esta rua foi inicialmente nomeada de Rua Augusta. É durante o século XIX, quando o comércio migra da região portuária da Rua do Porto Grande (atual Anísio Chaves) e vem para o centro, que a então Rua Augusta passa a ser uma estratégica e importante via comercial; onde, objetivando atender a uma clientela mais exigente e abonada, ali instalaram-se diversas lojas que comercializavam produtos vindos da Europa.

Ligando os largos da Matriz e do Poço (atual praça Gonçalves Dias), a rua supracitada sempre foi muito movimentada, não só por transeuntes, como também por inúmeros animais de carga. Apesar de legalmente previsto anos antes, é apenas por volta de 1866 que a via recebe a iluminação de alguns lampiões a óleo.


A então Rua Dias Carneiro em fotografia de 1920. Ao fundo, o largo da Matriz.

Em 1896, com o falecimento do industrial Francisco Dias Carneiro, a Câmara de Caxias alterou, em sua homenagem, o nome da via para Rua Dias Carneiro. Nome, esse, que permaneceu por mais de 50 anos, mais precisamente até o ano de 1948, quando o então prefeito da cidade, Eugênio Barros, alterou o seu nome para Afonso Cunha, em homenagem a este ilustre caxiense falecido no ano anterior.


Rua Afonso Cunha em fotografia de 1950. Ao fundo, a praça Gonçalves Dias.

Essa rua, até o início do século XX, não possuía calçamento. Até que, entre 1900 e 1910, recebeu calçamento em pedra bruta. No início da década de 1930, durante a administração do prefeito Alcindo Guimarães, as pedras foram substituídas por paralelepípedos que perduraram até 1937.

Na década de 1960, na esquina que faz ligação com a Rua Coelho Neto, é que começam a se instalar barracas de frutas, sendo essa mudança bastante criticada. Dentre tantas, uma das reclamações afirmava que, em pouco tempo, a via iria se tornar um mercado a céu aberto, vendendo, inclusive, animais abatidos. Apesar da insatisfação popular, nada foi feito. Com o passar dos anos, cada vez mais e mais barracas foram se instalando no meio da via; passando, assim, a competir e dividir espaço com os lojistas e residências que a circundavam.


A via vista a partir da esquina com a Rua Coelho Neto; local onde, nessa época, começaram a instalar-se as primeiras barracas de frutas. Fotografia da década de 1960.

Com o aumento constante do número de barracas, o trânsito de veículos e pedestres começou a dificultar-se. Transformar a rua exclusiva para o comércio passou a ser um sonho dos lojistas. Até que, em 1989, o prefeito Sebastião Lopes atendeu os pedidos e fechou a rua. Em agosto daquele ano iniciaram-se as obras de drenagem da via, a pavimentação em pedras portuguesas, bem como a instalação de bancos e paisagismo. Após a ampla reforma, a Rua Afonso Cunha passa a ser conhecida popularmente como Calçadão.


Bancos instalados após a grande reforma da rua. Imagem do ano de 1995.

Mesmo após a reforma, muitas barracas voltaram a se instalar na rua. Além disso, os lojistas do ramo de tecidos colocavam os seus produtos expostos no meio da via. Dificultando mais uma vez o trânsito da população. E assim, no fim da década de 1990, a Administração Pública percebeu que os jardins e os bancos, unidos ao aumento dos camelôs, mais atrapalhavam que ajudavam. Dessa forma, foi providenciada a demolição de suas estruturas, o que, consequentemente, aumentou o número de ambulantes.


Lojistas colocavam os seus produtos em exposição no meio da via. Imagem de 1995.

Até a produção desta matéria, estão em curso as obras do shopping popular na Avenida Otávio Passos; onde, segundo o Poder Público, serão realocados os ambulantes da Rua Afonso Cunha. Descongestionando, dessa forma, o histórico logradouro.


Fonte de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto

Imagens da Publicação: Internet; Álbum do Maranhão de 1950; Acervo de Aluízio Lobo; Reprodução TV Paraíso.

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto

Comemorações de 7 de Setembro, do ano de 1938

Apesar de terem diminuído com o passar dos anos, as solenidades cívicas sempre foram muito estimadas pelos caxienses; e o dia que marca a Independência do Brasil sempre fora um dos mais festejados. Em 1938, Getúlio Vargas era o então Presidente da República, e uma de suas medidas governamentais fora nomear interventores para cada estado da federação, em substituição aos governadores. No Maranhão, a função estava a cargo do caxiense Paulo Martins de Sousa Ramos, que, em colaboração com prefeito de Caxias, Alcindo Cruz Guimarães, providenciou a realização das comemorações daquele ano.

Além da participação do Poder Executivo, as festividades contaram com a cooperação da União Artística; da Coletoria Federal e Estadual; do Cassino Caxiense; Centro Artístico; Tiro de Guerra 155; Ginásio Caxiense; Escola Normal; Grupos Escolares “Gonçalves Dias” e “João Lisboa”; Ferroviários da São Luis – Teresina; Escolas Primárias Proletárias; e de diversos sindicatos.

E assim se dera. Quando tudo já estava preparado, fora divulgada a seguinte programação da importante efeméride:

Às 6h: Hasteamento da Bandeira no edifício da Prefeitura, com assistência do Tiro de Guerra 155, ao som do Hino Nacional.

Às 8h: Missa cantada na Matriz de Nossa Senhora da Conceição e São José, ao som do Hino Nacional, em ação de graças ao presidente Vargas, e ao Interventor, dr. Paulo Ramos.

Às 9h: (Logo após a missa) Inauguração, na Coletoria Federal, do retrato do presidente Vargas, falando o sr. Carlos Martins, coletor, e o dr. Godofredo Revorêdo, agente fiscal do Imposto de Consumo. O Interventor Federal, dr. Paulo Ramos, se fará presente à solenidade pelo dr. Alcindo Guimarães, Prefeito Municipal.

Às 10h: Sessão cívica promovida pela Comissão Encarregada da Homenagem dos Associados da União Artística Operária Caxiense, ao presidente Getúlio Vargas, na sede dessa agremiação, para inaugurar solenemente o retrato do referido presidente no salão de honra, falado o dr. Alcindo e o sr. Luiz Gonzaga Bayma Pereira, que presidirá a sessão, e orador oficial da casa.

Às 11h: Aposição, na Coletoria Estadual, dos retratos do Presidente e do Interventor, que serão conduzidos da Prefeitura para Exatoria de Caxias por alunas do Ginásio e da Escola Normal, ladeadas pelo Tiro de Guerra 155 e acompanhadas por todas as autoridades, representantes do Clero e da Imprensa, colégios, sindicatos de classe, associações, etc. e o povo em geral.

As alunas do Ginásio trarão faixas com as cores da bandeira brasileira, em que se lê: “Homenagem da Coletoria Estadual de Caxias ao eminente Presidente Vargas”, e da Escola Normal uma faixa idêntica, lendo-se: ” Homenagem da Coletoria Estadual de Caxias ao preclaro Interventor Federal do Maranhão, dr. Paulo Ramos”.

Falarão, por ocasião da inauguração dos retratos, o dr. Alcindo Guimarães e o sr. Francisco Jayme Aguiar. Representarão os srs. drs. Paulo Ramos e Clodoaldo Cardoso, os srs. Alcindo Guimarães e Aniceto Cruz, respectivamente.

07 de Setembro de 1938: Alunas e autoridades posam próximos aos retratos recém-inaugurados de Getúlio Vargas e Paulo Ramos, no prédio da Exatoria de Caxias.

Às 15:30h: Passeata cívica, na qual tomarão parte, conduzindo o Pavilhão Nacional, Bandeirinhas Nacionais e estandartes: Tiro de Guerra 155, Escola Normal, Ginásio Caxiense, Grupo Escolar Gonçalves Dias, Escolas Proletárias, união Artística, Centro Artístico, Sindicatos: Operários em Construção Civil, Empregados Têxteis, Comerciantes, Empregados no Comércio, Mecânicos e Metalúrgicos, Ferroviários da São Luis – Teresina; Diretoria do Cassino Caxiense, altas autoridades, representantes do Clero e da Imprensa, funcionários e empregados públicos, intelectuais e povo em geral.

No decorrer do desfile, representantes das referidas instituições discursarão durante as paradas que serão realizadas nas praças Vespasiano Ramos e Gonçalves Dias; finalizando, assim, as comemorações de 07 de Setembro.


Fonte de pesquisa: Jornal Pacotilha

Imagem da publicação: Ac. do IHGC

Restauração: Brunno G. Couto

Show de Mágica no Teatro Fênix, no final do século XIX

Encantando, há séculos, as mais diversas audiências, o ilusionismo é uma arte antiquíssima; tendo os seus primeiros registros de existência remontando há pouco antes do nascimento de Cristo. Contudo, é no fim do século XIX que a mágica torna-se cada vez mais uma arte séria e respeitada, regulada por um código próprio – um acordo de sigilo sobre os truques. Nessa época, muitos mágicos brasileiros começam a fazer apresentações itinerantes pelo país. No Maranhão, um dos mais famosos chamava-se: Deocleciano Belfort.

Os registros da atuação profissional de Deocleciano começam a surgir nos periódicos maranhenses no ano de 1890, quando este realizava apresentações por São Luis (apesar de incerto, é muito provável que Deocleciano fosse ludovicense). Ostentando um exuberante bigode, o esbelto mágico possuía uma comitiva artística muito semelhante a um circo, onde, além do seu show de mágica, apresentavam-se ginastas e palhaços, compondo um grande espetáculo de seis partes. Através de reclames sensacionalistas nos jornais, Deocleciano divulgava seu show ao grande público.

E assim, depois de aclamadas apresentações por São Luis e Codó, em 1893 Deocleciano Belfort veio à Caxias. O local da primeira apresentação do mágico na cidade é desconhecido. Contudo, para o seu segundo show fora escolhido o ainda inconcluso Teatro Fênix, à Rua dos Quintais (Atual Aarão Reis). Necessitando de auxílio para a conclusão de suas obras – iniciadas por volta da década de 1880 -, o espetáculo fora realizado em benefício do teatro. Destarte, o show fora agendado para 14 de maio de 1893, um domingo.


Fachada do Teatro Fênix em fotografia recente. O teatro, atualmente, encontra-se abandonado.

Programa da apresentação de 14 de maio de 1893, no Teatro Fênix. Gazeta Caxiense.

Diferentemente do espetáculo realizado na capital, a apresentação de Caxias fora estruturada em três partes, englobando: hipnotismo, adivinhação, ilusão e magnetismo. A primeira parte era dedicada à Orquestra do teatro, que realizaria a abertura do espetáculo. A segunda parte era destinada à apresentação de Deocleciano. E na terceira parte aconteceria uma apresentação humorística, bem como mais números de ilusionismo. O grande e esperado truque era chamado “A sonâmbula vagando no ar”, possivelmente um número de levitação.

A apresentação foi um sucesso, tendo sido elogiada nas linhas dos jornais de Caxias, que também não deixaram de pontuar o comportamento do público pagante: “A plateia, que até então era de um comportamento reprovável, pois fazia um barulho infernal, felizmente neste último espetáculo esteve mais calma e educada possível, graças a energia da polícia”.

Depois das apresentações, Deocleciano partiu com a sua comitiva, não se tendo notícias de outras apresentações suas em Caxias. Posteriormente, no início do século XX, outros ilusionistas pisaram no palco do Fênix. Contudo, ao que se sabe, Deocleciano Belfort foi o primeiro deles.


Fontes de pesquisa: Revista Super Interessante; Jornal Gazeta Caxiense

Imagem da publicação: Hemeroteca Digital; Google Maps

A História do Mercado Público de Caxias

A história do mercado público de Caxias remonta ao século XVIII, no início da ocupação da cidade. Primordialmente conhecido como “Casa da Feira”, teve suas primeiras instalações fixadas no largo da Igreja da Matriz (onde atualmente localizam-se diversos estabelecimentos, dentre eles a “Lojas Americanas”), onde ficou por muitos anos.


Casa da Feira, primeiro mercado público de Caxias, em fotografia do início do século XX. Todos os imóveis da imagem foram demolidos. No local, atualmente localizam-se diversos estabelecimentos comerciais, em sua maioria farmácias.

Naquele tempo, toda aquela área (que posteriormente recebeu uma praça) era um grande descampado de areia batida. Ali, lado a lado, os comerciantes disputavam a atenção dos fregueses. Diariamente, dentro das casas comerciais ou na rua em frente, o movimento era intenso. A maioria dos compradores – carregando os seus balaios e jacás – chegava ao mercado a pé, outros vinham a cavalo. Para aqueles que necessitassem de uma ajudinha no transporte das volumosas compras – e que tivessem um tostão a mais -, podia-se pagar o dono de um burro de carga (sempre “estacionados” nas proximidades) para que este realiza-se o transporte à sua residência.

Com a criação da Fábrica de Manufatura (atual Centro de Cultura), no final do século XIX, a Intendência Municipal achou que seria mais adequado transferir o mercado para a então Praça da Independência (atual Dias Carneiro/Popular “Panteon”), haja vista a sua localização estratégica, próximo ao grande movimento de funcionários da referida fábrica. E assim, em 1914, com a venda dos antigos imóveis do largo da Matriz ao comerciante Antônio Tadeu de Assunção, as obras do novo mercado foram iniciadas.

A direção das obras ficou a cargo do renomado mestre Abel Antunes (também responsável pela construção do prédio da União Artística e Operária Caxiense, em 1930). Contudo, logo foi paralisada em virtude da saída do então intendente Álvaro Eusébio de Aguiar Pinto. Apenas na década de 1920, com o auxílio do dinheiro do município e ajuda da população, é que a construção é, enfim, retomada, já na administração do prefeito Francisco Villanova. A inauguração ocorreu em 24/02/1924.


Mercado Público da Praça Panteon em fotografia de 1933. Atualmente o prédio abriga a Prefeitura de Caxias.

Periódico maranhense, de abril de 1940, destaca as instalações do Mercado Público de Caxias.

Tendo em vista a falta de paisagismo da praça em frente (era apenas uma área descampada de areia e mato), o Mercado contava com um amplo espaço à sua disposição. Apenas na década de 1950, na administração do prefeito Aniceto Cruz, é que se faz necessária a ampliação do prédio, haja vista a grande movimentação de mercadorias e ambulantes em suas proximidades. Dessa forma, realiza-se a construção de um galpão anexo ladeando o imóvel principal. E assim o mercado permaneceu até a década de 1970.

Ocorre que, não obstante o anexo erguido, muitos vendedores, com suas respectivas bancas, voltaram a se aglomerar em volta dos prédios, o que, aliado a desorganização, gerava uma grande sujeira e mau cheiro naquelas redondezas. Assim, na segunda administração do prefeito Aluízio Lobo, no final da década de 1970, fora escolhida uma área na Av. Getúlio Vargas, onde fora construído uma pequena edificação para abrigar a feira. Com a demolição do anexo, sua estrutura metálica fora aproveitada na construção do galpão da nova feira, que, alguns anos depois, acabou se tornando o novo mercado municipal (onde funciona até os dias de hoje).


Galpão anexo (demolido) em fotografia da década de 1960. Na imagem é possível observar que, mesmo após a construção do anexo, alguns vendedores ainda continuaram com o comércio na área externa.

A transferência definitiva para o novo endereço ocorreu em 1986, após o falecimento do então prefeito em exercício, José Castro. No novo endereço, ao longo de sua história, o popular “mercado central” passou por diversas alterações. Contudo, é apenas em 2008, durante a administração do prefeito Humberto Coutinho, que ele sofre a sua maior reforma; sendo construídos estandes e um segundo pavimento, colocados pisos, etc.


O atual prédio do Mercado Central durante sua construção. Ano da fotografia: 1984.

O antigo prédio da praça Panteon passou a abrigar a sede da prefeitura da cidade. Durante as muitas administrações que passaram por Caxias, a edificação, de inúmeras janelas, recebeu diversas pinturas – a depender da administração; preservando ainda a sua arquitetura original. Onde estava erguido o galpão anexo, fora construído o estacionamento do prédio.


Fonte de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto.

Imagens da publicação: Internet; Acervo de Emanuel Nunes de Almeida; Hemeroteca Digital; Acervo do IHGC

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto

A inauguração da sede da União Artística e Operária Caxiense, em 1930

Atualmente desapropriado pela municipalidade, o nonagenário prédio da União Artística e Operária Caxiense já foi palco de grandes e importantes eventos ao longo de sua história. História, essa, que remonta ao início do século XX.


Sede da União Artística e Operária Caxiense em fotografia de 2013.

Alfredo Beleza, o primeiro presidente da União Artística.

A associação fundadora fora criada em 01/05/1915, sob nome de União Artística e Operária Eleitoral Caxiense (Em 1932, após reforma estatutária, eliminou-se o adjetivo “eleitoral”). Esta era constituída por operários, artífices e artesãos caxienses de ambos os sexos. A sessão de fundação ocorreu nas dependências do Teatro Fênix, na Rua Aarão Reis. Sua primeira diretoria fora assim estabelecida: Alfredo Beleza (Presidente); Abel Antunes (Vice-Presidente); Lívio Álvaro Viana (1 Secretário); João Lourenço Pereira Neves (2 Secretário); Benedito Antônio de Almeida (Tesoureiro). E pelos ajudantes: Custódio Moreira da Silva; José Vitalino César; Francisco Andrade; Justina Bezerra da Costa e José Francisco. Na mesma sessão, o presidente nomeou uma comissão para elaborar os estatutos junto ao promotor público da comarca.

Contudo, só apenas quinze anos depois é que a referida associação ganharia sede própria. Projetado por seu primeiro vice-presidente, o mestre de obras Abel Antunes, o prédio começou a ser edificado na segunda metade da década de 1920, estando localizado ao lado da então Praça D. Pedro II (Atual Dias Carneiro, popular Panteon). O local obtido pela associação fora selecionado em virtude de estar localizado em frente à Fábrica de Manufatura União Caxiense (Atual Centro de Cultura) onde muitos deles trabalhavam. Conclusa as obras, a inauguração do imóvel fora agendada para o “Dia do Trabalhador” de 1930, data em que a União completaria 15 anos de existência. E assim se dera.


Detalhe da fachada do imóvel. É provável que a inscrição não seja a original de 1930, já que, à época da inauguração, a associação ainda tinha “eleitoral” em seu nome.

As festividades de aniversário começaram no dia 30 de abril de 1930, véspera da data oficial. Às 7h houve missa rezada na Igreja de São Benedito, em sufrágio das almas dos sócios falecidos e, após, uma grande romaria aos seus túmulos nos cemitérios de São Benedito e N. S. dos Remédios. Na ocasião, o operário Pedro Antunes discursou junto ao mausoléu de Custódio Pinduca, ex-presidente e fundador da União Artística.


Multidão reunida em frente ao imóvel da nova sede da União Artística Operária e Eleitoral Caxiense. Data: 01/05/1930, dia da inauguração do imóvel.

Meia noite, fora realizada alvorada pela banda “Lyra Operária” (de propriedade da própria União) em frente ao novo prédio da associação, seguindo-se por uma imponente passeata em direção ao Centro Artístico Caxiense. Ali, mais operários fizeram o uso da palavra; foram eles: Júlio Ferraz, Pedro Antunes, Manoel Leitão e Raymundo Leitão.

Chegado o grande dia, 1 de Maio, às 8h o reverendo padre Gilberto Barbosa celebrou missa cantada, em ação de graças, na Igreja de São Benedito. Muito concorrida, a celebração contou com a presença de uma afinada orquestra. Após, realizou-se o benzimento da bandeira e da sede social, no novo prédio construído à praça D. Pedro II, n. 2. Durante a solenidade de inauguração, a Lyra Operária também marcou presença executando o seu melhor repertório. Após, fora oferecido um coquetel aos presentes. Às 18h, entre as aclamações mais vibrantes, foi descida a bandeira da União.

Às 20h, todos os associados se reuniram para receber a visita do Centro Artístico, que chegou à sede social precedido pela banda de música Carimã. Numerosos oradores pediram a palavra, sendo “aplaudidos em delírio pela multidão”, conforme relatou um periódico da época. Às 21h, fora realizada uma sessão solene junto a diversos representantes de diferentes setores da classe trabalhista caxiense. Nessa oportunidade, fora prestado o compromisso pelos membros da nova diretoria, assim constituída:

  • Presidente: Manoel Pinto da Motta
  • Vice- Presidente: F. Lima Pinduca
  • 1 Secretário: João de Deus Ramos
  • 2 Secretário: Francisco Silva
  • 1 Tesoureiro: José Moraes
  • 2 Tesoureiro: Luiz P. de França
  • Orador Oficial: Raymundo N. da Silva Leitão
  • Membros da Comissão Fiscal: Estevam Oliveira, Sabino Raposo e Joaquim F. de Souza
  • Membros da Comissão de Sindicância: Martiniano Santos e Luiz Araújo
  • Bibliotecário: Luiz Farias Correia

Após a posse dos supracitados, tomou a palavra o reverendo padre Joaquim de Jesus Dourado, que proferiu uma belíssima homenagem ao Trabalho. Encerrada a sessão, a diretoria fez distribuir por todos os presentes a poesia Operário, de autoria do dr. Ribamar Pereira, assistente judiciário ao proletariado maranhense.

A casa de modas “A Cearense”, de propriedade de Antônio Martins Filho, ofereceu à União Artística cinco valiosos prêmios, em cortes de seda e perfumarias finas, que foram distribuídos por meio de sorteios. As vencedoras foram as operárias: Benedita Santos, Maria Souza, Maria Pitombeira, Simplicia Santos e Raimunda Lyra. Em seguida, sob o som da orquestra da banda Lyra Caxiense, bem como do Jazz Band Jadhiel, realizou-se um grande baile dançante, que só teve fim às 3h da manhã do dia 02. Foram dois dias intensos.

91 anos depois:

Depois de muito tempo desativado, em 2021 o prédio completou 91 anos de história, ano em que está marcado o início de suas obras de revitalização. De acordo com a Prefeitura e Governo do Estado – e após intervenção da Associação dos Amigos do Patrimônio de Caxias -, as características estruturais (atualmente bem degradadas) do local serão restauradas, bem como sua arquitetura original será mantida; garantindo, assim, a preservação do imóvel . No local passará a funcionar um Restaurante Popular.


Abaixo, algumas fotografias atuais (pré-reforma) do interior do imóvel:

Detalhe do forro em madeira, já bastante deteriorado.


Local onde ficava localizado o palco.

Fontes de pesquisa: Jornal O Imparcial; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto.

Imagens da publicação: Acervo do autor; Acervo de Eziquio Barros Neto; Jornal O Imparcial

As origens caxienses da atriz Glória Menezes

Apesar de muitas pessoas ainda relatarem que a atriz é caxiense, a informação não é verdadeira. Contudo, suas origens familiares são de Caxias – MA. Seu avô paterno, cel. José Ferreira Guimarães Junior (Zezinho Guimarães), foi um grande empresário da indústria de tecidos de Caxias, tendo residido em um casarão localizado ao lado da Praça Gonçalves Dias (Atualmente funcionam algumas lojas no imóvel, que preserva alguns detalhes de sua fachada original). Era casado com Corina Belleza da Cruz, irmã de João Castelo Branco da Cruz (Dono da Usina de Açúcar, do Engenho D’agua). Da união, nasceram os caxienses: Alcindo, Alinice e José Nilo Cruz Guimarães.

Casarão onde residiram os avós paternos de Glória Menezes. O imóvel está localizado ao redor da Praça Gonçalves Dias, em Caxias. Ano da imagem: 2012
Zezinho e Corina Guimarães (em cores), avós paternos de Glória Menezes, em fotografia de 1937, em Caxias (MA).


José Nilo Cruz Guimarães, contador, formou-se no Rio de Janeiro, cidade onde conheceu a gaúcha Maria Mercedes (Mercedinha), filha de Mercedes da Silva Soares e Antônio Ferreira Soares (funcionário do Ministério da Fazenda). Os dois casam-se no ano de 1927, no Rio de Janeiro. Da união, adveio Nilcedes Soares de Magalhães; nascida em 1934, na cidade de Pelotas (RS), terra de sua família materna. O seu nome resulta da junção de “Nilo” com “Mercedes”.

Residindo desde os seis anos de idade em São Paulo, Nilcedes segue carreira no teatro, onde estabelece o seu nome artístico: Glória Menezes. Contudo, a profissão escolhida pela jovem não fora bem aceita por parte da família. Segundo depoimento da própria atriz, sua avó paterna, Corina, sempre ignorou sua carreira artística, por considerar ser uma profissão ligada a “mulheres da vida”.

Os pais de Glória Menezes, em 1985. Imagens: Reprodução YouTube.

Ao casar-se com o ator Tarcísio Meira, Glória Menezes altera o seu sobrenome “Guimarães” para “Magalhães”. Em fevereiro de 1978, já no apogeu de suas respectivas carreiras na televisão, o casal de artistas fez uma visita à Caxias. Na oportunidade, ciceroneados pelo empresário Alderico Silva, visitaram diversos lugares, como: o “Palacete Castelo” de Alderico, o casarão da família Castelo (onde Glória visitou familiares), as ruínas da Balaiada, a Fábrica de Manufatura Caxiense (a qual o seu avô, Zezinho, chegou a ser proprietário), e a casa da família Frazão (onde conversaram com o músico Josino Frazão, amigo de longa data da família de Glória em Caxias) .

Tarcísio e Glória em Caxias, no ano de 1978. O casal posa em frete a antiga Fábrica de Manufatura Caxiense. Foto: Sinésio Santos/Fonte: Site Noca.
Junto ao comendador Alderico Silva (ao centro), o casal de artistas posa em frente as Ruínas da Balaiada. Foto: Sinésio Santos/Fonte: Site da Prefeitura de Caxias.

Na entrevista abaixo – apesar de não citar Caxias – a atriz fala um pouco sobre a suas origens familiares:


Fontes de pesquisa: Periódicos do acervo da Biblioteca Nacional; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Entrevista concedida por Glória Menezes ao programa “Gente de Expressão”; Jornal O Pioneiro

A celebração de Corpus Christi em Caxias, no ano de 1903

Procissão de Corpus Christi, do ano de 2017. À frente, abaixo do pálio, Pe. Ribamar – atual pároco da Igreja de São Benedito – carrega o Santíssimo Sacramento.

No dia de Corpus Christi, a Igreja Católica celebra o mistério da Eucaristia, em que o pão e o vinho se transformaram no corpo e no sangue de Jesus Cristo, respectivamente. A festa teve origem em 1208, em Liège, na Bélgica, quando a monja Joana de Mont Cornillon teve a visão de uma festa em honra da Eucaristia e passou a organizar a celebração. Contudo, foi apenas no ano de 1264, através do papa Urbano IV, que a a comemoração foi estabelecida para toda a Igreja Católica.

Como data móvel, esta celebração ocorre 10 dias depois do dia de Pentecostes (que comemora, 50 dias após a Páscoa, a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos). Em Caxias, no século XIX, a data era celebrada com uma procissão, sendo promovida, àquela época, pela Câmara Municipal. Contudo, por alguns anos, na transição do ´sec. XIX ao XX, a comemoração não mais vinha sendo feita – os motivos são desconhecidos. Diante de tamanho desfalque, a comunidade católica, em 1903, resolveu organizar-se para que fossem realizadas as devidas liturgias em tão importante data.


Igreja São Benedito. Ano: Década de 1940

Tomando a frente da comissão organizadora estavam os reverendíssimos padres Raimundo Santiago (então vigário da Igreja de São Benedito) e Benedito Basílio Alves. Os outros membros eram fiéis de alta patente, sendo eles: Joaquim Pinto de Moura; coronel José Castelo Branco da Cruz; tenentes-coronéis Antônio Bernardo Pinto Sobrinho, Leôncio de Sousa Machado e Manoel Gonçalves Pedreira (pai do médico Miron Pedreira); e os majores Pedro Pinto Ribeiro e Antônio de Mello Bastos.

E assim, no dia 11 de junho de 1903, as comemorações de Corpus Christi retornaram à Caxias. Tudo teve início às 9h da manhã, onde fora celebrada uma missa solene (com grande participação instrumental) na Igreja de São Benedito. A celebração contou com uma numerosa quantidade de fiéis.

Após, deu-se início à procissão. Conduzindo o pálio (coberta usada nas procissões religiosas para cobrir o Santíssimo Sacramento ou a imagem do Senhor Morto) estavam os cidadãos: Rocha Tote, vereador representando a Câmara Municipal; Dr. Adolpho Domingues da Silva, engenheiro; Dr. Bento Urbano da Costa, médico; Francisco de Brito Pereira, representando a indústria; major João Pereira da Silva, representando o comércio; e Luiz José de Mello, proprietário do Jornal de Caxias, representando a imprensa. Embaixo da estrutura, vinha o Pe. Santiago carregando o Santíssimo Sacramento.

Neste dia, o comércio caxiense fechou as portas. As ruas e praças, por onde passou a procissão do Santíssimo, estavam ornamentadas com ramos e flores, enquanto os sinos badalavam ao fundo. Depois de recolhida a procissão na Igreja de São Benedito, a tradicional banda de música da cidade, comandada pelo maestro Carimã, percorreu tocando em algumas ruas e em diversas casas particulares. Foi uma dia memorável. Nas palavras de um articulista da época: “Foi um verdadeiro dia festivo para a sociedade caxiense. Foi, finalmente, uma celebração digna de ser repetida nos vindouros anos”.

E assim se dera. Com o seu retorno em 1903, a procissão de Corpus Christi é uma tradição que, felizmente, se mantém até os dias de hoje em Caxias.


A banda de música do município continua acompanhando a solenidade. Fotografia do ano de 2013.

Atualmente, o asfalto das ruas em que passa a procissão de Corpus Christi são ornamentados com figuras e dizeres religiosos.

Fontes de pesquisa: Livro A Origem de Datas e Festas/Autor: Marcelo Duarte; Jornal de Caxias: Órgão Comercial e Noticioso.

Imagens da Publicação: Álbum do Maranhão de 1908/Autor: Gaudêncio Cunha; Acervo do Autor

Restauração: Brunno G. Couto

Quando Caxias era iluminada por lampiões

Há muitos anos, quando Caxias nem sonhava com a moderna iluminação em LED, a cidade viveu durante décadas à luz de lampiões. Não daqueles “portáteis” que podiam ser vistos nas mãos dos cidadãos, e sim aqueles compridos e de madeira que eram fincados em diferentes pontos da cidade.


A então R. Dias Carneiro (atual Afonso Cunha, popular Calçadão) em 1920. Na imagem é possível observar um lampião à querosene instalado estrategicamente na esquina da longa via.

Antes dos municípios receberem a iluminação elétrica, quem fazia o papel de trazer um pouco de luz ao breu que se instalava quando chegava a noite eram os lampiões; instalados em pontos estratégicos de cada localidade. No Maranhão (no tempo do Império), fora no dia 07/01/1825 que o Presidente Interino Manuel Telles da Silva Lobo – sobretudo por uma questão de ordem pública e segurança -, ordenou ao Brigadeiro Intendente da Marinha que “faça, sem perda de tempo, pôr lampiões em todos os lugares convenientes”.

Segundo Kalil Simão Neto, no livro Cartografias Invisíveis: “A exemplo da Capital, alguns anos depois, vilas do interior passaram igualmente a oferecer serviço de iluminação pública. A primeira delas foi Caxias, que, em 1835, passou a contar com a iluminação de 50 lampiões à azeite. Aliás, tal fato foi objeto da primeira lei da Província do Maranhão, referente à iluminação pública a Lei n. 1, de 10 de março de 1835, que ordena a colocação de cinquenta lampiões na Vila de Caxias”.

Esses primeiros lampiões instalados possuíam uma construção diferente dos que viriam depois, e eram alimentados à base de azeite; que poderia ser de mamona, de peixe ou baleia. A troca desse óleo era realizada duas vezes ao dia, onde por meio de uma corda o lampião era abaixado ao amanhecer e aceso quando chegava o crepúsculo. “A troca era feita por escravos. Um, baixava o lampião; o outro despejava de um grande canjirão (jarro com asa de boca larga), com um funil na ponta, o óleo de baleia. Eles preparavam o candeeiro de quatro mechas na noite que iniciava”, destacam os historiadores.


Ilustração do francês Jean-Baptiste Debret retratando escravos durante a troca do óleo dos lampiões no período do Brasil Império.

Ilustração que exibe a antiga figura do acendedor de lampiões (a querosene).

Posteriormente, esses lampiões foram trocados por novos que eram abastecidos a gás de querosene. Nesses também continuava sendo necessária a existência de operadores que diariamente acendiam as luminárias. “O equipamento consistia num registro para controlar a entrada de gás no combustor e uma vara especial com uma esponja de platina na ponta para ser um catalisador; provocando a combustão do gás”, esclarece a historiadora Mary Del Priore. Não era um procedimento dos mais seguros.

Em Caxias, em 1898, um jovem, de nome Benedito, sofreu um terrível acidente enquanto acendia um lampião no Largo dos Remédios, por ocasião dos festejos. Após dias de suplício, com o corpo horrivelmente queimado, o jovem veio a falecer.

Os acidentes não eram raros, como pode-se verificar nesta notícia do jornal Gazeta Caxiense, de 1894.

Esses postes à querosene instalados em Caxias eram construídos em madeira e fincados em ruas estratégicas da cidade ou, em alguns casos, em frente a residência das famílias mais abonadas. Todos as igrejas possuíam algum em sua frente. Como não eram muitos, e os que tinham muitas vezes não funcionavam corretamente, as reclamações da população eram frequentes. As alegações diziam que as trevas dos logradouros davam espaço para a ação de criminosos. Além disso, não eram raros os roubos das mangas (cúpula de vidro da estrutura) e combustores dos lampiões. Ademais, muitos eram danificados pelas carroças que batiam na estrutura; o que levou, em 1901, a Administração Pública a impor uma multa aos respectivos carroceiros.


Sempre eram instalados lampiões em frente as principais igrejas de Caxias, como é possível verificar nesta fotografia de 1908 da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.

As reclamações era constantes, a exemplo desta de 1894.

Devido às frequentes reclamações e problemas, em 1902 a Intendência Municipal de Caxias publicou um novo edital de licitação para o fornecimento de iluminação pública ao município, que àquele ano contava com 145 lampiões em atividade. No respectivo edital ficava estabelecida a troca dos antigos postes, bem como de seus acessórios defeituosos. O combustível (querosene) deveria ser de boa qualidade e o combustor teria que fornecer luz com intensidade de 05 velas.

Outras imposições do edital:

Lampião localizado em frente a uma casa comercial na antiga Rua do Sol (atual Alderico Silva). Ano: 1916/17.
  • Os novos postes de 3 metros de altura serão de amargo de aroeira, ou de madeira equivalente;
  • Os lampiões estarão acesos, impreterivelmente, às 18:30h;
  • Nos meses de junho a dezembro os lampiões serão acesos somente nas noites de escuro, assim conservando-se até o despontar da lua; nas noite de luar, porém, não serão acesos antes que a lua se oculte;
  • Por fim, o contratante ficaria sujeito a multa de 500 réis por cada lampião que for encontrado sem luz, ou sem a intensidade previamente estabelecida.

Mesmo após as mediadas supracitadas, as reclamações continuaram. E assim se seguiu durante o início do século XX. Na década de 1920, durante a administração do prefeito Francisco Villanova, mais lampiões foram instalados em Caxias, que, àquela época, já estava melhor iluminada. Até que, em 1929, através da Usina Dias Carneiro, a luz elétrica pública chega ao município e, gradativamente, as ruas caxienses vão aposentando os antigos lampiões.


Fontes de pesquisa: Livro Histórias da Gente Brasileira – Vol. 2/Autora: Mary Del Priore; Livro Cartografias Invisíveis/Diversos Autores; Jornal de Caxias; Gazeta Caxiense.

Imagens da publicação: Acervo do IHGC; Internet; Jornal Gazeta Caxiense; Álbum do Maranhão de 1908; Acervo de Eziquio Barros Neto

Restauração: Brunno G. Couto

A Câmara Municipal de Caxias (1951/1954)

A fotografia abaixo mostra a composição da Câmara Municipal de Caxias no ano de 1951. Com eleições realizadas em fins de 1950, essa fora a 2º Legislatura do município, tendo perdurado até 1954, quando foram realizadas novas eleições. E foram estes os eleitos:


Da esquerda para direita: Cristino Nunes Gonçalves, Manoel Pinto da Mota, Luiz Gonzaga Bayma Pereira (2º mandato), Anísio Vieira Chaves, Antônio Enedino Lopes de Araújo (Presidente), Enoque Torres da Rocha, Floriano Pereira de Araújo e Silva, Oscar Wilson de Cantuária Belo e José Waldemar Labre de Lemos (2º mandato).


No registro acima, também é possível observar como eram as antigas instalações da Câmara Municipal. Na década seguinte, durante a administração do prefeito Aluízio Lobo, os prédios do Poder Público de Caxias passaram por amplas reformas.


Fonte de Pesquisa: Livro de Milson Coutinho.

Imagem da publicação: Acervo do IHGC

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto

Rua Benedito Leite, uma via histórica

Rua Benedito Leite em 1920.

Assim como algumas outras ruas de Caxias, a R. Benedito Leite (atual Fause Simão) surgiu de uma estrada de terra da cidade para a zona rural. Partindo do Largo do Poço (atual Praça Gonçalves Dias), seguia em traçado ortogonal e regular, subindo parte do Morro da Pedreira (atual R. Santa Maria) em direção às matas onde localizavam-se as terras dos portugueses.

Por ser uma via planejada, fora nomeada, primeiramente, como Rua Direita. Em 1893, fora renomeada para Rua Formosa, em virtude das belas damas residentes naquele logradouro. Cinco anos depois, em 1898, após a visita do chefe do Partido Republicano e Senador Benedito Pereira Leite à Caxias, fora aprovada pela Câmara dos Vereadores a mudança de nome da antiga Rua Formosa; onde esta passou a ser oficialmente registrada como Rua Benedito Leite – já que fora uma das principais vias em que o referido político passou em sua visita.

Apesar de seu nome oficial, durante décadas àquela via ficou mais conhecida como Rua do Cisco. Atribui-se o nome popular ao acúmulo de lixo que localizava-se em algum trecho da via, e que vinha a ser queimado a céu aberto, restando apenas os ciscos. O mais antigo morador que se tem notícia, é também o mais ilustre: Antônio Gonçalves Dias. Por volta de 1820, o poeta ali residiu com seus pais em um pomposo sobrado (demolido). Fora também nessa rua que, em 1886, fora realizado o primeiro culto evangélico de Caxias. Muitos colégios e redações de jornais também operaram nesse logradouro.

A fotografia mais antiga que se tem notícia é esta abaixo datada de 1920. Nela é possível observar o antigo pavimento, popularmente conhecido como “cabeça de nego”; era uma das poucas vias com calçamento na cidade. O sobrado do lado direito era pertencente à família de Gonçalves Dias. Do lado esquerdo, um exemplo de casa “térrea de mirante” (demolido), um dos raros tipos de arquitetura portuguesa registrados em Caxias.


Arraste a bolinha central para visualizar como está a rua atualmente, 101 anos depois:

1920 e 2021.

Além do poeta, muitos outros caxienses ilustres residiram nessa rua, tais como: Josino Frazão, Victor Gonçalves Neto, Turíbio Oliveira, Antônio Brandão, Enéas Patrício da Silva, José Simão, Enoch Torres da Rocha etc. Em 2009, esse histórico logradouro teve seu nome alterado para R. Vereador Fause Simão, em homenagem ao político (falecido em 2008) que ali tinha residência. Mesmo com a mudança, muitos caxienses ainda a conhecem por seu antigo nome, Benedito Leite.


Fonte de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto.

Imagens da publicação: Acervo de Eziquio Barros Neto; Acervo do Autor

Restauração e Colorização: Brunno G. Couto