A história de Mons. Frederico Chaves

Pe. Frederico Chaves. em 1934.

Frederico Pires Chaves nasceu em 11/05/1910, na cidade de Parnaíba (PI), filho de José Figueira Chaves e Cassiana Pires de Sampaio Chaves. Aos 11 anos de idade, entrou para o Seminário de Santo Antônio, em São Luis, sendo depois transferido, por motivo de saúde, para o Seminário Santa Teresa, na Bahia.

Em 28/05/1933, recebeu a Sagrada Tonsura (Corte de cabelo redondo, no topo da cabeça, conferido pelo Bispo aos eclesiásticos que obtiveram o primeiro grau de clericato). No Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, foi ordenado Presbítero antes de concluir seu curso, pelo Exmo. Sr. D. Augusto Álvaro da Silva, em 01/11/1934, celebrando a sua primeira Missa no dia seguinte.

De volta ao Maranhão, em 16/12/1934 – na Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em São Luis -, celebrou a sua Missa Nova, sendo pregador da grande solenidade o caxiense Arias Cruz, Cônego. Em 08/02/1935, quando de volta de sua cidade natal, foi nomeado pelo Exmo, Monsenhor Vigário Geral, Felipe Conduru Pacheco, coadjutor das Paróquias de São Benedito, São José e Nossa Senhora de Nazaré, em Caxias.

Em Caxias, permaneceu por dois anos, trabalhando com dedicado empenho na instrução religiosa do povo caxiense e das populações rurais, em árduas visitas paroquiais, prestando o seu valioso apoio à educação da juventude de nossos colégios. Exerceu importante papel quando da realização do Congresso Eucarístico e Sacerdotal, realizado na princesa do sertão, em 1937. Ficou responsável, juntamente a Mons. Gilberto Barbosa, na organização do evento, que reuniu mais de cinco mil fiéis do Maranhão e Piauí.

Mons. Frederico Chaves

Quando Coadjutor das Paróquias de Caxias, o Padre Frederico Chaves cooperou com generoso auxílio para a aquisição de máquinas e outros materiais gráficos para ampliar as oficinas onde fora editado o jornal caxiense, Cruzeiro.

Em julho 1937, por provisão de Dom Carmelo de Vasconcelos Mota, foi nomeado procurador das obras das Vocações Sacerdotais, Assistente Arquidiocesano da Ação Católica e Capelão do Hospital Geral, em São Luis. De volta a capital do estado, passa a residir no Seminário, onde ainda lecionou Português e Latim ao 1 ano.

Posteriormente, exerceu diferentes cargos eclesiásticos em São Luis, até receber, em 15/08/1950, pela Santa Sé, o título de Camareiro Secreto do Santo Padre Pio XII. Em abril de 1956, foi nomeado Cura da Catedral, tendo se tornado, mais tarde, Arcipreste do Cabido Metropolitano.

Em 15/02/1964, Mons. Frederico Chaves, em plena Rua de Nazaré, em São Luis, foi acometido de violente colapso cardíaco, sendo dali transportado para o Pronto Socorro, onde já chegou sem vida. Faleceu aos 53 anos de idade.

Grande massa de populares acompanha os restos mortais de Mons. Frederico Chaves, em São Luis.

Caxias, cidade a qual o clérigo deu significativas contribuições, o homenageou dando o seu nome a uma escola que ficava localizada ao lado da Praça Vespasiano Ramos (Prédio onde atualmente funciona um hospital).

Imóvel, próximo a Igreja de São Benedito, onde funcionou o Colégio Monsenhor Frederico Chaves. Imagem: Google Maps, 2012.

Fontes de pesquisa: Jornal do Maranhão; Jornal Cruzeiro.


Cônego Aderson Guimarães

Imagem: Ac. Diocese de Caxias.

Filho do marchante Aderson da Costa Guimarães e da costureira da antiga fábrica de tecidos d. Maria Dulce (Mariosa), Aderson Guimarães Junior nasceu em Caxias, no dia 02/09/1918. Tinha mais três irmãos: d. Naná, Adelmo Guimarães (professor de música), e o irmão mais novo, que viajou ao Rio de Janeiro e não mais retornou. Junto a família, Aderson Junior residia no bairro Tresidela.

Na juventude, decidido em seguir a vida religiosa, ingressa no Seminário de Santo Antônio, na capital do estado; vindo a receber sua Ordenação Sacerdotal, em 29 de junho de 1943, do então Arcebispo de São Luis, Dom Carmelo de Vasconcelos Mota. Primeiramente, foi vigário na freguesia de Buriti Bravo, retornando, algum tempo depois, à sua terra natal.

Casa onde morou Aderson Guimarães e sua família, à Rua 7 de Setembro, Tresidela. Ao lado, uma das praças que leva o seu nome. Imagem: Google Maps, 2012.

Em Caxias, foi designado pároco da Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, na Tresidela. Muito ativo, funda, em 1947, o “Centro Cultural Coelho Neto”, instituição que reuniu os maiores intelectuais daquela época. Sendo o seu primeiro Presidente.

O noviço Aderson Junior,
em 1941.

No campo educacional, assim como o irmão, também foi professor, atuando no Colégio São Luis Gonzaga. Posteriormente, após a criação do curso científico, o colégio passa a se chamar Ginásio Diocesano, sendo, pe. Aderson, o terceiro Diretor da instituição. Rígido como docente, Aderson não admitia indisciplina em suas aulas. No caso dos alunos mais inquietos, corrigia-os com punições, como: puxadas de orelha, suspensão ou ordenava ao aluno mal criado que ficasse de joelhos em frente ao quadro negro da sala. Os pais agradeciam.

De baixa estatura e corpo avantajado, Padre Aderson era uma figura querida pelos caxienses, principalmente pelos tresidelenses. Além da atuação em Caxias, realizava, anualmente, desobrigas pelo interior do estado, onde celebrava missas, batizados e casamentos. No início, fazia essa peregrinação a cavalo, depois adquiriu um Jeep -pilotado, na maioria das vezes, pelo motorista Severino -, que facilitou muito o seu deslocamento .

Outra passagem memorável de sua biografia remete ao período da Semana Santa. Durante a procissão do encontro de Jesus com a Virgem Maria, Pe. Aderson emocionava a todos quando proferia, em frente a Igreja Matriz, as seguintes palavras: “Vem Maria! Ao encontro do teu filho Jesus!”.

Em 1968, quando da criação, em Caxias, da Faculdade de Formação de Professores do Ensino Médio (FFPEM), assumiu como Vice-Diretor, tendo, no ano seguinte, ascendido ao cargo de Diretor. A pedido do bispo Dom Marelim, foi honrado pela igreja com o título de Cônego Honorário.

Em 1970, a serviço da educação caxiense, ganhou uma Bolsa de Estudos nos Estados Unidos. onde participaria, junto a vários educadores brasileiros, de um curso de especialização. Contudo, durante a viagem o Cônego sentiu-se mal repentinamente, chegando, ainda, a receber uma transfusão de sangue. Apesar dos esforços empreendidos, Cônego Aderson não resistiu, falecendo no dia 01/11/1970, aos 52 anos de idade, na cidade de San Juan, capital de Porto Rico.

Uma semana depois, Caxias, enlutada, recebeu o seu tão estimado filho. Todas as escolas da cidade fecharam suas portas por oito dias. O prefeito Marcelo Tadeu decretou luto oficial de três dias. Diversas homenagens póstumas foram realizadas, tais como: a Praça da Bíblia, da Tresidela, foi renomeada para Praça Cônego Aderson Guimarães; o Colégio Diocesano também recebeu o seu nome. Além disso, fora encomendado ao artista caxiense Antônio Oliveira, um quadro que retrata, em tamanho real, o clérigo.

Visão parcial da pintura de Antônio Oliveira. Atualmente, a obra faz parte do acervo do Palácio Episcopal. Imagem: Reprodução TV Sinal Verde.

Cônego Aderson Guimarães Junior é Patrono da Cadeira de n. 33 da Academia Caxiense de Letras e da Cadeira n. 5 do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias.


Fontes de pesquisa: Jornal do Brasil, Livro Por Ruas e Becos de Caxias/Autor: Eziquio Barros Neto/Ano: 2020; Jornal do Maranhão; Facebook.

Colorização e Restauração das imagens: Brunno G. Couto

O padre que foi vigário em Caxias, e também participou da Segunda Guerra Mundial

Joaquim de Jesus Dourado nasceu em Beberibe (CE), em 25/02/1905. Filho de Manoel Martins Dourado e Ana Martins Dourado. Era popularmente conhecido como padre Douradinho, para estabelecer diferença entre ele e padre Joaquim Martins Dourado, seu tio e tutor. Em 1915, Douradinho foi morar em São Luís, ingressando no Seminário Santo Antônio aos 11 anos.  Cursou o Seminário Maior e os cursos de Filosofia e Teologia, tendo recebido o sacramento da Ordem, em 1927.

Em 1928, veio para Caxias, onde tornou-se vigário cooperador, permanecendo na cidade até 1934. A seguir, foi vigário de Codó, Vargem Grande e Itapecuru Mirim. Em 1937, retorna à Caxias para participar do Congresso Eucarístico e Sacerdotal, defendendo, na ocasião, a tese: “O Sacerdote – Ministro do Sacramento do Perdão”.

“Quando residia em Caxias, o padre tinha um canário que, todas as manhãs, trinava e o encantava. Um dia, o pássaro – que vivia solto – desapareceu e fora parar nas gaiolas do Pedro Sabiá, que, pressionado, presenteou-o ao seu verdadeiro dono. O canário passou a cantar , a tarde, na janela do quarto do Padre Dourado”, relembrou o escritor Libânio da Costa Lôbo (in memoriam).

Pe. Dourado já como Capelão da FEB.

Em 1944, partiu para a Itália, integrando-se, voluntariamente, na Força Expedicionária Brasileira – FEB, como capelão militar nos campos de batalha da 2ª Guerra Mundial. 

Romancista e cronista, já era autor de cinco livros quando passou a servir na FEB. Em Codó, ele fundou o periódico Flâmula, e, em Caxias, O Cruzeiro com Mons. Gilberto Barbosa. Escritor, deixou o registro de sua experiência no exterior, junto ao conflito armado, nos livros de crônicas de guerra Estou ferido.., e E… a guerra acabou.

Cap. Dourado sendo condecorado em Suez.

De volta ao Brasil, em 1945 passou a residir em Fortaleza. Em 1946, recebeu a patente de capitão, concedida pelo general Eurico Gaspar Dutra, então Presidente da República.  Desenvolveu muitas atividades, cargos e missões como oficial do Exército. Recebeu o título eclesiástico de Monsenhor. Em 1961, foi convocado para servir em Suez, no Oriente Médio.

Foi eleito membro fundador da cadeira 34 da Academia Maranhense de Letras, sob o patronato de Coelho Neto, tomando posse em 17 de janeiro de 1948.  Também é sócio honorário do Centro Cultural Coelho Neto, em Caxias.

Joaquim de Jesus Dourado faleceu, em 1974, em um acidente automobilístico na estrada de Beberibe, no Ceará.


Fontes de pesquisa: Jornal O Imparcial (MA); Livro: Quinteto/Autor: Libânio da Costa Lôbo/Ano: 2005; Blog da Academia Maranhense de Letras; Blog Jucey Santana; Livro Efemérides Caxienses/Autor: Arthur Almada Lima Filho/Ano: 2014; Jornal Maranhão.

Imagens da Publicação: Hemeroteca Digital

Clóvis Vidigal

Mons. Clóvis atuando no filme “A Faca e o Rio”, em 1971.

Clóvis Vidigal nasceu em Riachão (MA), no dia 30 de outubro de 1906. Filho de Euclides Vidigal e Josefa Vidigal. Era irmão de José Maria Vidigal (Agente do IBGE), Raimundo Vidigal (Funcionário da Fazenda) e Maria José Carvalho, genitora do Cônego Ribamar Carvalho.

Recebeu sua ordenação em 1 de novembro de 1933. Nos seus primeiros anos de sacerdócio, atuou em sua cidade natal. Sendo, posteriormente, transferido para o município de Balsas (MA), onde, também, foi Diretor do “Jornal de Balsas”.

O jovem sacerdote, Clóvis, aos 23 anos, no ano de 1933.

Cooperou em muitos periódicos do Estado, noticiando acontecimentos religiosos, bem como escrevendo crônicas. Associando-se, em 1937, à “Associação dos Jornalistas Católicos do Maranhão”.

Foi, ainda, pároco em São João dos Patos e São Raimundo das Mangabeiras, no Maranhão. Em Caxias, chegou na década de 1950. Na cidade, não tinha paróquia certa, sendo, por muito tempo, Capelão das Irmãs Capuchinhas do “Colégio São José”.

Fundou a “Escola Centro Educacional Cardeal Mota”, “Escola Monsenhor Frederico Chaves“, “Marcelino Pão e Vinho” e a “Escola Técnica de Comércio de Caxias”. Na década de 1960, já sob o título eclesiástico de Monsenhor (recebido na década de 1950), exercia a função de Diretor do Ginásio Caxiense.

Mons. Clóvis (já com a saúde debilitada), na casa da família Assunção, no final da década de 1970.

Em 1971, Mons. Clóvis atuou (interpretando a si mesmo) ao lado do ator Jofre Soares, e da atriz Ana Maria Miranda, no filme “A Faca e o Rio“. Longa metragem do renomado cineasta holandês, George Sluizer, que teve muitas de suas cenas rodadas em Caxias.


Durante muito tempo foi vigário na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, onde celebrou suas últimas missas antes de ficar enfermo. Faleceu em Caxias, no dia 27 de maio 1983, aos 76 anos de idade.

Nesse mesmo ano, começou a funcionar, em Caxias, uma escola que o homenageia: o “Centro de Ensino Monsenhor Clóvis Vidigal”, na Cohab. Que, atualmente, leva o nome: “Colégio Militar Tiradentes-anexo IV”.


Imagens da publicação: Reprodução do filme “A Faca e o Rio” (1972); Jornal de Balsas; Acervo Família Assunção.

Restauração: Brunno G. Couto

Fontes: Jornal O Combate, Semanário da União de Moços Católicos (MA), Jornal do Maranhão; Edmílson Sanches; Secretaria de Infraestrutura do Maranhão (SINFRA).