O Primeiro Mirante de Caxias

Atualmente, uma das grandes atrações turísticas de Caxias é, sem dúvidas, o seu mirante. Inaugurado em 2018, o “Mirante da Balaiada” localiza-se em uma área histórica: no alto do Morro do Alecrim. Mas o que poucos sabem é que este não fora o primeiro local do gênero a ser instalado na cidade. E é esta a história que narrarei na postagem de hoje; para tanto, precisaremos retornar alguns anos no tempo – 200 anos, para ser mais preciso.

Pronto, agora estamos no ano de 1823. Há quase um ano Brasil tornara-se um país independente. Caxias, no entanto, por sua ampla população portuguesa, relutava em aderir à independência brasileira. Defendendo os seus aliados lusitanos, estava o Exército Português comandado pelo militar João José da Cunha Fidié. Do outro lado, o Exército Brasileiro sob o comando de José Pereira Filgueiras, vulgo “Napoleão das Matas”.

Sob as ordens de Filgueiras, a sua tropa (em sua maioria, voluntários munidos de chuços, lanças, facões e poucas armas de fogo) realizou o conhecido “Cerco de Caxias”, a qual almejava tomar a cidade das mãos lusitanas. E assim, instalaram-se estrategicamente na região do então Arraial do Atoleiro. Fidié, por outro lado, havia instalado o seu exército no Morro das Tabocas (atual Morro do Alecrim), área que lhe possibilitava ter uma visão privilegiada da cidade. Por não dispor de tempo suficiente, Fidié erigiu, às pressas, no local, o seu Quartel General (feito de pedra, sem reboco e com cobertura de palha).

O cerco teve início a 23 de maio de 1823. Algum tempo depois, em 17 de julho, Fidié fora informado por um caboclo – que conseguira romper o cerco e chegar a Caxias -, de que a Divisão Expedicionária, constituída de forças do Ceará e Piauí, já havia atravessado o Parnaíba. O major Fidié, antevendo o fortalecimento dos independentes com a eminente chegada de reforço, resolveu desalojá-los da região do Atoleiro, atacando-os de imediato. Seguro de seu poderio bélico (dispunha de mais de 20 canhões alocados no alto dos morros das Tabocas e da Pedreira), bem como da qualificação de sua tropa, o militar português não esperava contar com tanta resistência. Previsão que se mostrou bastante equivocada.

"O Morro da Pedreira era toda essa elevação que ia desde o atual bairro Castelo Branco (próximo ao Cemitério dos Remédios) até o bairro da Volta Redonda. Mas aquele cume em especifico era chamado de Taboca. Acredita-se que o nome é devido a grande quantidade dessa vegetação encontrada naquele ponto" (fonte: Blog de Eziquio Barros Neto)

O cerco perdurou até 31 de julho, quando as forças independentes adentraram de forma triunfante em Caxias. Do outro lado, as tropas portuguesas depuseram as armas, desceram do morro para o campo de São José, onde, em forma, entregaram-se aos vencedores. Em seguida, procedeu-se a prisão do major Fidié. Com a batalha já perdida, o militar não esboçou qualquer resistência, sendo levado para cidade de Oeiras (PI). Ato contínuo, o quartel do Morro das Tabocas foi ocupado pelas forças do capitão João da Costa Alecrim (que viria dar nome ao morro).

Já independente, alguns anos depois Caxias voltaria a ser palco de mais uma batalha. Agora, já estamos no ano de 1840 e a Princesa encontra-se sitiada pelos balaios. Para combatê-los, foi enviado o militar Luis Alves de Lima e Silva, o futuro “Duque de Caxias”. Como fortaleza, construiu no, já histórico, Morro um novo Quartel – diferentemente do de Fidié, este era bem maior, melhor estruturado e possuía construção mais sólida.

O Capitão Ricardo Leão Sabino (militar e professor caxiense) ficou encarregado da artilharia e do entrincheiramento das ruas. Objetivando arquitetar uma ofensiva de peso aos balaios, descobriu no lastro de embarcações, que estavam no Porto de Caxias, e no fundo de antigos armazéns, velhos canhões portugueses “abandonados e carcomidos”. Artilharia, esta, herdada da já mencionada Guerra de Independência de Caxias, ocorrida quase 20 anos antes.

E o resto, como se sabe, é história.


Com o fim da Balaiada, a edificação erigida pelo Duque de Caxias passou a funcionar por algum tempo como o Quartel da cidade. Não obstante a sua utilidade, como o passar dos anos quase nenhuma manutenção foi realizada em sua estrutura – apesar dos sucessivos apelos emitidos -, o que, por volta do início do século XX, o levou ao completo abandono. Com o Forte em ruínas, aquele caminho centenário também sofreu com o descuido, passando a ser utilizado por caçadores de passarinhos, corajosos casais de namorados ou para pontuais eventos civis, militares e religiosos.

Em 1914, quando de passagem por Caxias, o 1 Tenente Álvaro Peixoto de Azevedo, em texto publicado no jornal Pacotilha, lamentava não ter tido tempo de visitar o Morro do Alecrim, onde, fora informado, existiam “os vestígios das lutas que se deram no tempo da Balaiada”. Em seu artigo, dizia: “Os velhos canhões, que ali jazem em abandono, cobertos pela ferrugem, oriunda da ação destruidora dos tempos (…)”.

O relato de Peixoto de Azevedo é de grande importância, pois nos informa que, àquele ano, quase um século após a batalha de independência, já se tinha conhecimento da existência dos velhos canhões, os quais, apesar do descaso, resistiam a ação do tempo.

Quando das comemorações do centenário da Independência de Caxias, em 1923, uma grande festividade fora organizada pelo Poder Público. Assim sendo, no dia 1 de agosto, às 7h, realizou-se, no alto do Morro do Alecrim, uma missa pelo padre Arias Cruz. Na oportunidade, com toda solenidade, fora fixada no local a centenária cruz, que 1823 serviu para o ato de juramento de rendição. Além disso, segundo periódico da época, “uma peça de artilharia, utilizada pelos revoltosos nos combates de 1823, foi assentada agora no alto do morro, salvando de momento em momento, desde o amanhecer”. Acredita-se que essa peça seja o velho canhão mencionado anteriormente, que na ocasião foi transferido para as proximidades do local onde também fora instalada a cruz.

Em 1928, o padre coadjutor e escritor Joaquim de Jesus Dourado, após visitar o Morro do Alecrim, escreveu em uma de suas crônicas: “(…) A meus pés, junto ao cruzeiro, um velho canhão a relembrar lutas sangrentas, fogos e batalhas, num desespero cruel de causa morta. Mais adiante, por entre ramarias, num grito petrificante – pedaços de parede, pedras aos montões, colunas carcomidas – um assombro de tristezas! (…)”. Cinco anos depois, em 1933, Eurico Bogéa também dissertou sobre o local: “(…) Ali se vêm os escombros seculares do quartel e um velho canhão silencioso, ao relento, desafiando a pátina do tempo”

Dos dois relatos acima, bem como de uma foto feita pelo IPHAN nessa época (abaixo), é possível concluir que, até então, o canhão jazia ao chão, sem nenhum tipo de proteção ou estrutura que demonstrasse a sua importância histórica. Mas, como veremos, essa situação mudaria logo, logo.

Em 1939, era prefeito em Caxias o engenheiro Alcindo Cruz Guimarães, e, àquele ano, seriam comemorados os 50 anos da Proclamação da República. Sabedor da importante efeméride, a autoridade projetou um monumento comemorativo a ser instalado no alto do Morro do Alecrim, no início da via (na época, já melhorada), onde havia sido instalada a centenária cruz.

Recebendo o nome de “Monumento à Independência”, a obra fora inaugurada em 15 de novembro de 1939, consistindo em uma curta mureta de concreto, onde sobre sua estrutura assentou-se o velho canhão, um mastro com a bandeira do Brasil, a centenária cruz e um poste com luz elétrica. Era um mirante natural localizado 66m acima do nível do mar, onde era possível ter uma visão de 30° de Caxias.

Além disso, ostentava uma placa com os dizeres: “À memória de João da Costa Alecrim e seus denodados companheiros na luta pela Independência”. Nas laterais da estrutura de concreto que exibia o canhão, o nome do então Interventor Federal do Maranhão, Paulo Ramos, e do prefeito, Alcindo Cruz. Na parte frontal, um dístico em homenagem ao Duque de Caxias. Pensando nas missas campais que ali seriam celebradas, projetou-se um pequeno espaço, entre a cruz e o canhão, para que, quando necessário, ali fosse instalado um altar provisório.

Com essa nova construção, e com as melhorias feitas naquela via, a população começou a frequentar mais aquele local; fosse apenas para admirar a vista e bater papo, fosse para posar para registros fotográficos. Agora, os caxienses poderiam admirar a vista que Fidié e Caxias tiveram mais de cem anos antes.

Em 1952, através de lei municipal, a Prefeitura doou um terreno medindo 1.600 m, no ponto mais alto da cidade para a instalação do equipamento da Rádio Difusora Mearim S/A. Sendo inaugurado no ano seguinte, o imóvel transmissor da rádio localizava-se logo atrás do Monumento à Independência. 

Sem muitas alterações – apenas a cruz que mudou de lado, e a remoção do mastro da bandeira – o monumento permaneceu no mesmo local, durante anos. Na década de 1960, sofrendo pela falta de manutenção, a sua estrutura de concreto já estava bastante comprometida. Diferentemente do canhão, a cruz de madeira sofria bem mais pela falta de conservação, tendo a inscrição “INRI”, localizada em seu topo, sido extraviada.

Ao assumir, em 1966, a Prefeitura de Caxias, o tenente Aluízio Lobo tinha como meta de governo a abertura de uma moderna avenida no lugar da antiga trilha. Obra que a seu ver se fazia necessária, tendo em vista que, apesar do local já ter tido algumas melhorias, até aquele momento o trajeto de subida ao Morro do Alecrim não era dos mais fáceis. Sobre esta dificuldade do trajeto, destacou o prof. cearense J. Figueiredo Filho, em 1961, quando de sua visita a Caxias:

E assim, além da almejada avenida, fora construído um amplo conjunto habitacional; o que, infelizmente, gerou consequências irreversíveis para a preservação da história da cidade. Ocorre que, no decorrer das obras, parte das ruínas e do sítio histórico acabaram sendo destruídos. Além disso, o antigo monumento à independência também foi posto ao chão.

Contudo, apesar dos pesares, foi através da urbanização daquele local que as históricas ruínas começaram a receber atenção e o cuidado de preservação que mereciam. No local do antigo mirante, outra construção do tipo fora erguida. Desta vez, não se tinha mais um monumento, e sim um pequeno banco de concreto e algumas barras de segurança, onde os caxienses poderiam ter um pouco mais de comodidade ao admirar a bela vista da cidade (Anos depois, nesse local, funcionou o restaurante “Balaiada”).

Além do novo mirante (o segundo de Caxias), Aluízio Lobo, em 1969, inaugurou no Morro do Alecrim a praça Duque de Caxias. Com busto e estrutura frutos das mãos do artista Mundico Santos, na partes laterais foram colocados dois canhões – não se sabe o paradeiro da cruz centenária. Um deles era o que ficava no antigo monumento demolido.

Mas você, caro leitor, pode estar se perguntando: “E o segundo canhão, de onde veio?”

Apesar desta tese ainda não ter sido confirmada, supõe-se que, quando das obras realizadas por Aluízio Lobo – onde muita terra e mato fora retirado daquele local histórico -, tenha sido descoberto esse segundo canhão “de alma-lisa” (termo utilizado para designar os canos de arma de fogo, cuja parte interna é lisa; ou seja: sem estriamento de qualquer tipo), estando este em piores condições de conservação que o primeiro. O que justificaria a sua não utilização no monumento original de 1939.

De lá para cá, passaram-se longos anos, e só no início dos anos 2000 é que o local sofreria significativas alterações. É quando o Poder Público constrói o “Memorial da Balaiada”. Local onde foram reunidos diversos artefatos pertencentes ao episódio histórico que dá nome ao museu. Contudo, é apenas em 2018 que Caxias volta a ganhar um novo Mirante. Diferentemente dos anteriores, este conta com uma estrutura bem maior, mais moderna e organizada, o que possibilita aos visitantes um ângulo de visão mais privilegiado. O local também conta com vários quiosques, além de regularmente receber diversificadas atrações culturais.


FONTES DE PESQUISA:

Jornais – “O Cruzeiro”, “O Combate”, “Pacotilha”, “Diário de S. Luiz”; “Jornal de Caxias”; “Folha do Povo”; “Nossa Terra”

Publicação – “Ligeiras Notas sobre João da Costa Alecrim”/Revista do Instituto do Ceará; 1944/ Antônio Martins Filho

Sites -IBGE; Blog Eziquio Neto

Depoimento da historiadora Mercilene Barbosa (Diretora do Memorial da Balaiada)

Livros – “Efemérides Caxienses”/Arthur Almada Lima Filho; “A Balaiada”/Rodrigo Octávio; “Por Ruas e Becos de Caxias”/Eziquio Barros Neto; “Cartografias Invisíveis”/Vários Autores; “Balaiada – A Guerra do Maranhão”/Iramir Araujo, Ronilson Freire e Beto Nicácio

IMAGENS:

Wikipédia; AC. Memorial da Balaiada; Quadrinho “Balaiada – A Guerra do Maranhão”; AC. IPHAN; Jornal “O Cruzeiro”; AC. IBGE; AC. IHGC; Facebook; Jornal “Nossa Terra; AC. do Autor; caxiasmaranhaoma.blogspot.com

Quando a Igreja de São Benedito teve o seu revestimento alterado

Em agosto de 1989, a centenária igreja caxiense de São Benedito foi alvo de uma grande polêmica. Acontece que, por ordens do pároco responsável, Pe. Francisco Damasceno, o templo começou a ter a sua fachada revestida em “pedras piracurucas” (revestimento muito popular, à época). O objetivo era cobrir toda a sua área externa, sob a alegação de que, daquela forma, estaria fazendo um trabalho definitivo para a limpeza e preservação do templo.

Como é de se imaginar, após o inícios das obras, opiniões contrárias à medida logo começaram a surgir. Um articulista do jornal caxiense “O Pioneiro” foi bastante crítico à referida alteração. Sob a manchete “Padre destrói patrimônio Cultural, Histórico e Religioso”, o jornalista teceu duras críticas ao padre. Alegando, dentre outras acusações, que o ato era inadmissível por atentar contra o patrimônio histórico de Caxias. Ainda, segundo ele, as obras teriam se iniciado à revelia dos paroquianos, que não haviam consentido com a mudança.

O jornalista também afirmava ter comunicado às autoridades competentes, como a Administração Municipal e o Departamento do Patrimônio Histórico e Paisagístico da Maranhão, sobre “a violência cometida contra aquela igreja”.

Algum tempo depois, por a igreja de São Benedito estar inclusa na área tombada como patrimônio histórico, a obra foi embargada – apesar destas estarem praticamente finalizadas. Ainda assim, o revestimento permaneceu por pouco mais de cinco anos. Até que, por volta de 1994, as pedras foram retiradas por completo, e a fachada do templo voltou ao seu estado anterior, como permanece até os dias de hoje.


Fontes de pesquisa: Jornal “O Pioneiro”; Livro “Cartografias Invisíveis”/Diversos Autores

Show de tango na AABB, em 1994

Reportagem feita pela TV Paraíso, em setembro de 1994, sobre dois espetáculos artísticos realizadas na AABB de Caxias. Naquela noite, apresentou-se a banda “Cobra Criada” de Teresina/PI, bem como o conjunto de tango “Buenos Aires Tango Show”. Confira, abaixo:

Reportagem, de 1994, sobre o aniversário do saudoso Bispo Dom Luís d’Andrea

Em 1994, a extinta TV Paraíso, de Caxias, realizou uma pequena cobertura do aniversário de 60 anos do então Bispo de Caxias, Dom Luís d’Andrea (1934 – 2012). Dentre as autoridade eclesiásticas presentes, estava o então Bispo de Imperatriz/MA, Dom Affonso Felippe Gregory. As comemorações ocorreram nas instalações do Palácio Episcopal. Assista:

A competição esportiva realizada, em 1928, à Praça do Pantheon

Em comemoração a importante efeméride nacional, no dia 7 de setembro de 1928, às 5h, no Tiro de Guerra 155 houve alvorada e passeata dos soldados pelas ruas de Caxias. Às 6h, houve o hasteamento da bandeira nacional na sede do TG, tendo, na ocasião, discursado o professor Manoel Leitão.

Às 8h, realizou-se uma passeata cívica. E para o período da tarde, foram agendadas diversas competições esportivas a serem realizadas na então praça D. Pedro II (Atual Dias Carneiro, popular Pantheon). Naquele ano, a praça – que anteriormente chamava-se “Praça da Independência” – ainda não contava com o projeto paisagístico pelo qual ficou conhecida, limitando-se a uma grande área de areia, piçarra e grama, com diversas árvores de Mamorana, que providenciavam um sombreado àquele descampado. Era nessa área que eram realizados diferentes espetáculos artísticos (quando o circo chegava na cidade, era ali que se instalava) e partidas de futebol em Caxias.

Naquela tarde de setembro de 1928, o público disputava, aos trancos e barrancos, o melhor local para assistir as competições. Ante a ausência de instalações apropriadas, tudo ali área era muito improvisado, como relembrou o Juiz de Direito e outrora espectador Antônio Martins Filho: “Não havia nenhum arremedo de arquibancada, sendo que as pessoas ali presentes faziam uma espécie de footing, principalmente no lado da Praça, desde o Colégio das Freiras até os prédios da Prefeitura Municipal e da Cadeia Pública.”

As equipes que estavam disputando naquela tarde eram a do Jahú Sport Club e do Tiro de Guerra 155. Ao todo, foram realizadas 6 provas, sendo estes os resultados, conforme o periódico “A Escola”:

  • 1ª ProvaCabo de Guerra – Conquistada pelos rapazes do Jahú.
  • 2ª ProvaCarreira de Velocidade – Conquistada pelo conhecido “Voador” (Nesinho Abreu), do TG 155.
  • 3ª ProvaSalto em Altura – Conquistada por Domingos Leonar, do TG 155.
  • 4ª ProvaSalto em Largura – Conquistada por Domingos Leonar, do TG 155.
  • 5ª ProvaCorrida de Estafeta – Conquistada por Paulo Saldanha, do Jahú.
  • 6ª ProvaJogo de Futebol– Jahú Sport Club derrotou o TG 155, por 1×0.

Após as provas, a tradicional banda Carimã executou belíssimas peças de seu vasto repertório. Finalizando, assim, as festividades de 7 de setembro, daquele ano.

Vale lembrar que as competições esportivas em Caxias, antigamente, eram eventos bastantes comuns, a exemplo da realizada no balneário Veneza, em 1947.

Fontes de pesquisa: Jornal A Escola; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Eziquio Barros Neto

Imagem da publicação: Ac. Dreyfus Azoubel/Álbum do Maranhão de 1950; Ac. de Emanuel Nunes de Almeida

Restauração, Colorização e Design das imagens: Brunno G. Couto

A antiga tradição da Malhação de Judas, em Caxias

Judas Iscariotes, que integrava o grupo de apóstolos de Jesus, foi o responsável por entregar Cristo aos soldados que o levaram para ser crucificado. Judas indicou Jesus com um beijo no rosto. Pela traição, o apóstolo recebeu 30 moedas de ouro. Após o ato, Judas entrou em desespero e enforcou-se. Esta passagem bíblica marca um dos maiores casos de traição da história da humanidade.

Um dia antes da Páscoa (celebração da Ressurreição de Jesus), acontece o Sábado de Aleluia, onde é celebrada a Vigília Pascoal, ocasião em que os fiéis cristãos se reúnem em constantes orações durante toda a madrugada que antecede o Domingo de Páscoa. Para a data, fora criado (de maneira não oficial no calendário católico) o ritual da malhação de Judas (também conhecido como “queima de Judas” ou “enforcamento de Judas”), tradição trazida pelos espanhóis e portugueses à toda América Latina.

“Há diversas hipóteses para o surgimento do ritual, uma delas é de que a malhação do boneco tenha origem nas religiões pagãs, a partir de cultos agrários e as festas da colheita. Durante essas ocasiões, o boneco representava uma divindade da vegetação e, por meio do fogo, haveria uma renovação da vida vegetal e garantia de boas colheitas. Esse ritual teria mudado de simbolismo a partir do sincretismo religioso, que unificou muitos rituais pagãos e cristãos ao longo do tempo.” (Trecho transcrito do site Imirante.com).

Em seu modo mais simplificado, o rito consiste na preparação de um boneco de pano, o qual representa o apóstolo traidor, a ser pendurado por uma corda (simbolizando o seu enforcamento), para posterior “malhação” com paus, bem como a sua queima.

Na primeira metade do século XIX, época de D.João VI e D.Pedro I, essa tradição era mais ritualizada e cenográfica, conforme escreveu o pintor francês Jean-Baptiste Debret: “O sentimento dos contrastes, que fecunda tão marcadamente o génio dos povos meridionais da Europa, encontra-se igualmente no brasileiro, caracterizando-se pela capacidade de fazer suceder ao espetáculo lamentável das cenas da paixão de Cristo, carregadas processionalmente durante a quaresma, o enforcamento solene do Judas no sábado de Aleluia.

Compassiva justiça que serve de pretexto a um fogo de artifício queimado às dez horas da manhã, no momento da Aleluia, e que põe em polvorosa toda a população do Rio de Janeiro entusiasmada por ver os pedaços inflamados desse apóstolo perverso espalhados pelo ar com a explosão das bombas e logo consumidos entre os vivas da multidão! Cena que se repete no mesmo instante em quase todas as casas da cidade.(…) E ao primeiro som de sino da Capela Imperial, anunciando a ressurreição do Cristo e ordenando o enforcamento do Judas, que esse duplo motivo de alegria se exprime a um tempo pelas detonações do fogo de artifício, as salvas da artilharia da marinha e dos fortes, os entusiásticos clamores do povo e o carrilhão de todas as igrejas da cidade.

Com o tempo, a tradição foi ganhando tons mais críticos/humorísticos e menos religiosos, conforme preceituou Câmara Cascudo: “Nos sábados de Aleluia rasgava-se um Judas de pano velho, papel e trapos no meio de assuadas. Dizia-se romper a Aleluia. Os Judas eram preparados secretamente e postos em lugares públicos e mesmo à porta de adversários políticos. O sr. Gustavo Barroso recorda que no Ceará fazia-se outrora um júri presidido por pessoa respeitável para julgá-lo. O veredito infalível condenava-o à forca. Na maioria dos casos o Judas trazia o seu ‘testamento’ em versos de pé quebrado, alusivo às pessoas da localidade, com intenções satíricas, políticas e menos humorística.”

Em Caxias, não se sabe ao certo a que ano remonta a introdução da tradição, já que, por não pertencer às datas oficiais do calendário católico, os seus registros quase que inexistem nos jornais da época. As lembranças que sobreviveram ao tempo remontam à década de 1940, sendo a tradição realizada em diferentes bairros da cidade.

Um dos mais famosos e antigos era o realizado no largo de São Benedito, nas imediações da praça Vespasiano Ramos, pelos seus moradores. Proprietário do “Bar Operário”, Herval Lobo era, naquela localidade, o responsável por preparar o boneco. Para tanto, enchia de palha uma roupa masculina, sendo acrescido um chapéu e uma máscara (ou pintura) para formar a cabeça. Para potencializar o espetáculo pirotécnico, Herval adicionava bombas de São João na região das coxas, braços e cabeça do boneco.

Além do Judas, também era redigido um testamento, onde o humor era a característica dominante. Nele, Judas “deixava” aos participantes de sua queima algumas “heranças” humoradas. Com o tempo, os bonecos passaram a servir como um crítica política, onde o Judas, ainda que de maneira não explícita, representava determinado político da época, e o testamento passou a ser endereçado aos demais desafetos.

Na década de 1960, o sr. Simba também ficou famoso por realizar a malhação do Judas à Rua Nossa Senhora de Fátima, em um evento que contava com uma grande presença de adultos e crianças. 

Já no início década de 1980, os responsáveis por manter a tradição no largo de São Benedito foram os clientes do bar “Recanto dos Poetas”, de Arthur Cunha, próximo ao bar do Herval. No memorável Sábado de Aleluia do ano de 1983, Rangel foi o responsável pela confecção do Judas.

Após, fazendo parte da tradição, o Judas foi “roubado”, sendo restituído pouco tempo depois. Conforme o jornalista Vitor Gonçalves Neto, o testamento daquele ano fora redigido pelo “Tales e o filho do Leitão”. Queimado com as bombas, do testamento sobrou apenas as duas humoradas quadras abaixo:

Para facilitar a queima, os clientes utilizaram a matéria-prima do bar: cachaça. Embebido no aguardente, foi fácil para o boneco entrar em chamas, sendo seguido pelas explosões das bombas instaladas em seu corpo. E para finalizar o que ainda restava de sua estrutura, as pauladas não foram poupadas. Não sobraram nem os sapatos para contar história.

Nas décadas seguintes, ainda era possível ver a tradição sendo mantida em alguns bairros da cidade, mesmo que em menor quantidade (a queima chegou a ser realizada em frente ao cemitério dos Remédios). Contudo, as pessoas mais velhas que mantinham viva a tradição foram morrendo e, por consequência, esta fora desaparecendo em Caxias. De tal forma que, atualmente, dificilmente – se é que ainda fazem – se ver esse histórico ritual sendo realizado nas ruas da cidade em Sábado de Aleluia.


Fontes de pesquisa: Sites – Rio de Janeiro Aqui/G1/Imirante; Depoimentos de Sebastiana Guimarães e João Oliveira; Jornal O Pioneiro

Imagens da publicação: Wikipédia; Google Imagens; Jornal O Pioneiro

Restauração e Design das imagens: Brunno G. Couto

O antigo monumento da Praça do Panteon

Em 1923, ano em que comemorou-se o primeiro centenário da independência de Caxias, o prefeito Francisco Vilanova programou grandes solenidades a serem realizadas na cidade; destacando-se a inauguração, em 02 de agosto de 1923, no então Largo da Independência, de um marco simbolizando a importante efeméride – marco, esse, demolido anos depois.

Durante o primeiro mandato do tenente Aluízio Lobo (1966/1970) como prefeito de Caxias, o Largo da Independência – agora já renomeado para “praça do Panteon”-, que até então era um grande campo de grama e piçarra, passou por uma reforma radical. Com planta projetada pelo artista caxiense Mundico Santos, a área foi pavimentada, ganhando passeio, jardins, dois coretos, uma pequena arquibancada e um espelho d’água. E assim permaneceu até a década seguinte.

A então praça Pedro II (atual Dias Carneiro, popular Panteon), em fotografia de 1950; antes da mudança realizada pelo governo Aluízio Lobo.

Seguindo a tradição de 1923, em 1973 o prefeito José Castro decidiu realizar, no primeiro ano de seu mandato, a construção de um monumento simbólico ao aniversário de 150 anos da adesão de Caxias à independência. O local escolhido para a vindoura construção fora novamente o centro da praça do Panteon (Dias Carneiro); em substituição ao antigo espelho d’água.

E assim se dera, até que, em 01 de agosto de 1973, contando com a presença de populares e diversas autoridades de Caxias, a estrutura fora inaugurada. Projetado por Raimundo Mário Rocha, o obelisco em concreto (que recebeu o nome de “Monumento aos Heróis”) tinha a forma de uma grande flecha fincada, como que indicando que aquele era o local que outrora fora conhecido como Largo da Independência. Nada mais adequado. Em sua base de duas rampas, local onde muitas crianças subiam, localizavam-se duas placas comemorativas.

O monumento em 1973, ano de sua inauguração.

O monumento permaneceu naquele local até a primeira metade da década de 1990, quando, na administração do prefeito Paulo Marinho (1993/1996), a praça fora remodelada. Além da demolição dos coretos e arquibancada, o monumento também fora posto abaixo. Em seu lugar, fora construída uma fonte luminosa d’água (existente até os dias de hoje).

Diferentemente da atual estrutura, o antigo monumento fazia referência a uma importante data para Caxias, e que, sem dúvidas, merece ser lembrada.


Fontes de pesquisa: Biblioteca Benedito Leite; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Eziquio Barros Neto

Imagens da publicação: Ac. Dreyfus Azoubel; Ac. Família Guimarães; Internet

Restauração: Brunno G. Couto

A história da Fábrica de Manufatura Caxiense (Atual Centro de Cultura)

Texto de Brunno G. Couto

“Se nós, aqui, não temos uma fábrica de fiação e tecelagem; Caxias, lá no interior, é que vai ter?!”. Ao ouvir, de empresários ludovicenses, essas palavras em tom de chacota, Francisco Dias Carneiro tomou aquela indagação como objetivo de vida. Rumou de volta à Caxias, e fundou, com a ajuda do povo, em 22 de outubro de 1889, a Companhia União Caxiense, que viria a ser proprietária, não de uma, mas três fábricas de fiação e tecelagem na cidade.

Dias Carneiro, aos 40 anos de idade.

Dias Carneiro havia ido a São Luis em busca de apoio empresarial para a sua futura empreitada. Contudo, como vimos, a viagem fora infrutífera. Ao retornar a Caxias, os caxienses, sabedores da luta de Carneiro, abraçaram a ideia e, mesmo com dinheiro insuficiente, levaram a cabo a fundação da sociedade. Primeiramente, em 01/01/1888, fora fundada a Fábrica Industrial Caxiense, a primeira fábrica têxtil do Maranhão. Posteriormente, veio a Fábrica União Caxiense, tendo suas obras iniciadas no final de 1889. Dias Carneiro, homem vitorioso, faleceu no ano de 1896 em Caxias .

“O processo de industrialização no Maranhão ocorreu no final do século XIX, com a instalação de varias unidades fabris especializadas no processamento da fibra de algodão, cuja cultura tem sido apontada como maior responsável pela ampla projeção econômica verificada nos séculos XVIII e XIX. O algodão serviu em grande escala como matéria prima para as fabricas têxteis do Maranhão. Nesse cenário, Caxias, que era uma das cidades mais populosa da província e grande produtora de algodão, chegou a exporta ‘para as praças da Europa, pelo porto de São Luís, ou para os grandes centros do sul, através do Piauí, Pernambuco e Bahia’ (COUTINHO, 2005, P.293), sendo pioneira no ramo têxtil no Estado do Maranhão”.

Em 1892, impulsionado pela febre das fábricas, chegou a vez da mais ambiciosa delas. Estabelecida, em 22/05/1892, a sociedade anônima denominada Companhia Manufatura Caxiense S/A, tinha como principais responsáveis os seus diretores fundadores: Segisnardo Aurélio de Moura, José Ferreira Guimarães (bisavô da atriz Glória Menezes), José Castelo Branco da Cruz e Antônio Bernardo Pinto Sobrinho. O local escolhido para a instalação da vindoura fábrica era distante das fábricas supracitadas, que localizavam-se no Ponte. A preferência foi por um terreno próximo a Estação Férrea Caxias – Cajazeiras , que vinha sendo construída, além da proximidade ao rio Itapecuru e seus portos muito movimentados.

Como o terreno escolhido era alagadiço, houve uma demora até que fosse realizada a drenagem do solo, sendo lançada a sua pedra fundamental no início de 1893. A nova fábrica teve o capital inicial 850 contos de réis, de 260 acionistas, que subscreveram 2.834 ações; sem qualquer incentivo do Estado. O projeto arquitetônico ficou a cargo do engenheiro Palmério Cantanhede, que, em virtude do acompanhamento das obras, residiu em Caxias por 18 meses. As estruturas metálicas foram importadas dos Estados Unidos e da Inglaterra, sendo transportadas pelo mar até São Luis, e, de lá, pelo rio Itapecuru até Caxias. As telhas vieram da França.

Detalhe da parte interna do teto da fabrica. Ano da imagem: 2020.
Detalhe interno da chaminé. Ano da imagem: 2020.

Um ano depois, o prédio estava quase concluído, estando todo coberto; a chaminé, de 38 metros de altura, estava finalizada e as caldeiras instaladas. Não obstante, ainda levara alguns anos para a sua finalização. Até que, em 18/09/1898, a fábrica é, enfim, inaugurada. Recebendo o nome de “Fábrica Gonçalves Dias”. A cerimônia de inauguração teve início às 10h, contando com uma grande número de presentes. Realizando a benção do novo prédio, estava o o vigário da Igreja de São Benedito, José Ewerton Tavares. Serviam de paraninfos os senhores: Comendador Francisco de Britto Pereira; Capitão Lionídio Britto Lima dos Reis; Joaquim Barbosa Caldas e Joaquim José Pinto de Moura.

A Fábrica em fotografia de 1908.

Após um longo e belo discurso do padre, o Tenente-Coronel Manoel Gonçalves Pedreira (pai do médico Miron Pedreira), na qualidade de chefe do poder executivo municipal, surgiu no local em que via-se uma fita de cor verde prendendo o volante do motor. Após improvisar um discurso – onde lembrou os serviços prestados por Dias Carneiro (já falecido), Custódio Santos e José Ferreira Guimarães à economia de Caxias – muniu-se de uma tesoura (oferecida pelo coronel José Castelo da Cruz) e cortou a faixa, declarando inaugurada a nova fábrica de manufatura de Caxias, a Fábrica Gonçalves Dias.

Assim que a fita simbólica fora cortada, imediatamente todos os mecanismos entraram em funcionamento, para a admiração dos presentes. Concomitantemente, é executado, pela banda do maestro Carimã Junior, o hino nacional. Após as solenidades programadas, os visitantes puderem visitar as instalações da fábrica. A visão deles foi a seguinte:

Ao lado da porta principal do escritório, viam-se duas árvores de algodão, contendo uma as maçãs e outras os capulhos da preciosa fibra. Mais adiante, ao adentrarem um dos compartimentos da fábrica, viram: algodão em caroço e em pluma; rolos já empastados, fios em maçarocas e carretéis. 

Além disso, morins de diferentes marcas e larguras, em fardos de dez peças; cretones, mesclinas, brins de várias cores; e toalhas, que ocupavam todo o espaço do vasto compartimento. Nos lados superiores das paredes, pendiam cortinas encimadas por escudos com as cores nacionais, nos quais liam-se os nomes dos diversos municípios do Maranhão. 

Toda essa ornamentação fora produzida pelo maquinário da própria fábrica, que fora importado da casa comercial Sons & Co., de Henry Rogers, localizada na cidade de Wolverhampton, na Inglaterra. 
Parte interna da torre.

O industrial Zezinho Guimarães.

Passando por dificuldades financeiras, a Fábrica Gonçalves Dias teve vida curta, fechando as portas em 1901, três anos após a sua inauguração. Sendo vendida, em 1902, em um leilão judicial por 40 contos de réis para o Banco da República, o credor hipotecário. No ano seguinte, a Companhia União Caxiense, proprietária da Fábrica União e da Fábrica Industrial, assume o seu controle até o ano de 1919, quando dois comerciantes teresinenses arrendaram-na. Em 1923, a fábrica a Companhia União Caxiense assume novamente o seu controle, sendo o comerciante Zezinho Guimarães (filho de José Ferreira Guimarães) o seu maior acionista. O industrial controla a Manufatura até 1944, quando transfere-a a um grupo paulista sob a liderança de José de Agustinis. Até que, em 1958, a Fábrica de Manufatura encerra, de vez, as suas atividades.

A fábrica em pleno funcionamento, por volta do ano de 1920.

Desde o seu encerramento, o prédio da fábrica permaneceu sem utilização. Correndo o risco de ser desmontado, o prédio estava em completo abandono quando, em 1977, o prefeito Aluízio Lobo incorpora o imóvel ao município; sendo, em 1980, revitalizada as suas dependências para abrigar o Centro de Cultura Acadêmico José Sarney.

Década de 1970. Após anos desativado, o prédio começa a passar por reformas para abrigar o vindouro Centro de Cultura.


Nesse mesmo ano, é realizado o tombamento do prédio pelo Estado, conforme o Decreto Estadual n. 7.660, de 30 de agosto. Desde então, o prédio já abrigou teatro, biblioteca, museu, exposições, artesanato, arquivo municipal e lojas. Além disso, vem recebendo diversos órgãos públicos, agências bancárias, e, até mesmo – de forma provisória – escolas.

Um dos mais icônicos símbolos de Caxias, em 08 de setembro de 2021 o prédio, de estilo neoclássico, completou 123 anos de história.

O prédio em fotografia recente.

Abaixo, um comparativo da fábrica no anos de 1920 e 2012. Para visualizar, arraste a bolinha central para os lados:


Fontes de pesquisa: Jornal de Caxias; Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Artigo “A participação das Mulheres no Espaço Têxtil e sua Contribuição nos Aspectos Econômicos de Caxias – MA”/Autoras: Ana Carolina de Azevedo e Raquel dos Santos Lima

Imagens da publicação: Ac. de Eziquio Neto; Youtube; Ac. de David Sousa; Álbum do Maranhão de 1908; internet; Site da prefeitura de Caxias; Google Maps

Colorização e Restauração: Brunno G. Couto

A história do Cine-Rex, o cinema mais longevo de Caxias

Texto de Brunno G. Couto

O memorável Cine-Rex fora fundado em Caxias no dia 28 de setembro de 1935, e teve como primeira instalação um prédio localizado na Praça Gonçalves Dias, de esquina, em diagonal com o imóvel onde, atualmente, funciona o Banco Bradesco. Não se sabe ao certo se o Cine-Rex fazia parte de uma rede nacional de cinemas, já que, em outros cidades, existiam salas de cinema com o mesmo nome – a exemplo de São Luis, Rio de Janeiro e Teresina. Ressaltando-se que, o Cine-Rex, de Caxias, é mais antigo que o da capital piauiense, que fora fundado em 29 de novembro de 1939.

Pouco tempo após sua criação em Caxias, o seu proprietário, Pedro Costa, resolveu fechá-lo, em virtude das dificuldades de conseguir bons filmes, nas cidades de Teresina e São Luis. As sessões, duas vezes por semana, dias de quarta-feira e de domingo, eram pouco frequentadas e o negócio, como negócio, cada vez mais se tornava precário.

Vendo a difícil situação, o empresário Antônio Martins Filho resolve arrendar o Cine-Rex; que passa a funcionar sob sua responsabilidade. Como primeira medida, muda o cinema de prédio, transferindo-o à Rua Aarão Reis, em um imóvel alugado (onde, anos depois, funcionou a agência do extinto Banco Bamerindus). Por sorte, Martins conseguiu bons filmes, preto e branco, o que provocou um aumento no número de espectadores.

O imóvel de cor laranja e amarelo foi a segunda instalação do Cine-Rex, à Rua Aarão Reis. O cinema funcionou nesse local até o ano de 1939, quando deslocou-se para a Rua Afonso Cunha. Ano da imagem: 2012.

Mas, essa situação durou pouco e logo Martins Filho resolveu passar o negócio para frente, já que não vinha lhe trazendo lucros, bem como atrapalhava os seus outros negócios comerciais. Dessa forma, passa o estabelecimento para o primo de sua mulher, o cirurgião-dentista caxiense Manoel Joaquim de Carvalho Neto, para que este assumisse a responsabilidade pelo restante de seu contrato de arrendamento. E é sob a direção de Carvalho Neto que o cinema começa a prosperar.

De sucesso imediato, os preços dos ingressos do novo cinema, em 1935, tinham o valor máximo de 2.000 réis (para os operários das fábricas locais, era cobrado o valor especial de 1.000 réis) . No ano seguinte, em 1936, a Assembleia Legislativa do Estado publicou no Diário Oficial: “Decretando e promulgando a lei que isenta de impostos de indústria e profissão, pelo prazo 10 anos, a Empresa Cinematográfica Falada ‘Cine-Rex’, de Caxias”. O destaque para o “Falada” se dava pelo fato de o som ter chegado ao cinema há menos de dez anos da data da publicação (foi implementado em 1927, com o filme “O Cantor de Jazz”).


Cine-Rex no dia da inauguração de sua sede à Rua Afonso Cunha.

Passados alguns anos em funcionamento à Rua Aarão Reis, Carvalho Neto decide transferir o seu cinema para um prédio próprio localizado na Rua Afonso Cunha (Calçadão). O imóvel, de arquitetura Art Decó, fora inaugurado em 28 de setembro de 1939. Contando com a presença de centenas de caxienses, a sessão inaugural exibiu o filme Rose Marie, de 1936, com os astros  Jeanette MacDonald e Nelson Eddy.

O novo prédio tinha cinco portas pantográficas, sendo que, na central localizava-se a bilheteria. Em sua sala de espera, encimando a parede, haviam retratos pintados dos astros da época, como Gary Cooper, Errol Flynn, Diana Durbim e Lana Turner. Com um total de 524 cadeiras, divididas por três fileiras (oito centrais e quatro laterais), o Rex tinha a sua tela posicionada em sentido contrário à sua entrada.

Logo abaixo de sua marquise, o Cine-Rex anunciava, em cavaletes, os cartazes dos filmes em exibição; bem como na esquina da Rua Afonso Cunha. Em uma era pré-trailers, o Rex colocava em sua antessala um quadro de cortiça exibindo lobby cards, em preto e branco, contendo algumas cenas dos filmes, para que, assim, o público tivesse uma noção maior do que iria assistir. As cadeiras, em madeira, eram reclináveis. A sala contava também com alguns ventiladores estrategicamente posicionados, mas que nem sempre amenizavam o calor inclemente de Caxias.

Alunos observam o cartaz posicionado na Praça Gonçalves Dias (à esquerda). Outros observam o cartaz, do Rex, do filme “Durango Kid – Barranco da Morte”, na esquina da Rua Afonso Cunha. Imagem da década de 1950.

Em seus primeiros anos, mais precisamente na segunda metade da década de 1940, o Cine-Rex sofria com o precário fornecimento de energia elétrica, que acabava prejudicando as sessões vesperais de Domingo. Ocorre que, nessa época, Caxias dispunha de luz das 18h até meia noite – um apito avisava o início e o fim da claridade. As caldeiras a vapor da Usina Dias Carneiro não aguentavam o dia todo e seus operários procuravam fazer um esforço adicional nas tardes de domingo, para alegria dos adeptos da sétima arte. Relembrando os tempos de criança, quem nos conta sobre essa passagem é o caxiense Antônio Augusto Ribeiro Brandão: ”

[Domingo] Depois do almoço, lá pelas duas horas da tarde, lá íamos nós em direção à Usina, a fim de incentivarmos os operários já empenhados, desde o meio-dia, na ‘alimentação’ das caldeiras, que precisavam de certo nível de pressão à custa de muita lenha e carvão. 

Essa operação levava tempo e podia fracassar, pois nem sempre os motores funcionavam na primeira tentativa de liberação dessa pressão a vapor. E aí, se tal acontecesse, tudo tinha de começar de novo e a vesperal daquele dia certamente ficaria para o próximo domingo, e ninguém suportava mais esperar para ver o resultado da célebre frase “voltem na próxima semana” exibida no seriado. 

Para que os motores funcionassem da primeira vez, contudo, também valia a torcida: aqueles garotos vidrados em cinema ficavam postados literalmente na ‘boca’ da caldeira, quase que encarnados nos homens suarentos pelo esforço de cada vez mais lenha e carvão. E tome pressão, e todos de olho no seu medidor; quando começava a chiar, acusando nível suficiente, era hora de transferir essa pressão para as engrenagens do motor, que havia de gerar a tão esperada luz. 

Na medida em que o vapor da caldeira ia sendo liberado, as correias começavam a deslizar e ir-e-vir pelas grandes rodas do motor, que dava seus primeiros sinais de vida e aos poucos ia acelerando seus movimentos, cada vez mais rápidos até que atingisse o nível adequado à geração da tão esperada luz. Às vezes todo esse esforço era em vão e o motor não conseguia ‘pegar’, e o processo deveria ser repetido; mas quando tudo dava certo, as palmas e os gritos ensurdecedores daquela torcida ensandecida saudavam as lâmpadas que se acendiam, em uma luminosidade cada vez mais forte. 

A seguir, em desabalada carreira, depois daquela enorme conjugação positiva de pensamentos e ações, tomávamos o rumo do cinema, anunciando a boa nova pelo caminho: chegou a luz! Depois, já acomodados nas poltronas de madeira e, de preferência, próximos a um dos ventiladores, suados e exaustos, dali em diante estaríamos atentos à telinha mágica, para aplaudir a vesperal daquele domingo. 

E assim que o prefixo musical começava a tocar, um famoso ‘dobrado’ dos tempos da Guerra, e as luzes iam diminuindo de intensidade até se apagarem por completo, todos gritavam como se fossem participar do maior espetáculo da terra.

Na década de 1940, o Cine-Rex rivalizava com o Cine-Pax, de Valdenor Lobo, que funcionava no antigo prédio do Rex à Rua Aarão Reis. E, diferentemente do Rex que priorizava os faroestes (como os seriados do cowboy Wild Bill Elliott) e musicais, o Pax dava preferência às comédias românticas.

“Às terças-feiras era o grande dia da ‘Sessão das Moças’, no Rex, um famoso apelo aos jovens da cidade e seus amores, que adentravam a sala de exibições à vista dos que já estavam sentados. Um verdadeiro desfile de modas!” relembra Brandão.

Com o tempo, as latas com as películas passaram a vir, em sua maioria, do Cine-Rex, de Teresina, que, objetivando baratear os custos, as buscava em Recife (PE) – capital que realizava a distribuição de todo o Nordeste -, e redistribuía para as cidades do interior do Maranhão e Piauí. Contudo, esse procedimento não era de todo benéfico, tendo em vista que as películas, exibidas diversas vezes em Teresina antes de aportar na princesa do sertão, acabavam muitas vezes chegando comprometidas, nos quesitos de som e imagem, devido ao uso excessivo.

Após suas estreias nos EUA, os filmes demoravam geralmente um ano para chegar ao Brasil. Isso para as grandes capitais. Nas cidades do interior, esse tempo era mais longo. 

As salas contavam com dois projetores à carvão que aos poucos era consumido. A necessidade de dois projetores, se dava pelo fato de que, no começo, a projeção em cada máquina estava restrita a 20 minutos, que era o tempo de consumo do carvão. Após esse tempo, o projecionista realizava a projeção na segunda máquina, enquanto era realizada a troca do carvão da outra. Os espectadores mais atentos conseguiam notar uma bolinha que aparecia piscando no canto da tela, sinal feito na película (muitas vezes, feito com a ponta do cigarro) pelo projecionista, que indicava o momento da troca de projetor. Contudo, nem sempre o projecionista estava 100% atento, o que acabava deixando a tela branca por alguns minutos, gerando uma gritaria e batida de pés do público na sala de exibição. Os gritos de “quero meu ingresso de volta!” não eram poupados.

Além dos longas-metragens, por volta das décadas de 1940 e 50 também eram muito populares os chamados “seriados” (exibidos após os filmes), que nada mais eram que versões arcaicas, geralmente de 15 episódios, das séries de televisão como conhecemos atualmente. Contudo, havia uma “pequena” diferença. Quando o episódio atingia o seu clímax – geralmente, quando onde o herói estava em alguma situação de perigo – , aparecia a seguinte mensagem na tela: “Não perca o próximo episódio. Semana que vem, neste cinema”. Se o espectador quisesse acompanhar o desenrolar da trama, deveria, nas semanas seguintes, desembolsar os valores dos demais ingressos. Em Caxias, um dos seriados mais famosos foi A Legião do Zorro, lançado originalmente em 1939; tinha 12 episódios. Para os mais curiosos, segue, abaixo, o primeiro episódio dessa cine-série:

No início da década de 1960, o Rex ainda sofria com problemas de fornecimento de energia elétrica. Talvez esse seja o motivo que o levou a funcionar, por um curto período, à Rua Afonso Pena. Em seu material publicitário o cinema passou a emitir o seguinte aviso: “A Empresa avisa que as sessões com intervalos são motivadas pela energia insuficiente para ligar as duas máquinas de projeção”. Em 26/09/1962, saiu uma nota no jornal “Nossa Terra” acerca do assunto: “Voltará a funcionar em breve essa casa diversional [Cine-Rex], com energia própria, segundo nos informou, em palestra, o seu proprietário. Dr. Carvalho Neto, já em entendimento com a praça de Recife para aquisição do material apropriado.”

Filmes como Du Barry Was a Lady (1943), Candelabro Italiano (1962), A Noviça Rebelde (1965), Spartacus (1960) e Dio, come ti amo! (1966) fizeram grande sucesso na sala do Rex. As belas estrelas do cinema italiano, a exemplo de Sophia Loren, arrebataram os corações dos adolescentes daquela época. Os clássicos bangue-bangues, bem como os filmes de kung-fu também eram a sensação. Para as crianças, haviam os desenhos (a grande maioria, dos estúdios Disney). Ao que se sabe, as películas eram, majoritariamente, dubladas.

Possivelmente, o período de maior popularidade do Cine-Rex tenha sido nas décadas de 1960 e 70. Ao menos, são os anos que mais permeiam a memória dos caxienses mais saudosistas. É por volta dessa época que começam a surgir os seus funcionários mais lembrados: Dona Maria Amélia, na bilheteria; Francisco Carvalho (Chico do Cinema), na portaria; Natan, na projeção; Alicate, recolhendo os bilhetes e colocando os cartazes dos filmes; dentre outros, cujo os nomes não foi possível lembrar.

“Havia um momento chamado de ‘a hora dos miseráveis’: próximo ao fim do filme, o Chico liberava e permitia a entrada dos que ficavam ali à espera” relembra Edimilson Sanches. À porta do cinema, ficava um senhor vendendo deliciosas balas de frutas aos espectadores. Na sala de exibição, também passava um jovem com um tabuleiro preso ao pescoço vendendo mais guloseimas. As balas de hortelã Mentex e Pipper eram as favoritas dos jovens.

Nesse período, os filmes ficavam em cartaz, geralmente, por dois dias (dependendo da receptividade ficavam até por, no máximo, uma semana), em sessões de 18:30 e 20:30. No Domingo, havia o matinal, de 10h às 12h; a vesperal, de 16h às 18h; e as sessões normais de 18:30 e 20:30. 

Quinta-feira era o dia de esteia de novos filmes, que ficavam em cartaz até a segunda, quando era realizada a renovação do catálogo.

Devido a sua grande quantidade de poltronas, bem como em virtude de seu palco, o Rex, além de cinema, também servia como o espaço de reunião do Centro Cultural Coelho Neto, uma sociedade que reunia diversos intelectuais caxienses. Além disso, muitos artistas locais e nacionais realizaram apresentações musicais em suas dependências.

Programação do Cine-Rex publicada no jornal Nossa Terra, no ano de 1961

Em 1967, o Armazém Paraíba chega a Caxias, e, para a sua instalação, adquiri os imóveis contíguos ao Cine-Rex. A empresa chegou, inclusive, a fazer ações em que realizava sessões gratuitas no Rex (imagem abaixo). Passados alguns anos, em novembro de 1980, visando uma expansão futura de sua filial, adquiri o imóvel do Cine-Rex, junto ao empresário Carvalho Neto. Destarte, o Rex passou a ser propriedade do empresário piauiense João Claudino Fernandes, que deu continuidade ao cinema – ainda que o ramo cinematográfico não fosse de seu interesse.

Ação do Armazém Paraíba junto ao Cine-Rex, no ano de 1973.

Até que, em maio de 1981, o Paraíba começa a expandir a suas instalações, e emite o aviso de que no prédio do Cine-Rex passará a funcionar a sua loja de móveis usados. O comunicado gerou grande comoção em Caxias, já que a cidade ficaria sem cinema. Contudo, o Armazém Paraíba logo informou que todo o maquinário e mobília do Rex estavam sendo vendidos para os srs. Santino Caldas Moreira e Sebastião Ferreira da Silva, que fundariam um novo cinema nas instalações do Palácio do Comércio (onde, anteriormente, havia funcionado o Cine-Glória).

E assim fora feito, no dia 11 de julho de 1981 era inaugurado o Cine-Alvorada, que contava com 400 cadeiras e 10 ventiladores, sendo “Alien – O Oitavo Passageiro” a película de estreia.

Dessa forma, com a demolição de sua estrutura, chegava ao fim inesquecível Cine-Rex, após mais de quarenta anos de história. Sendo, até hoje, o cinema mais longevo de Caxias.


Fontes de pesquisa: Depoimentos de Sebastiana Guimarães; Antônio Augusto Brandão; Joaquim Vilanova Assunção; João Oliveira; Nonato Ressurreição; Jornal O Imparcial; Jornal Cruzeiro; Jornal O Pioneiro; Jornal Nossa Terra; Livro Cartografias Invisíveis/Vários Autores; Site de Eziquio Barros Neto; Canal do YouTube de Marden Machado

Imagens da publicação: Internet; Google Maps; Jornal O Cruzeiro; Ac. IBGE; Facebook; Jornal Nossa Terra; Jornal O Pioneiro; Ac. de Silas Marques Jr.

Restauração e Design de imagens: Brunno G. Couto

O antigo casarão colonial da Praça Gonçalves Dias

PARTE DO CASARÃO VOLTADA PARA O LARGO DO POÇO (ATUAL PRAÇA GONÇALVES DIAS).
FRANCISCO VILLA NOVA

Construção colonial em pedra, no século XIX este casarão pertencia a Alarico José Vilanova. Posteriormente, foi adquirido pelo coronel Francisco Raimundo Villanova (prefeito de Caxias no período de 1934/1935), onde passou a residir junto a sua família, bem como montou sua casa comercial. No seu entorno, existia um olho d’água do extinto Riacho da Pouca Vergonha.

A extensão do imóvel chamava atenção dos caxienses, sendo composto por doze portas e sete janelas, que se estendiam na esquina do antigo Largo do Poço (atual Praça Gonçalves Dias) e da Rua Afonso Pena.

O CASARÃO EM 1920

Na parte voltada à praça, era a sua casa comercial, e na parte da Rua Afonso Pena, sua residência. A chamada “Casa Vilanova” ostentava em sua fachada o desenho de uma águia ladeada por duas faixas com os dizeres: “Comércio e Lavoura”. Ali, Chico (como era mais conhecido) Vilanova atendeu os seus clientes até avançada idade.

Além do comércio do coronel, também operou por muitos anos em suas dependências a escola de datilografia de sua filha, Jacyra Vilanova. Um dos diferenciais arquitetônicos do casarão era o seu mirante de duas pequenas janelas, exemplar único de Caxias.

PARTE DA FACHADA DO IMÓVEL, ONDE É POSSÍVEL OBSERVAR O DESENHO DA ÁGUIA JUNTO ÀS DUAS FAIXAS. ANO: 1950.
RUA AFONSO PENA; ANO: 1942.
1: RESIDÊNCIA DA FAMÍLIA VILANOVA, BEM COMO ONDE FUNCIONOU A ESCOLA DE DATILOGRAFIA.

2: RESTANTE DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL “CASA VILANOVA”

Na década de 1960, no local da Casa Vilanova passou a funcionar a Farmácia São José. Por volta da década seguinte, o centenário mirante fora demolido; os descendentes da família Vilanova venderam parte dos prédios, que começou a abrigar pequenos comércios – como funciona até os dias de hoje. O imóvel, atualmente, encontra-se bastante descaracterizado, mas ainda mantem alguns elementos originais, como seu beiral.

UMA DAS ÚLTIMAS FOTOGRAFIAS ANTES DA DEMOLIÇÃO DO MIRANTE. ANO: 1976.

Abaixo, um comparativo do imóvel no anos de 1920 e 2012. Para visualizar, arraste a bolinha central para os lados:


Fontes de pesquisa: Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto; Depoimento de Antônio Augusto Ribeiro Brandão; Site de Eziquio Barros Neto

Imagens da Publicação: Ac. de Eziquio Barros Neto; Internet; Álbum do Maranhão de 1950; Revista Athenas; Ac. do IHGC

Restauração: Brunno G. Couto